Chào các bạn! Vì nhiều lý do từ nay Truyen2U chính thức đổi tên là Truyen247.Pro. Mong các bạn tiếp tục ủng hộ truy cập tên miền mới này nhé! Mãi yêu... ♥

15 🍁 Acertos desajeitados


– QUERIDA,precisamos conversar.

Ast ignora o apelo,ela está de costas para mim,arrumando sua gaveta de meias,apoio o ombro na entrada de seu quarto,saudosa e envergonhada.

Suspiro,não é culpa dela possuir esta mágoa agarrada,meu marido e eu somos um poço delas e guardamos rancores com facilidade.
Mas o tamanho da sua raiva,mesmo que juvenil,é proporcional as represálias ditas a ela.

É difícil ficar de pé diante do pesar no coração,Ast era a única pessoa a quem eu tinha certeza que jamais magoaria,mas aqui estou.

O medo me conduz a estados de espírito irreconhecíveis,a cegueira me acomete,assimilo a rigidez dos líderes para acreditar em suas palavras com devido fervor,eu rebaixo Ivy Island para me sentir menos defeituosa,parto o coração de uma filha,dizendo-a que é a culpada pela minha desgraça. 

Há momentos em que sou tão recortada ao critério dos outros que não me reconheço. 

Luto contra o choro para não desabar.

– Ast..por favor,fale comigo.

– Estou muito chateada,e se eu falar com a senhora acho que vou ser mal criada, e não quero ser mal criada com a minha mãe.

Dou um passo hesitante para frente,os  ombrinhos estreitos de Astra me dão vontade de abraça-la,de agarrá-la nos meus braços e pedir um milhão de desculpas,fazer um milhão de vezes suas maiores vontades.

– Pode ser mal criada,o que eu disse a você merece mal criação. Mas se não quiser falar..ao menos me escute.

Ela vira o rosto devagar, à espreita de uma advertência,fito os olhos redondos e o contraste do nariz grande para o rosto pequeno. Ponho um joelho no tapete e o outro dobrado,feito um cavaleiro pedindo uma dama em casamento,Ast se aproxima, acompanhada de sobrancelhas adoravelmente carrancudas.

– Vou escutar.. – ela murmura e deixa que eu toque em seu ombro.

– Me perdoe por dizer tudo aquilo,você não é obrigada a entender tão rapidamente como as coisas funcionam – suspiro – você não tem culpa nenhuma de como as coisas funcionam.

– Então por que disse que eu tinha?

– Foram o medo e a raiva agindo,mas isso não é desculpa,eu estava errada Ast.

– Mas você nunca está errada.

– Fico lisonjeada,mas não é verdade – solto um riso triste – cometo muitos erros,e os meus acertos, na melhor das hipóteses,são dos mais desajeitados.

– O que é um acerto desajeitado? – Ast franze o cenho.

– Bom é..sabe quando você insiste em jogar bola com os meninos e chuta a bola para o gol,mas mesmo tendo feito o gol escorrega na lama e cai?

Ast solta um riso espontâneo.

– Eu sei! Eu sei! Acontece muito comigo,ainda mais quando me empurram.

– Então,é exatamente isso.

– Mas você colocaria um menino no meu lugar né? Se o Criador te ajudasse?

– Não! Não! Jamais! – aperto os dedos nos ombros dela,para logo em seguida abraça-la com força – eu disse aquelas coisas da forma mais estúpida e desprezível,você é o meu maior presente,a alegria da minha vida – ponho seu rosto entre as mãos – você é a minha estação favorita,aquela que jamais passa.

Arranco um sorriso de Ast – o sorriso mais belo do mundo.

– Mesmo sendo menina?

– Para mim este fator não importa  – sorrio,sentindo a liberdade fluir através das sílabas – Você é valiosa,tão relevante e útil quanto um menino.

– Mas a professora disse que..

– É o jeito que ela pensa – a interrompo – não significa que seja verdade.

Astra arregala os olhos,vendo-me pela primeira vez contradizer uma Mada,posso ter raízes em Prudente e louvar o Grande Céu,mas ninguém fará minha filha se sentir pequena e restrita,até eu mesma.

– Então posso mexer nas ferramentas do papai? E brincar de coisas de menino?

– Na escola e nas ruas é melhor que não,as pessoas podem ser muito rudes quando não entendem alguma coisa. – digo,relembrando das atitudes com Island – mas enquanto estiver em casa,correndo pelo quintal ou construindo coisas na mesa da cozinha,está segura para ser você mesma,certo?

Astra mostra os dentinhos tortos ao sorrir,um sorriso imenso e genuíno,seus braços finos enlaçam meu pescoço e o apertam,sinto lágrimas quentes beirarem a borda dos olhos.

– Obrigada mamãe! Obrigada!

– Não tem nada para agradecer,só quero vê-la feliz,não são os outros que decidem como vai ser feliz.

– Mamãe?

– Sim?

– Eu gosto quando fala desse jeito.

– Que jeito?

– Não sei,é um jeito diferente de como vejo a senhora falando.

– E como você me observa falando?

– Acho que é como se...fosse levar uma bronca de alguém o tempo todo.

Ajeito os fios frontais de seu cabelo e solto um riso mórbido, por ter o medo tão escancarado nos atos e feições,mas não importa o quão jovem ela seja,o impacto de ver e sentir qualquer ação corajosa é sempre honesto.

– Tem razão querida,faz sentido.

Astra e eu ficamos pouco tempo afastadas,mas foi tempo o suficiente para acentuar minha carência por ela,desde que tive as desculpas aceitas,vivemos grudadas,seja na cozinha fazendo o jantar ou em seu quarto lendo histórias até que a pequena adormeça, inovei minhas práticas ao brincar com ela no quintal,pegamos dois gravetos e fingimos que eram espadas,quando escureceu,voltamos para casa e assamos um bolo de cenoura com calda de chocolate.

Depois que a ponho para dormir,tal rotina se desdobra para mim como um sonho bem recitado,minha filha e eu,vivendo juntas nesta casa construída a madeira e pedra mas cheia de amor maleável,manhãs tranquilas,tardes agitadas e noites aconchegantes,é uma vida ao qual eu não sabia querer,uma boa vida.

Infelizmente,a alegria sublime e introspectiva  é arrancada e perde lugar para a auto condenação,penso em Daniel, lembro que sou uma esposa que espera um marido voltar.

Sinto falta dele,não sou nenhum monstro de gelo,mas esta falta é diferente de como as esposas me contam sobre as delas,tal saudade está no espaço oco de sua presença,não ver mais as pegadas e não ouvir seus barulhos pela casa,o arrastar do corpo pesado atravessando a porta todo dia de manhã.
A saudade parece ser um fenômeno complexo,decerto singular para cada um,não sinto falta dos beijos,do seu corpo entre as minhas pernas e do seu olhar pedinte de filhos homens..mas sinto falta de Daniel,genuinamente.

Viro o corpo de lado,afundando a bochecha no travesseiro,uma cama é uma guardiã casta de segredos,ela nunca condenará a minha tranquilidade ao ter um marido longe, jamais me julgará mesmo se pensar no que Ivy Island está fazendo agora.

Entre o hoje e a nossa última conversa há duas semanas de abismo,sinto como se tudo tivesse acontecido ontem e a um século atrás, presumi que conhecê-la atenuaria a curiosidade,a ânsia por qualquer novidade,boa ou não,mas o efeito foi contrário,cada vez que nos encontramos se tornou um aditivo para as outras vezes,mesmo depois de diversas interações tempestuosas,a intriga não cessa.

Se os céus pudessem apagar as páginas reinscritas sobre ela todos os dias..mas não podem,além de enxerga-la em pensamentos, a vejo pelos cantos e pontos isolados da vila,entregando encomendas e recebendo olhares de repugnância,nunca perguntei a Island o que ela fazia de sua solitária vida,mas apenas por aguçada observação entendo que seja a costura.

Não consigo adormecer,então abro a gaveta e de lá retiro um lápis e alguns papéis,a luz oriunda do candeeiro observa atenta os meus traços primitivos ganharem formas delicadas,desenho as pedrinhas na borda do lago,o lençol estendido sob o chão irregular,as dobras e o estufado do vestido de Ivy Island,sentada para um piquenique.
As mãos separadas,o pescoço longo,o rosto virado para o horizonte,distante como um sonho caçado pela eternidade.
Largo o lápis quando me encaminho para as feições dela,quase desenhei seus lábios e praticamente terminei uma orelha,mas um rosto eu não sou capaz.

Amasso o papel e enfio todo o material de volta na gaveta,fecho-a com rispidez,dou-lhe as costas e me cubro de aborrecimento,a manta esquenta meus pés e esconde a ponta do nariz,sobrando para a pouca luz explorar olhos furiosos e cheios d'água.

Um rosto desenhado é a prova de uma boa memória,podem fantasiar como seria a mão de alguém,o tipo de corpo e as roupas,mas o rosto não,um rosto é uma essência,uma verdade.

Permaneço acordada por minutos demorados,presa num esforço sobrenatural a fim de esquecer,desaprender a pensar,regredir para a forma de uma semente – um pedaço da floresta que eu gostaria de ter sido.

A reza decorada emerge dos pensamentos feito um farol,a repito várias e várias vezes.

"Perdoa-me pela raiva
abrande meu coração aflito
Ponha em mim um espírito puro e brando
Ó Grande Céu
uma alma desobediente
só traz desgraça a si mesma
Não me deixe sucumbir
a rebeldia das mulheres vãs."

Altero a última sentença em um sussurro, felizmente mais próxima do sono: "não me deixe pensar em mulheres vãs."


Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro