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6. Era uma vez a 1° Guerra das Pipocas e algodões-doces que curam.

Ao meu lado, Hoseok não para de gritar, e os movimentos exagerados que ele faz com os braços e as pernas quase me obrigam a ficar em posição de defesa o tempo todo. Sabe, para não ocorrer de ele me dar um tapa no rosto sem querer (como aconteceu alguns minutos atrás). Acontece que eu estou tão entretido num jogo idiota no meu celular, o qual baixei apenas porque me pareceu menos pior que assistir futebol, que não tenho como me defender das demonstrações de entusiasmo e raiva de Hoseok. Ele gosta de ser bastante expressivo. 

— AAAAAAAAH — ele solta um grito de novo, que mais parece um rosnado. 

Subo ligeiramente os olhos para a TV e vejo o replay da tentativa fracassada de um jogador do Flamengo de fazer gol. Reviro os olhos e os volto para a tela do celular, onde vejo que meu avatar morreu enquanto eu me distraía. Dessa vez, resmungo baixo. Odeio perder. 

— Não acredito! Tu viu aquilo!? Aaaah! Eu me recuso a acreditar! Me recuso! — Hoseok continua, se remexendo todo no chão e parecendo querer chorar. Assim como estive fazendo até agora, o ignoro. 

Estou prestes a apertar o botão Play Again quando escuto uma risada fraca. Instantaneamente viro a cabeça para espiar Jimin, porque o tom soa exatamente como a voz dele: suave, elegante, charmoso e tenuamente maquiavélica, como se ele estivesse sempre escondendo um toque de vilania em todas as suas expressões e, no entanto, não se importa em deixá-la transparecer. 

Me pego cativo nesse detalhe, em como ele é diferente — não só pelos motivos óbvios — de quaisquer pessoas que conheço. 

Seus olhos estão vidrados na tela da TV, e de vez em quando ele os mira para Hoseok — impossível não encarar quando Hoseok faz tanto estardalhaço —, rindo das reações dramáticas do meu amigo. Agora, Jimin está concentrado. Acompanho sua ação quando ele estende o braço para a vasilha redonda cheia de pipoca, quando ele enfia todo o punhado na boca, quando ele mastiga…   

Ele olha para mim, percebe que estou encarando e para de mastigar. Um rápido pensamento cruza a minha mente e eu não recuo. Seus olhos semicerram, então, de um jeito petulante, e ele volta a mastigar com vagareza. 

— Pensa rápido! — Jimin age mais ligeiro que meu raciocínio e de repente sou atingido por pipocas. Uma bate bem no olho esquerdo. 

— Ei! Por que você tá estragando comida?! — ouço Hoseok perguntar, surpreendentemente tirando o foco de seu jogo. 

É uma ação completamente natural quando pego a pipoca com raiva e a jogo novamente contra Jimin, que cai na risada. Ele literalmente cai no chão. Comprimo as sobrancelhas, incapaz de entender sua reação alegre. Eu não estava brincando! 

Eu nem queria que ele estivesse aqui! Foi Hoseok que o convidou, afinal. Claro que foi. Ele e Yoongi acharam que eu e Jimin éramos amigos e quando disse "Ei, vamos assistir o jogo juntos lá em casa?", ele estava incluindo Jimin também. E eu não me senti confortável. Me senti meio exposto, vulnerável. Como se Jimin conhecer meus amigos fosse o mesmo que estar diante de uma porta escancarada e convidativa para a entrada real na minha vida. 

Ele não devia fazer parte dela desse jeito se um dia vai embora para sempre. Não é justo. Isso me deixa com vontade de me vingar de alguma forma, por toda a sua inconveniência. 

É por isso que não me controlo e, quanto Jimin está distraído em seu próprio riso, encho minha mão de pipoca e depois jogo tudo contra seu rosto de boca aberta. Ele é pego de surpresa e tenta cuspir as pipocas mal-vindas que caíram direto para dentro de sua boca. Isso o deixa exponencialmente patético, e eu percebo que quero sorrir em vitória. Estou me divertindo. 

Yoongi, que esteve quieto e atento à partida desde que chegamos, começa a gargalhar das caretas engraçadas de Jimin, ao mesmo tempo em que Hoseok me fuzila com o olhar e tenta ser intimidador. 

Abro a boca para lhe falar alguma coisa, mas novamente sou bombardeado por pipocas, que não causam nada além de cócegas no meu rosto. Porém, trinco a mandíbula. Fito Jimin; ele prende o lábio no dente, falsamente hesitante, como se temesse uma retaliação, mas mesmo assim ansiasse por uma. Dou o que ele quer: alcanço o recipiente e  jogo mais um punhado nele, sem pensar muito. Jimin dá um grito agudo, mas logo recomeça a rir. 

Ele novamente agarra a vasilha e… 

— Não, não, não, não… — Hoseok grita entre nós, abanando as mãos na tentativa de parar nossa guerra infantil e idiota, mas ninguém lhe dá ouvidos. Vejo Yoongi sinalizando para ele, em Libras, para parar de ser chato. 

— Eu? Chato? De quem você está falando? 

Tenho um vislumbre da porta se abrindo. 

— Que porra foi que aconteceu aqui? — a voz de Namjoon invade o cômodo. 

Nós três nos viramos em uníssono para a entrada, mas parece que Jimin é biologicamente incapaz de perder o foco quando se trata de irritar os outros (eu). Recebo uma pipoca na bochecha. Devolvo-lhe um olhar zangado, o qual ele evita ao se esconder atrás de Yoongi. 

— Parece que aconteceu uma carnificina de pipoca — Namjoon comenta, olhando para o chão ao nosso redor enquanto tira os sapatos de corrida com os próprios pés. — Ou melhor: a 1° Guerra das Pipocas. 

"Péssimo", Yoongi balança a cabeça e faz cara de decepção. 

Deixo minhas costas caírem para trás e pego o celular esquecido no chão. O objetivo é ignorar tudo e todos. 

— Começou! Xiu! — Hoseok manda todo mundo calar a boca. 

Namjoon se aproxima e chuta as pipocas para longe antes de se sentar ao meu lado. Dou uma espiada nele quando me cumprimenta com um empurrão de ombro amigável e percebo que ele está vestido como se tivesse acabado de sair de uma academia. Ou estivesse indo para uma. 

— Tava pedalando — ele diz, tomando grandes goles de água de uma garrafinha que eu nem tinha percebido que estava segurando. Dou de ombros. 

— Eu nem tinha perguntado nada. — Volto para o jogo. 

— Sim, foi muito legal — ele faz troça, inabalado. 

Estampo um sorriso de canto. 

Pelos próximos dez minutos, eu continuo jogando, Hoseok continua gritando e discutindo com Yoongi (Yoongi não é flamenguista e isso é motivo o suficiente para um desentendimento entre os dois), Namjoon continua dividindo sua atenção entre me dar palpites errados de como vencer o round e  fingir que sabe alguma coisa de futebol, e Yoongi continua zombando de Hoseok. Até que algum time faz gol e todos eles começam a gritar como um bando de fangirls no show do ídolo. Hoseok fica de pé e faz uma dança estranha e muito constrangedora. 

É somente enquanto o fuzuê está acontecendo que Namjoon finalmente para e percebe: 

— Pera aí, quem é esse cara? — olhando para Jimin. 

Meu olhar segue o dele e eu fito o dito-cujo. Eu me pergunto, intrigado, como Namjoon não tinha percebido uma pessoa como ele no meio de nós. Ele é simplesmente… absurdo. De um jeito admirável, que te faz querer ficar admirando. Parece que, a cada vez que você para para reparar, Jimin tem uma beleza a mais para te mostrar. Ele simplesmente chama atenção. Como se tivessem derramado poeira estelar sobre ele, tornando-o infinitamente brilhante. 

Isso não foi um elogio. É apenas a verdade. Acho que é da natureza das fadas terem todo esse encanto. 

"É um amigo do Jungkook", Yoongi diz. 

Namjoon me lança uma olhada de esguelha com ar de desconfiança. Entrego-lhe uma cara de poucos amigos. 

— Hm. E aí, cara? — O sorriso que esboça para Jimin é pequeno mas gentil e o suficiente para evocar as covinhas. 

— Olá! — Jimin fica todo risonho. 

Observo a interação dos dois com uma curiosidade indesejada, a qual tento refrear ao voltar toda a minha concentração ao celular. 

Namjoon estende o braço para a vasilha em cima da mesinha de centro e volta resmungando quando percebe que não sobrou nenhuma pipoca. Evito trocar olhares com Jimin, porque evidentemente a culpa é nossa. 

— Vou fazer mais. 

— Te ajudo — me coloco de pé, me oferecendo apenas porque o jogo no meu celular não parece mais tão interessante. Qualquer atividade é melhor que assistir uma partida de futebol. 

— Posso ir com vocês? — Jimin pergunta, projetando um sorriso cheio de expectativa. 

— Claro. 

— Não precisa — eu e Namjoon respondemos ao mesmo tempo.  

Jimin acaba nos acompanhando, de qualquer forma. 

Quando passa por mim, ele faz uma careta. Fico me perguntando quando ficou tão imprudente e folgado. 

A cozinha de Hoseok não fica tão longe da sala e nem mesmo há uma parede para dividir os dois cômodos, então podemos ver Yoongi e ele daqui, se cutucando e alfinetando um ao outro, só para depois darem risada. Me encosto na bancada, não intencionado a ajudar Namjoon de verdade. Meu amigo, no entanto, também não faz questão da minha ajuda. Ele tem Jimin, pelo visto, e o garoto parece muito disposto a fazer qualquer coisa. Ele ainda está com um sorrisinho discreto na boca e um brilho infantil no olhar, como se estivesse muito animado. 

— Então, Jimin — Namjoon começa, abrindo uma das portas do armário e pegando uma panela —, como está sendo lidar com o Zangado ali? — ele aponta pra mim.

Franzo a testa, pronto para protestar, mas Jimin fala antes de mim. 

— Ah — ele abre o sorriso. — Ele não é tão ruim assim…  

Namjoon começa a rir. 

Por que eles estão falando de mim como se eu não estivesse aqui? 

— Gosto dele! — Dessa vez, Namjoon fala comigo, apontando para Jimin. — Aliás, gosto do seu cabelo também. Combina perfeitamente com o seu rosto. — Namjoon apoia a mão na mesa e isso faz com que os músculos chamativos de seu braço se flexionem. Ele se inclina um pouco mais para frente e sorri para Jimin de forma galante e... Ergo uma sobrancelha. Esse é o jeito que ele sorri para as garotas. 

E ele está sorrindo assim para Jimin. 

Não consigo evitar, mas fico um pouco surpreso. 

Viro o olhar para o de cabelos azuis, mas ele não adotou uma postura diferente. Parece nem perceber o que meu amigo está fazendo. 

— Obrigado! — o agradecimento é genuíno. Jimin puxa minha touca mais para baixo. — Nasci assim.

Namjoon dá uma risada. Deve achar que Jimin está brincando. 

— Eu acho pessoas com senso de humor muito atraen- 

— Já chega, Namjoon. Para com isso — interfiro, entendiado. — Você não queria fazer mais pipoca? 

— Tá, tá — ele sorri como um menino travesso. — Eu só tava me divertindo um pouco. Relaxa. 

Jimin não parece entender ao que ele está se referindo, mas não faz perguntas. 

Fico observando quando eles se juntam para procurar o saquinho de milho porque ninguém faz ideia de onde Hoseok o guardou (Namjoon tentou chamá-lo para perguntar, mas Hoseok fingiu que não estava escutando). Em um momento, quando meu amigo está de costas, Jimin aponta rapidamente o dedo indicador para a mesa e sibila alguma coisa. Um segundo depois, uma pequena explosão de pontinhos brilhantes revela um saco cheio de milho que não estava ali antes. Arregalo os olhos, compreendendo o que acabou de acontecer. 

Não porque é magia, mas porque ele se arriscou a fazer isso na frente de outros humanos que não eu. 

Saio de perto da bancada e vou para o lado dele. Jimin sorri mais, todo satisfeito, quando percebe minha aproximação. Fico mais irritado ainda quando penso que ele deve estar achando minha cara de reprovação engraçada. 

 — Você não pode… — minha inquietação não permite que eu termine a frase. Olho para a sala, de onde Hoseok e Yoongi tem uma bela visão de nós. Felizmente, nenhum dos dois parece achar nada mais interessante que aquele jogo idiota. 

— Eu posso, sim — Jimin sussurra de volta, convencido. — É o que nós fazemos. 

Namjoon se vira quando estou prestes a dar uma resposta. Ele olha para mim perto de Jimin, intrigado, depois percebe o saco na mesa. O saco que Jimin conjurou. 

— Ah. Você achou! — Sua mão agarra o pacote. — Ei, por que isso tá brilhando? 

Não refreio o impulso de encarar Jimin e, quando me dou conta, já estou o fazendo. Ele dá de ombros de um jeito que demonstra falsa inocência. Quando vira o corpo na minha direção, às costas de Namjoon, cochicha: 

— É pó de fada. — E arrasta o dedo na minha testa. Por causa da imprevisibilidade do ato, cambaleio para trás num gesto afobado, mas só quando já é tarde demais. 

Estou tentado a olhá-lo com raiva, mas também estou curioso. Não sei por que fez isso, mas, quando passo a mão na testa, no lugar onde seu dedo me tocou, e trago a mão de volta para diante da vista, percebo que só queria provar o que disse. Minha mão está brilhando. De um jeito mágico que nenhuma coisa desse mundo faria. 

É pó de fada de verdade. 

Ergo os olhos para ele e espero não estar parecendo nem um pouco encantado por isso. Mas acho que não me saio muito bem. 

🦋

Fui lavar minha mão na pia do banheiro enquanto Jimin e Namjoon voltavam para a sala com uma nova vasilha de pipocas quentes. Minha palma estava reluzindo. Eu estava projetando luz com a minha pele, como se aquela magia estivesse saindo diretamente dos meus poros. Mas era só a magia de Jimin. 

Magia. 

Pó mágico, de outro mundo. Um mundo não fictício, como sempre achei.

Caralho.

Isso foi muito desconcertante. E um pouco maravilhoso também. 

Tive que esfregar bastante para que o brilho se dissipasse da minha mão e da minha testa. Instantes antes disso, tive que enfiar a mão no bolso e cobrir a testa com a franja para que Namjoon não percebesse. Felizmente, ele e Jimin estavam ocupados demais discutindo sobre qual a quantidade correta de óleo — e depois de milho — colocar na panela para fazer as pipocas. 

Voltei para sala fingindo que nada de mais tinha acontecido. 

Agora, estamos alguns sentados no sofá, assistindo a um filme de terror proibido para maiores de dezoito anos. Namjoon é o único que está afastado de nós, sentado numa poltrona na outra extremidade da sala, lendo um livro de poesias. Eu sinceramente não sei como ele está conseguindo se concentrar na leitura estando no mesmo ambiente que Hoseok — os eventuais gritos dele te pegam de surpresa mais do que as cenas de suspense macabro do filme. 

Já é noite, Hoseok pediu três pizzas grandes, e eu estou com uma latinha de Coca-Cola ao meu lado e o notebook de Hoseok no colo, olhando para a minha matéria inacabada com um olhar crítico que só tenho para mim mesmo. 

De repente, lembro de Valentina e do nosso acordo. Lembro da mensagem que ela me mandou hoje de manhã, avisando que iria à minha casa na segunda. "Se não tiver problema", foi a expressão que ela usou. "Tudo bem", foi o que eu enviei de volta. 

Tiro os olhos do computador, sentindo minha vista cansada, e, não sei bem o porquê, olho para Jimin. Ele ainda está no chão, acompanhado por Yoongi, suas costas estão apoiadas no sofá, bem onde estou sentado. Percebo que ele nem sequer está assistindo ao filme; suas mãos estão cobrindo os olhos e ele se inclina discretamente na direção de Yoongi para evitar olhar a cena na TV. Meu amigo sorri, achando engraçado o fato de Jimin estar assustado. 

Semicerro os olhos para a postura encolhida dele. Isso é estranho. Ao contrário de Yoongi, não tenho vontade de rir. Presto um pouco mais de atenção e percebo: Jimin não está meramente assustado, ele está tremendo. Acho que está chorando. 

Meus olhos se arregalam com a percepção tardia que tenho. Há quanto tempo está assim? Por que não disse nada? Começo a ficar um pouco desesperado. 

Fecho o notebook e me inclino para baixo, na direção dele, e cutuco seu ombro. Jimin sente, obviamente, mas não reage. Ele mantém as mãos no rosto. Intensifico o toque e dou uma leve sacudida, apenas para que ele saiba que estou insistindo. Relutantemente, ele afasta os dedos e vira a cabeça para cima, para mim. 

Ver seus olhos marejados, mesmo na penumbra da sala (Yoongi sugeriu desligar as luzes para ficar mais "emocionante"), me provoca uma careta de incômodo. Não tenho uma reação instantânea, fico apenas olhando para ele, para a fresta entre os dedos que me permite enxergar seus lumes vítreos. Essa é a primeira vez que Jimin se mostra tão vulnerável e, não, vê-lo com cara de cachorro abandonado não é nem um pouco satisfatório. 

— O que é? — ele sussurra, a voz numa rispidez incomum e quebradiça. 

De repente, Hoseok dá um grito; Jimin se assusta, acabando por deixar as mãos escorregarem para longe do rosto. 

Tomo uma decisão. 

— Já volto — digo para todos ouvirem. — Vem comigo — sussurro apenas para Jimin. Ele parece estar à beira de um colapso. 

Deixo o computador de lado e saio do sofá, caminhando em direção à porta. Consigo ouvi-lo fazer o mesmo. Ninguém nos interrompe. Ninguém parece prestar atenção em nós também. 

Saio para a varanda de Hoseok e, um instante depois, Jimin está aqui. Ele vem limpando as lágrimas das bochechas, mas outras continuam caindo dos olhos como cascatas. 

— O que é? — ele pergunta de novo, no mesmo tom ríspido de antes. Mas a voz trêmula não consegue me convencer de nada. 

Cruzo os braços, o incômodo e a curiosidade por vê-lo assim me deixando momentaneamente sem palavras. 

— O que aconteceu? 

— Não aconteceu nada — ele responde, me olhando como se tivesse sido eu quem o fez chorar. 

— Você tá chorando.

Jimin desvia o olhar, parecendo muito vulnerável. Ele continua passando as mãos nas bochechas, evitando encontrar meu rosto. 

— Não estou, não! 

— Foi por causa do filme? 

Escuto um muxoxo. 

— Acho que sim — diz, fitando meu queixo para não ter que olhar diretamente para mim. 

Pisco, desnorteado. Ele tem medo de filmes de terror? 

— Você tem medo de filmes de terror? — exponho o pensamento. 

Seus olhos finalmente se erguem e ele me encara como se estivesse ofendido pela pergunta. 

— Não é minha culpa, tá? — E passa a mão pelo nariz provavelmente entupido, a voz ficando embargada de novo. — Nós somos muito sensíveis a esse tipo de coisa. Eu choro com bastante facilidade. Pode ser por qualquer coisa. Qualquer coisa. Não consigo controlar. 

A informação me pega de surpresa. Fico o encarando por bastante tempo em silêncio, pensando no quanto ele é peculiar. Peculiar de um jeito que me deixa perturbadoramente interessado em conhecer mais sobre ele. 

— Para de ficar me olhando — Jimin pede, constrangido por causa do choro. Ele ainda está chorando, inclusive. 

Eu pisco e volto a vista para outro ponto. 

— Você precisa fazer uma coisa por mim — Jimin diz, levando minha concentração para seu rosto molhado de novo. — Senão eu não vou parar de chorar e vou continuar chorando até drenar toda a água do meu corpo.  

Acho que só está sendo muito dramático, mas mesmo assim não quero correr o risco. 

— O quê? 

— Preciso de algo doce o bastante para me tirar toda a amargura. Você conhece alguma coisa assim? 

🦋

Compro para Jimin um algodão-doce. 

Um algodão-doce azul, porque ele ficou encantado ao ver que combinava com seu cabelo. Por livre e espontânea insistência dele, compro um para mim também, e ele lamenta de verdade por não ter nenhum da cor preta. Até cogita fazer magia de novo, mas faço cara feia e ele desiste. 

Sentamos em um banco sem encosto de uma pracinha, debaixo das folhagens espessas de uma árvore, e tive que presenciar os soluços baixos de Jimin até ele começar a comer seu algodão-doce, o que o fez se acalmar aos poucos. Ao que parece, ele não estava mentindo quando disse que muito açúcar era o antídoto para a tristeza. Em poucos segundos, o choro cessou, e Jimin se manteve silencioso por todo o tempo que passamos comendo, o que apreciei. 

Mando uma mensagem no grupo que compartilho com Hoseok, Yoongi e Namjoon enquanto dou mordidas no meu algodão-doce rosa, avisando que Jimin e eu tivemos que ir embora. Meia hora se passa e nenhum deles sequer visualiza a mensagem. 

Estamos caminhando de volta para casa — não tenho mais disposição nenhuma para pensar em algum lugar para ir ou alguma coisa para fazer a fim de alongar a noite e não precisar voltar para casa agora —; eu na frente, e Jimin alguns passos atrasado. São mais ou menos nove horas da noite, o movimento na rua ainda é constante, e de vez em quando Jimin interrompe alguém que passeia com um cão para fazer carinho no bicho. 

Ouço uma fungada, olho para trás, já sentindo a tensão voltar como uma avalanche, e, depois de esquadrinhar seu rosto, solto um suspiro de alívio por não estar chorando de novo. Na verdade, apesar de o rosto estar muito manchado por lágrimas secas, Jimin parece verdadeiramente contente. 

Me volto para frente, as mãos nos bolsos frontais do short, e só nesse instante percebo que esqueci meu skate na casa de Hoseok. Faço uma anotação mental para não esquecer de lhe enviar uma mensagem antes de dormir. 

Paro de repente quando alcanço a escadaria do prédio e me viro para Jimin, me sentindo pouco à vontade. 

— Preciso ir? — ele adivinha antes que eu diga qualquer coisa. 

— É. 

— OK. — Sorri, radiante. O algodão-doce realmente fez bem a ele. — Você sabe que tem um jeito de falar comigo? 

Franzo a testa e me lembro de algo. 

— Você disse que vocês usam celular. 

— Bem — Jimin faz uma pausa, sorrindo de um jeito inquietante —… Eu menti. Não é bem isso que usamos para nos comunicar. Não existem celulares na Terra das Asas, por mais que eu tenha usado esse termo. As fadas têm um meio de comunicação próprio. 

— Hm. 

— Você não quer saber qual é? 

— Pode falar. 

Jimin abre um sorriso maior ainda com minha resposta. 

— São cartas! — ele fala como se fosse uma surpresa. 

Ergo uma sobrancelha, provocativo. 

— Uau — e zombo. 

— Tsc — ele desdenha de volta, revirando os olhos, mas ainda com os lábios repuxados para cima. — Não do jeito convencional, seu bobo. É assim: você me escreve uma carta, põe um lacre, coloca o meu nome como destinatário e depois é só dar um beijo nela que ela desaparece das suas mãos e reaparece nas minhas. Entendeu? 

— Hm. — Faço careta para a parte do beijo. — Por que beijar? 

— O beijo faz a magia funcionar. É como um selo. Se não beijar uma carta direcionada a uma fada, ela nunca vai chegar até a gente; vai ficar perdida no vácuo para sempre. 

Que… desesperador

Dou de ombros, olhando nos olhos brilhantes de Jimin com nada além de desânimo. 

— De qualquer forma, não tenho motivos para querer trocar cartas mágicas com você. — Com isso, me viro para subir a escadaria até a porta da frente. 

Há uns instantes de silêncio antes que eu escute Jimin falar de novo. 

— Boa noite pra você também, Zangado! 

Giro o calcanhar para trás rápido, mas quando olho para o mesmo ponto onde o deixei, Jimin não está mais lá. Olho para os lados, alarmado por ele ter feito isso no meio de uma rua com transeuntes. 

Do que ele me chamou? 

E não só pelo apelido, fico emburrado também por causa do tom risonho com o qual ele falou. Não sabia que ele era assim tão atrevido. Tenho que me lembrar de repreendê-lo da próxima vez que aparecer do nada no meu quarto. 

Deixo essa questão de lado e subo até o meu apartamento. Quando abro a porta, papai está cochilando no sofá de boca aberta. Me aproximo dele, pensando se devo acordá-lo para que vá dormir no seu quarto. No fim, acabo por balançar seu braço. Meu pai resmunga no começo, mas me permite ajudá-lo a seguir até o segundo andar quando o puxo para fora do sofá. Dou uma espiada na mesa de centro e não me surpreendo quando vejo mais de três latinhas de refrigerante, uma delas caída e derramando o resto do conteúdo no tapete, e embalagens de salgadinho. Tenho que limpar tudo. 

Levo-o até seu quarto, cubro seu corpo com o edredom — porque ele não consegue dormir descoberto mesmo quando faz muito calor, como hoje — e deixo-o lá. Algo estranho acontece: quando abro a porta e estou prestes a sair, acho que o escuto dizer alguma coisa, algo que não compreendo. Porém, quando olho para a cama, está do mesmo jeito, dormindo.  

Saio de lá. Volto para a sala, varro o chão, tiro o tapete para lavar e espano para fora os pós de salgadinho do sofá (o que me deixa muito impaciente). Vou para o quarto quando termino tudo e me jogo na cama. Quando retiro o celular do bolso, vejo que há uma mensagem de Hoseok no nosso grupo. 

hobi
| ei jungkook 
| a nova peça do teatro vai estrear amanhã
| É PRA TU IR 
| isso não é um convite isso é uma ORDEM  

Ele é dramático até por mensagem. 

Dez minutos depois: 

namu  
| e leva teu amigo bonito de cabelo azul 😘

Bufo e largo o celular. 

Desde que começou a trabalhar no único teatro de Malvales como figurinista, Hoseok faz questão de nos convidar para tudo quando é performance que acontece lá. Já fui em todas e com certeza vou nessa, mas não sei se devo convidar Jimin. Nem sei como fazer isso. 

De repente, lembro das cartas. 

Alguma coisa cai no meu rosto, leve como uma pluma, mas, apesar da leveza, me assusta e me faz levantar o tronco com brusquidão. Olho para a coisa, que agora está caída no vão entre minhas pernas. É uma carta. 

Pisco em choque. 

O material da folha é macio e singular quando pego a correspondência, tem um tom cinzento e não se parece com nada criado por humanos. Viro-a para o outro lado e percebo, com encantamento, que há uma marca de beijo do lado do meu nome e endereço. A marca brilha. 

Pó mágico

Jimin me enviou isso? 

Curioso, rasgo o lacre. A letra de Jimin é cursiva e a mensagem é curta. 

Querido Zangado (risos),

Obrigado pelo algodão-doce (:

Jimin ♡

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Quem disse que demoraria meses para atualizar não está mais aqui

Oi! Voltei mais rápido do que imaginava  kkkkk acontece que, quando recomecei a tentar escrever esse capítulo, as palavras e as ideias fluíram muito naturalmente e escrevi initerruptamente por horas. Foi muito bom o processo, eu amei escrever esse capítulo e acho que é um dos meus preferidos. E vocês? O que acharam?

Queria dizer que a partir de agora as atualizações vão vir com uma frequência menor, porque eu comecei uma faculdade e trabalho em dois turnos. Esperem por mim, por minha fada sensível e pelo meu humano rabugento ):

Obrigada a todo mundo que comenta. Eu realmente AMO ler os comentários que vocês fazem, sério mesmo. Eu me divirto bastante e dou muita risada. Continuem, por favor, é a melhor parte de tudo isso

E por último, espero que até a próxima att ❤

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