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𝕮𝖆𝖕𝖎𝖙𝖚𝖑𝖔 9 - 𝕾𝖆𝖎𝖓𝖙𝖊 𝕲𝖊𝖓𝖊𝖛𝖎𝖊𝖛𝖊

“Bem e mal. Uma definição ridícula e preguiçosa que alguém de mente fraca de pequena criou para resumir o mundo. E sabe qual é o maior problema disso? É que o ser humano aceitou essa ideologia de uma maneira tão intensa, que conseguiu concretizar isso na própria alma. Não há mais oportunidade de crescer e amadurecer. Seus erros te definem para o resto da sua vida falha, independente da pouca proporção desse erro. Isso, meus caros, é a humanidade.”


Lucy Vaughan

Estamos descendo as escadas apressadamente e a única coisa que eu consigo pensar é o quão insana essa teoria de que foi Rutts quem começou o incêndio soa na minha mente confusa e inquieta. Entre empurrões e alguns gritos, percebo que a menina da tatuagem não está aqui. Após segundos delirantes que foram repletos de suspeitas e hipóteses, me sinto ser arrancada de meus pensamentos pelo meu amigo Jean, que decide quebrar a tensão entre o grupo.

   — Espero que lá embaixo tenham uns bombeiros gatos, né? — Ele me dá uma leve cotovelada no meu braço em busca de uma concordância da minha parte. Decido entrar na brincadeira para acalmar meus neurônios agitados.

   — A maioria dos bombeiros são gatos, mas você vai ser um problema para eles. — Rio, em resposta

   — Por quê? Eu não sou um incendiário.

   — Olha incendiário você não é, mas você tem um fogo no rabo tão grande que, se um dos bombeiros tentarem te apagar, pode aumentar o seu fogo. — Começamos a rir em meio aquele caos.

   — O pior é que é mesmo. — Sua gargalhada alarga meu sorriso e chama a atenção de algumas pessoas à nossa volta, que franzem as sobrancelhas para nós por estarmos rindo em meio a essa situação.

Depois desse leve diálogo nós saímos da escola e todo o procedimento de incêndio estava em andamento, até ouvirmos um estrondo. Coloquei os braços na frente do meu rosto assustada e dei alguns passos para trás. Ainda assim, foi possível ver que a explosão veio do canto direito da escola, perto da sala dos professores. As inspetoras e os professores nos guiaram para o outro quarteirão, nos deixando a uma distância segura da nossa escola, agora em chamas.

Minutos após todo esse transtorno e agitação, o nosso diretor se dirige para a nossa frente, de forma que todos nós podemos vê-lo, e nos informa que as aulas de hoje estão suspensas e que estamos dispensados. Decidi aproveitar a oportunidade e me desvencilhei, discretamente, do meu grupo e ligo para a minha mãe. Explico a situação e ela surtou, obviamente. Depois de um tempo tentando acalmar seu coração materno, eu digo pra ela que irei para a biblioteca Municipal, que fica próxima da escola. Nós nos encontraremos no mesmo horário de sempre. Ela aceita e desliga o telefone.

A caminho da biblioteca percebo que algumas pessoas estão me encarando com olhares carregados de desconfiança e avidez. Eu já vi esse olhar antes. Ainda me lembro dos dias que eu passava andando por corredores gélidos e vazios, e me lembro ainda mais do calor que determinados braços me traziam ao fim do caminho. Balanço levemente a cabeça para afastar de minha mente os pensamentos mórbidos e lembranças sangrentas.

Chego na porta da biblioteca e respiro aliviada de ver o majestoso templo do saber, que eu já conheço bem. Sem dúvidas é o meu lugar favorito da cidade. Com uma arquitetura romântica da época medieval que emana delicadeza e elegância. Lembra muito a biblioteca Sainte Geneviève, na França. Com colunas de mármore branco que dá imponência ao edifício de 3 andares recém pintados com uma cor creme que ainda exala o cheiro forte de tinta. Seu interior parece um palácio de ouro. Não é à toa que essa biblioteca é o maior investimento da cidade em 70 anos.

Ao entrar dou de cara com duas largas escadas de veludo azul-celeste, que se curvam para lados diferentes que vão do primeiro ao terceiro andar, com espaços para cada andar. Quando olho para cima meu coração se aquece com a imagem impecável de um teto que até parece ter sido feito por Michelangelo. As cores em tons de rosa e dourado dão aos anjinhos, pintados no vidro do teto, um encanto de encher os olhos. Isso é possível de se ver graças ao mezanino central, que permite que as pessoas que estão no 1°, 2° ou 3° vejam quem está aqui, na parte térrea.

Olho para o meu lado direito e lá estão elas, as três senhoras bibliotecárias que praticamente me viram crescer. Quando eu era pequena eu e meus pais sempre vínhamos aqui depois de um passeio de domingo para devolver os livros da semana passada e pegar novos. Essas memórias sempre aquecem meu coração.

Me dirijo até Joana, a mais nova das três idosas. Com seus 63 anos, a pessoa mais inteligente e vaidosa que conheço está, como sempre, arrumando seus cabelos grisalhos que foram, elegantemente, presos. Me coloco na sua frente com uma expressão sutilmente tensa no rosto, o que ela deve ter percebido, já que ao dirigir seus olhos violetas belíssimos em minha direção, sua expressão, originalmente animada com a própria beleza, deu lugar a uma preocupação genuína que ela sempre teve por mim.

   — Está tudo bem Lucy? — Joana coloca o espelho oval ornado por uma estrutura de prata sobre a mesa e une as mãos um pouco enrugadas na altura do rosto.

   — Sim, tudo. Joana, — Me inclino sobre sua mesa de madeira escura e olho para os lados, me certificando que nenhuma das poucas pessoas que estão aqui me escutem. Apesar de não saber ao certo sobre o que se trata tudo isso, eu sinto que essa '”missão” que meu professor me passou deve ser mantida em segredo. — Eu gostaria de saber se você pode me guiar até a sessão onde tem a história da cidade.

   — Ah, minha querida, você já sabe onde ficam todas as sessões que tem aqui. É mais fácil você me guiar. — Com uma risada relaxada ela volta sua atenção para o próprio reflexo.

   — É, eu sei... — Pego o anel e o mostro discretamente para Joana. Ao vê-lo, seu rosto se contorceu e se tornou a mais terrível expressão de horror. Expressão essa que logo se tornou algo sério e rígido.

   — Foi o Rutts, não é?— Pergunta objetivamente.

   — Sim. — Respondo no mesmo tom.

   — Você tem certeza?

   — Absoluta.

   — Ok, me acompanhe. — Ela se levanta e me guia até uma área mais escura da biblioteca e nós paramos em frente a uma porta escrito "despensa".

   — Por que estamos aqui? — Pergunto para a minha guia, que me responde enquanto encaixa a chave na fechadura.

   — Por isso. — Com um giro da chave, ela abre a porta barulhenta que dá acesso a uma sala muito chique. Com 4 mesas compridas que dão lugar a 12 cadeiras que pareciam ser muito antigas, o local parecia ter sido, há muito tempo, uma sala de estudos ou algo do tipo. Ele estava levemente empoeirado, dando a entender que foi limpo há alguns dias.

   — Sente-se, vou pegar um livro que vai te dar a resposta que tanto procura. — Sua voz é estranhamente calma e rígida e me deixa um pouco pouco nervosa.

   — Obrigada Joana. — Ela logo fecha a porta atrás de mim, me deixando só em meio aquela imensidão de papel. Abro o primeiro livro que Joana entregou. "A história do outro mundo; Por Gabbie Jill." Começo a ler e passar o dedo pelas frases, até achar um capítulo interessante.

"A rosa dos anjos"

"E da guerra fez-se o mal, que fez o homem. No início dos tempos a maior guerra já vista se instaurou no mundo. Malachs (anjos) e Apófis (demônios) travaram o que seria conhecido como "A guerra do início". O povo Apófis queria igualdade. Uma chance de sair da miséria há séculos destinada unicamente à eles... mas não foi isso o que seus superiores exigiram. Eles queriam dominar tudo e, com seus ideais ditatoriais - com requintes de crueldade e desgraça -, fazer do mundo um lugar de caos e ruínas. Os Malachs tentaram negociar e dialogar. Chegaram a oferecer metade de suas abundantes riquezas, mas foi em vão. A guerra teve início e nada mais podia para-lá. Eles não tiveram outra opção a não ser lutar, e assim foi feito. 

O embate foi sangrento. Uma guerra marcada por uma brutalidade jamais antes vista e que não mais viria a repetir. Os milhares de corpos Apófis que estavam jogados ao chão e marcando a grama com sangue preto, agora representavam a vitória dos Malachs. Mas eles também haviam perdido muitos homens e, em decorrência de tal genocídio, pensaram em exterminar todo o povo de Apófis para nunca mais passarem por isso. O que mudou o rumo da história foi a breve súplica do maior guerreiro de todo o povo Malach, Geneviève Carmieull.

   — 'Não podemos matá-los! O povo não tem culpa da decisão dos seus superiores. Eles não pediram por isso.'

Após muito debate ficou acordado que eles não seriam mortos, mas eles estavam terminantemente proibidos de se relacionarem entre si, limitando-os a se relacionarem apenas com humanos. O intuito dessa decisão era fazer com que poder Apófis fosse sendo enfraquecido a cada geração em que o sangue místico fosse misturado com o sangue humano. No entanto, após alguns anos, essa medida teve que ser adotada pelos Malachs, que estavam quase entrando em extinção. 

Futuramente os filhos de Malachs e humanos se reuniram e se denominaram Angales, usando o símbolo de uma rosa, para sempre se lembrarem que, apesar de terem uma história dura e cheia de espinhos, no final sempre há algo bom e belo para se desfrutar.

Enquanto isso, escondidos nas sombras, os descendentes dos Apófis se reencontram e alimentaram o ódio pelos seus rivais mais antigos e juram vingança. Seu clã é chamado de Petriz. Até hoje não se sabe se eles têm algum símbolo, só o que se sabe é a forma de reconhecê-los. O sangue. O sangue de um Petriz carrega uma tonalidade anormal para ser de um humano comum. Preto. Um sangue preto como carvão, que assusta todos os humanos que o podem vê-lo."

"Sangue preto"? Repito esse trecho do livro na minha cabeça várias e várias vezes, buscando por seu sentido. Sei o que isso significa, mas não quero acreditar. Me recuso a acreditar! Levanto da cadeira e logo sinto uma tontura muito forte, que me faz voltar a sentar. Estico minhas mãos para a frente e respiro fundo para recobrar a minha consciência. Meu coração acelerado como não esteve antes. Minhas mãos suadas e minha respiração ofegante são apenas algumas reações que essa informação tem sob o meu corpo. 

   — Então é isso... — Cochicho para mim mesma — Ivan... Meu vizinho, meu colega de sala, a pessoa que está agora em casa descansando com sua família perfeitamente normal é um Petriz. Ivan é um demônio!!

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