Verdade oculta
Não consegui mais continuar, não conseguia mais se quer chorar, eu somente sentia uma dor imensa em meu peito, como se uma flecha em brasa estivesse o atravessando, mas...
Eu não queria continuar chorando....
Foi como se não houvesse sentido em continuar...
Sim, era triste, mas....
A cada lágrima, a cada ferida reaberta, era uma cicatriz mais profunda e grossa que se formava em mim, e apesar de toda dor e toda tristeza que eu ainda sentia, eu precisava ser forte, eu precisava seguir, eu não podia olhar para trás mais. A dor sempre estaria comigo, mas eu tinha que seguir, porque eu não podia mais parar e me restringir daquilo que eu e meu coração ânseavamos por ter...
- Matt...- Já fazia alguns minutos desde que eu havia conseguido parar de chorar, e que as palavras já não se faziam mais presentes entre nós. Mas eu precisava dele, precisava que ele estivesse ao meu lado e dissesse que tudo ficaria bem, porque essa era a única coisa da qual eu precisava, alguém para me dizer que tudo ficaria bem, mesmo que não fosse verdade, eu ainda precisava - Diga alguma coisa....
Ele ainda estava parada na janela, olhando para a infinita Nova York, que para mim, parecia cada vez mais e mais vasta...
- Quando meus pais morreram, Daryl e eu ficamos perdidos....- Eu não sabia exatamente que emoção expressar,ou então o que falar, Matt estava começando a se abrir e a falar de seu passado para mim, eu não podia estragar tudo falando alguma merda, afinal, quando eu chorava pela morte de outro, ele de nada reclamou, agora era a minha vez de fazer isso, e somente escutar o que ele tinha a me dizer, sendo o mais forte possível para aguentar tudo o que estivesse por vir, sem desmoronar - Nós viemos para um país estranho, com uma língua estranha e, caramba, só tínhamos nove anos. Como poderiamos enfrentar tudo isso e ainda esperar que tudo saísse bem?
Senti uma pontada de dor ao ouvir essas palavras, que saiam tão amargas de sua boca. Eu sabia que Matt era órfão, que teve um passado sofrido, mas eu não sabia ao certo o quão sofrido ele foi, e talvez não estivesse pronta para saber afinal. Matt era meu príncipe encantado, e eu queria que ele continuasse assim...
Mas nem tudo na vida são flores...
E eu teria que aprender a lidar com a parte mais escura de Matt, que ele estava disposto a me contar, assim como ele fez comigo...
- Nossa avó nos deu a melhor crianção que ela pode, mas... Nós éramos dois garotos sem pais, sendo criados nas ruas de Nova York, não era de se espantar que isso acabasse onde acabou... - Ele se sentou ao meu lado na cama e tomou minha mão com um sorriso triste no rosto, e o olhar longe, imerso em pensamentos e lembranças. Um olhar que eu conhecia bem, afinal, eu mesma o tive muitas vezes - O começo não foi fácil... Nem para mim, e muito menos para Daryl, que com o dom de arranjar problemas acabou sendo muito mais... Machucado... Do que eu...
"Nós tivemos uma infância dourada e uma adolescência cruel.... E enquanto você estava fazendo planos sobre como dominar a sua escola Helena, eu e Daryl estávamos tentando não levar um tiro decisivo em nossas cabeças por problemas que arrumavamos.
Não dá para contar as vezes que sai na madrugada para não preocupar minha avó, tentando achar o Daryl que sumia pelas ruas a fora... Isso quando eu não o encontrava envolvido em alguma briga de bar, ou então caído desacordado de tanto que levou porrada na cara..."
Meu coração apertou ao ouvir essas palavras, não podia imaginar a dor de Matt ao ver o irmão caído no chão, sem saber se vivia ou não, afinal, por mais estranha que a relação dos dois fossem, eles eram irmãos, sangue do mesmo sangue, os únicos que podiam se proteger naquela época...
Matt abaixou a cabeça por um momento, fechando os olhos, como se para minimizar os danos daquelas memórias em sua mente, outro gesto que eu também conhecia bem. Então ele voltou a olhar em meus olhos, tão longe e cansado quanto antes.
- E foi por ver meu irmão tantas vezes caído no chão, por levar tantas vezes socos para que ele não levasse mais, por entrar tantas vezes em brigas que eu acabava sendo espancado e deixado no meio da rua, para que eles não matassem meu irmão, que eu entrei em algo que, no começo foi por necessidade, mas depois foi por simplesmente desejar estar naquilo... Nos ringues de luta livre...
"Aprendi a lutar e passava cada segundo do meu dia treinando para ser o melhor naquilo que fazia. Para destruir aqueles que ameaçassem a minha família, e para nunca mais levar um soco por algo que não fui eu que fiz...
Levou algum tempo, devo admitir, mas quando consegui, eu nunca mais parei...
Estava no meu sangue, corria em minhas veias, era o ar que eu respirava e Daryl viu a oportunidade nisso...
Ele me agendou uma luta, uma da qual se eu vencesse ganharia três mil na hora... Ele vivia nesse meio entende, ele tinha seus amigos, sabia manipular. Daryl queria poder, se tornar grande no meio sombrio, respeitado, mas ele precisava dos meios para isso, e eu fui um desses meios...
Era luta após luta, ringue após ringue, vitória após vitória...
Fazíamos dinheiro, Helena...
Muito, muito dinheiro....
E com menos de dezenove anos, nós já tínhamos um império as nossas ordens...
Daryl com os carros, as corridas, a velocidade...
E eu com os punhos, com as lutas, com as vitórias...
Eu fiquei cego, Helena...
Tudo fluía como água em nossas mãos, éramos nós dois contra o mundo, e por um tempo, nós fomos invencíveis...
Foi então quando tudo começou a desandar...
Daryl assumiu o posto de líder de uma gangue, La muerte, era o nome deles. Seu antigo líder viu potencial no meu irmão, e como sabia que a maior ambição para Daryl era a liderança, e que seu poder a cada noite era maior e maior, ele receitou o pequeno porto riquenho para seu o seu sucessor, tendo a mim, como seu braço direito...
Mas nós então afundamos...
Afundamos num mundo onde se quer sabiamos onde estávamos nos metendo. Nós tínhamos tudo em nossas mãos, e continuamos tão perturbados quanto a época que nos espancavam na rua...
Gangues rivais, antigas brigas, dinheiro, muito muito muito dinheiro, dividas exorbitantes, foi o que Daryl assumiu quando a tornou o poder deles e com isso me arrastou junto...
Nós fizemos coisas horríveis para saudar as antigas dividas, para manter os rivais longe de nós, para conquistarmos território, para ganharmos a confiança de alguns...
Nós fizemos, coisas que até hoje me assombram quando eu deito a cabeça no travesseiro, coisas das quais jamais eu poderei voltar atrás. Sofrimentos que eu causei a muitas pessoas, simplesmente por estar seguindo ordens, para que a cabeça do meu irmão não fosse a prêmio. "
- O que... O que você fez Matt? - Eu temia a resposta daquela pergunta, apesar de ver em seus olhos a resposta para ela, sentia meu medo e desconforto se fazerem presentes em meu peito, as sombras de Matt surgiam através de seus olhos e eu ainda não sabia se estava pronta para suporta-las ou então desmoronar de vez com tudo que ele me falava.
- O que era preciso para salvar o meu irmão... - Pura escuridão escondeu o belo olhar de amêndoa do meu Matt, e apesar de tentar me controlar, não pude deixar de levar a mão ao peito e suspirar pesadamente pelo que ele me falava. Era uma face que eu não conhecia em Matt, e que eu tinha medo em começar a conhecer, porque como meu pai dizia: Uma vez nesse mundo,sempre nesse mundo...
Um silêncio pesado caiu sobre nós, enquanto ele olhava fixamente para nossas mãos, ainda juntas, como se nesse pequeno ato ele fosse achar as palavras necessárias para poder continuar.
- Eu perdi o controle por algum tempo... Tempo do qual eu fui a pior parte de mim... Uma da qual até meu irmão desconhecia os limites e temia até onde eu podia ir...
Eu tive tudo...
Tudo o que sempre sonhei...
Poder, respeito, dinheiro e até alguém para dividir isso tudo..."
Foi como levar uma facada no peito, acho que se tivesse um medidor cardíaco poderia comprovar o quanto pareceu que minha frequência parou. Eu fiquei sem reação por um segundo, assimilando o que ele havia me dito, mas o que eu esperava?! Que ele tivesse se mantido virgem até o vinte e tantos anos?! Óbvio que não. e
E eu sabia disso, sabia também que ele provavelmente já teve outras namoradas, e algumas várias, várias, VÁRIAS ficantes, que eu tive o desprazer de conhecer algumas. Mas ainda sim, doía como ferro em brasa queimando o meu peito de um jeito completamente novo, e muito mais doloroso.
Ele pareceu se iluminar com essa lembrança, o que fez meu coração se afundar ainda mais em meu peito. Eu tinha milhões de perguntas, quem era ela? O que aconteceu? Onde ela estava? Porque terminaram? O que deu errado? Quem mais sabia disso? Quanto tempo durou... E uma infinidade mais que apareciam em minha cabeça a cada milésimo de segundo. Acho que Matt percebeu o quanto essa sua pequena lembrança iluminada me causou dor, por isso ele se recompôs, e voltou a olhar para o nada através da janela, já não mais segurando em minha mão...
- Porém, tudo isso acabava com o restante de humanidade que havia em mim... Quanto mais próximo a essas coisas eu estava, mais descontrolado, frio, e sem consciência eu ficava... Até o ponto onde tudo se rompeu... - Ele fez uma breve pausa, e pude ver em seus olhos que lembranças que provavelmente ele sofria para esconder, resurgiram com tudo, fazendo meu lindo namorado ficar quase que irreconhecível pelo peso de seu passado - Eu havia acabado de vencer minha última corrida... Eu tinha prometido a mim mesmo deixar as corridas apenas para o meu irmão e voltar somente a comandar as lutas, quando me desafiaram... E, Helena, ninguém me desafiava e saia vitorioso para contar história...
"E eu aceitei...
Por que eu aceitei, Helena? Eu ainda não sei... Eu estava tão cego, tão iludido com o meu poder sobre as coisas que eu se quer me dei conta....
Só fui me dar conta quando a minha moto estava debaixo de um caminhão, comigo a centímetros de perder minha vida... "
Um arrepio gelado percorreu a minha espinha quando imaginei Matt caído no asfalto, totalmente machucado, com muito pouco para não morrer...
Não podia suportar essa ideia, não essa! Eu já havia perdido pessoas demais em minha vida, não precisava saber que quase o pedir antes mesmo de tê-lo!
E por um momento eu imaginei minha vida sem o Matt...
Como ela seria vazia e sem cor se ele não estivesse nela...
Como seria triste sem ele nela...
Porque contudo, Matt ainda era o meu Matt, e eu o amava por isso...
Amava demais para não tê-lo para mim...
- Eu acordei alguns dias depois no hospital com Daryl ao meu lado, completamente desnorteado, sem saber o que fazer... - Ele deu um sorriso amargo, abaixando e sacodindo levemente a cabeça, passando a mão sobre os olhos - Foi a primeira vez que eu vi o meu irmão ficar sem reação... Como se o líder,o gângster, o cara perigoso tivesse desaparecido completamente e só tivesse restado...
- O seu irmão... - Foi impossível não completar sua frase. Pensei então em Daryl, em sua vida e em como de um modo tão único nós nos conhecemos e que a partir de então começamos a fazer parte um da vida do outro, e tão de repente estabelecemos uma relação entre nós dois, que eu poderia descrever como... Única e Especial...
- Ehh.... Meu irmão.... O meu irmãozinho mais novo que eu não tive consciência da onde é que se metia, e como esse mundo podia ser tão Mortal...
"Eu jurei para mim mesmo, que se saísse daquele hospital, eu jamais voltaria para aquela vida.... Que iria me redimir, iria ser uma pessoa boa e largar tudo isso para trás. Jurei que iria fazer o possível para salvar meu irmão desse mundo que só tinha um caminho para nos levar... A morte...
Mas Daryl tinha muito mais a perder do que eu... Ele tem pessoas contando com ele, pessoas que ele protege, que ele não pode deixar, ele tem um código próprio, entende?
E ele não pode desobedecer...
Quando eu saí, a primeira coisa que fiz foi me confessar... Retomar a igreja que minha avó nos fazia ir quando éramos menores... Também pedi conselhos sabe... De como ser uma pessoa melhor...
- As aulas de lutas...
- Sim... São um projeto meu para... Digamos, livrar um pouco a minha consciência... Desse modo ensino garotos a se defenderem desse mundo, sem ter que passar pelo que passei... - Ele em nenhum momento olhou em meu olhos, apesar de saber que ele me viu balançar a cabeça, ele não me olhava nos olhos, o que apesar de me incomodar, me machucava mais, afinal, os olhos são as janelas da alma, certo? Então porque ele não podia me mostrar sua alma?- A partir daquele dia eu luto dia a dia para ser uma pessoa melhor, Helena. Mas eu... Eu falho...
- Claro que não, Matt! - Foi sem intenção, impulsionada por algo mais forte do que eu. Agarrei sua mão, em um gesto repentino e levemente doloroso, o que o fez olhar para mim, perdido em trevas e lembranças das quais eu queria lhe mostrar a luz - Você é gentil, é bom! Não é mais daquele jeito... Há bondade em você Matt! Eu sei que há! Porque senão... Senão eu não teria me apaixonado por você... Você é luz, Matt... Não escuridão... Eu posso sentir, posso ver isso!
Ele me olhou por um segundo, como se não compreendesse o que estava lhe falando. Como se não estivesse acreditando em minhas palavras...
Então ele se levantou, soltando minha mão bruscamente, como se necessitasse colocar um espaço maior entre nós dois. Um espaço que partia meu coração, quase tanto quanto as outras vezes...
- Como pode dizer isso, Helena? - Ele se virou para mim sombriamente, e por um momento, eu não reconheci o homem cheio de ódio e raiva a minha frente - Como pode dizer essas coisas sabendo o que sabe de mim...
- Todos cometemos erros Matt, não é...
- Eu matei, Helena!... Tirei de pessoas que já não tinham nada!... Por onde eu passava era conhecido por deixar os piores rastros!... Como pode dizer que há bondade em mim? EM MIM?! - Eu acho que parei de respirar neste exato momento, se a realidade já não havia batido demais em minha cara, esse foi o golpe final, e o mais doloroso de todos eles - Sabe isso que aconteceu com você?... Foi minha culpa Helena! Pelas coisas que fiz no passado e que não deixam de me perseguir!... Eles machucam e matam as pessoas que eu amo Helena! De uma maneira brutal e horrível... E eu... Eu não suportaria se algo acontecesse a você.... Algo por minha causa...
Matt avançou em minha direção, me segurando pelos ombros, olhando intensamente no mais profundos dos meus olhos, acabando com qualquer estrutura mental que eu pudesse ter...
- Eu quase perdi você Helena... E não suportaria se isso acontecesse...- Ele colocou a mão quente em meu rosto, me olhando como se eu fosse a única coisa que importasse no mundo, a única coisa que importasse para ele. Fechei os olhos por um momento, somente saboreando aquela leve carícia, como se o resto não importasse, como se suas revelações não tivesse peso nenhum encima de mim, como se tudo fosse puro, sem problemas e normal - Olhe para mim... Você mudou a minha vida, Helena... Por você, eu quero ser melhor... Porque o que eu vejo em seus olhos é o que me dá forças para isso... Para ser melhor....
- E o que você vê?... - Sua mão se apertou levemente em meu rosto, enquanto eu me achegava mais nela, incapaz de conter minha vontade de querê-lo perto de mim.
- Esperança...
....................................................................
Hello my Loveanaticos!!! How are you? Ksksk blz e aí como vcs estão? Espero que bem! Venho aqui pedir desculpas a vcs pela demora,mas vcs sabem não é,semana de provas,falta de tempo, inspiração tbm ksksk é uma praga as vezes,mas graça a Deus acabou! Prometo voltar com tudo para vcs pq de agr em diante as coisas só vão Esquentar!!! Kskskks
Por esse motivo venho até vcs,mas tbm por um,talvez até mais importante. A minha amiga KennieEscreve é uma autora muito,muito,muito boa! Uma verdadeira jóia que merece nosso reconhecimento,que apesar de estar começando já nos surpreendeu maravilhosamente! Então pessoal eu peço,imploro para vcs! Vão ajudá-la nesse começo,por favor! Porquê todos os autores aqui sabem o quanto e difícil o começo então por favor pessoal,vamos lá dar uma ajuda 😉😉
Valeu por tudo e por toda a paciência pessoal, milhões de beijinhos e espero que gostem do capítulo! Qualquer coisa,me chamem nos comentários! Bjs e até a próxima...
Ana
...................................................................
Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro