Chào các bạn! Vì nhiều lý do từ nay Truyen2U chính thức đổi tên là Truyen247.Pro. Mong các bạn tiếp tục ủng hộ truy cập tên miền mới này nhé! Mãi yêu... ♥

2. Era uma vez um chamado não intencionado.

Eu sempre tento me manter ocupado o bastante para não ter que passar muito tempo em casa.

É isso o que estou fazendo agora: me mantendo ocupado. Longe de casa.

Um rápido pensamento de que eu deveria estar tentando me incluir na discussão dos meus colegas passa pela minha cabeça, mas não consegue ficar lá por tempo o bastante para me obrigar a realmente tentar. Eu relaxo as costas na cadeira, como se estivesse aqui apenas para passar o tempo, e observo meus colegas entretidos no trabalho. Um suspiro de exaustão é o único som que vem de mim.

Eu adoro isso: adoro participar do jornal universitário. Mas há dias em que até as coisas agradáveis parecem desagradáveis para mim.

Eu largo a caneta em cima do caderno de anotação como se estivesse desistindo de alguma coisa. O som chama atenção, e todos viram a cabeça na minha direção.

- Jungkook?

- Hm? - eu prontamente respondo, levando meus olhos para Momo.

- Qual tema você sugere para a matéria? - Ela sorri com gentileza, e eu tenho a impressão de que está tentando me incluir na discussão, mesmo que eu claramente não me importe com isso agora.

Tento demonstrar o contrário ao parar para pensar em alguma coisa.

- Jungkook é sempre o melhor nas ideias - alguém diz.

Eu sei que é Valentina. E nem preciso olhar para ela para saber que está me encarando com um sorriso que deixa clara todas as suas intenções.

Eu forço um pequeno e ínfimo sorriso de volta. Por educação. Só que o meu gesto sai com menos entusiasmo que o dela, e certamente não a olho do mesmo jeito.

Isso me incomoda: o jeito que Valentina me olha.

Mas ela não percebe. Se percebesse, não teria ficado tão obviamente mexida pelo fato de eu ter sorriso de volta.

- Não consigo pensar em nada interessante agora - digo para Momo num tom de quem lamenta. Não minto. Num lapso de consciência, percebo o quão infrutífero estou sendo e resolvo fazer um esforço para colaborar com a equipe. Desencosto as costas da cadeira e cruzo os braços sobre a mesa, corro meus olhos apáticos por todos os rostos e finalmente questiono, esperando não parecer tão entediado: - Decidiram alguma coisa?

- Bem, sim - Momo responde com disposição. - Lisa sugeriu que falássemos sobre as limitações sociais e o preconceito no que diz respeito à comunidade LGBTQ+ com ambientação no espaço universitário. Podemos analisar o quão engajados os alunos da nossa Universidade são nesse tema e discorrer sobre isso.

Os outros concordam em uníssono, entusiasmados. Exceto eu.

Ótimo. Acabei de ficar ainda mais mal-humorado.

Não quero deixá-los sem resposta, então apenas assinto com a cabeça. Eles parecem satisfeitos com meu gesto nada convincente e depois começam uma nova discussão em grupo para falar das outras matérias que compõem o jornal. Também não participo dessa.

Quando terminam, todos se levantam para ir embora.

Momo relembra nossas funções - a minha na equipe alterna entre escrever os artigos e fazer a diagramação. Dessa vez, entretanto, vou apenas escrever a matéria principal - e depois lidera o grupo para fora da sala. Ela é a editora-chefe do O Diário (nome do nosso jornal universitário), o que combina perfeitamente com ela. Momo tem um ar de superioridade e liderança que cai bem em sua função. Ninguém se sairia tão bem quanto ela.

Nenhum de nós é amigo, apenas mantemos uma relação profissional - se é que eu posso chamar assim -, e só nos reunimos periodicamente para decidir as matérias da próxima edição do O Diário. Temos uma relação amigável, mas não somos os melhores exemplos de amigos. Quero dizer... Não sei quanto aos outros, mas eu não sou amigo de nenhum deles.

Na maioria das vezes, nos encontramos aqui, na biblioteca municipal de Malvales, onde estou agora, na parte mais funda do recinto para não incomodar os leitores. Eu gosto do ambiente; é tranquilo.

Todos pegaram seus pertences e saíram juntos. Valentina interrompe a procissão para perguntar se eu não vou acompanhá-los (respondo que não, e ela se despede com um "então tchau" acanhado). Sinto que queria dizer mais alguma coisa, ou fazer. Mas ela só acena e vai embora. Eu aprecio sua hesitação ao ponto de suspirar aliviado.

Eu ainda fico aqui por um tempo tentando criar coragem - ou seria vontade? - para me levantar e ir para casa.

Eu sempre tento me manter ocupado o bastante para não ter que passar muito tempo em casa. Mas uma hora eu tenho que voltar. E essa hora, infelizmente, é agora.

Hoje é domingo, não vou ao trabalho aos domingos (eis aí o motivo pelo qual a grande maioria das pessoas ama domingos), e, a não ser que eu prefira perambular sem direção pela cidade, ou ficar prostrado nessa mesa que tem a forma de um círculo perfeito por horas, meu único destino agora é o apartamento de número 190 pregado à porta.

Há uma parte de mim que odeia deixar meu pai sozinho em casa. E às vezes eu só queria que essa parte desaparecesse. Sinto que ficaria muito mais inteiro sem ela.

Meu pai é um sujeito que me faz experimentar sentimentos contraditórios: em certas ocasiões, eu o amo; em outras, tenho a mais absoluta certeza de que o odeio. Seria tudo mais fácil se eu o odiasse mesmo.

Muitas vezes me pergunto se não seria melhor viver sem ele, sem sua presença sufocante e quase insuportavelmente desconfortável, mas sei que não quero isso de verdade. É um daqueles dilemas em que, não importa qual alternativa você escolha, vai se arrepender de tê-la escolhido em algum momento.

No fim das contas, eu iria me arrepender se o abandonasse.

Meu pai já se acha abandonado o bastante. E eu não suportaria a ideia de tê-lo deixado ainda mais triste.

Agarro minha mochila cheia de fivelas e me levanto para sair.

Sabe... Estou convicto de que cada ser humano é uma peça de algum um jogo idiota, e Deus adora brincar de jogar essas peças pro alto para ver qual delas cai de pé. Eu certamente só levo tombo.

Eu zombo do meu próprio pensamento.

Vou a pé para casa - uma mão segurando apenas uma alça da mochila e a outra dentro do bolso frontal da calça, cabeça parcialmente abaixada para poder enxergar meus pés chutando os eventuais lixos que enfeitam o pavimento e um caminhar que não demonstra pressa alguma. Em algum momento mais tarde, chego ao meu prédio. A aparência externa do edifício me lembra o prédio onde Chris, de Todo Mundo Odeia O Chris, morava. É robusto, tem uma escadaria na frente e seu aspecto físico dá um ar de construção antiga.

Eu gosto. Na verdade, tenho um leve apreço por essa rua inteira. As pessoas são todas diferentes por aqui - estilos diferentes, fenótipos diferentes -, e as casas que se erguem às margens da estrada também têm traços únicos, particulares a cada uma: algumas são sofisticadas, de dois andares e janelas de vidro; outras, nem tanto; umas têm jardins rodeados por cercas grandes, enquanto as casas vizinhas a estas são, por sua vez, rodeadas por muros altos. Aos dias e cedo da noite, as pessoas estão transitando pra lá e pra cá o tempo todo, às vezes com um cigarro entre os dedos, às vezes com uma bola de futebol debaixo do braço. Todos parecem se preocupar apenas com a própria vida, tão preocupados com ela, que não têm tempo de dar atenção às dos outros.

Eu gosto disso também.

Estou com a mente cheia de pensamentos turbulentos quando abro a porta do apartamento 190 e passo para dentro.

A primeira coisa que vejo é meu pai sentado no sofá enquanto assiste um telejornal qualquer. Este, já notei, tem se tornado o hobby preferido dele: passar o fim de semana inteiro jogado no sofá, enchendo o estômago de pizza e Coca-Cola e fingindo se importar com as notícias da atualidade que passam na TV.

Não gosto de vê-lo assim.

Estaria tudo bem em fazer isso se ele não o fizesse simplesmente por estar tão amargurado ao ponto de não sentir mais vontade de fazer mais nenhuma outra coisa.

Uma parte de mim sente alívio com isso. Meu pai já esteve pior.

- Oi, pai - eu digo quando ele vira a cabeça para trás e me olha sobre o encosto do sofá. Desvio o olhar rápido e começo a caminhar até a escada, mas sua voz me faz parar antes que eu alcance o primeiro degrau.

- Chegou cedo - ele comenta distraidamente.

- É.

- Por que não senta aqui e come com seu pai, hm? - ele propõe, novamente virando a cabeça para trás e me mostrando um sorriso afável. Noto a barba por fazer em seu queixo.- Eu pedi pizza. Duas, na verdade. Uma a gente come hoje e a outra eu guardo na geladeira para amanhã. Não tenho problema em comer pizza congelada; você deve lembrar que sua mãe levou o micro-ondas quando nos deixou, e eu ainda não aprendi a usar aquele fogão. Sabe que dia é hoje, Jungkook?

Meu pai nunca superou o divórcio e, às vezes - frequentemente -, ele faz comentários sarcásticos com relação à minha mãe e à nova vida dela. Isso me perturba, mas o silêncio é sempre a minha única resposta. Não tenho coragem de olhar firme para ele e gritar: - Para de ser um preconceituoso de merda e supera logo, porra!

Coragem. Não tenho coragem para fazer muitas coisas, e meu pai é o principal gatilho que desperta essa covardia que existe dentro de mim.

- Que dia é hoje? - devolvo a pergunta, confuso. Será que é meu aniversário e eu esqueci de novo?

- Vinte de abril, Jungkook! - ele se anima de repente, me deixando mais confuso ainda. - Hoje faz sete meses que estou sóbrio.

Ah, é. Isso.

Meu pai tem problemas com alcoolismo desde que era adolescente. Tenho muitas lembranças dele chegando bêbado em casa e dando trabalho à minha mãe. Ele não era violento com a gente nem nada do tipo. Mas era bastante inconveniente, falava muita merda e agia feito um idiota. Nesses momentos, eu não gostava dele. Minha mãe sempre ficava bastante ansiosa quando o marido demorava para chegar em casa porque ela sabia como ele estaria quando finalmente chegasse. E quando a senhorita Jeon ficava ansiosa, eu ficava ansioso. Era por ter notado e ter ficado preocupada com isso que ela frequentemente me mandava para a casa da minha avó, mesmo quando não era fim de semana.

Meus pais brigavam bastante e com uma frequência assustadora. Ela também não queria que eu visse isso.

Quando cresci, no entanto, tive que aprender a lidar com a realidade do meu pai.

Há um ano, ele resolveu entrar para o AA, e minha mãe o apoiou bastante. Mas como nem tudo é flores e qualquer coisa nessa vida pode estar fadada ao fracasso, ele teve sua primeira recaída há sete meses, quando minha mãe revelou estar apaixonada por outra pessoa e que queria o divórcio. Para ele, isso foi o fim do mundo.

Para mim, também foi. Mas o fim do mundo só durou alguns dias.

Eu cuidei do meu pai naquele dia e, desde então, tenho medo de que ele volte a beber de novo. Estou sempre tenso por causa desse pensamento, temendo que a qualquer momento apareça um motivo ruim o bastante para fazer meu pai afogar as mágoas no álcool e consequentemente ficar daquele jeito.

Esse é o tipo de preocupação que segue a gente como se fosse sombras.

Eu pisco, surpreso, e, sem que eu possa evitar, um sorriso pequeno e satisfeito enfeita meus lábios.

- Que legal, pai. - Estou sendo sincero.

- É... - ele concorda, com um sorriso orgulhoso que logo vai embora. - Venha comemorar comigo. As pizzas não vão demorar a chegar; já faz um bom tempo que pedi. Venha. Senta aí. Vamos conversar. - Ele termina a fala com um gole de refrigerante.

Não sei se quero conversar com ele. Meu pai não sabe conversar. Talvez ele saiba socializar bem com outras pessoas, como seus colegas de trabalho. Mas ele não sabe conversar adequadamente comigo. E nem eu com ele.

- Vou só tomar um banho primeiro - digo, e fujo para a solidão do quarto.

Lanço a mochila em algum lugar como se a pobre coitada tivesse culpa de alguma coisa - eu geralmente desconto minhas frustrações em objetos inanimados, o que é bem patético - e me jogo na cama de braços e pernas bem abertos. Um suspiro sai da minha boca. Não tinha percebido que estava assim tão cansado, mas deitar na cama me desperta ainda mais vontade de permanecer nela.

De repente, ouço um miado às minhas costas e bruscamente olho para trás, tendo a visão da minha gata em cima da cama. A carranca some do meu rosto no mesmo instante, uma vez que ofereço um sorriso preguiçoso para ela. Deito de bruços, e minha gata parece interpretar o meu gesto como um passe-livre para caminhar até mim e subir no meu peito.

- Folgada... - eu brinco, acariciando Eureka. Ela parece estar carente. Na verdade, ela frequentemente está à procura de uma mão para alisá-la a cabeça, e eu pareço ser sua vítima preferida. - Hoje foi um dia péssimo, sabia? - Eureka mia em resposta, esfregando o focinho na minha mão enquanto ronrona. - E parece que ainda pode piorar...

Eureka mia de novo como se dissesse "eu sei".

- Preciso tomar banho. - Observo-a deitar-se sobre meu peito. Pronto. Agora estou com pena de tirá-la daqui, onde parece estar tão confortável. - Eureka, você ouviu? Preciso tomar banho. - Ela nem se mexe. - Ah. - Finalmente a pego com as duas mãos e a coloco no colchão, dando-lhe um beijo no topo da cabeça em seguida para não parecer tão malvado. - Foi mal, princesa. Amo você.

Não demoro no banho. Visto camisa e calça folgadas de dormir com a mesma praticidade com que me lavei e desço para fazer companhia ao meu pai e fingir que uma parte de mim não morre toda vez que ele usa o nome da minha mãe para fazer um comentário odioso - afinal, é dessa forma que ele alimenta seu orgulho ferido.

Às vezes não sei se quero chorar ou dar um murro na cara dele.

Eureka está dormindo na minha cama quando deixo o quarto. Ela passa o tempo todo dormindo quando estou fora de casa e dorme de novo quando chego. Por que os gatos dormem tanto?

- Você demorou. As pizzas chegaram - é a primeira coisa que meu pai fala quando me percebe sentando no outro sofá.

- Do que você pediu?

- Uma de muçarela e outra de marguerita, sua preferida.

Olho para ele, impassível. E digo:

- Não é minha preferida. Não gosto dos tomates.

Meu pai franze o cenho na minha direção como se me culpasse pelo próprio engano.

- Desde quando?

- Desde sempre.

Vejo-o assentir, tomando minha resposta como válida. Em seguida, ele dá de ombros.

- Tinha esquecido.

Da minha mãe você não esquece, né?

Mordo a língua.

- Tanto faz - digo, imperturbado.

Nós dois nos debruçamos sobre a mesinha de centro para abrir as caixas. Meu pai e eu pegamos cada um um pedaço da pizza de muçarela - porque, veja, não vou comer da outra, mesmo que eu possa tirar os tomates um por um - e começamos a comer com a mão mesmo.

Isso era para ser um jantar entre pai e filho, mas nisso aqui não há tanta dignidade assim para ser chamado dessa forma.

Olho para a TV, onde está passando um reality show americano sobre tatuagens, e espero que meu pai não quebre o silêncio desconfortável. Mas ele o faz.

- Você foi para a reunião do jornal da sua universidade hoje? - ele pergunta.

Fico surpreso que ainda lembre disso.

- Sim - respondo laconicamente. - Se chama O Diário, o nosso jornal.

- Hm. Aquela menina, a Momo, é bem bonita - ele diz, me deixando um pouco confuso pela aleatoriedade de suas palavras. Momo Já veio aqui em casa uma vez, e meu pai estava de folga nessa ocasião. Ele contorna o assunto: - E aí? Sobre o que você vai escrever dessa vez?

Meu olhar congela na TV e, por um momento, paro de mastigar. Me pergunto se seria melhor mentir.

Mas por que eu mentiria?

Continuo vidrado no reality show sem graça quando dou uma resposta ao meu pai, fazendo o melhor para que meu tom soe indiferente e não chame sua atenção.

- Basicamente, sobre exclusão social da comunidade LGBT+ na universidade.

Há uns poucos segundos de silêncio em que não me atrevo a olhar para o meu pai.

- Isso não deveria ser tão levado a sério - há um toque de desprezo em suas palavras que me faz sentir um embrulho no estômago. - Pra mim, essa coisa de "comunidade LGBT" é só um bando de gente doida da cabeça que gosta de se vitimizar, é isso que é.

Eu devia ter mentido.

Olho para o pedaço de pizza que estou segurando e, de repente, sinto que vou vomitar se continuar a comê-la. Fico tão decepcionado, que até sinto meus pulmões se esforçarem mais para me manter respirando normalmente.

- Olhe para a sua mãe. Ela nos deixou por uma mulher. Uma mulher! - ele enfatiza com indignação, como se a ideia de duas mulheres juntas fosse tão horrível quanto um assassinato. - Fui casado por 21 anos com uma lésbica.

Travo a mandíbula.

- Ela não é lésbica - digo com certa rudeza, finalmente olhando para ele.

- O que disse? - Meu semblante vacila quando meu pai leva seu olhar crítico até mim.

Então eu repito, com menos severidade que antes:

- Minha mãe. Ela não é lésbica.

- Como não? Ela gosta de mulher. Ela tá transando com uma mulher. Que absurdo. Ela me fez passar pela maior humilhação da minha vida. Você sabe como é viver assim, Jungkook? Sabe? Até hoje sinto que todos no trabalho riem nas minhas costas por ter sido trocado por uma vagina.

Sério.

Sinto meu rosto esquentar e aperto as mãos em punhos.

- Caralho... - e murmuro, tão emocionalmente esgotado que só consigo pensar em voltar para a cama e esquecer dessa conversa fracassada.

Meu pai, ele é um idiota.

Me levanto do sofá num salto, sobressaltado, como se o estofado estivesse pegando fogo, e devolvo a fatia mordida para a caixa com o mesmo desespero com que me coloquei de pé.

Foda-se se não pareço nem um pouco tranquilo e receptivo agora.

E foda-se também se minha cara está séria demais, ou se minha voz soa tão ríspida ao ponto de ser facilmente notada.

- Perdi a fome. Vou deitar.

Me afasto em direção às escadas sem esperar por uma reação.

- Você não comeu quase nada, Jungkook - meu pai reclama. Continuo caminhando e não olho para trás.

- Boa noite, pai.

Ainda são sete horas da noite.

Preciso respirar fundo para não bater a porta com força quando entro no quarto, de onde nunca devia ter saído. Não para tentar jantar com meu pai. Talvez eu devesse ser mais honesto com ele, dizer como me sinto - como me sinto com o que ele diz.

Mas não consigo nem pensar em magoá-lo. Sei que o faria se contasse a verdade. E então, em resposta, ele descontaria a nova decepção em infinitos litros de álcool como se a bebida fosse a única coisa com que ele pode contar na vida.

Abandonado pela mulher lésbica e pelo filho. Que tragédia.

Esfrego o rosto com força quando percebo que estou pensando nessas coisas.

Queria não pensar nessas coisas. Queria me importar menos com meu pai.

Me levanto de novo da cama, assustando Eureka, que dá um pulo e depois cai do colchão com o movimento. Me permito rir um pouco enquanto me apresso para pegá-la no colo e me redimir com carinhos em sua cabeça.

Ela aceita o cafuné de bom grado. Seguro-a como se estivesse segurando um bebê.

- Eu te falei que iria piorar - avisei para ela, meio tristonho, meio conformado. - Meu pai acha que mamãe é lésbica... - Reviro os olhos. - Bissexuais e panssexuais existem, sabe? Ele é a porra de um homofóbico ignorante. Odeio que ele seja assim. - Fico alguns instantes em silêncio, apenas encarando o nada. - Ela tá feliz, a minha mãe. Ela é corajosa, enquanto meu pai é um covarde. Ela é incrível. Queria ser mais como ela.

Como esperado, Eureka não diz nada.

Com um suspiro derrotado, deixo a gata no chão e me direciono para a escrivaninha. Tenho que parar de ter conversas com a minha gata; ela nunca me dá respostas. Talvez seja melhor conversar com meus amigos, eles são pessoas de verdade e com certeza vão falar alguma coisa, nem que seja um monte de besteira.

Me sento de frente para o computador, que exibe o programa de edição de fotos. Preciso terminar um trabalho da faculdade que estou ignorando há dias, mas percebo que não tenho disposição alguma para fazê-lo. Estou cansado. Tem algo me perturbando desde sempre. Nem consigo me lembrar de quando começou, só sei que está aqui há bastante tempo.

Jogo as costas contra a cadeira giratória e fecho os olhos.

- Preciso de ajuda - digo para o além, e coço a ponta do nariz com o indicador.

|||

Oi, fadinhas, como vocês estão?

Eu queria agradecer todo mundo que votou e comentou no capítulo anterior! Ler os comentários me deixou muito boba 😔 obrigada pelo carinho <3

Então, o que vocês acharam do nosso Jungkook? Deixe seu feedback aqui 🗳

Vejo vocês em breve!

Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro