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22 🍁 Campo de lavanda


ELA está deitada no pequeno sofá da varanda,as pernas separadas feito os homens que descansam após o trabalho,as madeixas ruivas estão soltas e raspam o chão,Ivy está lendo alguma coisa e a cor do vestido me salta os olhos: rosa vibrante e delicado,como o entardecer. 

Quando estou próxima o suficiente,Island escuta o estalar das folhas e apoia os sapatos no chão.

Por momento acredito que vou incomodá-la e penso em retornar para casa,mas a vejo  erguer as sobrancelhas e levantar do sofá mais rápido,largando o livro na mesa. 

– Ana? – ela abre um sorriso largo – Ah sim é você mesma! 

Island desce os degraus da varanda,estamos próximas agora, então posso observar os detalhes: mangas curtas que desnudam quase todo o braço repleto de sardas, há pequenos ramos bordados no decote em formato de canoa,uma costura simples,mas singela. 

As maçãs do rosto de Ivy coram enquanto percebo que as sobrancelhas cresceram acima dos olhos revigorados.

– Sim – liberto um riso tímido – por enquanto não descobri uma sócia. 

Ela franze o cenho,então ri mais alto. 

– Eu disse essa frase quando nos conhecemos! Por acaso foi proposital? 

– Obviamente. –  assinto,bem humorada – mesmo que na ocasião você tenha dito de forma maldosa.

– Céus – Ivy continua rindo – eu não a conhecia.

Ao subirmos os degraus da varanda,sinto o amparo gentil de Island em minhas costas,ponho a cesta na mesa redonda com as cadeiras,longe do sofá e do curioso livro na outra extremidade.

– Estou seriamente preocupada que me conheça de verdade – brinco – garanto que não é interessante como usar vestidos de cores diferentes ou ler livros na varanda e..

Ivy está em silêncio,vidrada pelos arredores do meu rosto,suas íris percorrem do começo até o final dos cachos. 

– Eu nunca a vi de cabelo solto. – ela sussurra,estranho como Island parece realmente fascinada. 

– Ah – desvio os olhos por um instante – eu estava caminhando e...a brisa estava tão fresca,mas meus grampos apertavam demais,eu precisava soltá-los, então foi o que fiz, finalmente sozinha na trilha e... – abro um sorriso tímido – parece bobo agora dito em voz alta.

– Não,de forma nenhuma! É incrível,como você se sentiu? 

Island passa os dedos pelo meu braço,é uma simpatia,um conforto,mas sofro de redemoinhos que agitam o âmago. 

– Me senti livre.. – encaro suas íris douradas – ..e bonita. 

- Bonita não,a senhora é a mulher mais linda que já conheci.

Ivy parece repreender as próprias palavras enquanto abaixa a cabeça,todo o seu rosto ruboriza até a ponta das orelhas. 

Solto uma risada feliz e nervosa,sentindo folhas secas adentrarem num furacão descontrolado dentro do corpo. 

– Eu não coro feito você,igual a pimentas – brinco – mas se pudesse, acredite que eu estaria. Obrigada.

O rosto de Island cresce em brilho.

– Como você é gentil,achei que havia sido inconveniente.. – ela apoia um lado do corpo no calcanhar direito – ..eu escondo tantas verdades que ao saírem,é impossível de conter.

– Ivy.. – o impulso para segurar sua mão ganha poder depois de incessantes tentativas de reprimi-lo – você não foi nem um pouco inconveniente,suas palavras são fortes,é a imperatriz das grandes expressões,certa vez você me disse que eu era deslumbrante,veja que exagero!

Island revira os olhos com bom humor. 

– Não caçoe de mim. 

As únicas pessoas que já me elogiaram a respeito da aparência foram a querida Astra e meus falecidos pais – Daniel sempre transpareceu indiferença – então é previsível que o tom espirituoso das minhas risadas  escondam a dor nessa estranha serenidade,atordoada perante um elogio nunca feito antes por alguém além da família.

Bonita? Não,a mais linda que ela já conheceu.

Tais sílabas ditas,uma atrás da outra,contorcem meu interior, palavras que perfuram sonhos e delírios,transformam a esposa do ferreiro em uma garota ingênua e deslumbrada – nela eu jamais posso confiar.

– A senhorita caçoa de mim o tempo inteiro – rebato,ignorando os pensamentos – creio que mereço uma revanche. 

Rodeio a mesa e abro a cesta,por sorte o bolo está inteiro. 

– Você fez..uma sobremesa? – Ivy arregala os olhos – Ana..não precisava..

– As frutas vermelhas estavam sobrando em casa,sei que é o seu sabor favorito,então fiz um bolo para comermos. 

Um sorriso largo e ingênuo enfeita o rosto de Island,gesto que alentaria qualquer pessoa por dentro. 

– Como sabe o meu sabor favorito? 

– As listas de compras,você sempre pede ingredientes para esse tipo de bolo,então deduzi.

Seus olhos me fitam atentamente,junto a um semblante afável e sarcástico ao mesmo tempo.

– Que perspicaz senhora Fraser.

Respondo-a com zombaria e logo discutimos sobre onde comer a sobremesa: decidimos permanecer na varanda,assim Island me dá as costas e vai buscar os talheres e o chá. 

Quando ela volta e põe os itens na mesa,está ziguezagueando o olhar entre mim e o bolo. 

– Me sinto mal que faça sobremesas assim,eu não sei fazer sobremesas como você. – Ivy coça a nuca e o gesto parece inerentemente gracioso.

– Ninguém faz sobremesas como eu – ergo os ombros – acha que as Madas sempre me pedem tortas por quê?

– Talvez para torturá-la? – Island faz uma careta.

Sento na cadeira,Island insiste em cortar o bolo e servir o chá.

– Também – rimos – mas certa vez eu as ouvi comentando sobre como a comida estava maravilhosa durante os sermões,perguntaram quem era a esposa que sempre preparava os lanches,apontaram para mim,June ficou morrendo de raiva. 

– June seria.. – Ivy coloca um pedaço em meu prato – ..uma esposa ou Nova mãe? 

– Esposa,ela já tem dois meninos,um de cinco anos e outro da idade de Astra.

– Isso deve torná-la insuportável. 

Bebo um pouco de chá,Island cruza uma das pernas e deixa a outra tocar o chão. 

– O último sermão de mulheres que assisti foi o sermão em que fui expulsa – comento – esta mesma June disse coisas maldosas sobre Astra,não pude suportar,então...

A ruiva inclina a cabeça.

– ..então eu pisei na cesta de lanches dela,e amassei toda a comida lá dentro. 

Ivy põe uma mão na boca e ergue as sobrancelhas. 

– Estou abismada. 

Apoio os cotovelos na mesa e escondo o rosto com os dedos. 

– Céus,fui tão imprudente,tão desrespeitosa...

– Imagino que ela tenha lhe faltado com o respeito, aposto que essa sua atitude explosiva foi consequência de muitas outras situações em que aguentou sem reclamar. 

– Assim como você Ivy,quando sufoco os meus atos,eles voltam para mim tremendamente maiores. 

Island apoia o queixo na mão direita e me encara com as íris brilhantes e cúmplices.

– Somos mais parecidas do que imaginamos.

Meu sorriso é entregue para ela feito um presente às claras,que não foi embrulhado a tempo.

– Nós somos,sim.


Existe certa estranheza em conhecer versões próprias que são despertadas pelos outros, espontâneos como piscar os olhos.  

O desconforto sempre perdurou em mim ao lado das pessoas,a sensação de existir feito um livro-instrução pronto para ser lido através das palavras e gestos certos. As paredes das casas e comércios prontas para engolir qualquer respiração fora do lugar. 

Mas a casa de Ivy Island não asfixia nenhum pensamento,ela acolhe os meus cachos distribuídos pelo tapete e o corpo preguiçoso à vontade no chão.

– Foi má ideia ter comido seis pedaços de uma vez? 

A pergunta da moradora me desperta do transe,sua mão repousa sob a barriga ligeiramente estufada enquanto um dos joelhos está dobrado,seu cabelo ruivo espalha-se no tecido lilás e felpudo,ela parece uma menina em um campo de lavanda.

Solto um riso baixo,mas não a encaro. 

– Prefere que eu diga a verdade ou seja gentil? 

– Quero que gentilmente me diga a verdade.

– Certo – fito as íris douradas e sorrio de canto – querida Ivy,esta foi uma péssima idéia.

Seu rosto é tingido de vermelho,ela desvia o queixo para cima. Vermelho feito tomates – eu penso. 

– Algumas ideias são maravilhosas antes de se tornarem péssimas. 

Encaro os minúsculos fios ruivos que crescem acima da sua nuca. 

– Determinadas ideias parecem péssimas até se revelarem maravilhosas. – digo,atingida por uma angústia ansiosa.

Ivy cruza nossos olhos.

– Você é notável com as palavras Ana. 

Encolho os ombros ao franzir o cenho,desvio o rosto para o teto.

– Imagino que isto a surpreenda – engulo a seco.

A raiva e a vergonha me consomem de maneira involuntária,pois não cabem ao momento de tranquilidade,mas algo na cadência do elogio incomoda o orgulho e consequentemente,minha sombra de inferioridade.

– Surpreenda…? – a voz dela parece confusa.– perdão,mas eu a ofendi?

– Não se trata de ofensas.. – suspiro,aflita – quando você diz que palavras vindas de mim são notáveis com esse tom surpreso é..frustrante,faz eu me sentir mais pequena e simplória do que já sou. 

– Não quis ser condescendente – Island tenta me olhar – muito menos preconceituosa com sua posição,estava sendo honesta Ana,por favor,a considero tudo,menos pequena e simplória,os fardos que você passa eu..

– Você não precisa me elogiar para compensar coisa alguma – a interrompo,sentando no tapete – tudo o que passo acontece bem antes da sua moradia em Prudente. 

Ivy copia o meu gesto e cruza as pernas no tecido,as madeixas ruivas desorganizadas e as feições atentas.

– Sei disso e afirmo claramente que não a elogio por pena ou falsa compaixão..

Ela entrelaça minha mão com seus dedos,inclinando a cabeça para que eu possa fitá-la.

– Ana,há tantas coisas fascinantes em você que para mim é impossível não dizer em voz alta,mas peço desculpas se foi dito da forma errada. 

Fixo os olhos em Island a procura de algum sinal de deboche ou maldade,mas não,Ivy realmente enxerga este fascínio,não sou capaz de encontrá-lo,passei tantos anos da minha vida decifrando comentários cruéis maquiados de educação que é difícil reconhecer as palavras límpidas e sinceras de alguém. 

– Sei que as intenções são as melhores,embora algumas vezes sua altivez me confunda.

Island comprime os lábios e suspira. 

– Você está certa,a altivez me atrapalha em diversos sentidos..é que..desde muito cedo eu e minha mãe fomos deixadas à margem da nossa vila e.. – ela aperta os dedos – a altivez foi uma maneira de não desmoronar perante tamanha rejeição,me ajudou no passado e admito que ainda ajuda.. 

Aproximo nossos ombros e toco a pele morna de seu antebraço.

– Você e sua mãe..eram como eu e Astra?

Ivy balança a cabeça em negativo,as pálpebras transbordam mas ela engole a seco e pisca bem os olhos. 

– Não muito..mas o que dói é saber que sou parte dessa ignorância,sou parte da rispidez e da esmagadora falta de sensibilidade,sinto que estou presa a este lugar como as árvores são presas às raízes..

Ela desata nossos dedos e os coloca em meu rosto,um gesto amistoso,mas que enevoa toda racionalidade.

– ..mas Ana,se você me considera alguém arrogante,que se valida perante a falta de conhecimento dos outros,saiba que suas impressões me preocupam e que seu julgamento é importante para mim.

A raiva mergulha pelos batimentos altos entre o peito,ela repousa e desaparece junto da inutilidade,angústia e o medo,sinto o coração dançar conforme as nuances de Ivy Island,que se apresentam genuínas em seus arcos dourados.

– Acredito em você. – respondo,beirando a um sussurro – não lhe acho arrogante de uma forma cruel.

– Então como sou arrogante Ana? – ela tira os dedos do queixo para o meu ombro – diga,pode fazer uma lista dos meus defeitos mais insuportáveis que irei ouvir – ouço-a engolir a seco – só...não quero que vá embora. 

– Não,por que eu iria embora? 

– Achei que estivesse brava comigo. 

– Eu estava – solto um riso tímido – mas aparentemente,minha raiva não sobrevive a você,Island. 

– Essa informação me deixa…muito feliz. 

Ivy pisca depressa,com os olhos cheios d'água,a respiração curta entre um suspiro,percebo sua mão esquerda envolver meu outro braço,ela os marca com uma possessão que beira a doçura.

– Me perdoe – ela seca o nariz – ficar sozinha é muito difícil às vezes. 

O que faço a seguir é o limite de um gesto que foi sufocado pela estranheza e reprimido em nome do ponderamento: puxo-a para um abraço. 

– Você não está sozinha – respondo – tem a minha amizade,se dessa forma a desejar.

Ivy esboça um sorriso feliz,mas brevemente  tristonho.  

- Eu a desejo,você também possui a minha amizade,para contar em todas as horas.

Devolvo o sorriso,ainda sem compreender realmente esse acontecimento tão improvável,Island e eu,duas solitárias por motivos diferentes,os caminhos cruzados por um infortúnio. A mulher do ferreiro de semanas atrás jamais acreditaria.

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