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1. Era uma vez uma nova tarefa.

Estou distraído quando alguém bate algo com força contra a minha mesa e me faz dar uma quicada ridícula contra a cadeira giratória.

O baque agudo também faz as rodinhas da cadeira deslizarem para o lado quando, num movimento desastrado, giro para frente, e tenho que me agarrar à mesa para estabilizá-la no lugar e impedir que eu saia escorregando por aí. Se fosse com outra pessoa, eu teria rido. Se eu for ser sincero, diria que teria sido eu quem causou o desastre.

Às vezes eu me deleito vendo os outros passarem vergonha. Todo mundo tem seus defeitos. Até uma criatura como eu. Vejo essa falha de caráter como um charme a mais.

 —Mas que caralhos! — sim, no plural. Aprendi o linguajar com uma criatura sem asas e o considero deveras útil.

Por um instante, tinha me esquecido de que estou no trabalho. Quando olho para cima, vejo meu chefe me fitando.

E confesso que o acho bem bonito, mas agora ele não está com uma cara muito boa, não...

Eu rapidamente endireito a postura e pisco inocentemente; minhas asas acalmando gradativamente as batidas às minhas costas. Se você agir como se nada tivesse acontecido, então vai ser como se nada tivesse acontecido mesmo.

— Bom dia, sr. Kim! — Num passe de mágica, sou a pessoa mais simpática do mundo. — A que devo a honra de sua presença? — Que exagero. Ao invés de uma careta, estampo um sorriso no rosto.

Uma dica: sempre puxe saco do seu chefe. Outra dica: não literalmente.

— Jimin — ele chama; os olhos sempre semicerrados como se tivesse tentando enxergar além de você.

— Sim?

Menos.

— Como quiser! — eu prazerosamente acato o pedido, não me deixando abater por sua objeção.

Eu tenho uma boa explicação para tamanha paz de espírito: faz parte da nossa natureza ser uma fonte de boas energias que jorra otimismo e sorrisos alegres para tudo quanto é lado. Se seu dia está sendo feliz, provavelmente foi porque uma fada te tocou em algum momento durante seu sono (é zoeira).

A expressão séria dele ganha um toque mais amistoso e seu olhar cai para uma pasta sobre a minha mesa, a qual eu não tinha notado até agora e a mesma que, agora eu sei, foi usada para me tirar do meu estado de ociosidade instantes atrás. Ao olhar para ela, meu chefe parece se apressar para fazer o que o trouxe até aqui.

— Temos um novo humano para você. — Eu assinto; meus olhos ganhando um brilho de excitação repentina. Sr. Kim continua: — Tudo o que você precisa saber sobre o seu Digno antes de encontrá-lo está nesta ficha. Se quiser um conhecimento mais abrangente, já sabe: pesquise em suas redes sociais, o que, para ser sincero, considero uma perda de tempo. No geral, as redes sociais desses jovens estão cheias de publicações sobre cujas procedências não tenho conhecimento — e nem me interesso em ter. Em seus perfis do Twitter, por exemplo, escrevem declarações muito piegas para artistas específicos chamados de idols. E não me pergunte o que isso significa porque eu não sei. — Ele se interrompe. Kim Seokjin suspira antes de concluir sua fala. — Enfim. Você já está bem familiarizado com o processo, então não precisa que eu fique lhe dando explicações. — Ele faz um gesto enigmático com a cabeça que deduzo ser um pedido mudo de confirmação.

— Claro que não, senhor.

— Certo. Estou me retirando.

Eu o espero entrar em sua sala particular a alguns metros de minha mesa para enfim puxar a pasta para perto de mim. Estou animado. Eu adoro esse trabalho.

Eu adoro trabalhar na Fairying. Para mim, é o emprego dos sonhos de toda fada. O edifício que abriga essa organização tem muitos andares — quando penso sobre isso, sempre imagino o advérbio em itálico, para dar mais ênfase —, o suficiente para acomodar todos os inúmeros funcionários de asas brilhantes e corpos flutuantes divididos em seu devidos departamentos.

Temos apenas dois departamentos, aliás: o das Fadas-do-dente e o das Fadas-madrinhas. Não existe mais nenhuma outra distinção de funções além dessas. As fadas-dos-dentes ficam nos primeiros quinze andares, enquanto as fadas-madrinhas tomam espaço nos outros quinze. Pensando bem, não são tantos andares assim. Já ouvi falar de prédios nas terras humanas com bem mais que sessenta andares (a Fairying tem mais trinta andares adicionais além daqueles que hospedam os departamentos, totalizando, assim, sessenta). As criaturas sem asas gostam de desmatar e de construir coisas, pelo visto.

A gente adora falar mal dos humanos sempre que tem a oportunidade, mas, contraditoriamente, aqui na Fairying o nosso trabalho é ajudá-los.

Não, não somos uma instituição de caridade. As ninfas certamente fariam protestos regados de indignação se existisse uma organização sem fins lucrativos com o objetivo de ajudar os seres que poluem as águas, desmatam florestas e matam animais marinhos. Para se ter uma noção do apreço desses seres ao meio ambiente (especificamente à vida marinha), toda vez que uma tartaruguinha morre asfixiada com plástico jogado nas águas, elas afundam em tristeza profunda. E isso não é meme (expressão que aprendi dos humanos um dia desses).

O que nós fadas-do dente e fadas-madrinhas fazemos é um trabalho formal com remuneração.

Fairying é uma empresa de entidades mágicas cujo produto é proteger e sempre aparecer para atender os desejos e interesses de seus atuais protegidos (os quais apelidamos carinhosamente de Dignos, porque não é qualquer um que tem a honra de enxergar uma fada). Nós aparecemos para aquele ser humano que está precisando muito de ajuda e, com nossa magia, podemos fazer tudo!

Fadas-do-dente: cuidam de colocar moedinhas debaixo do travesseiro durante o sono de toda criança recém-banguela.

Fadas-madrinhas: tornam possível o maior desejo do seu atual Digno.

Eu sou uma fada-madrinha, e esse é o meu emprego dos sonhos.

Antes de abrir a pasta de papel marrom, eu paro para olhar ao redor. O cenário na Fairying é sempre o mesmo quando se observa da sua mesa: tem fadas flutuando pra cima e pra baixo o tempo todo — dificilmente alguém caminha por aqui. Eu sou o único que mantém minhas asas quietas a maior parte do tempo —, carregando folhas de papel A4 ou pastas parecidas com essa que eu tenho em mãos; indo até a mesa um dos outros para bater um papo (lê-se trocar fofocas sobre a vida dos seus Dignos); atentos à tela de seus computadores enquanto os dedos trabalham agilmente no teclado, tendo suas mesas sempre recheadas de pilhas de papel de variados tamanhos e cores.

Fairying é um lugar bastante agradável. Digo, bastante agradável no quesito arquitetura também, não só no que diz respeito ao ambiente social, intangível. As paredes desse departamento que fica no 14° andar são pintadas de um rosa pastel, que é leve à vista e dá jovialidade ao salão enorme, e adornadas por algumas placas explicativas ("Quem são as fadas-madrinhas? Veja algumas curiosidades sobre essas entidades mágicas e simpáticas listadas abaixo:", "Seres humanos: uma espécie interessante a ser estudada. Veja as coisas mais incríveis inventadas pelo homem") que ninguém para para ler (exceto aquela sobre a Visão, Valores e Missão da empresa).

As mesas dos funcionários são postas de forma aleatória, espalhadas pelo cômodo, e há buracos de tamanho médio em alguns pontos do piso e do teto, ambos brancos e planos, para que as fadas possam fazer intercâmbio entre diferentes andares. Algum tempo atrás, quando entrei na empresa, Seokjin configurou escadas em todos os andares especialmente para mim.

Kim Seokjin é o chefe da empresa e o chefe desse departamento. A sala dele fica do lado paralelo à minha mesa e, por causa da parte envidraçada que interrompe a uniformidade das paredes, é possível vê-lo daqui do lado de fora. A mesa dele é bagunçada e cheia e também tem um computador. Seokjin quase não sai de lá, mas de vez em quando ele abaixa as persianas e impede qualquer um de ficar xeretando seu ambiente de trabalho.

Eu e mais alguns outros trainees precisamos passar por um treinamento de um mês antes de nos darem um emprego. Mas ainda tenho a condição de trainee e, portanto, preciso esperar por mais alguns meses de trabalho para finalmente o sr. Kim me dar um contrato fixo. Bem, esse desfecho depende do meu bom desempenho, e eu estou fazendo tudo o que posso para ser a melhor fada-madrinha que a Terra das Asas já viu!

Quando paro de procrastinar, finalmente puxo a ficha de dentro da pasta.

A primeira coisa que vejo é a foto 3x4 do humano anexada à sua ficha, no canto superior esquerdo da folha.

— Hmmm. — Parece que acabei de ver algo interessante. Eu trago a folha para mais perto a fim de enxergar a foto em todas as suas nuances. Minhas asas se agitam com a conclusão que oralizo a seguir: — Ele é bonito.

— O que tá fazendo, Jimin? — Alguém ri à minha frente. Afasto a folha da minha cara, levemente surpreendido, e vejo Rosé flutuando diante da minha mesa.

Às vezes ela aparece na minha mesa do nada, só para fofocar. Ou para saber o que estou fazendo.

— É a segunda vez que alguém me assusta hoje — eu digo, tranquilo.

— Desculpa! — Ela sorri largo. Nunca vi uma fada ficar sem sorrir por mais de cinco minutos (eu excluso), e Rosé é uma das criaturas mais amistosas que conheço.

Ela também é trainee e entrou aqui na mesma época que eu. Rosé, um nome que combina muito bem com a aparência meiga dela, é o estereótipo perfeito de uma fada-madrinha: carinhosa, gentil e prestativa — do tipo que se vê numa narrativa de contos de fadas.

Além dela, tenho mais dois amigos, os quais são amigos de Rosé também. Nós quatro somos, tipo, o clube das fofocas. Faye e Taehyung, nome dos outros dois membros do clube que acabei de inventar, não estão presentes hoje; estão ocupados com seus respectivos Dignos na dimensão humana.

Uhhh — ela cantarola olhando para a ficha posta à minha mesa quando finalmente a percebe. Eu não sei que onomatopeia é essa, mas parece, pelo sorriso travesso que minha amiga esboça, que ela gosta do que vê. — Quem é o gatão da foto?

Não sabia que ela usava essas expressões.

Eu rio, porque Rosé e Taehyung têm a mania de achar humanos bonitos. Bom, não que eu discorde dela agora. Não discordo.

— Eu não vi ainda. — Eu me atento aos dados pessoais dele depois de me dar conta de que ainda não sei o seu nome. — O nome dele é... Jeon Jungkook. Hm. - Eu hesito e franzo cenho, com ar analítico como se eu fosse um degustador de vinho que acabou de tomar uma golada. — Eu gosto. Soa bem.

Rosé assobia, e eu fico surpreso com o som que sai da boca dela.

— Ele é um chuchuzinho, hein? — Meu Deus. Quem ensinou a ela essas coisas?

— Chuchuzinho? — pergunto, confuso. — Isso não é uma fruta? Acho que é uma fruta.

— Os humanos também usam a palavra para dizer que um homem é atraente. Daí a analogia: ele é gostoso tal como a fruta... — Ai, meu Deus. Ela sorri com orgulho e um toque de malícia que me obriga a fazer uma careta. Rosé se desfaz numa gargalhada alta diante da minha reação.

— Se eu fosse seguir essa lógica, não chamaria Jungkook de chuchuzinho; chamaria de melancia. — Há um instante de silêncio em que Rosé e eu tentamos sustentar a expressão séria, mas no momento seguinte estamos rindo às alturas da coisa mais patética que eu já disse, comigo dando tapinhas na mesa por pura força do hábito.

Algumas fadas próximas à minha mesa olham para nós com cara feia e sibilam "xiiiii" com o indicador em frente aos lábios. Com a repreensão, nós nos obrigamos a parar de rir e pedimos sinceras desculpas.

— Eu já vou. Fica aí com seu humano lindo de morrer. — Alguém salva as expressões humanas da Rosé, por favor. - Boa sorte. Espero que a gentileza dele seja proporcional à beleza. — Ela toca a palma no biquinho e me lança um beijo no ar, o qual vem sempre acompanhado de um pouco de um pó mágico brilhante, que se espalha ao meu redor. Eu rio.

Rosé sai voando para longe, e suas asas de gradiente da cor rosa juntamente com seu cabelo e vestido rosa fazem-na parecer um pontinho completamente rosa à distância. Eu me divirto com o pó de fada — mais uma vez — rosa e brilhante do seu beijo por breves instantes antes de focar no trabalho.

Pego a ficha e leio-a com costumeira atenção.

Digno n° 24266 de responsabilidade da fada-madrinha Jimin

Nome: Jeon Jungkook
Idade: 21 anos
Cidade: Malvales
Endereço: Rua Quebrador de Coluna; Prédio Novarte; N° do apartamento: 190; Bairro Cisne Negro
Ocupação: Universitário. Estagiário em uma revista local chamada Dainty
Maior desejo: A descobrir

Eu viro a página e encontro o intitulado "Termo de Compromisso", o qual tenho que assinar caso aceite o trabalho. Como o próprio nome já deixa claro, é preciso seguir, obrigatoriamente, todas as regras estabelecidas no documento. Já as conheço devido às experiências anteriores, mas tenho a obrigação de reafirmá-las mesmo assim.

As Regras de Dignidade da Terra das Asas são o equivalente às leis humanas aqui e, de forma semelhante, elas regem nossa sociedade.

Pois é... Parece que as fadas têm tesão por essa coisa de dignidade.

"Cultivar um relacionamento baseado em harmonia e respeito mútuo com os Humanos", "proibido qualquer vínculo de cunho afetivo com o Digno a tutelar" e mais um monte de blá blá blá que eu tenho certeza que todo mundo só olha e finge que leu. Eu não compreendo muito bem todo esse regulamento, mas também não faz diferença para mim se essas regras existem ou não.

Eu finjo ler todas as linhas do documento cheio de cerimônias e palavras formais cuja maioria não sei o que significa e enfim assino meu nome com um garrancho no fim da página. Encaro minha letra com um sorriso orgulhoso porque acabei de assumir mais um trabalho. Eu não brinco quando digo que amo esse emprego.

A melhor parte, no entanto, é quando você conhece a pessoa.

Na primeira experiência sendo uma fada-madrinha na Fairying, fui encarregado de ajudar um menininho chamado Raimundo (um breve comentário: eu achei o nome dele bem feio e inadequado para uma criança. Parece nome de gente velha. Digo, quando você vê um vovô chamado Raimundo, não consegue imaginar que ele já foi uma criança um dia. Eu não consigo. Não com esse nome).

Estávamos no parque de diversões, e sabe qual era o maior desejo dele? Dar uma maçã do amor para uma garotinha! Eu achei isso uma coisa bem fútil para se desejar, mas o ajudei com todo o entusiasmo do mundo. No fim das contas, a menininha era malcomportada e mal-educada e, quando Raimundo lhe entregou a maçã do amor que eu havia configurado, ela a pegou da mão dele com uma cara de bunda horrorosa, jogou no lixo sem remorso algum e saiu dizendo que não gostava de receber presentes de "meninos feios". E ainda mostrou a língua para ele!

A língua mais feiosa que eu já vi. Ela era a criança mais feiosa que eu já vi, na verdade!

Raimundo, coitado, se debulhou em lágrimas ali mesmo. Eu, empático, o assegurei de que o achava muito bonito, e ele de fato era, apesar de se chamar Raimundo. Não sei o que tinha de errado com aquela menina. Comemos muito sorvete juntos, e eu fiz questão de que Lara — esse era o nome da garota; um nome muito meigo para uma pessoa tão desagradável — tropeçasse e machucasse o joelho quando caminhava em direção ao Carrossel.

Ela chorou, mas o corte não era tão fundo assim. Não me arrependo disso até hoje.

Na minha terceira experiência, tive de fingir ser o namorado de uma garota chamada Anna durante um jantar com os pais dela. Tudo ocorreu tão perfeitamente bem, que no fim da noite Anna alegou estar apaixonada por mim de verdade.

Eu comecei a rir. Anna ficou muito vermelha de embaraço diante da minha reação e fingiu estar zoando com a minha cara. Depois disso, despedi-me dela com um beijo de pó mágico azul e deixei-a para trás.

Jeon Jungkook é o meu décimo Digno, e eu espero que ele não seja tão fútil e desinteressante como os outros.

Quase todo mundo já foi embora quando termino as minhas pesquisas sobre o Jeon. Há um horário mínimo para o término do expediente, a partir do qual qualquer fada tem permissão para ir embora, mas isso não é regra. A regra é que você pode ir embora mais tarde se quiser, uma vez que não existe o horário máximo. E eu decidi que quero começar o trabalho o quanto antes, então fico até tarde. Na verdade, nem sei que horas são. O fato é que sempre fico animado para ter uma nova experiência com humanos e ansiando pelo momento de conhecê-los.

Li alguns dos artigos de Jeon Jungkook publicados na Dainty, e ele parece ser uma pessoa talentosa — por mais que eu tenha processado na minha cabeça algumas críticas negativas sobre seu trabalho. Mas isso é normal; eu sempre estou criticando alguém ou alguma coisa.

Quando acho que estou pronto, entro na sala do sr. Kim, que ainda está aqui, e lhe entrego o Termo de Compromisso assinado. Ele me deseja um bom trabalho quando me despeço para ir em direção à Sala de Transição Mágica.

A Sala de Transição Mágica é uma sala que concentra outras infinidades de salas, para uma das quais as fadas se dirigem a fim de se teletransportarem à dimensão dos humanos (cada fada da Fairying tem uma). A coisa toda tem que ser sigilosa, não sei por quê. A gente poderia simplesmente estalar os dedos e desaparecer, na frente de qualquer pessoa, mas acho que todos concordam que é mais interessante ter uma sala só para isso.

Há algumas fadas aqui e ali quando chego lá. Eu vou em direção à sala cuja porta tem uma plaquinha com meu nome.

Quando estou na sala, troco de roupa. Ah, é. A sala não é apenas uma sala: nela tem uma variedade de roupas de todos os estilos, só para mim, organizadas por cabides dentro de um enorme guarda-roupa. Há um espelho de 1,73cm (meu tamanho) em um canto também, e uma cômoda com algumas coisas minhas (maquiagem, perfume, colares, anéis). Parece um quarto, só que carente de uma cama. Talvez eu devesse me mudar para cá e economizar tempo de caminhada para vir pro trabalho.

Não é obrigatório trocar as roupas originais das fadas por uma roupa tipicamente humana, mas eu o faço com determinação. A vestimenta das fadas não é nada muito interessante ou extravagante, apenas um conjunto de roupas de cor coincidente à cor dos cabelos e das asas da fada que a veste. Os homens vestem shorts que acabam acima dos joelhos, blusa uniformemente branca, paletó e gravata (esses dois últimos itens servindo apenas para motivos de formalidade, para parecer que temos pelo menos um pouco de seriedade aos olhos de terceiros e que por isso merecemos ser respeitados). As mulheres, por sua vez, usam vestidos. Bom, pelo menos uma boa parte delas, excluindo-se aquelas que se agradam mais com as vestes masculinas e, portanto, preferem usá-las. Todos nós usamos sapatilhas. Às vezes ficamos descalços - as fadas não precisam, necessariamente, de adereços nos pés se mal os tocam no chão, para começo de conversa.

Depois de muito procurar por uma roupa do meu agrado, observo-me no espelho quando já estou devidamente vestido. Recebo minha imagem refletida no espelho com uma careta, uma vez que pareço menor com esse macacão marrom largo, e isso não é lá muito gratificante.

Arrumo meus cabelos com os dedos e deixo minhas asas livres. Ah, outra coisa que merece ser mencionada: todas as nossas roupas tem dois orifícios na parte de trás por onde as asas despontam. São quase imperceptíveis, mas você sabe que estão lá.

Findo meu contato com o espelho e paro no centro da sala. Eu suspiro em meio a um sorriso. Estou pronto para ir.

— Jeon Jungkook, da rua Quebrador de Coluna, bairro Cisne Negro, prédio Novarte, lá vou eu! — E, com enorme agitação, estalo os dedos.

No instante seguinte, me vejo parado em frente à uma escadaria pequena em meio a um cenário de pouca iluminação e silêncio.

— Que estranho — eu digo depois de observar a rua à minha volta. Concluo que já deve ser bem tarde, provavelmente madrugada, porque as pessoas estão dormindo. — Que horas são? — jogo a pergunta no ar.

Quando volto a olhar para frente, franzo o cenho para a construção que se ergue diante de mim. Há um letreiro no alto que diz "NORVARTE".

Mas eu deveria estar...

Puft — eu bufo ao perceber o erro cometido e deixo um suspiro chateado - mas conformado - fugir de minha boca quando começo a subir a escadaria. — Eu esqueci de dizer o número do apartamento dele antes de estalar os dedos. Se o tivesse feito, teria me teletransportado direto para a porta dele. Quem sabe até para o lado de dentro! Teria sido muito mais prático. Mas, bem, agora não adianta chorar pelo leite derramado. — Paro diante da porta larga de entrada. — Bem que a gente poderia ter o poder de nos teletransportar em qualquer circunstância, de qualquer lugar para qualquer lugar, e não somente entre a Terra das Asas e a dimensão humana. Assim eu poderia apenas estalar meus dedos de novo e boom! Estaria dentro da casa de Jungkook. E depois eu só teria que procurar o quarto dele. Se é que ele dorme em um quarto... Uma vez, conheci um humano que dormia na sala. — Eu penso um pouco mais sobre isso. — É. Algumas criaturas sem asas têm hábitos questionáveis.

Eu toco a maçaneta, giro e empurro. Não há ação reversa alguma. Porque a porta está trancada.

Eu suspiro de novo.

— Obviamente ela estaria trancada, Jimin — repreendo a mim mesmo na calada da noite. — Ok. Nada que uma fada não possa resolver em poucos minutos. — Estendo minha palma à frente do meu corpo e enuncio com um tom imperativo: — Onde quer que esteja, seu verdadeiro lugar é na fechadura. Voe já e pouse em minha mão como um pássaro que canta e murmura.

Um minuto depois, de algum lugar do leste, uma chave prateada voa rápido até pousar na palma da minha mão estendida. Um sorriso convencido enfeita meus lábios quando sem pressa alguma eu enfio a chave na fechadura da porta.

— Ser fada tem lá seus privilégios, sabe? — converso sozinho. — Não sei como as criaturas sem asas conseguem viver sem magia. Eles merecem um prêmio por isso. — A porta se abre, e eu comemoro internamente com satisfação. Me sinto o máximo.

E um vândalo também.

Quando adentro o prédio, a chave magicamente some da minha mão.

Fico perambulando por minutos até encontrar uma porta com o número "190". Ali, no silêncio do corredor vazio, repito o mesmo feitiço de antes e vejo uma chave — dessa vez dourada — escorregar por debaixo da porta e voar até a minha mão. Eu abro a porta sem mais cerimônias.

Segurando a maçaneta, eu empurro a porta devagar, e ela felizmente não range. Coloco primeiro a cabeça para dentro e espio a sala, tendo a visão de um cômodo comum, parcialmente escuro e arrumado. Há dois sofás vermelhos, uma mesinha de centro abaixo da qual está um tapete de cor bege com alguns adereços pretos, e nela se encontra apenas um descanso de copo e enfeites de porcelana. Tem também uma TV na parede. Sob esta, há uma pequena estante de apenas duas prateleiras em que encontram-se alguns poucos livros e uma tesoura.

Eu fecho a porta com cuidado quando passo para o lado de dentro.

A chave que eu segurava desaparece e reaparece no lugar de onde a roubei: a estante, ao lado do que parece ser o Dicionário Aurélio.

— Que casinha adorável — eu murmuro com fascínio, indo mais a fundo em minha bisbilhotagem. Vou à cozinha apenas por curiosidade. Então percebo uma escada que nasce na sala e termina em um corredor largo no segundo andar. Deduzo que é lá onde está o quarto de Jeon Jungkook e movo meus pés até esse destino.

Tenho que me conter para não saltitar os degraus, de tão agitado que estou.

Assim que chego no corredor, meus olhos são atraídos para uma porta parcialmente aberta. Eu caminho até ela. É quase como se estivesse me chamando. Parece até que ele estava esperando por mim!

Me sinto um bandido quando adentro a privacidade de seu quarto mal iluminado por um abajur e me aproximo singelamente de sua cama, onde dorme. Mas não me importo com essa questão de privacidade agora, porque esse é o meu trabalho.

Os cabelos negros de Jungkook criam um contraste com o branco do travesseiro no qual se espalham, e ele sozinho parece tomar toda a cama para si; os lençóis bagunçados cobrem apenas algumas partes de seu corpo.

— Ele deve se mexer pra caramba durante a noite... — deduzo inteligentemente. Abaixo o tronco para me aproximar mais dele. E sorrio. Ele dorme de boca aberta. E está babando. — Tenha bons sonhos, Jungkook! — eu desejo num sussurro, levando meu dedo indicador até seu nariz e tocando-o ali.

Cria-se um pouco de pó mágico azul com o toque. Jungkook se mexe ligeiramente, incomodado com contato repentino, mas logo volta a estampar o mesmo semblante sereno de antes: boca semi aberta mostrando parte dos dentes proeminentes.

Parece estar tendo bons sonhos.

Eu dou uma risada baixinha e contente e deixo o quarto. Mal posso esperar para o amanhecer do dia.

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Toc, toc 👀

Oi!!! E aí, o que vocês acharam??? Tô nervosa

Gostaram da fadinha Jimin?

Eu espero muito que tenha gostado e obrigada a todo mundo que interagiu no capítulo de avisos e que deu muito carinho pra essa fanfic. Algumas palavras me motivaram MUITO

Foram um pouco mais de 4K de palavras, e eu já adianto que o tamanho dos capítulos de INCF não vão seguir um padrão, ok? Alguns vão ser mais curtos, outros mais longos... Esse daqui foi mais introdutório. Espero que tenha sido divertido de ler

O próximo vai ser narrado pelo Jungkook! Só lembrando que os capítulos pares vão ter narração do Jimin, e os ímpares, do JK

Enfim. Obrigada por ter lido!!! Nos vemos de novo em 28/02! Beijos 😚💜

(Acho que vou evitar escrever notas finais daqui pra frente)

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