Sentimentos
Já fazia quase três semanas desde o ocorrido na boate, e durante todo esse tempo dá para contar nos dedos as palavras que troquei com Matt.
Depois da noite que ele me prometeu que nada mais iria acontecer, ele simplesmente se fechou para o mundo. Não falava, não ria, não brincava,ele simplesmente parou de ser o Matt que eu conhecia e amava, para ser um completo estranho que eu se quer sabia como conversar.
Aquela noite ainda me assombrava e eu queria desesperadamente respostas sobre tudo o que tinha acontecido,essa minha paranóia chegou a tal ponto que eu joguei no Google sobre as tatuagens que havia visto,mas a única coisa que encontre foram coisas históricas e sem importância para o real problema.
Eu já havia tentado de todas as maneiras possíveis e imagináveis de abordar essa conversa com Matt,tentei ser sutil e delicada, direta e fria,meiga e gentil,bruta e radical,mas nada dava certo!
Ele continua frio e distante,cada vez mais calado,como se nada no mundo importasse mais....
Como se eu não importasse mais...
Estava dentro do meu pequeno dilema pessoal se devia ou não continuar insistindo com ele,quando recebo um e-mail da pessoa mais inesperada da empresa.
Gabriel Simões
Preciso que venha a minha sala
Imediatamente...
Meu coração bate alto assim que leio a mensagem no computador. Leio elas mais duas vezes para ter certeza do que está escrito,todo mundo sabe que o Gabriel é muito profissional tanto quanto é formal, prefere falar pessoalmente do que mandar e-mails, e só os manda quando algo realmente sério acontece então acho que dá para entender pelo menos um pouquinho da minha surpresa e receio.
Era ainda muito cedo,Matt se quer tinha chegado para me tranquilizar um pouquinho,mesmo que fosse do jeito bruto e frio dele.
[...]
Acho que demorei uns cinco minutos na frente da sala do Gabriel,hesitando a cada segundo em entrar ou não,criando força e coragem para seja lá o que fosse acontecer.
No melhor caso eu seria promovida ou teria um aumento no salário e no pior deles,eu seria demitida por insubordinação ao meu chefe ( Matt) e teria até o final da tarde para arrumar as minhas coisas e sair do prédio.
Por fim bato na porta e recebo um "entre" quase que imediatamente. E acreditem assim que entrei quase cai de costas quando os vi.
Gabriel de pé olhando Manhattan,Matt sentado em uma das cadeiras de couro preto a frente da enorme mesa falando baixo com um rapaz bonito de óculos que eu nunca tinha visto na minha vida em pé encostado na mesa.
Acho que fiquei congelada quando vi essa cena,tanto que só fui perceber o Gabriel quando já estava ao meu lado fechado a porta com um cordial sorriso.
- Senhorita Harper....
- Senhor Simões? - dei alguns passos em direção a Matt em busca de algum auxílio ou orientação,mas só recebi um olhar frio e cortante no lugar.
- Ahh então você é a famosa Helena Harper.... - o rapaz de óculos acho que percebendo a tensão repentina entre eu e Matt,a corta tão rapidamente quanto vem em minha direção
- É um grande prazer... Mark Leviens...
- Encantada....- apertei calorosamente a mão de Mark, não sabendo exatamente o que pensar por isso olhando confusa para o meu Gerente.
- Mark faz parte da diretoria Helena.... É uma das pessoas mais importantes de lá...- Gabriel fala como se conhecesse o rapaz a tempos,o que é ótimo para eles,mas PELO AMOR DE DEUS O QUE TA ACONTECENDO NESSA MERDA!
- Não é bem assim senhorita, Gabriel está exagerando como sempre.... - ele me conduz até a cadeira ao lado de Matt,que parece fumegar pelos ouvidos,acho que se ele falasse qualquer coisa faíscas sairiam de sua boca - Quer alguma coisa? Café? Um chá?
- Não eu estou bem.... - Olho para Mark por um momento,depois para Gabriel e por fim para Matt,um totalmente o oposto do outro,não só fisicamente mas também em suas expressões. Gabriel com seu habitual tom profissional sem deixar de ser carismática, Mark que parecia alegre um tanto que agitado a todo o momento olhando em seu celular e Matt tão frio e distante que chegava a doer,por isso respirando fundo assumindo o tom mais calmo e gentil que podia ter para não ofender nenhum dos três continuei - Senhores... Alguém pode me esclarecer o por que estou aqui
Todos parecem tensos,todos com excessão de Mark que digita freneticamente em seu celular,sem dar a menor atenção no que eu dizia.
Já Gabriel e Matt,ambos me encaravam com a mesma expressão no rosto: De não saber por onde começar.
- Helena....- Gabriel começou com sua voz suave e baixa,ajeitando seu terno enquanto voltava a se sentar em sua enorme mesa,e eu tinha um pequeno ataque cardíaco de tanto que meu coração golpeava o peito - Não é surpresa nenhuma para nós que você é uma das melhores que temos em nossa empresa.... De currículo impecável, recomendações altíssimas e com um desempenho enorme.... Conquistou a atenção da direção da Carter Corp,desde sua brilhante apresentação sobre o marketing do nosso novo projeto....
A esse ponto os meus dedos se contorciam em minha saia de tanto nervosismo. Matt continuava frio como se nada o abalasse,Mark ainda com seu telefone em mãos mesclava o olhar entre nós e ele nos dando agora pelo menos uma porcentagem de sua atenção e Gabriel parecia estar pela primeira vez na vida escolhendo exatamente quais palavras deveriam ser usadas nesse seu discurso interminável que me deixava a cada segundo mais ansiosa e nervosa.
- Mark como único supervisor de Toda a Carter Corp está ficando.... Sobrecarregado - MUITO SOBRECARREGADO já que não saia do celular um instante e sempre com seu olhar preocupado quando os desviava para nós - Então em uma longa e cansativa reunião entre Marke,o senhor Carter e mim achamos que já é tempo de alguém ajudar Mark com a supervisão e bom... Sabe o que eu estou querendo dizer é que...
- Que Ryan Carter quer que você seja a nova supervisora da empresa....- Gabriel fulminou Matt com o olhar quando ele disse essas palavras e sinceramente custava a acreditar que eu havia ouvido certo - E quer que isso seja feito o mais rápido possível.
- Eu.... Eu.... Acho que.... Perdão eu não entendi... - acho que eu estava em choque naquela cadeira,com a cabeça rodando,a respiração desregular e o coração sendo ouvido por toda a Nova York tive que me controlar muito para não cair desmaiada diante deles.
- Ouh Helena.... Sei que é um grande choque mas essa ordem veio direto do próprio Carter....- a voz de Mark soava em meus ouvidos como um sino ensurdecedor,mas por mais que eu quisesse escutar meus pensamentos eram turbulentos demais para deixar
- O meu trabalho é realmente muito grande e cada dia aumenta mais... Eu preciso de alguém para me ajudar e esse alguém foi você...
Acho que se eu não estivesse sentada teria caído no chão com a intensidade dessas palavras. Todos na sala estavam olhando para mim,esperando a minha reação e eu simples não conseguia expressar nada.
Porque nada fazia sentido!
Como assim Ryan Carter me quer como sua nova supervisora? Eu que sou uma mera ajudante! Nem muito qualificada para o serviço que ao que parece exige o máximo do máximo de seus ocupantes!
Meu Deus!
Isso é loucura!
Insano!
Ninguém em condições mentais normais faria isso! Porque... Qual é com tantas pessoas uma mais diferente que a outras praticamente se matando por essa vaga ele quer que seja EU a ocupa-la....
[...]
Depois de muito tentar dialogar, negociar ou qualquer outro coisa,Mark me deixou sem opções.
Com seu jeito gentil e sorriso amigável ele disse que era isso ou eu já poderia me considerar demitida.
E Claro que eu não podia ser demitida!
Era esse trabalho que bancava a mim,a Fox,a minha casa e tudo o que eu precisava e me recusando a voltar para os meus pais ou a lhes pedir dinheiro emprestado,acabei ainda em choque aceitando o emprego, provisoriamente.
Mas não era esses um das minhas maiores preocupações....
A minha maior preocupação era que Matt continuava em um silêncio fúnebre,olhando para mim e para nossos diretores como se fosse o maior suplício estar ali,ao meu lado.
Quando por fim de deu por "encerrado" o assunto,Matt simplesmente saiu pela porta,como se a sala estivesse pegando fogo,o que graças aos céus nem Gabriel nem Mark perceberam já que estavam preocupados demais em discutir sobre uma tal festa que agora pouco me interessava.Eu já estava tão cansada dessa situação com ele,de ficar nessa eterna dúvida e de se quer saber o que pensar,que não hesitei em também sair da sala sorrateiramente,para ir atrás dele.
- Matt! Matt espera!... Precisamos conversar espera!.... - ele já estava a passos de mim e parece que quando ouviu a minha voz fez questão de apressa-los ainda mais,correndo Literalmente para o elevador há de portas abertas - Matt! Matt espera por favor.... MATT!
As portas se fecharam bem na minha cara me Fazendo quase não acreditar no que havia acontecido...
No que ele havia feito...
- Desgraçado....- encostei minha testa nas portas frias do elevador com os olhos fechados o máximo possível, amaldiçoando a mim e a meus sentimentos idiotas que agora me faziam querer cair chorando no chão.
Respirei muito fundo na minha volta para a sala, não me surpreendendo em não o vê-lo na sala. Tentei me acalmar o máximo possível mas era como se uma bomba fosse lançada em mim e eu só tivesse duas formas de fazer,enfrenta-la cara a cara sem medo e com possíveis danos que poderiam ser para sempre,ou deixar pra lá....
Como já fiz tantas vezes....
Esquecer tudo,embarcar em uma nova jornada esquecendo os sentimentos que me foram despertados depois de tantos anos...
- Não! Eu me recuso a fazer isso! - falando sozinha como se me fosse adiantar alguma coisa,me sentei abrutadamente na cadeira jogando o que estava nas minhas mãos encima da mesa,cansada de sempre desistir no primeiro obstáculos que a vida me apresenta - Eu não vou desistir! Se ele acha que fazendo isso vai me afastar ele tá muito enganado!... Mas.... Mas o que fazer então....
Olhei para as minhas mãos sobre a mesa como se fosse me dar alguma ideia,como se fosse a minha salvação em meio àquele desastre que estava me acontecendo.
Mas então a ideia me surgiu....
Louca e Provavelmente desequilíbrada mas uma ideia..
[...]
Ligação on--
- Daryl? - meu nervosismo já havia atingido o limite máximo quando finalmente a ligação foi atendida.
- Sim?...- sua voz grave e não muito amistosa me fez pensar duas vezes em continuar. Mas era por uma boa causa... Ou melhor uma ÓTIMA causa.
- É Helena... Lembra?...- Minha coragem estava se esvaindo aos poucos,na verdade a cada segundo em que falava ou esperava sua resposta,era um pouco de força a menos que eu tinha, principalmente com esse seu tom de voz.
- Pretty girl....- Sua voz instantaneamente mudou,se tornou mais doce,mais divertida. Um leve incentivo para eu continuar, não tão apreensiva quanto estava - Quando eu te dei meu telefone,não achei mesmo que fosse ligar....
- Acredite não ligaria se não fosse importante...- A risada dele foi como um bálsamo para o meu coração machucado.
- Okay,okay... No que posso ser útil Pretty girl?...
- Eu precisava conversar Daryl....
- Hmm Depressão de menina,sabia que existem bons psicólogos para isso...
- Bobo...- okay eu não deveria estar rindo numa situação como aquela,mas era impossível,parecia que os Irmãos Ortega tinham o dom de me fazer rir nas situações mas improváveis - Mas sério... Eu precisava conversar... Sobre o Matt...
- O que esse idiota fez dessa vez?- sua voz um pouco cansada,um pouco irritada e tentando um pouco não aparentar isso me deixava sem saber exatamente como interpretar essa frase.
- Ele... Bom ele tá muito estranho Daryl... Eu nunca o vi desse jeito e... E... Não dá pra mim falar por telefone e muita coisa e eu não sei o que fazer Daryl... Eu nunca o vi desse jeito...
- Entendo Helena... E entendo você estar assim mas não há nada que eu possa fazer....
- Daryl.... Você é o irmão dele... O único que pode explicar isso de alguma forma.... Eu tô pedindo... Implorando quase...por favor...- Okay eu estava exagerando um pouquinho mas eu tinha que usar de todos os métodos possíveis para tentar descobrir o que estava acontecendo.
Ouvi ele hesitar, respirar fundo e por fim:
- Okay Helena... Eu vou dar uma festa hoje a noite,se você puder vir...
- Uma festa?
- Aham...
- Na sua casa?
- Aham...
- Ahh não vai dar não Daryl...
- Por que qual é o problema da minha casa?
- Da sua casa nenhum agora das suas festas....
- Só porque você acordou de ressaca sem ter a menor ideia da onde estava, não significa que as minhas festas são ruins...
- Eu preferia um jantar tranquilo....
Ou uma conversa num café...
- Lamento mas não sou o tipo de cara que frequenta restaurantes muito menos cafés... Se quiser terá que vir Pretty girl...
- Eu tenho nome sabia!
- Sabia mas Pretty girl combina muito mais com você....
- Aii Daryl...
- Nos vemos a noite então?
- Talvez....
- Já é um começo... Até Pretty girl...
- Até Daryl...
Ligação off--
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