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𝕮𝖆𝖕𝖎𝖙𝖚𝖑𝖔 17 - 𝕿𝖗𝖊𝖎𝖓𝖆𝖒𝖊𝖓𝖙𝖔 𝖉𝖊 𝕱𝖊𝖗𝖗𝖔

''O pulsar em minhas veias é o que me recorda sobre a minha vida. Às vezes sinto o peso em meu peito oscilar e suavizar momentaneamente. E em dados lampejos de tempo, ver o piscar da minha luz aparecer diante de meus olhos. Mas ainda há perigo. A luz pode indicar a salvação da vida ou na morte alma.''

Lucy Vaughan

Minhas lembranças da minha família vagam pela minha mente e se entrosam com as minhas preocupações. Percebo que a mente de Ivan também está tão perdida quanto a minha. Apesar de seus óculos escuros, que me incomodam um pouco, posso sentir o local vazio e obscuro em que seu olhar está. Estamos há dez minutos sentados nesse banco de madeira crua em um canto escondido do refeitório de paredes de tijolos. O local é amplo e comporta uma grande quantidade de mesas, apesar do número de homens aqui não passar de 60 - o que é preocupante, visto que esse é o refeitório do exército desse lugar. Eu e Ivan estamos comendo, silenciosamente, nosso café da manhã até que ouvimos alguém nos chamar.

   — Ei Guardiões    — É um menino que aparenta ter a nossa idade. O cara negro é da minha altura e não parece possuir um físico muito forte, apesar de seus olhos cor de mel exalarem uma confiança impactante. Ele mal chega até a minha mesa e já se senta ao meu lado, quase colado no meu braço. Me afasto e mantenho a distância adequada para conversar com um estranho. — Eu e meus amigos românticos estávamos te olhando e decidimos chamar vocês dois para sentarem lá com a gente. — Eu e Ivan nos olhamos sem saber o que responder, enquanto o mesmo ajeita os óculos, em desconforto.

   — Vocês querem nossa companhia para conversar ou apenas para babar em cima dela? — Ivan destrói o breve silêncio à pouco implantado, o que assusta o rapaz ao meu lado. Sua irritação sendo tão transparente quanto a água de praias paradisíacas.

   — A-Ah, não, não, me desculpe por favor. — O menino parece ter caído em terra firme abruptamente quando percebe a situação que causou. É visível que ele é um só gatinho medroso e pacífico. — Me perdoe, essa não foi a minha intenção. Aceno com a cabeça, aceitando suas desculpas, o que o deixa aliviado, e aceito seu convite.

O cara de nome desconhecido nos leva até uma mesa com mais sete meninos, todos com um uniforme militar igual ao que nos foi entregue, apesar do meu ser maior por, evidentemente, não ter sido feito para uma mulher. Por ser um ambiente que me deixa incomodada, decido me sentar na ponta, ao lado de Ivan. Os meninos começam a falar sobre as lutas que estão aprendendo e decidem incluir Ivan no papo. Ele se mostra relutante no início, mas não demora muito para que se sinta mais à vontade e seda a roda de conversa, onde os meninos o ensinam a teoria de alguns golpes.

   — Qual é o nome de vocês mesmo? — Pergunta um menino de cabelos escuros e olhos roxos, como os de Renne.

   — Me chamo Ivan. — Responde ele, enquanto me dá uma cotovelada para que eu me apresente. Pensei que ele me pouparia essa interação social e faria isso por mim.

   — Lucy. — Sou sucinta, mantendo o foco no meu prato de ovos com torradas.

   — Nome bonito. — Seus olhos ametista se perdem em meu rosto.

   — Igual à dona. — Diz o menino que nos chamou.

   — Rhayon! — O rapaz de olhos roxos volta de seu transe e o repreende.

   — Que foi? Ela é uma gata, até você acha isso Levi. — Ele fica vermelho de vergonha com uma afirmação do amigo.

   — Enfim ... Vocês sabem alguma luta? — Levi prossegue, tentando mudar de assunto e afastar o constrangimento.

   — Não sei nada de luta. Estou há quase 1 ano sem praticar nenhum exercício. — Conta Ivan

   — Em resumo, um bicho preguiça. — A piada de Rhayon arranca risadas de todos na mesa, até mesmo as minhas.

   — Bem, você vai ter que se esforçar então, mas podemos treinar de tarde se vocês quiserem. — Levi se prontifica.

   — Eu agradeço, mas creio que Lucy não precisa de ajuda. — Ele olha para mim, dando risada, e recebe um olhar mortal em troca. Maldito seja você Ivan!

   — O que você sabe fazer Lucy? — A pergunta de um garoto de cabelos castanhos faz todos concentram seus olhares em mim. Limpo minha garganta e endireito minha postura.

   — Luta, arco e flecha, espada e autodefesa. — Digo sem muita ênfase. E que comessem os burburinhos na mesa.

   — Sério? Caramba! Então vai ser tudo mais fácil para você né.

   — É, talvez...

Conversamos por uns minutos até escutarmos um sinal tocar e sermos levados até o campo de treinamento. O espaço é muito vasto e bem equipado, contando vários tipos de armamento, como estruturas para tiro ao alvo com arco e flecha e diversos tipos de espadas. No lado esquerdo tem um estábulo com vários cavalos lindos que estão sendo alimentados. Enquanto isso, mais à nossa frente, Rutts está nos chama e diz que, por hora, treinaremos separados dos outros. Ele nos explica que as habilidades de um guardião são muito maiores que alguém comum por terem o sangue místico em sua totalidade.

Começamos nos alongando e aquecendo nossos músculos quando nosso treinador decide nos dividir. Ele fica com Ivan a manhã toda para ensiná-lo os golpes básicos de luta enquanto eu retomo meus movimentos de espada. Eu estava com tanta saudade de usar uma espada que ao tocar em seu cabo de metal revestido de couro sinto uma corrente elétrica percorrer meu corpo.

Vou até um tronco de madeira e começo a me preparar rodando a espada para que meu pulso se acostume com o peso do objeto e o manuseie melhor. Começo com movimentos básicos como o "Guarda e Swing", que é um meio-termo que protege o corpo e, ao mesmo tempo, permite o ataque rápido. E, quando menos percebo, já estou empolgada destruindo o tronco enquanto pratico chutes e socos no saco de pancadas fincados em uma base metálica, usado como boneco sparring. Apesar de estar enferrujada, a adrenalina que corre em minhas veias irriga meus músculos com as memórias dos meus treinos.

Estava entretida na luta quando ouço Rutts me chamar para me testar em luta corporal.

   — Venha com tudo. — Sigo seu pedido. É hora de honrar o treinamento que recebi.

Ele começa me atacando com um soco, mas desvio facilmente enquanto tento acertar um chute na lateral do seu troco, que é barrado por suas mãos defensivas. Ele me empurra para longe e eu retorno tentando acertar um soco em suas costelas, mas ele também segura esse ataque virando meu pulso e me jogando no chão. A dor é aguda e nova para meu corpo, no entanto não é o suficiente para me parar. Continuo com meus ataques sem sucesso ao mesmo tempo que vários golpes de Rutts me atingem – nos ombros, nas mãos, no estômago. Estou caída aos pés dele quando minha competitividade me força a pensar, até me lembrar de um ataque que é certeiro. Minha tia o chamava de furacão terrestre. Me levanto com dificuldade, surpreendendo meu oponente, que com certeza pensou que eu desistiria, e tomo uma boa distância. Ele sorri com sarcasmo e vem em minha direção, com os punhos prontos para um soco de nocaute. Quando estamos próximo o suficiente, eu pulo com a perna direita esticada para um chutar seu rosto com o pé direito, e, girando meu corpo no ar, acerto outro chute em seu rosto com o pé esquerdo. Sempre soube que o segundo chute é mais forte, mas não achei que Rutts fosse ser arremessado em direção ao estábulo, onde, por sorte ele cai em um monte de feno. Todos correm até ele para ver como ele está. Vou até ele também e percebo que todos estão olhando para mim, mas não só para mim. Olho para trás e vejo Ivan ao meu lado, só com os óculos de grau, mostrando seus lindos olhos coloridos que assustam algumas pessoas.

   — O que aconteceu com ele? — Pergunta Ivan, ainda com o arco e flecha, que foi deixado para pegar intimidade, em punhos

   — Ele me pediu para ir com tudo, só fiz o que me foi. — Estou arfando e sentindo com muito mais intensidade a dor dos machucados que esse embate me trouxe à medida que a adrenalina vai se esvaindo do meu corpo, Encaro minhas mãos, pensativa. Sempre me disseram que eu era forte, mas não pensei que era tanto.

   — Mas precisava ir tão forte?! — Ele exclama, pasmo.

   — Está tudo bem. — Diz Rutts, se levantando com a ajuda das pessoas a sua volta. — Eu já sabia que isso podia acontecer.

   — É por isso que não podemos treinar com os outros, não é? — Indaga Ivan. O incomodo em voz é visível, mas não consigo decifrar o que o perturba.

   — Exatamente. Mas isso foi bom para avaliar vocês. Vamos ter que mudar a nossa estratégia. Ivan você vai fazer o início do seu treinamento com os meninos, já que seus golpes são básicos e ainda não usam tanta força. Já você Lucy ... Você terá um treinamento bem mais intenso. — Com um pouco de dificuldade, ele vai até um dos cavalos e solta um longo suspiro. Decido segui-lo para me desculpar adequadamente. — Parece que Maggie fez um bom trabalho — Ele murmura para si mesmo, mas eu o ouço muito bem.

   — Maggie? Você conheceu minha tia Maggie? — Ele me olha atordoado, aparentemente não queria ser ouvido.

   — Conheci, nós... treinávamos juntos quando éramos mais novos. Éramos bons amigos — Seu olhar se perde e se mostra estar coberto por uma nuvem de pensamentos e memórias ruins enquanto ele acaricia a crina do cavalo malhado que está ao seu lado.

   — Como ela era?

   — Linda e genial. De espírito livre e selvagem. Muito parecida com você. — Uma sorriso meigo e nostálgico aparece no rosto de Rutts. Sinto minhas bochechas queimarem levemente. Sempre admirei minha tia e sinto muito saudade dela. Desde que ela se mudou para os Estados Unidos depois da morte da minha avó, nós não nos vimos mais. Me alegra muito saber que sou parecida com ela.

   — Sabe andar? — Ele aponta para o cavalo.

   — Não — Ele me estende a sua mão e guia a minha até a pelugem rala e macia do animal. Ele é manso.

   — Amanhã vou ensinar você e Ivan a andar a cavalo. Será importante na hora da guerra. — Nesse momento meu sorriso desaparece. Sei que preciso, mas não quero lutar ou matar. Não quero mais sangue nas minhas mãos.

   — Temos mesmo que lutar? Não há nenhuma alternativa?

   — Infelizmente não. Os Petriz são sanguinários. Se mandássemos alguém para negociar a paz com eles nós receberíamos a cabeça desse alguém em uma bandeja como resposta. — Meu sangue gela em saber que alguém seria capaz de tamanha crueldade.

   — Mas Ivan não é assim.

   — Por que ele cresceu com os humanos de bom coração. Não foi corrompido pela maldade que seu sangue carrega.

   — Isso muita idiotice. — Ele se assusta com minha entonação arisca.

   — Como assim?

   — Toda essa história de sangue. Parece que nós estamos pré-destinados a sermos de uma forma específica por causa de uma linhagem sanguínea. — Ele permanece em silêncio, me ouvindo atentamente. — O que torna uma pessoa má não são suas origens ou o seu sangue, e sim as suas decisões de vida.

Dito isso eu saio e vou ao encontro de Ivan, mas desisto ao vê-lo com os outros rapazes. Eles não demonstram aversão com sua aparência ocular e tratam como igual. Nesse momento um pequeno filme passa diante de meus olhos e percebo o quanto me fechei para tudo e todos. Estava tão focada nos meus problemas que acabei ficando colada e sufocando ele, sem pensar no seu sofrimento e preocupações. Ele tem sido um ótimo companheiro e merece amigos tão incríveis quanto ele.

Volto para o refeitório para pegar um pouco de água e olho para a janela. À poucos metros daqui está o jardim. Quando o vi pela primeira vez estava escuro então não pude admirar e contemplar toda sua riqueza e beleza. As flores são tão delicadas e de cores tão vivas que parecem ter sido pintadas à mão. Nos caminhos de pedras claras tem alguns banquinhos e balanços pendurados nas árvores. Acho que já achei meu cantinho de paz no meio desse tormento.

Sou tirada de meus devaneios por uma voz grave e macia. É Levi. Ele é bem mais alto e mais forte que eu, mas parece ser alguém frágil e tímido.

   — É lindo não é? — Ele se refere ao paraíso das flores que está na nossa frente.

   — Muito. — Estou distraída com a paisagem.

   — Foi o primeiro lugar do Castelo a ser construído. A Rainha da época amava flores e queria torna esse lugar seu recanto.

   — Você parece saber bastante sobre o Castelo.

   — Sim. Eu nasci aqui, então sei bastante.

   — Todos os Angales moram aqui?

   — Não. Apesar de sermos um povo pacífico, nós sempre estamos sujeitos a uma guerra, então muitos optam por ir viver com os humanos.

   — E os humanos não podem entrar aqui?

   — Não. Nosso mundo é cercado por um tipo de domo. Só quem tem sangue Angales pode entrar.

   — Entendo...

   — Você parece ser bem calada. — Diz ele, enquanto se senta em um dos bancos

   — Sou um pouco, principalmente com quem eu não conheço. — Vendo pela expressão que Levi fez, eu acho que essa frase soou de forma grosseira. — Mas sou mais falante com os meus amigos. — Tento melhorar a situação, mas acho que acabei piorando. Ele ri e se levanta.

   — Bem, muitos são assim. — Ele vai em direção a porta da área de treinamento. — Sabe, hoje à noite terá o festival de primavera no vilarejo. Quer vir comigo?

   — Hum ... Não sei. — Por alguma razão eu fico pensando na reação de Ivan.

   — Bem, se você mudar de ideia me encontre na porta do Castelo às 18:30, ok?

   — Ok — Nós saímos do refeitório e voltamos ao treinamento. Treinamos até às 17:00 e somos liberados para voltar para os nossos quartos. Bato a mão nos bolsos da minha calça de treinamento e me lembro que as chaves do quarto estão com o Ivan, então decido ir atrás dele.

Ando bastante pelo Castelo atrás dele quando escuto sua voz que vem do corredor do quarto. Sigo o som até que ele se de repente para e eu, muito curiosa, vou ver o motivo de tal silêncio. Eu preferia não ver. Meu coração se aperta e eu sinto minha garganta queimar e fechar. Ivan está beijando a menina loira que levou as nossas roupas e comidas quando chegamos aqui. Ela é tão pequena que precisa ficar na ponta dos pés para beija-lo. Aproveito que eles não me viram e saio correndo. Por que estou me sentindo assim? Em que momento eles se conheceram de verdade? Quando ele conversaram e... entendi. Eles se conheceram ontem, depois que eu o coloquei para fora do quarto. Meu coração está acelerado, minha respiração está fora de ritmo e minha cabeça não para girar.

Não sei para onde estou indo, só sei que no caminho eu acabo encontrando Levi. Ele está com uma roupa casual cinza e com os cabelos molhados, provavelmente de um banho recente.

   — Levi! — Ele se vira para mim, levemente assustado, mas logo se acalma ao me ver.

   — Oi Lucy. — Ele prontamente se vira para mim, surpreso com meu chamado.

   — Eu vou ao festival com você — Os olhos roxos de Levi brilham como estrelas e seu rosto se ilumina, mas ele tenta se conter e manter uma pose séria, contentando-se apenas com um sorriso sutil.

   — Ok, passo no seu quarto às 18:30.

   — Você sabe onde posso pegar outra chave do meu quarto? — Deve estar claramente agitada.

   — Sim, mas o que aconteceu com a sua?

   — Eu perdi. — Minto, mas ele não percebe e assente com cabeça, me levando até o armazém para que eu pega uma chave reserva.

Menti para ele por que não me sinto nem um pouco à vontade em falar o nome do Ivan. Esse é o nosso terceiro dia aqui e ele já está ficando com uma menina! Imbecil! Bem, mas se ele pode se divertir eu também posso. Vou sair com Levi e veremos no que vai dar, uma única coisa que eu preciso fazer é não me apegar para não me machucar.

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