Capítulo 54
Neto narrando
Te falar viu, o cara só conhece inferno de verdade quando roda na mão desses verme.
Te dizer que meus dias na rua quando era moleque nem se compara a ficar nas mãos desses filho da puta.
Todo dia moleque era todo dia na mesma irmão, levar na cara desses bando de urubu de farda.
Te dizer que sou porra doida, mas eu tava nem aguentando, e olha que foi só uma semana aqui.
💭Imagina esses irmão que desceram pra presídio e tudo. 💭
Eu tava no quase de descer mesmo, mas eu sabia que não ia, eu sabia que meu irmão não ia deixar.
Os gambe queriam saber das paradas, queriam que eu entregasse localização do Digão e quem era envolvido nos esquemas com a gente...
Aguentei tudo calado tá ligado, apanhei mesmo, mas também não entreguei... Tô aqui de consciência limpa que minha parte eu fiz, bico calado.
💭Afinal boca fechada não entra mosquito... Nem terra💭
•••
— Visita pra tu — o gambe dos esquemas falou.
Esse aí tava no movimento, então nem tenho ódio tá ligado?
Ódio mesmo eu tô da cara daquele filho da puta tio do Digão...
O cara odeia o sobrinho e agora que sabe que os dois tão em lados diferente da vida, tá caçando meu irmão com gosto.
Levantei do chão e passei a mão pelo meu cabelo.
— Quem tá aí? — perguntei mesmo já sabendo
— A de sempre — deu de ombros.
Assenti sorrindo e caminhei mancando até a grade da cela.
Tava esperando ninguém além dela não tem ligado... Só ela mesmo pra fortalecer.
Tem aquele negócio que dizem que só quando o carro precisa conhece as pessoas de verdade tá ligado, na minha vida foi assim.
Toda vida até a semana passada era todo montado no ouro, braço direito e irmão de alma do dono, era sub e gerente daquele morro.
Sempre tive a mulher que eu quis tá ligado?
Anabel era a que mais rodou na minha mão... Nunca me apeguei a ela não, era só aquele pente e rala mesmo...
Como com todo mundo que come aquela lá.
Mas ela não véi... Essa loira foi o que já teve mais perto de toda essa porra de coração.
Ela sim sabe como fazer o ladrão aqui reagir a ela... Sempre soube.
Mas eu quis afastar, queria nada com a vida não pow.
Na minha cabeça mulher só vinha pra atrasar o cara, e sem contar que gente que vive essa vida minha não pode ter regra não fi... Tem que meter o louco e viver.
Eu tava de boa sabe... Até ela voltar e trazer as parada toda pra mente de novo.
Pisei muito na bola com ela pow, mas também essa loira né fácil não.
Até achei que novinha ia ficar pra baixo com as paradas que aconteceu, mas deu mais nem bola pra mim... se mandou e nunca mais pisou no Rio.
Foi aí que ela voltou... voltou me deixando na dívida tá ligado... ela mexe comigo, e pelo menos pra mim mesmo eu nunca neguei.
Sempre gostei e agora que eu gosto mesmo... me fortaleceu pra caralho e provou o que é mulher de verdade.
Flashback on
Depois que eu rodei, os verme me levaram pra delegacia.
Eu já tava ligado nesse ponto aqui, é o comando do tio do Digão... meus contatos passaram a visão.
Eu sabia que aquele filho da puta tinha mandado apertar o bagulho lá no Vidigal, também tô ligado que ele já pegou ficha de quem tava comandando o morro lá.
O cara nunca prestou tá ligado?
Tô dizendo isso por causa de nada não, prestar por não prestar eu e o Digão né flor que se cheire não...
Mas te dizer que esse tio dele tá muito longe de ser quem presta e véi... eu sabia que ele ia brotar pra me foder.
Dito e feito... o filho da puta é delegado e sem falar que foi quem me encheu de pergunta...
Se foder porra.
Abri o bico não, apanhei que nem condenado depois me largaram em uma cela qualquer...
Eu já sabia as regras pow... quando a gente roda, é animal pra eles.
Acordei com dor em tudo que era canto do meu corpo.
Filho da puta mandou me surrar comigo preso em uma cadeira.
Fiquei encostado no chão, tava olhando pra o teto e procurando um jeito de fugir deste caralho.
Eu tava já a três dias aqui... ninguém veio tá ligado?
Recebi só a notícia que o carcereiro tava no esquema e ele avisou que o Digão já tava montando esquema pra eu sair daqui.
— Bora levanta daí, tem visita — alguém falou.
Levantei a cabeça pra encarar, não era o do esquema era um outro qualquer.
Levantei puto e cheio de dor, mas levantei.
Abaixar cabeça não filhão, tem é que mostrar que esses filho da puta não derruba nós, independente de onde tiver.
— Visita? que visita? — perguntei até confuso.
A única pessoa que viria me visitar se pudesse era meu irmão, meu parceiro...Mas é claro que ele não pode.
— Sei não... disse que era tua mulher — deu de ombros e puxou meus braços com força pra colocar a algema.
Na mesma hora a onda bateu pow, até arregalei meus olhos.
— Mulher? — franzi a testa — Que porra é essa que eu não tô ligado que tenho?
— Ah cala a boca logo e vamos — saiu me puxando pra fora da cela.
Te dizer que eu tava muito confuso.
Mulher... eu lá tenho essas paradas pow.
Sem contar que se for qualquer piranha do morro querendo botar banca aqui, mando voltar duas vezes.
Até agora não tinha vindo ninguém e quando vem é colocando banca de minha mulher... se foder pra lá.
O carcereiro abriu uma porta e me empurrou pra dentro.
Tive até um susto quando vi quem tava na minha frente.
Ela levantou da cadeira mas ainda sim ficou escorada na mesa.
Ergui a sombrancelha e encarei ela.
— Logo tu — ri balançando a cabeça.
Ela também riu e correu em minha direção.
— Eu tava preocupada seu filho da puta doente do caralho — segurou meu rosto e escutei alguém tossir, olhei pra o lado e era gambé
— Atrapalha não pow — fiz careta.
— Puta que pariu que surra foi essa? — ela ignorou o verme — Tu tá sentindo alguma coisa? porra Neto eu achei que tu era mais esperto — sussurrou.
Eu ri jogando a cabeça pra trás, acabei levando um tapa.
— Tá rindo do quê seu bosta? — perguntou pistola.
— Cláudia... nunca achei que tu ia vim aqui — fui parando de rir — Te falar loira, é bom te ver — sorri de lado.
— Nem se anima que tu não merece nem que eu esteja aqui — deu de ombros — Mas mesmo assim, já fiz barraco de todo tamanho pra que... — ela parou de falar e olhou pra o gambé que reclamou antes — Bom, eu quero que você saia daqui — sorriu fraco.
— Tu fazendo barraco pra mim? — perguntei rindo — Quem diria hein — Estralei a língua.
— como eu disse — olhou pras unhas — tu não merece, mas que culpa tenho eu de ser uma alma tão bondosa — beijou o ombro.
Eu ri com ela.
Quando ela parou de rir ficou me encarando por um tempo, e piscou o olho.
— Cadê tuas piranhas Neto? — perguntou agora ficando séria.
Soltei um suspiro e balancei a cabeça, mas também não falei nada tá ligado.
Fiquei mudo com aquilo.
Ficamos em silêncio por um tempo, até o verme dizer que ela tinha que sair e que o horário de visita acabou.
Ela voltou a segurar meu rosto e me olhou.
— Eu tô aqui entendeu? independente do que vai ser da gente... eu gosto de tu seu bostão — sorriu e me puxou pra um beijo, todo desajeitado.
Flashback off
Te dizer que essa semana foi o inferno, mas com ela ficou melhor de aguentar.
Mina fortaleceu em tudo, até no coração do bandido aqui.
Fortaleceu tanto que eu decidi fortalecer também, e quando sair daqui... quero mudar tá ligado?
Sem contar que ela já me ganhou, eu só não queria mostrar... não queria me entregar.
Passei pelo corredor com o carcereiro me arrastando e o processo de sempre foi feito, filho da puta me jogou na sala como se eu fosse um saco de batata.
Ela tava lá... como sempre.
Caminhei um pouco até ela que assim que me viu entrar já correu até mim e me abraçou.
Eu tava mais fodido que todo dia, parece que os filho da puta adivinharam que era último dia meu nesse inferno e decidiram caprichar na surra.
— O que eles fizeram? — perguntou me olhando de cima a baixo.
— Ei... — sorri fraco — Tô vivo parceira — dei até uma voltinha.
Ela suspirou e me abraçou de novo.
— Eu tô com medo — falei baixo, mas eu escutei.
— Medo de quê pow? medo tem que ter de rodar e ficar onde eu tô agora... isso sim — falei firme e afastei ela — Eu vou ficar bem — falei firme.
Ela não tava concordando com a minha parte no esquema do Digão não tá ligado?
Desde que me passaram a visão de como as paradas tinham que funcionar, eu topei.
Ia fazer o quê? era o único jeito de sair dessa porra... e eu vou sair.
Mas ela não... ela não gostou e tá toda assim.
Hoje é o dia que eu vou fazer minha parte e esperar pra o resto.
— Vaso ruim não quebra não loira — beijei a testa dela.
Ela não falou nada, mas assentiu.
Ficamos conversando sobre as paradas do morro, ela contando algumas besteiras que tinham acontecido essa semana.
Não podia falar nada que levava ao Digão ou boca, tinha gambé na sala e sem contar que tão na cola.
Depois que ela se despediu quase chorando, me levaram de volta pra cela.
••
— Acorda — o carcereiro falou.
Assim que sentei vi que era o do esquema.
Assenti e então vi ele puxar a arma da cintura e apontar pra mim.
Foi por pouco segundos e já senti a bala perto da minha barriga... depois disso parceiro eu apaguei.
•••
Sabia o que tinha acontecido não, só sei que quando acordei eu tava em um quarto de hospital com a Cláudia do meu lado.
— Eles devem está quase chegando — sussurrou.
Tentei mexer meu braço, mas eu tava com uma algema presa na grade da cama.
— Não faz nenhum esforço... você levou um tiro e foi pesado — ela disse meio desesperada.
Eu tava sem força nenhuma, nem pra rir.
Era engraçado ver a que tacacá o foda-se pra minha existência daquele jeito.
Fechei os olhos de leve, mas em pouco tempo já escutei os tiros.
— LIBERDADE VAI CANTAR PORRA — ouvi gritarem.
— chegaram — foi o que a Claúdia disse me olhando.
— VAMO... AONDE O PARCEIRO TÁ? — GRITARAM DE NOVO.
ouvi disparo de tiro e um bocado de grito desesperado, eu nem sabia de nada... só queria sair dali.
— Eu tenho que ir — ela beijou minha testa e saiu correndo do quarto.
A mina tinha dado mesmo a cara a tapa, mas não saiu do meu lado.
Agora eu sabia que ela tinha que ir embora pra não correr o risco de rodar.
Depois que ela saiu do meu quarto, pouco tempo depois a porta foi aberta de novo.
Vi o Digão entrar com mais dois caras, e os três bem portados com fuzil.
— Achou que eu ia deixar a princesa presa pra sempre na torre? — ele perguntou rindo.
Soltei uma risada fraca e logo vieram com uma chave e abriram a algema, depois seguraram meu ombro e saíram me arrastando do quarto.
— QUEM SE METER NA FRENTE VAI VIRAR PENEIRA — Digão gritou ameaçando todo mundo que tava na recepção do hospital.
Depois que a gente saiu, os caras me colocaram na van e saíram acelerando com tudo.
Eles tavam tudo comemorando enquanto o Digão tava me encarando.
— Roda mais não princesa, o resgate é pesado — bateu no meu ombro
Sorri em silêncio e fiquei encarando ele.
Eu tava com uma dor do caralho, mas agora tava mais leve...sabia que tava livre.
••
Apaguei assim que cheguei no Vidigal.
Caralho, eu levei um tiro né porra.
Mas agora eu tava voltando... Apertei alguma coisa que tava na minha mão e quando abri o olho vi que era ela... ali do meu lado.
Porra... até agora ela me fortalece véi.
— Neto... porra — ela levantou meio desnorteada — PIETRO ELE ACORDOU — gritou.
Virei meu olho pra ver onde eu tava e até que conhecia... meu quarto.
A porta foi aberta e aquele doutor la amigo da moreninha do Digão entrou, junto com a própria.
— Aí que bom — a moreninha falou toda aliviada e abraçou a loira.
— Então Neto — o doutorzinho se aproximou — Bem vindo de volta... três dias apagado em parceiro — sorriu
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oi amores 😘 pronto o Neto tá livre e vivo kkk dei um susto em vocês hein mores
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Aguardem os próximos capítulos
kisses
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