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𝕮𝖆𝖕𝖎𝖙𝖚𝖑𝖔 18 - 𝕬𝖙𝖆𝖖𝖚𝖊 𝖉𝖊 𝕻𝖗𝖎𝖒𝖆𝖛𝖊𝖗𝖆

"E quando pensei ter finalmente achado minha luz, caí em desesperança. Era uma farsa. Um abismo fantasiado de felicidade. Um demônio fantasiado de amor"


Lucy Vaughan

Volto para meu quarto em confusão. Meu coração acelerado e afugentado não está sintonizado com a minha mente anestesiada. Não entendo porque tal cena me abalou tanto, visto que não temos nada e somos absolutamente solteiros. Talvez seja a sensação de abandono, de que meu único parceiro está indo embora sem que eu possa agir para mudar isso, como sempre. Meus pensamentos intercalam entre julga-lo, por beijar alguém que mal conhece, e me criticar por fazer isso. Maldita consciência!

Ainda com um incomodo no peito, me dirijo até a pia do banheiro para tirar todo o suor e sujeira que ficou no meu rosto graças ao treinamento.

Por Deus, eu estou destruída!

Meu rosto pálido e minhas olheiras profundas deixam claro que não estou comendo tão bem quanto deveria. Olho para a banheira cheia ao meu lado - que parece me chamar - e começo a tirar lentamente essa roupa pesada, atendendo seu pedido. Ao entrar naquela água quente, sinto meu corpo relaxar como não fazia há muito tempo. Jogo minha cabeça para trás e logo sou presenteada com a memória do Festival de Primavera. Parece que não terei tanto tempo para descansar.

Rapidamente encerro esse delicioso momento, me seco e coloco um roupão vermelho de veludo, uma toalha na cabeça e vou até a armário escolher minha roupa para o festival.

Uma típica adolescente. (Só que não!)

Olho para a pilha que me foi separada e vejo que não tem mais aqueles vestidos enormes. Alguém deve ter percebido o quanto essas roupas me incomodam. Escolho um vestido branco de renda com mangas até os cotovelos. A barra da saia é desigual, de forma que a parte da frente é mais curta que a parte de trás, trazendo uma delicadeza ao traje. Devo admitir que o esse estilo "principesco" não me atrai nem um pouco, mas ainda é melhor do que do que aqueles armários ambulantes que chamam de vestidos. Coloco uma sandália e escovo meu cabelo, deixando ele secar naturalmente para que fique cacheado nas pontas, como sempre. Estou quase saindo quando ouço a porta abrir. Não preciso olhar para trás para saber quem é.

   — Você está bem arrumada. Aonde vai? — Pergunta Ivan.

   — Ao Festival de primavera. — Não pretendo continuar falando com ele, então me mantenho de costas para evitar contato visual e tentar sair daqui o mais rápido possível.

    — Hum. — Ele se senta na cama e posso senti-lo me analisar profundamente com seus olhos azul e vermelho. Sua aura é intensa. — Vai sozinha?

   — Não, vou com Levi.

   — O do refeitório que estava te secando com os olhos? — Ele ri com deboche. — Pelo visto ele não é tão tímido e inocente quanto parece.

   — Pelo menos ele conhece a pessoa antes de fazer qualquer coisa, não é do tipo que beija quem nem conhece — Por que eu disse isso?! Não era para eu dizer isso. Sinto os olhos de Ivan queimarem sobre as mim e ouço seus passos virem em minha direção. Ele pega no meu ombro sem a menor intenção de ser educado e me faz virar e olhar para ele.

   — Você viu? — Não consigo descrever a frase que seu olhar está gritando. Ele é uma mistura de tensão, medo e raiva, mas não parece ser raiva de mim.

   — Vi. — Sinto meu maxilar tencionar em resposta ao ódio que essa lembrança me traz. Agora seu toque em meu ombro está mais suave e ele está pensativo. Sem aviso, o Ivan apreensivo que está na minha frente foi morto pela frieza do mesmo. Endireitando seus ombros e adotando uma pose quase esnobe, ele se afasta de mim e vai até à sacada. — Te incomoda o fato de eu ter te visto? — Essas mudanças repentinas dele me irritam. Ele ri da minha pergunta e me responde com desdém.

   — Do mesmo jeito que você viu, qualquer um poderia ter visto. Então isso não faz diferença para mim. — Suas palavras soam como adagas que me rasgam. É isso que eu sou para ele. Qualquer uma.

É com esse pensamento tortuoso que saio as pressas do quarto. Olho para o relógio e vejo que são 18:25. Preciso correr para encontrar Levi. Depois de 5 minutos andando à passos apressados, eu finalmente passo pela grande porta do Castelo e lá está ele, com seus cabelos dourados para trás bem penteados. A camisa social azul-escuro deixa seus ombros mais largos e impõem o respeito que normalmente um adulto recebe. Quando seus olhos me encontram, eles brilham como ametistas.

   — Você está linda. — Ele abre um sorriso grande e radiante que parece iluminar todo o seu rosto. Ele pega minha mão com delicadeza e a beija suavemente. Eu não esperava por esse gesto. Ele é realmente um cavaleiro.

   — Obrigada, você está muito elegante. — Me sinto levemente corada então viro um pouco meu rosto. Com calma vamos até o vilarejo onde ocorrerá o Festival. Nunca parei para reparar no caminho de entrada. O chão é de pedras claras e a grama dos jardins laterais é muito verde. Sobre toda a extensão do caminho estão grandes árvores com flores roxas que se curvam com o peso dos galhos. Andamos por alguns minutos enquanto conversamos casualmente.

   — Onde você aprendeu a lutar daquele jeito?

   — Minha tia me ensinou. Sempre que eu passava as férias na casa dela eu tinha que acordar cedo para treinar. Ela queria que eu fosse uma mulher forte.

   — Que forma peculiar de educação. — Seu bom humor nos tira ótimos risos. — Minha mãe também quer que eu seja forte, mas eu não sei se é isso que quero. — Ele abaixa o olhar e parece estar soturno.

   — Como assim?

   — Ela quer que eu seja o melhor guerreiro que há, mas eu não gosto de lutar. Prefiro a força mental do que a força física.

   — Entendo. Talvez ela deva querer isso para que você possa se proteger em uma guerra.

   — Mas esse é o problema. Por que temos que lutar? Guerras geram ódio e ódio gera vingança. Isso é ciclo de violência que não tem fim. — Me calo ao ouvir suas palavras. Por um lado ele está certo, essa roda de ódio só irá nos dizimar. Mas, por outro lado, sei que eu preciso lutar se quero meus pais de volta. Esse é meu único objetivo.

Caminhamos em silêncio até chegarmos no vilarejo que está belíssimo. Logo na entrada vemos um arco com uma faixa, escrito “Bem-vindos ao Festival da Primavera” e uma moça loira com os cabelos presos em um coque alto está entregando panfletos que contando a história desse evento e algumas moedas de ouro. Ao entramos vejo que sobre nossas cabeças têm varias tiras com flores de laranjeira penduradas de um poste ao outro e que muitas meninas estão correndo com algumas, que devem ter caído, atrás das orelhas.

Tudo aqui é extremamente agradável. Ao chegarmos perto de uma padaria posso sentir o cheiro dos pães e bolos assados na hora tomarem conta das minhas narinas e tirar toda a atenção que os aromas florais receberam de mim. Nesse momento me lembro que não como nada há 6 horas e me estômago decide dar sinal de vida.

   — Está com fome? — Pergunta Levi, entre risadas.

   — Meu estômago está dizendo que sim. Acho que vou comprar algo para comer. — Dito isso vou para a padaria rústica ao meu lado. Quando entramos uma senhora de cabelos totalmente grisalhos e com um avental bem sujo de farinha surpreende Levi dando-lhe um abraço apertado, logo depois segurando em sua mão. Eles conversam por uns segundos até ela perceber que ele está acompanhado. Ela se vira para mim com os braços abertos e me abraça tão forte que quase perco o ar.

   — Seja bem-vinda, querida. — Ela me dá um sorriso radiante e contagiante que me faz rir também. — Qual seu nome?

   — Lucy Vaughan.

   — Lucy. Ah, que belo nome. Tão gracioso. Espero que cuide bem do meu menino.

   — Como? — Digo, sem entender nada.

   — Levi é como um filho para mim e meu marido, praticamente o criamos. Ele nunca veio com uma menina no Festival, então imagino que você seja a namorada dele, não é?

   — Marie… — Levi chama a atenção da senhora. Ele está vermelho como um pimentão. — Ela é só uma amiga.

   — Jura? Ah que pena. — Ela parece estar realmente decepcionada. — Vocês dariam um lindo casal. — Nesse momento um homem baixinho e careca a chama. — Preciso ir. Levem isso com vocês, por conta da casa. — É uma cesta com várias frutas, pães e bolos. Antes mesmo que pudéssemos dizer algo, ela já foi embora.

   — Me desculpe por isso. Marie é sempre muito… Falante.

   — Tudo bem, ela parece só querer o seu melhor. — Agora é minha vez de responder entre risadas.

Vamos até um parque bem extenso e verde onde várias pessoas estão fazendo piqueniques. Levi pega uma toalha enorme que estava na cesta e nós nos sentamos. Ele me conta que nunca conheceu o seu pai e sua mãe nunca foi presente quando ele era criança, por isso foi criado por Marie e seu marido, e os considera sua segunda família.

Conversamos e rimos muito naquele paraíso chamado Sanit Radii, enquanto o sol sumia do céu, deixando o mesmo com uma coloração rosa e laranja. Depois de um tempo olhamos para o céu e vemos que já está bem escuro e banhado com estrelas lindas e brilhantes. Decidimos ir embora, já que o caminho até o Castelo não é muito curto e não queremos chegar tarde.

Estamos no meio o vilarejo quando começamos a ouvir gritos vindo do parque onde estávamos. Não demorou muito para sabermos o motivos de tal barulho. As pessoas estão vindo em direção ao vilarejo correndo desesperadas tentando fugir de um grupo de pessoas que estão invadindo o reino. Eles estão com armaduras pretas de metal e montados em cavalos negros como o céu. Eles atropelam pessoas que acabaram caindo no chão com a maior crueldade já vista. Começam a destruir tudo, entrar nas casas com toda a violência e parar pessoas nas ruas, perguntar-lhes algo e logo depois mata-las. Sinto Levi me puxar para longe até chegar na padaria, onde Marie e seu marido nos escondem em um sótão junto a eles. O ambiente é úmido e abafado, com madeiras mofadas e sujas, sem contar a escuridão, que só não é maior pela luz da lua que está entrando.

Não demora muito para ouvirmos os estrondos lá embaixo. Entre gritos e barulhos posso ouvir um deles perguntar:

   — Onde está a guardiã?

Eu paraliso.

Meu coração, que estava a mil por hora, congelou por completo. Minha cabeça a pulsar e minha mais decaem na temperatura. O mundo ao redor se silencia enquanto absorvo o peso desta frase. Me recuso a acreditar, mas a verdade é tão  lara que me cega.

Tudo isso que está acontecendo é minha culpa, é por minha causa. As pessoas atropeladas e mortas, seu sangue em minhas mãos! Meu choque é tanto que me assusto ao sentir o toque de Levi, que está segurando a minha mão gentilmente. Ele deve ter escutado também.

Esperamos os minutos mais torturantes do mundo até tudo aquilo acabar e podermos descer e ver os resultados da invasão. Eles são piores que eu poderia imaginar.

Algumas casas estão em chamas com pedaços de seus tetos caindo ao chão. Corpos estão jogados pelas ruas de ladrilhos bejes que agora estão vermelhos com o mar de sangue que se formou. Mulheres e crianças, algumas, muito machucadas, gritam de tristeza pelos homens que morreram tentando proteger suas famílias. Toda a alegria que rondava esse dia tão lindo sumiu em menos de duas hora e só o que resta agora é a depressão que paira nesse lugar.

As pessoas do vilarejo estão indo em direção ao Castelo, provavelmente para pedir ajuda e abrigo. Eles não sabem quem eu sou. Ainda não, mas vão saber. E quando souberem, pedirão a minha cabeça. Meu sangue pelo deles.

Saber que todas essas vidas foram arruinadas e perdidas por minha causa faz com que eu sinta uma fraqueza nas pernas e caia no chão, me curvando sobre o mesmo.

Por quê eu? O que eu fiz para merecer tanta desgraça ao meu redor?

Sinto a mão esquerda de Levi sobre as minhas costas e me viro para olhar em seus olhos, que agora são pura dor e sofrimento. Ele me estende sua outra mão e me ajudar a me levantar enquanto tentar me dar um sorriso caloroso, apesar de estar visivelmente devastado.

Quando chegamos no arco de entrada, vemos o corpo da menina loira que nos entregou os panfletos estirados no chão. Ela ainda está com os olhos, que antes eram cheios de alegria e que agora estão vazios e sem alma, abertos, então eu me agacho para fecha-los.

O caminho para o Castelo foi regido por um silêncio atroz e impiedoso que destruía a sanidade de qualquer um. Chegando em nosso destino, decidi de desatar dos braços de Levi e ir para o meu quarto, preciso ficar sozinha. Entro no cômodo, me sento em um lado da cama e começo a fazer o que faço de melhor, me corroer.

Me corroer de culpa por saber quanto sangue há em minhas mãos, me corroer de ódio ao ver tanta maldade e me corroer com um desejo de vingança que está começando a me tomar.

Não demora muito para que eu ouça a porta se abrir e para que eu sinta a cama afundar no meu lado direito. De cabeça baixa, olho para o pulso de quem está ao meu lado e vejo uma pulseira grossa de couro, só Ivan usa isso. Me curvo para o seu lado para encostar em seu ombro. Como resposta, ele passa seu braço direito em torno dos meus ombros e começa a mexer no meu cabelo, tentando me acalmar.

   — Quem vai ser o próximo? — Digo aleatoriamente, sem esperar resposta.

   — O próximo à que? — A voz de Ivan está mais baixa e grave que o comum, é quase como um sussurro.

   — A morrer por minha causa. A sofrer por minha causa.

   — Lucy, a culpa não foi sua, eles… — Eu o interrompe.

   — Eles vieram atrás de mim, queriam me levar. — Pensei que essa notícia o deixaria desconfortável, mas acho que não. Ivan permaneceu estático, apenas acariciando meus cabelos, que estão com cheiro de fumaça e mofo.

   — Eles viriam de qualquer jeito, se não fosse hoje poderia ser amanhã ou em qualquer dia. Não tinha como você saber. — Sem ligar muito para o que ele falou, eu me atiro em seus braço e o abraço o mais forte que eu consigo. Eu preciso disso.

   — Eu quero chorar. Eu não consigo, mas eu preciso tanto chorar. — Afundo meu rosto em seu ombro, sentindo um nó enorme na garganta, e ele apenas me abraça mais forte.

Deus, como isso dói!

Ficamos assim até que o cansaço me toma de tal forma que a única coisa que me lembro é ser de ser deitada na cama e adormecer abraçada com Ivan. Nunca percebi o quanto esse calor me fazia falta. Nunca percebi a quanto tempo meu coração não batia desse jeito. Ivan está se tornando essencial para mim. Isso é perigoso. Para mim e, principalmente, para ele. Ivan, está se tornando meu demônio protetor.

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