Capítulo 61
Digão narrando
Vou te contar mermão, se fosse pra escolher as paradas da vida, eu tinha escolhido ficar em casa.
Porra de baile complicado do caralho.
Primeiro, não tava lá nem porque queria, prefiro ficar de olho no meu morro tomando conta do que é meu de perto, não que eu não tenha confiança no Neto, meu parceiro que fecha mesmo tá ligado, mas o problema é que as paradas só vão pra frente com o olhar do dono.
E no meu morro é assim, só gosto de depender de mim mesmo.
Sem falar que eu tive que trazer essa porra chata da Flávia junto, meu irmão essa mulher não me desce mais de jeito nenhum... e te contar, foi por essas e outras que eu tomei a decisão que tomei.
Flashback on
- Fala meu mel - Neto entrou rindo na minha sala.
Tava até olhando uns papéis, mas como já tava ansioso pra caralho e todo agoniado pra que ele chegasse logo, soltei as paradas todas em cima da mesa e encarei o bandido.
- Meu pau home - Revirei os olhos - cadê... trouxe a parada que eu te pedi? - Mexi no meu pescoço com as pontas dos meus dedos, puta que pariu eu tava quase morrendo.
Neto soltou uma risada debochada e sentou em frente a mim, todo relaxado.
- Qual é Digão... aperta um fininho pra nós - Riu e colocou as pernas em cima da minha mesa.
Dei um tapão nas pernas dele e levantei puto.
- Vai se foder com fininho pra lá filho da puta... anda porra, trouxe ou não a parada?
O filho da puta se levantou rindo alto e se aproximou de mim.
- Tá aqui porra - começou a mexer nos bolsos.
Me entregou a caixinha pequena na mão e ficou rindo sozinho, tirei minha atenção dele e olhei pra caixinha preta.
Abri né, porque se esse filho da puta tivesse errado alguma coisa, eu ia tirar do cu dele, eu queria entregar a parada agora no baile.
- Quem diria em... - Ele disse, voltei minha atenção pra ele.
💭Tava viajando e nem sabia 💭
- O quê? - perguntei ainda meio sem órbita, tava olhando pra o anel de ouro dentro da caixinha.
- Quem diria que "o grande foda-se o mundo, eu quero mais é pipocar a cara de vocês " - falou fazendo aspas - Quem diria que tu ladrão, ia se render a alguém - balançou a cabeça sorrindo.
Fechei a caixinha da aliança e coloquei no bolso.
Te falar viu, nem eu pensei que ia tá nessas condições algum dia.
Mas também né porra, olha aquela mulher. Te dizer, tudo naquela bandida me prende, tudo mesmo.
E se antes as paradas tavam complicando, agora tem mais nada não pow, vou largar a ruiva e assumir a Clarissa, por aquela louca eu sou capaz de matar parceiro.
- Nem eu pow - ri lembrando do rostinho de princesa da minha morena.
- Ih ala... tá rindo que nem boiola apaixonado - ele balançou a cabeça
- Fala não... favela toda sabe que tu tá pagando pau pela loira lá - Dei dedo pra ele.
Ele se calou, mas ficou que nem eu tava. Rindo pra o nada.
- Mano na fé, é doido essas paradas né - estalou a língua - Te falar que eu não pensava nunca que ia me apegar a ninguém, achava que era essas paradas de uma noite só tá ligado? - me sentei na minha cadeira de novo - A loira lá tem o mistério pow - coçou a barba
- E a moreninha pow - passei a mão pelo cabelo - Mulher entrou na mente mesmo ladrão, entrou e não sai mais... nem da mente nem do coração
Ele assentiu e sentou de frente pra mim de novo.
- E a ruiva? - perguntou do nada.
Fechei a cara na hora.
Esse assunto era a única coisa que tava complicando pra caralho, a Flávia.
Abri a gaveta e tirei um bolado de maconha que tinha ali.
Passei o bolado pra ele junto com o isqueiro e batuquei os dedos na mesa de madeira.
- Sei não pow... - suspirei
Neto me encarou já com o baseado na boca mas sem ascender ainda.
- Mulher me fortaleceu esses anos todos, posso esquecer as coisas assim não
Mano, sei nem o papo que ia dar pra ela.
Tô ligado que todo mundo vai saber que eu larguei a ruiva pra ficar com a moreninha, mas te dizer... como eu vou assumir as paradas todas de uma vez? O risco tá grande.
Neto ascendeu o baseado e deu um trago.
Prendeu a fumaça em silêncio, e soltou me passando o bolado.
- E do que adianta tu ficar aí com ela, se tu gosta mesmo é da outra? - Perguntou enquanto eu prendia a fumaça - Tu acha que a moreninha vai ficar nessa história de amante por muito tempo Digão? aliás, tu ainda quer que ela seja só tua amante? um come que tu dá de vez em quando? - ele arqueou a sobrancelha.
Nunca achei que fosse me sentir mal pelo jeito que ele falou da Clarissa, ela não é mais só isso pra mim...
Soltei a fumaça e joguei cabeça pra trás enquanto passava de novo o baseado pra o Neto.
- Não - afirmei balançando minha cabeça - A doida lá não é mais só isso não meu parceiro... tô dormindo mais com ela que com a assumida parceiro, tô tocando mais nela que na Flávia - tirei o olhar do teto e encarei meu amigo.
- Tu já falou aquelas paradas pra moreninha? - Mudou o assunto.
Eu sabia já do que ele tava falando.
Eu tô ligado que pra eu começar uma coisa séria com a doida, eu vou ter que me abrir todo pra ela.
Falar de tudo, mas é peso.
- Ainda não... mas eu vou falar - respondi
Ele assentiu e soltou a fumaça.
- De verdade Digão... tu já fez muita coisa errada nessa vida, eu também pow, já matei muita gente que não devia e já pisei muito na bola com minha loira - estalou a língua - Mas eu acho que tu merece ser feliz pow, todo mundo merece - Tocou meu ombro.
- Ih...vem com papo de viado não - Meti tapa na mão dele e começamos a rir.
Flashback off
Eu ia trazer a aliança pra o baile, falar as paradas que quero pra ela aqui mesmo tá ligado.
Mas na hora que eu tava saindo de casa, a porra chata grudou em mim e bateu pé dizendo que ia.
💭 até melhor não contrariar por enquanto, vou me livrar mesmo 💭
•••
- Bora... entra em casa - Falei puto enquanto batia a porta do carro com força.
Meu amigo, eu tava sem paciência pra essa porra.
Flávia bebeu e me encheu o saco a noite toda, no final ainda fez aquela cena.
Eu já tava de cabeça quente por causa daquele playba que eu não sei nem de onde é... aquela cena todinha no baile, eu tava desconfiando mas certeza eu não tinha.
- Tá puto porquê? tava com medonho de eu dizer pra favela que aquela puta tá com meu macho? - entrou em casa enchendo meu ouvido.
Dei papo não tá ligado, se eu fosse escutar o que essa porra fala eu ia terminar com minha mão na cara dela, tô querendo evitar mesmo.
Passei direto pra o outro quarto da goma, não ia somar nas neurose dela não, e se quiser falar que fale sozinha.
Me tranquei dentro do quarto e passei direto pra o banheiro, tomar banho pra relaxar.
•
Terminei de enxugar e me joguei em cima da cama nu mesmo.
Queria saber se ela já tinha chegado em casa, mas do jeito que aquela é junto com as amigas capaz de só aparecer 5 da manhã.
WhatsApp on
Digão 🔫: Cadê tu
↪ aposto que tá rebolando essa raba no baile ainda né
↪te liga morena, deixa macho encostar no que é meu não
↪me encontra [endereço] se atrasa não moreninha... 14:00 tá ligada?
WhatsApp off
Ela nem tá online, e também não ia adiantar.
Desliguei celular e me deitei, amanhã eu mudo minha vida.
••••••••••
Já tinha deixado as paradas do morro na mão do Neto, como eu ia sair da comunidade e sei lá, ficar o dia todo fora, era melhor eu me arrumar.
Tô ligado que vem consequência por deixar minha comunidade por dois dias fora do meu olhar, mas hoje é por uma boa causa.
Vim todo montado, posso ser reconhecido nem fodendo ainda mais que aquele buceta do meu tio tá no meu encalço, viado do caralho.
Entrei na casa e deixei os homens lá, tudo escondido pra não chamar atenção.
Fiquei esperando ela chegar, demorou muito não.
Ela colocou a bolsa em cima da mesa e sorriu vindo na minha direção.
- Oi meu loiro - me abraçou.
Segurei a cintura dela com uma mão e com a outra o queixo dela, erguendo pra eu olhar aquele rosto lindo.
- Oi moreninha - Sorri
- Tô com saudades de tu - Sussurrou me encarando.
Te dizer viu, coisa linda essa mulher.
Minha, só minha.
- Também tava Clarissa... Vou beijar essa tua boca linda e depois tenho um papo sério pra levar - Rocei nossos lábios.
Sei nem se ela prestou atenção, já tinha fechado os olhos toda entregue.
Juntei nossos lábios logo, tava doido de saudade de beijar a boca dessa mulher.
Ela quem pediu passagem com a língua primeiro, enquanto a gente se beijava eu apertava ela em mim.
Sei nem quando comecei com essas paradas melosa, mas ela era meu mundo todo.
Parei de beijar só quando fiquei sem ar, puxei o lábio dela e ela sorriu.
- Me beija de novo que eu esqueci como se beija - falou rindo.
Soltei ela e me afastei um pouco.
- A gente tem que bater um papo - Falei sério.
- Ih... ala... a não, toda vez que alguém diz isso a merda toda começa a acontecer, quero bater papo com ninguém não - colocou a mão no ouvido.
Eu dei risada me aproximando dela de novo.
- Me escuta parceira - Segurei os braços dela, tirando as mãos do ouvido.
- vai Digão fala... mas fala rápido porque o cu não passa nem sinal de wi-fi - fez uma careta.
Mano... essa mina é louca demais.
- Eu podia enrolar pra caralho tá ligada... Mas eu vou ser rápido
Ela nem falou nada, ficou lá parada que nem estátua.
- Eu te amo - Soltei de uma vez.
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rsrs
votem e comentem o que estão achando da história
aguardem os próximos capítulos
beijos nenéns
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