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1 🍁 Estrangeira


AO meu ver,o outono é uma estação de expectativas.

Eu olho pelo vidro da janela,turvo devido as gotas de orvalho nascentes da madrugada,Daniel - meu marido - se mexe rápido entre minhas pernas,ele quer chegar ao seu lugar,lugar que sempre chega todas as manhãs.
Deve ser um bom lugar,porque são raras as vezes em que sua expressão ganha cor.

Sinto o algodão do travesseiro afundar minha bochecha e viro o rosto,não é como a repulsa que algumas Novas Mães sentem ou a avidez exagerada das outras,eu apenas não sinto nada.

Outono é a minha estação favorita, então meu coração egoísta acaba acreditando que as coisas serão do meu agrado alguma vez, se um dia chegarei ao lugar que meu marido chega mergulhada em feições relaxadas,ser tratada magicamente com mais gentileza pelo grupo doméstico de mulheres.

Eu sei que a culpa é minha por engravidar de uma menina,a primeira mulher da vila a conceber uma em dez anos,dizem as Madas que isso traz azar .

Como posso pensar em azar quando mentalizo o rostinho redondo e olhos espertos da pequena Astra? Impossível,mas eu jamais questionaria os preceitos de uma Mada, então fico calada.

Daniel finalmente termina e tomba o corpo para o lado,voltando a dormir. Dou um beijo suave em sua testa e aliso os cabelos castanhos,esse homem dorme feito um urso hibernado.

Não me dou o trabalho de colocar o corpete e trançar os cabelos para preparar o café da manhã e em seguida o almoço,Daniel gosta dos meus cabelos presos,mas prefiro ser prática e me arrumar uma hora antes que ele acorde.

Depois de um tempo na cozinha,Astra me faz companhia,os cabelos crespos parecem um furacão e ela tem remela nos olhos. É a filha mais bela que os céus poderiam me dar.

- O que está fazendo mamãe? - Astra levanta os calcanhares para fitar as panelas.

Bato nela com um pano de prato.

- O café primeiro,ursa faminta.

- Este apelido não me ofende sabia? Ursos são bichinhos lindos e fofos. - minha filha se debruça na mesa,pegando um pote de biscoitos de leite - eu queria ser uma ursa.

- Bom, se você fosse um caçador,ursos não pareceriam tão lindos e fofos.

- Ah mamãe,você é realista demais.

Sorrio mesmo de costas para Ast,Daniel diz essa frase com frequência, "você é realista demais Ana" nossa filha pegou a mania como consequência.

Espio a janela rapidamente,folhas alaranjadas caem em câmera lenta no quintal.

Ser realista é uma proteção,dizem os Reverendos,o realismo divino nos afasta de sonhos e desejos vãos.

- Posso levar maçãs hoje? - Ast interrompe meus pensamentos.

- Ah,claro querida,coma assim que chegar lá ou no caminho, você sempre deixa estragar.

- Desculpa,eu me esqueço.

Observo-a de esguelha colocando duas fatias de pão com queijo e geleia dentro da pequena mochila,o leite ainda quente balança na sua pequena garrafa de vidro, diretamente da Joana,a vaca favorita de Ast,minha filha não deixa ninguém tirar leite daquele bicho a não ser ela.

Depois de preparar o lanche,nós duas ficamos jogando conversa fora enquanto Ast toma café, meu marido já me repreendeu por tomar café junto da Ast sem ele,alegou que estávamos desperdiçando tempo.

Obedeci,mas a frustração da minha menina amoleceu minha disciplina, então sempre dou um jeito de conversarmos enquanto eu faço as coisas na cozinha.

Astra é igual ao pai,come feito uma desesperada,logo ela volta para o quarto e se arruma,parando na cozinha apenas para me beijar no rosto e pegar o pacote do lanche.

- Até mais tarde mamãe.

- Até querida,tome cuidado.

Vê-la saindo pela porta ainda me estremece um pouco,Ast é como uma flor silvestre, tão franzina e pálida que penso que vai cair a qualquer instante.

São as impressões externas no entanto, já que minha menina é mais teimosa e destemida que um touro.

Solto um riso tímido.

Obviamente,nada disso ela puxou de mim.


***


Daniel deve ter sido abençoado com algum sonho bom,porque seu corpo mal se mexe e a respiração está pesada.

Opto por não acorda-lo,o trabalho na ferraria o consome demais e ele está sempre resmungando ou cansado.

Meus olhos quase se reviram por impulso,mas reprimo a atitude ingrata, graças a Daniel eu e Astra temos uma vida decente e confortável.

"Guarde para você as frivolidades do dia-a-dia, é injusto com seu marido, constantemente lutando para sustentá-las."

O conselho da Mada Hilda também me impulsiona a revirar os olhos,mas isto já seria uma rebeldia pior ainda. Imagine se o Grande Céu resolve punir a colheita da família? Um estúpido erro.

É dia de feira,aproveito que Daniel está no mundo dos sonhos e resolvo sair,vestindo o corpete e usando o cabelo preso.
Em Prudente,as mulheres casadas devem usar cores neutras e sóbrias, principalmente as Novas Mães,com seus filhos crescendo no ventre para se tornarem soldados nesta infinita guerra que nos assola,uivando violência nos Bosques Vermelhos.

Assim que piso na lama grudada sob as calçadas, bato os pés com força no chão e ergo o queixo,absorvendo a brisa outonal.

Imagino que as folhas estão levando meu vestido marrom embora, substituindo-o por seda de laranja-dourado, meus cabelos castanhos e cheios estão soltos e minha pele marrom reluz destacada pelo frescor das cores.
É apenas um bom pensamento que me faz sorrir,sou honesta comigo mesma,afim de não transformar pensamentos em anseios tristonhos, não ganho absolutamente nada com a melancolia além de uma alma doente.

Doenças da alma são obras dos breus e do Exílio,as ruas sussurram para mim,jogando sal na minha fé em forma de ferida.

***


- E como vai a comportada Astra?

Gabriela Hondara espirra condescendência com sua pergunta,nós duas sabemos que Astra não é comportada,ela está muito longe de ser,semana passada levou advertência de uma Mada por pular a janela da capela e fugir da aula de costura.
Eu a adoro desse jeito,mas a Nova Mãe diante de mim sempre faz questão de alfinetar a criança.

Abro um sorriso educado,segurando as sacolas pesadas com força.

- Ótima,e seu Artur,como vai?

- Ah é um menino de ouro, está crescendo rápido e ganhará músculos cedo, logo logo vai ser um soldado de alta patente.

Menino de ouro.

Será mesmo culpa minha ter tido uma menina? Segui todos os manuais reprodutivos para conceber um guerreiro,mas obviamente falhei,sou a única mulher em Prudente eleita Nova Mãe que saiu dos eixos,decepcionei toda a liga doméstica e as Madas ao trazer Astra para o mundo.

Jamais me arrependeria de tê-la.

- Fico feliz,Astra também é uma menina de ouro.

Gabriela solta um riso debochado,mas sem perder a expressão serena.

- Se olhar para a situação dessa maneira te conforta,vá em frente.

A Nova Mãe me dá as costas, satisfeita por ter despejado seu veneno,ela está com quase nove meses,erguendo sua fertilidade de guerra pelas barracas e frutas como um troféu polido a cada instante.

O aborrecimento com Gabriela perde lugar para a curiosidade,de repente começo a ouvir murmúrios das mulheres na feira,espalhadas ou reunidas,o alvo de seus sussurros e olhos sagazes é uma mulher descendo a rua.

Ela parece diferente de tudo o que eu já vi.

Pele clara e cabelos ruivos,ela anda pelas pedras moldada a confiança,embora seu corpo seja magro e frágil,ela é mais corada que todas nós juntas,como se corresse pela floresta ao lado dos lobos.

A mulher usa cores.

Um vestido florido,azul e rosa com botões amarelos,ela não usa corpete e as madeixas ruivas estão soltas.

Uma estrangeira? Alguém pintado a aquarela que se perdeu numa vila cinza?

Não, não é o que os sussurros dizem.

"É aquela vadia da vila Sabere"

"A vagabunda achou que mudar o lugar mudaria a reputação"

"É a puta ruiva da vila ao norte"

A puta ruiva,é assim que ela é apontada pela rua.

Abaixo a cabeça,inibindo minha curiosidade,todas essas fofocas não vieram do nada,a jovem deve ter dado motivos para ser chamada de tais nomes.

Quando atravessa a calçada e sente a hostilidade alheia,a mulher ruiva vira para a outra esquina,sem nunca abrir mão da postura ereta e olhos firmes.

Continuei fazendo as compras,buscando pelo nome dela entre as fofocas e cochichos.

Ivy Island

Escapou dos lábios da senhora Tulle,com escárnio e julgamento.





























































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