Capítulo 45
"Porque depois de todos esses anos
Eu continuo sentido tudo quando você está por perto
E isso foi apenas um rápido "olá"
E você teve que ir
E provavelmente você nunca vai saber
Que você ainda é o único depois de todos esses anos"
— All these years, Camila Cabello
Cláudia narrando.
Bufei enquanto passava a mão no cabelo.
Eu não tava acreditando que eu tinha feito tudo o que eu fiz e ainda mais, aquele imbecil do Neto me deixou trancada aqui no barraco dele.
Pow véi, mó desumildade, acordei no meio dos tiro tive até medo.
Sentei no sofá totalmente vencida e emburrada, a porta tava trancada mesmo e eu não fazia nem idéia de onde podia ter outra, pra sei lá.. eu vazar daqui.
Pior que ontem a desgraça que sou eu, caiu em tentação de novo.
Ok... ter uma coisa maravilhosa daquela cheirando seu pescoço e puxando teu cabelo com força, ah meu amor... tem quem aguente não.
💭Logo eu que tava carente toda💭
Toda vez que é ano novo eu fico assim sabe, me bate aquela nostalgia e eu fico toda sad...
passado foda véi, gosto nem de me lembrar.
Flashback on
Alguns anos atrás...
Depois que eu fui posta pra fora de casa pela minha mãe, tive que me virar.
Sim, posta pra fora.
💭Isso soa tão irônico 💭
Sempre fui eu mesma tá ligado, sempre gostei de usar minhas roupas, me comportar do meu jeito.
Eu era quieta, nunca gostei dessas coisas doida não... mas sei lá, não me proibia de viver minha vida quando fosse necessário não.
Mas daí... meu jeito, minhas roupas, meu corpo... foram a desculpa que minha mãe deu pra que meu padrasto me estuprasse.
Pra que eu sofresse um assédio diário, que não era acreditado por parte dela, eu nunca, NUNCA escondi da minha mãe o que aquele monstro fazia comigo.
Mas não adiantou muito eu contar não.
No final escutei um "se aconteceu foi porque você procurou" "eu sempre soube que você não prestava Cláudia".
E foi assim que eu tive que sair de casa com 14 anos.
Eu sempre conheci a Flávia, a gente era amiga a mó tempo e sempre fechamos mesmo, parceria forte.
Quando tudo aconteceu, eu me fechei pra o mundo sabe.
Não queria ver ninguém, tinha medo de qualquer pessoa que chegasse perto de mim... sei lá, eu achava que ficar na minha apenas me protegia do mundo.
Eu mal saia de casa, da casa de uma tia que me acolheu.
— Cacau... o que você tá pensando em? — Minha tia me perguntou despertando meus pensamentos.
Olhei pra seu reflexo pelo espelho e soltei um suspiro vendo a cicatriz em minha coxa.
Ouvi um suspiro vim também da minha tia e quando a olhei ainda pelo reflexo, vi sua atenção também em minha cicatriz.
Eu me cortei semana passada, de uma forma mais profunda que as outras e minha tia me socorreu.
Segundo a enfermeira que me atendeu, por pouco eu não atingi uma veia importante.
— Ei... não gosto quando você fica muito presa às lembranças — passou a mão pelo meu cabelo — Eu sei que machucam, mas você tem que se desprender um pouco... faz tempo que você não sai pra conto nenhum, nem com a Fafá — Falou o apelido da Flávia com deboche e eu acabei rindo.
Ah sério, minha tia era uma fada.
Mas tinha uma coisa nela que meio me incomodava, o fato dela não gostar de jeito nenhum da Flávia.
Sério, a menina nunca fez nada e ela sempre deixou bem visível o ranço que tinha dela.
Às vezes era até chato as situações que minha tia me deixava, mas eu não podia fazer nada né.
— Tia... a mina é muito gente boa — Me afastei um pouco pra pegar minha blusa em cima da cama.
— Um dia tu vai me dar razão Cacau, não gosto — fez uma careta.
Vesti a blusa e olhei pra minha tia novamente, ela tava com a mesma careta.
— Ela nunca fez nada tia, sempre foi ela mesma e sei lá... ela é tão quieta — Suspirei.
— Ela é sonsa isso sim — rebateu e eu ri de novo — Aquela lá não me engana não — balançou o dedo — Tu vai ver... aquela menina tem cara de quem chega ao fundo do poço se precisar pra saciar as pirraça dela
Balancei minha cabeça enquanto ria.
Às vezes minha tia viajava com essas suposições dela.
Meu celular vibrou chamando a minha atenção e da minha tia, com uma mensagem da Flávia.
Whatsapp on
Flavinha: Miga
↪ei bicha, responde
Cacau: Eu
Flavinha: Sabe aquela minha prima que mora no Rio?
↪a do nariz grande
Cacau: Sei
↪kkkkkkk
Flavinha: Ela tá aqui em casa
↪mandou te chamar pra gente sair
Cacau: ah não Flávia
↪odeio sair de casa meu
Flavinha: Por favor
↪vamo, vamo, vamo
Cacau: O que eu não faço né...
↪pra onde a gente vai?;/
Flavinha: AAAA
↪a gente vai pra um aniversário de uma amiga dela
Cacau: Olha lá em
↪não me leva em lugar proibido pra 18 não
Whatsapp off
Sorri olhando ela reclamando que não me levava pra esses cantos.
— É a Fafá? — tia Miriam perguntou me olhando.
— Ela me chamou pra sair — dei de ombros e fiz uma careta
— Pelo menos serve pra alguma coisa né — Ela disse irônica.
Ficamos conversando alguma coisas, até ela ter que ir fazer o almoço e eu fui ajudar com a louça.
Voltei pra meu quarto pra arrumar a pequena zona que aquilo tava e deixei já minha roupa pronta em cima da cama pra quando fosse sair.
••
— Achei que você ia furar — fez uma careta.
Balancei minha cabeça e entrei no táxi, vendo ela e a prima dela.
— Oi Priscila... — sorri de lado.
Ela sorriu também e eu me acomodei.
O táxi deu partida e eu nem fiz questão de olhar o caminho que a gente tava seguindo não.
De vez em quando o motorista perguntava alguma coisa a elas e eu ficava só observando.
Conversamos sobre várias coisas, tipo, o clima do Rio.
Sobre como a Priscila adorava ir aos bailes das favelas e claro... o melhor assunto foi eu quem comecei.
— ah... e aquele seu irmão? — perguntei com a sobrancelha arqueada
— Quem? o Iago? — ela franziu a testa.
Assenti sorrindo.
Era ele mesmo... esse homem era lindo demais cara.
— Ele — Flávia também sorriu.
— O Iago tava namorando com uma menina aí... mas deu um rolo danado — ela fez uma careta.
— Ih teu irmão foi corno? — perguntei rindo.
💭rir das desgraças alheias mesmo Cláudia 💭
— Não... ele fez uma coisa errada com a menina aí... e pow, sabe aquele tipo de gente que não se pode mexer? — perguntou do nada.
Nem eu e nem a Flávia teve tempo de responder, já que o motorista disse que a gente tinha chegado.
Depois que a gente pagou, foi que eu prestei atenção aonde a gente tava.
— Sério? uma balada? — perguntei olhando séria pra Flávia.
— Você vai gostar — rebateu
Suspirei vencida e segui as duas.
A Priscila entregou alguma coisa aos seguranças e a gente entrou.
Fomos direto para perto da aniversariante e seus amigos e começamos a descontrair.
Foi nesse dia que eu decidi não me prender mais ao passado, viver minha vida novamente como eu sempre quis, agora dona de mim mesma novamente.
Flashback off
Tombei minha cabeça pra trás enquanto soltei o ar dos meus pulmões.
Lembrar de tudo, me deixa assim.. meio sufocada.
Sempre que eu lembro daquele imundo me tocando, do que minha mãe falou e fez comigo... sério, eu não consigo nem responder.
Levantei do sofá e caminhei até uma estante que tinha ali na sala.
Engraçado que eu nunca tinha vindo aqui na casa dele, parece tudo tão arrumado pra quem mora sozinho e é traficante.
Um porta retrato me chamou atenção, era uma foto da gente.
Minha e dele.
— Ah, mais que retardado cara — me revoltei — É leso agora que fica colando foto comigo? — comecei a olhar a foto com mais atenção.
Eu tava uma baranga aí.
Mas caramba, eu nem sabia que tinham tirado essa foto da gente.
Lembrei até do dia que eu conheci o Neto... foi uma das vezes que viajei sozinha pra o Rio.
Flashback on
Peguei a cadeira de praia que eu tinha pagado e estendi na areia.
O sol tava muito lindo, Riozão pegando fogo e eu queria mais era minha marquinha.
Passei meu bronzeador babadeiro e sentei na cadeira, toda linda e plena enquanto ajeitava meu biquíni.
Os boy passava e dava até umas olhada, eu ria cínica.
Coloquei meu óculos nos olhos e fiquei relaxando enquanto sentia aquela coisa quente e gostosa do sol em mim.
Tava tudo muito bom, por algum tempo.
Até eu sentir um impacto na minha cabeça e tombar ela pra trás.
Quando eu raciocinei já tava levantada e olhando uma bola de vôlei.
— Pow... foi mal aí — Falaram perto de mim.
Menina sabe aquelas cenas de filmes? aquelas que passam em câmera lenta sabe?
Olhei na direção que vinha aquela voz gostosa com aquele sotaque carioca e medi o bofe de cima a baixo.
— Opa.. foi nada não — sorri e mordi a ponta do meu lábio.
Ele deu uma risada gostosa e me olhou na cara dura, de cima a baixo que nem eu tinha feito com ele.
— Mas foi bom que essa bola tenha vindo parar aqui mesmo — Ele sorriu malicioso.
— Bora Neto — ouvi gritarem.
Ele olhou pra trás e deu dedo.
— Espera aí porra — gritou de volta.
Eu ri e ele voltou a me olhar.
— Neto... prazer — estendi minha mão — Cláudia
Ele sorriu e apertou minha mão.
Me agachei e peguei a bola, entreguei a ele de volta.
— Me espera aqui? eu vou só devolver essa bola aos parça ali — apontou pra trás.
Eu assenti
— Eu não ia pra nenhum lugar mesmo — Dei de ombros.
Ele sorriu e saiu correndo com a bola nas mãos pra perto dos outros bofes.
Depois voltou sorrindo e sentou perto de mim.
Flashback off
Acho que fiquei 15 dias no Rio.
Esses 15 dias eu fiquei com o Neto 13 deles.
Até que no último dia, ele não veio se despedir.
Apenas dizer que tinha sido bom, mas eu não tinha que me apegar, nem nada.
Que ele era bicho solto e não sabia se um dia ia se amarrar, ele até disse "Deus me livre disso"
Pronto, peguei ranço.
Mas eu fiquei em choque mesmo quando descobri que ele era traficante.
Eu voltei pra o Rio, e quando decidi a ir em um baile do Vidigal, descobri tudo.
Quis distância na mesma hora.
💭mas quem disse que a carne entende? 💭
Ah eu sou de carne minha gente e esse homem gostoso demais pra eu me aguentar sozinha.
Esse dia desse foto tinha sido em um daqueles 15 dias, eu nem lembrava mais.
Olhei bem pra aquele porta retratos e vi que tinha algumas fotos atrás daquela.
Eu nem sou curiosa né, puxei as fotos.
— Mas que porra.... — Olhei assustada pras duas fotos — Virou stalker agora o princeso? — Pistolei.
Porque o Neto tem duas fotos minhas atrás de uma foto nossa?
💭eu hein que menino louco💭
Soltei aquilo ali do jeito que tava e comecei a procurar um jeito de sair dali.
Eu tava presa legal véi.
••
Quando eu desisti e me joguei no sofá cansada, acho que já era noite.
Liguei a TV dele e fiquei deitada, e nada do babaca chegar pra me soltar.
Eu já tinha tomado banho, comido e tava só esperando ele chegar mesmo pra ir embora.
Já tá a me enchendo o saco já.
Meu celular tocou em cima do centro e eu abaixei o volume da TV pra atender, assim que eu vi que era ligação da Clari.
Ligação on
— Finalmente alguma alma lembrou de mim — falei eufórica.
Levantei do sofá sorrindo
— Louca, aonde tu tá que eu e a Bia te procurou em todo canto desse morro? — Perguntou bem rápido, quase que eu não entendo.
— O imbecil do Neto — respirei fundo ao me lembrar daquele rostinho lindo que eu tava com vontade de socar todo — O otário saiu pra boca e me deixou trancada na casa dele... porra, eu ouvi a invasão bicho — Me joguei no sofá de novo.
Ouvi Clarissa suspirar do outro lado da linha.
— Tu não viu ele não mona? eu quero ir pra casa, já cai na tentação demais — fiz uma careta.
— Cacau eu preciso te falar uma coisa amiga — Ela disse toda desconfiada.
— Ihhh... já não gostei do teu tom — Suspirei — Que foi em? o imbecil tava comendo outra? ah miga eu tô... — Ela me interrompeu
— Não... é que... — fez uma pausa — Cacau nessa invasão quem tava entrando no morro era a polícia — voltou a fazer a pausa
Engoli em seco.
— O que aconteceu? — me preocupei.
— Levaram o Neto Cacau... ele tá preso — soltou
Soltei o celular na mesma hora.
Ele caiu no meu colo enquanto eu tava com os olhos arregalados e a boca aberta, olhando pra o nada.
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Oi amores 😚 Parece que o Neto mentiu pra Índia quando disse que o coração dele não tem dona... serasi tem mesmo?
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Aguardem os próximos capítulos
kisses 😚😚
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