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Itachi

De pé a beira do penhasco, observei a movimentação abaixo com interesse. Apesar da desvantagem óbvia, a garota sabia usar muito bem o seu campo de ataque.

— Você tem certeza que está aqui? - Kisame perguntou ao meu lado, a samehada apoiada em seu ombro enquanto também observava a entrada estreita da caverna.

Diferente de mim, Kisame não tinha o menor interesse na luta que acontecia ali, mas entraria na mesma em um piscar de olhos assim que avistasse a Nuibari.

— Tenho. - falei simplesmente.

Havia se tornado um hábito falar apenas o que era estritamente necessário, nunca fui do tipo falador, mas com o passar dos anos essa característica se tornou ainda mais evidente.

— Ainda não entendo seu interesse pela Nuibari. - falei, mas sabia sim o motivo do interesse dele. Kisame era um dos Sete espadachins da Névoa, portador da lâmina Samehada e sentia que era uma ofensa que alguém, além dos Sete, tivesse aquela arma.

— Àquela espada pertence aos um dos Sete Espadachim da Névoa, Aki Musek está transformando uma arma sagrada em moeda de troca. - sua voz era um rosnado irritado enquanto cuspia as palavras. — Ele terá que pagar por isso.

Não respondi nada; Algumas pessoas confundiam meu desinteresse com arrogância, mas eu nunca me importei com o que pensavam ou com as conclusões que tiravam. Kisame já estava acostumado com minha forma de agir, então não me incomodava sobre nada.

Continuei avaliando o desenvolvimento  da luta abaixo, não podia evitar o pequeno instante de satisfação ou ver que Hanna tinha se tornado uma kunoichi extremamente habilidosa.

Na entrada da caverna ocupando a estreita faixa de terra seca, estavam dois ninjas, Hanna estava de pé sobre as águas agitadas do rio e mesmo que estivesse ocupada bloqueando ataques, se mantinha firme sobre a superfície, mantendo um perfeito controle de chakra.

Suas duas amigas já tinham seguido, relutantes pela floresta, provavelmente para encontrar o lider do time delas. Ainda assim, eu estava estranhamente irritado por terem deixado ela para trás tão facilmente.

Apesar da habilidade com que ela lutava, eu não achava que seria o suficiente contra tantos ninjas, ela evoluiu bem, obviamente não era a garotinha que me acompanhava e pedia por lições, a Hanna lá embaixo era agora uma kunoichi capaz de qualquer coisa para o bem da sua missão.

Vê-la usando liberação de água foi uma surpresa, eu não tinha chegado a ensinar nada assim, e foi decepcionante perceber que, alguma parte minha esperava, de alguma forma que algumas coisas continuassem iguais a anos atrás. Por mais egoísta que fosse.

— Por que estamos parados aqui? - Kisame perguntou impaciente.

Levantei a aba do chapéu que eu usava, olhando-o de lado. Uma boa pergunta, nem mesmo eu sabia porque não tinha ido ajudá-la ainda.

— Tenha um pouco de paciência.

Não demorou muito para que Aki surgisse da entrada da caverna, a Nuibari em sua mão pronta para perfurar o que tocasse. As lâminas dos Sete Espadachins eram realmente impressionantes, eu poderia entender a fascinação por uma delas.

Sem perder um minuto sequer, o minha avançou, saltando em direção a Hanna que estava ocupada com outros dois ninjas, ele usou a espada com uma precisão impressionante e por muito pouco ela conseguiu ficar fora do alcance da lâmina. Uma sensação estranha percorreu o meu corpo, fazendo meus dedos se agitarem inquietos.

— Ah, aqui está. - murmurei, torcendo para que Kisame estivesse concentrado na espada para não notar meu desconforto. — Eu disse que ela estaria. Precisa de mais alguma confirmação?

— Não, está ótimo. - ele já estava a ponto de pular para o fim do penhasco, ansioso agora que tinha seu objetivo em vista.

— Lembre-se de que não queremos chamar atenção. A Akatsuki não aprovaria esse desvio em nossa missão.

— Não me dê ordens. - ele resmungou antes de saltar. — Deixe que eu cuidarei de tudo.

Eu sabia que Kisame iria está preocupado apenas em recuperar a espada, sem pensar duas vezes antes de derrubar quem estivesse no caminho. Por isso, acabei saltando para o rio logo depois dele, iria garantir que Hanna estivesse longe desse caminho.

A água na superfície do rio ondulou sob meus pés, enquanto eu caminhei em direção ao confronto que se seguia, Hanna ocupada demais não percebeu o movimento atrás dela, mas Aki com certeza notou Kisame que avançava implacável.

Isso foi o suficiente para tirar a atenção de Aki, e mantê-lo ocupado o bastante. O ninja que estava de frente para ela desviou o olhar por apenas um minúsculo período de tempo ao perceber que havia mais alguém ali, mas foi os suficiente.

Ter o sharingan era uma maldição e uma benção.

No instante seguinte, já sob o efeito do genjutsu criado por meu olhos, ele tinha baixado a kunai que carregava e apenas encarou o vazio a sua frente. Segurei o braço de uma Hanna muito confusa e a puxei para mim no mesmo instante que um par de shurikens afundavam no rio atrás dela.

— Itachi-kun? - ela perguntou, piscando algumas vezes, como se esperasse que eu desaparecesse em breve.

Quem podia culpa-la depois da outra noite?

— É isso que faz em suas missões? - perguntei erguendo uma sobrancelha, apenas para mante-la concentrada em mim enquanto a guiava. — Fica para trás em situação que provavelmente resultariam em sua morte?

Ela bufou levemente. As bochechas crescendo com o ar contido, eu conhecia aquela expressão, ou pelo menos costumava conhecer.

— Não sempre. - respondeu. Ela ficava encantadora quando estava emburrada.

— Isso me deixa extremamente aliviado.

Deixei que ela ficasse atrás de mim, peguei algumas das shurikens guardadas em uma pequena bolsa, apenas de ter visualizado a área anteriormente sabia exatamente em quais pontos precisava acertar, não levou mais do que alguns segundos para ter lançado as armas o som dos metais se chocando resoou logo antes de terem se enterrado em seus alvos.

— Você está bem? - perguntei, apesar de não ver nenhum machucado aparente queria ter certeza.

— Sim, obrigada. - Hanna olhou para trás sob o ombro. — Aquele cara, ele está com você?

— Sim.

— Não vai ajudá-lo?

Olhei para ela de relance, não sabia dizer se a expressão em seus olhos eram curiosidade ou algo mais.

— Ele não precisa de ajuda. - respondi por fim.

— Ah, - ela murmurou. — Se você diz.

Caminhei com ela até o início da floresta acima do penhasco, aquela altura já não estava ouvido nenhum som de luta, Kisame já tinha conseguido o que queria sem dúvida.

— Tenha mais cuidado. - as palavras saíram antes que eu percebesse.

— Então você realmente não estava envolvido com Aki. - ela murmurou baixinho, falando consigo mesma. Respondi a pergunta da mesma forma.

— Não.

Ela me olhou em seguida, e sorriu sem jeito.

— Não percebi que falei em voz alta. - ela se desculpou. — Mas que bom que não está.

— Não se preocupe, não vamos interferir mais em sua missão. Já vamos deixar essa vila.

Me perguntava o porquê de ter falado isso, esse era uma informação desnecessária, algo que ela não precisava saber. Eu sempre evitava falar coisas desnecessárias.

— Eu vou ver você de novo? - a pergunta dela foi instantânea, e então eu soube o motivo.

Suas sobrancelhas estavam franzidas criando uma pequena ruga entre elas, sufoquei a vontade de suavizar a marca com meus dedos.

— Não se preocupe com isso. - sorri, observando atentamente os seus olhos.

E então, apenas porque eu não podia me segurar, levei dois dedos e toquei sua testa, vendo eu seus olhos apenas uma pequena parte do que eu havia deixado para trás.

Até logo Itachi.

Apesar de não ter respondido, ouvi a despedida, voltei ao lugar em que Kisame aguardava para nossa partida.

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