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2024.

Seul - Coreia, tempos atuais.

Lee Minho é um lindo estudante de vinte e um anos cursando medicina na SNU, Seul National University.

A Seoul National University (SNU) é a primeira universidade nacional da Coreia do Sul, considerada a melhor de lá. Com uma tradição de defender a democracia e a paz na Península Coreana, a instituição de forte caráter inovador é conhecida pelo ensino de alta qualidade, sendo que vários ex-alunos ocupam cargos públicos no país.

Começando mais um semestre no início do ano, Minho tinha que procurar um clube para participar. A SNU é conhecida por fazer interações entre os cursos e os alunos, por isso eles participam de diferentes clubes para ganhar pontos, mas ele não fazia ideia em que clube deveria entrar, então decidiu deixar para última hora e apenas pegar um que tivesse mais vagas. Antes da primeira aula, ele encontrava seu melhor amigo, Seungmin.

Ambos tinham uma relação estranha. Se conheciam desde criança, mesmo tendo diversas opiniões diferentes, eles pareciam ter nascido para serem melhores amigos. Muitas vezes, o que faltava de juízo em Minho, Seungmin tinha, e vice-versa.

- Pronto para mais um semestre? - Seungmin perguntava já com a própria personificação da preguiça.

- Pronto não estou, mas não tenho escolha. Me diz uma coisa Seungmin, por acaso você tem uma paixão secreta por mim?

- É o quê? Quer me fazer vomitar a essa hora do dia?

- Não é possível, você está na minha vida desde quando me entendo por gente, e quando vou para a faculdade e acho que vou me livrar de você, você vai lá e escolhe o mesmo curso que eu.

- E você acha que fiz de propósito? Se manca. Deve ser o universo me castigando. Passar a vida cuidando de você é um porre meu amigo.

- Você me ama que eu sei.

- Se ache menos. Vamos para a aula antes que eu saia correndo.

Os dois andavam juntos, Seungmin percebia que Minho já estava fazendo o hábito esquisito que ele fazia desde criança, andar como se estivesse sempre procurando algo.

- Ainda procurando a coisa que você não tem ideia do que seja? - Seungmin perguntava.

- Sim, mas a cada ano que passa parece mais perto. Sinto que logo vou encontrar o que eu tanto procuro.

- Se for senso, espero que encontre logo. - Seungmin riu, mas logo parou ao ver o olhar mortal de Minho. - Brincadeira, sei que é um assunto importante para você. Deve ser um saco passar a vida procurando algo que você nem sabe o que é. A terapia não ajudou nenhum pouco?

- Não, todo mundo acha que é apenas uma mania estranha, algum tipo de tique sei lá. E você, o que acha?

- Acho que se você está sentindo que está mais perto, realmente deve haver algo. Acredito nessas coisas, logo você vai encontrar o que tanto procura meu amigo. Não esquenta com isso, o que é seu há de retornar para você uma hora ou outra.

- Como você pode ter certeza disso?

- Acho que o universo se encarrega de levar e trazer o necessário, não se preocupe tanto.

Seungmin passou o braço pelo ombro do amigo e ambos foram para a aula.

Han chegava para o seu primeiro dia de aula, ele era um bolsista na SNU, havia passado nas provas e iria começar seu primeiro semestre na faculdade de música. O garoto de dezenove anos, andava com um capuz na cabeça e um semblante sério.

Jisung não tinha amigos e nem fazia questão de ter, de alguma forma sua mãe o dizia que ele parece que já nasceu sendo uma pessoa amargurada com o mundo. Odeia tudo e todos. Han odiava ter que socializar, sempre preferiu ser sozinho. No máximo tinha relações superficiais.

Han é bolsista por ser extremamente inteligente, ele sempre amou ler muito. Algo sempre chamou sua atenção nos livros. Mas ele não precisava de bolsa de estudos já que nasceu em uma família com muito dinheiro, só que ele não gostava de depender de ninguém, ganhou sua bolsa de estudos, ele já tinha um emprego de meio período em um posto de conveniência e morava sozinho em um quartinho pequeno próximo do seu trabalho.

Seu primeiro dia de aula foi tranquilo já que ninguém nem se atrevia a puxar assunto com ele, digamos que ele não tinha uma expressão muito amistosa nem muito menos amigável.

Enquanto isso, Minho saía da aula se despedindo de Seungmin e indo para o seu lugar sagrado. O garoto sempre ia para o gramado perto do rio Han para estudar. Ele sentava debaixo de uma árvore e aproveitava o vento. Crianças brincavam ali, adultos passeavam com cachorros, mas o que lhe dava mais paz era observar o rio em si.

Respirando fundo enquanto fechava os olhos, Minho falava sozinho no seu subconsciente. "Quero encontrar o que tenho que encontrar, seja lá o que for", quando abriu seus olhos, ele olhou para o rio de novo, toda vez que olhava para o rio se sentia melhor, como se fizesse parte do que ele deveria achar.

Enquanto ele olhava para as pessoas passando algo, ou melhor dizendo, alguém, chamou sua atenção. Um garoto, usando calças largas e um moletom de capuz, passava de skate. Minho travou seu olhar no garoto. Seu coração começou a acelerar e seu ar começava a faltar. Olhando para seu rosto, o garoto parecia com raiva de algo, tinha fone nos ouvidos e passava sem olhar para ninguém nem para os lados. Minho o via como se ele passasse lentamente, até que sentiu uma forte pontada na cabeça e fechou os olhos por um segundo. Após abrir os olhos, ele procurava pelo garoto, mas ele havia sumido. Minho pegou uma garrafa de água da sua bolsa e tomou um comprimido enquanto tentava regularizar sua respiração.

- O que foi isso? - Ele perguntava para si mesmo.

Mais tarde, Minho foi para casa, se sentindo um pouco cansado. Ele morava em uma pequena casa numa região tranquila de Seul, seus pais trabalhavam muito, por isso ele geralmente estava sozinho em casa.

Já deitado em sua cama após um banho, Minho tentava descansar, sua cabeça estava doendo muito. Geralmente, ele tinha dores fortes na cabeça, mas não como naquele momento quando olhou para o garoto.

Han chegava para mais um dia de trabalho. Ele colocava o avental enquanto ia para trás do caixa.

- Olha só, boa tarde, margarida, como foi o primeiro dia na faculdade? - Perguntava seu chefe.

- O senhor é bem metido, sabia?

- Eu pago seu aluguel, sabia?

- Eu trabalho para isso, mas respondendo sua pergunta, foi normal. Agora, vá fazer seu crochê ou sei lá o que os velhos fazem, deixa que eu assumo daqui.

O velho riu e saiu. Han trabalhava ali desde o ensino médio, o senhor dono do posto de conveniência gostava dele, por isso ele nunca tinha sido demitido, mesmo tendo a língua afiada. O velho sabia que, apesar da cara de mal, Jisung era um bom garoto.

De madrugada, depois do trabalho, Han ia até um estúdio de tatuagem, ele também tinha um trabalho lá. Além de limpar o lugar, ele observava para nenhum engraçadinho sair sem pagar. Era um lugar aonde iam as piores figuras possíveis. Ele já tinha visto vários criminosos passarem por lá, mas como tudo na vida, ele não ligava, contando que receberia o pagamento no final do expediente. Fora que o dono era legal, muitas vezes já havia tatuado o garoto sem cobrar.

Às três da manhã, Han ia para casa no seu skate enquanto ouvia música nas alturas com seu fone de ouvido. Os carros passavam perto dele, buzinando para ele sair da rua, mas ele cantava enquanto o vento batia no seu rosto sem desequilibrar do skate.

No outro dia, ele acordava cedo para ir à faculdade. Após um banho, ele tirou um energético da sua geladeira e foi para a aula.

Enquanto isso, Minho contava o que tinha acontecido para Seungmin enquanto a aula não começava.

- Será que é o garoto? - Seungmin perguntava intrigado.

- Como assim?

- Que você tanto procura, seu lesado.

- Não sei, acho que não. Eu só senti tanta dor na cabeça que depois nem pensei nisso.

- Pode ter sido só uma crise de enxaqueca realmente.

A aula começou e ambos prestavam atenção.

Após mais um dia cansativo de aula, Seungmin e Minho saíam da faculdade enquanto conversavam sobre a aula, quando de repente Minho olhou para frente novamente, sentindo a necessidade de procurar algo, foi então que ele viu o mesmo garoto novamente. Minho saiu de perto de Seungmin de repente, deixando-o falando sozinho. Ele olhava fixamente para o garoto que estava escorado em um muro enquanto fumava um cigarro.

Seungmin se aproximou de Minho, preocupado, ele observava para onde Minho olhava. Os olhos do amigo lacrimejavam.

- Minho? Está tudo bem?

- É ele.

- O garoto fumando? É ele que estava perto do rio?

- Sim, mas o que eu tô te falando é que é ele! É ele quem eu estive procurando todo esse tempo. Agora eu tenho certeza.

Seungmin tinha a boca aberta, realmente ele acompanhou Minho procurando algo durante a vida toda, e essa era a primeira vez que ele dizia ter encontrado, e ele parecia ter muita certeza daquilo.