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𝕮𝖆𝖕𝖎𝖙𝖚𝖑𝖔 15 - 𝕹𝖔𝖘𝖘𝖔 𝕾𝖆𝖓𝖌𝖚𝖊

''O gosto amargo do sangue já não me incomoda mais depois daquele dia. Os ventos das madrugadas frias e solitárias não me arrepiam mais, ou pelo menos, não como você me arrepiava. Minha lágrimas secaram há tanto tempo, que hoje já não sabem mais o caminho para os meus olhos vazios. eu edredom já foi lavado tantos vezes que o cheiro do amaciante se sobressai ao seu. Não consigo mais sentir sua presença ao meu lado. Mas deve ser porque estamos em planos diferentes. Perdoa-me, mas eu morri na terra e ninguém percebeu isso para me enterrar''

Lucy Vaughan

O gosto que emerge de minha garganta ardente é como fél. Os músculos dos meus braços tencionam ao ponto de doer imensamente enquanto meu sangue congela nas minhas veias e meu corpo paralisa. Sinto minhas pernas tremerem, enfraquecidas pela tristeza e o ódio que me corrói por dentro, e não demora muito para elas cederem e me fazerem voltar a sentar na cadeira de madeira escura e forro bege. Meu corpo se vê tomado pelo cansaço do trauma e por uma dor quase irreal que me assola o peito e me arranca o ar.

Vejo Ivan se inclinar na cadeira e, com seus olhos vermelho e azul, me lançar um olhar que emana preocupação. Levanto um pouco a mão como sinal de que só preciso de um pouco de tempo. Ou talvez, muito tempo. Talvez eu precise do tempo eterno que não tenho. Talvez uma vida inteira não seja o suficiente para mim e minha mente ensanguentada.

Ele entende e volta para seu assento, em silêncio. Os adultos - ou melhor, Renne e Theodora – não levam muito tempo para retomar suas explicações governamentais, mas a essa altura a minha tempestade emocional já tampou meus ouvidos e me cegou completamente, dando espaço apenas para minhas memórias. Não há como pará-las, elas já me possuíram. Só me resta deixar que elas naveguem pelos meus neurônios e me façam reviver aquele fatídico e mórbido dia. O dia da morte de Dylan.

O dia da minha morte.

3 anos antes – Golspie High school

É difícil estudar aqui. Atravessar o corredor enquanto o olhar sombrio e sem empatia de pessoas que me odeiam gratuitamente me segue sem nenhum resquício de cuidado. Nos dias atuais quem não se adequa aos gostos e costumes padrão dos adolescentes sofre nas mãos dos mesmos. O tártaro é terrestre, mas ninguém percebe. O que me acalenta a alma é saber o que está no fim do corredor vindo em minha direção. Meu namorado Dylan.

Nossa vida e nosso relacionamento é um verdadeiro romance clichê. Ele é um dos jogadores principais da escola e tem uma aparência bem previsível para quem lê livros de romance. Com 1,80 de altura e seu corpo forte que atraí todas as garotas da escola e que as faz cochicharem e suspirarem apaixonadamente. No entanto, ele tem um diferencial apaixonante; a personalidade. Ele não é babaca como os amigos dele, ou melhor, colegas. Além de ser gentil com todos e respeitar ao máximo as pessoas. Sua delicadeza com as palavras que usa para me elogiar parece o carinho de uma pena sob minhas bochechas e que se estendem pelo meu maxilar.

Nos conhecemos em um grupo de literatura do qual eu fui praticamente forçada a participar pela nossa professora de literatura que me tinha como aluna preferida. Ele apareceu lá todo sorridente e animado, e logo encantou a todos, até eu. Começamos a conversar e descobrimos que temos muito em comum, como a paixão por literatura fantástica, a curiosidade pela história do mundo e o passatempo, ver séries policiais.

Mas nem sempre a nossa relação foi fácil. Eu era extremamente insegura com meu corpo e meus "amigos" daquela época não me ajudavam nada com seus comentários tóxicos e suas piadas de mal gosto. Ele foi muito paciente e compreensível comigo, tendo sempre me esperado e me aceitado como eu sou, o que elevou minha autoestima e me fez sentir amada. Ele foi meu primeiro beijo, meu primeiro ficante e meu primeiro namorado. Quando assumimos o namoro há 9 meses todos da escola foram contra, mas isso não nos importava. Estamos felizes e nos amamos, então o que os outros pensam não nos interessa.

   — Oi, minha pequena — Ele vem até mim com um sorriso extraordinariamente branco e encantador que contrasta lindamente com a pele bronzeada pelo sol dos treinos. Seu braço esquerdo envolve meus ombros e, levantando meu queixo com a mão direita, me beija carinhosamente.

   — Oi, meu amor. Eai, como foi a jogo ontem? — Retribui seu gestos de amor.

   — Bem... — Ele faz uma falsa expressão triste — Nós ganhamos! — Seu lindo sorriso se expandem e seus olhos castanho-claro resplandecem toda sua alegria e satisfação.

Chegamos na sala e temos o início de dia mais normal possível, até chegar a terceira aula. Como somos os representantes do grupo de literatura a nossa professora nos pede para irmos até à biblioteca fazer o cartaz de anúncio de novas vagas para o clube do livro. Não demora muito para chegarmos até o nosso local de destino, que fica um andar abaixo da nossa sala e que, como sempre, está vazia. Começamos a dividir nossas ideias para o cartaz e, como sempre, eu me surpreendo com a ótima noção de estética publicitária que Dylan tem. Ficamos nisso por vinte minutos até que ouvimos uma explosão e, logo em seguida, o alarme de incêndio da escola. Saímos imediatamente da biblioteca e começamos a procurar outras pessoas, o que não resultou em nada, já que a nossa escola é imensa e a biblioteca é meio afastada de tudo.

   — Vamos por um atalho! — Ele pega minha mão e me arrasta até um corredor que dá pra uma escada de emergência enquanto tossimos muito e tentamos tapar nossas bocas e narizes. Mas nosso plano falha quando, ao passarmos pelo elevador da escola, nós podemos sentir o ar quente e vermos a luz que está saindo dele.

Sem tempo de reagir ou fazer qualquer movimento para me salvar, sinto mãos me empurrando fortemente, me jogando para longe. O elevador explodiu e a fumaça se intensificou absurdamente, tornando minha visão falha e minha respiração ainda mais precária. Escuto um barulho sutil de pedaços de vidros caindo e em seguida um gemido de dor que é cortante para meus ouvidos e, apesar de estar com a vista prejudicada, eu consigo ir até à fonte do som, Dylan. Ele deve ter sido arremessado pela explosão em direção a mureta de vidro que nos impede de cair do mezanino.

   — Você está bem? — Pergunto com muita dificuldade devido à fumaça que já se instalou nos meus pulmões.

   —Acho que sim... — Ele tenta se levantar sozinho, mas cai e podemos ver que sua queda se deve por um ferimento. Um do pedaços de vidro está fincado em sua coxa direita, que também está muito queimada e quase em carne viva e está causando um sangramento horrível. — Merda! — Dylan cerra fortemente os dentes para aliviar a dor, mas isso não basta.

   — Vem, vamos tentar achar uma saída de ar para chamar ajuda. — Coloco seu braço direito ao redor do meu ombro para que ele possa se apoiar em mim. A cada passo que dou meu corpo grita em alerta de desistência, não tenho mais forças para continuar, mas tenho que conseguir. Me assusto ao sentir algo molhado e quente na minha camisa. É sangue. Olho para Dylan e vejo seu estado por inteiro. Ele está com um corte muito profundo no lado direito seu tronco, o que está fazendo ele ficar mais fraco, só com forças para tossir mais sangue. Meu olhos se arregalam em desespero e um nó se formar em minha garganta. Não podemos descer pela escada porque os escombros da explosão barram a passagem. — Aguente um pouco, amor — Minha voz está embargada com o choro que estou tentando segurar.

Não seja uma chorona. Continue!

Encontro uma saída de ar e no mesmo momento desabo e vou me rastejando até o único ponto de luz daquele inferno. — SOCORRO! SOCORRO! ALGUÉM NOS AJUDE! — Ninguém parece ouvir, apesar de eu conseguir ouvi-los.

   — Lucy... — Dylan me chama com uma fraqueza dolorosa na voz. Meu coração se aperta e o nó se intensifica em minha garganta.

   — Eu vou nos tirar daqui, tá? — Digo colocando sua cabeça em meu colo e acariciando seus cabelos castanhos escuros.

   — Não precisa... — Ele levanta sua mão e acaricia meu rosto, enquanto me dá seu sorriso mais lindo e acolhedor que ele consegue. A paz em seus olhos me apavora. — Você já fez tanto por mim, minha pequena.

   — Nem pense nisso! — Agora eu posso sentir as minhas lágrimas, que estavam trancadas a sete chaves, escorrerem pelo meu rosto. Eu não tenho mais estruturas para segurá-las. — A culpa é toda minha! Se eu não tivesse aceitado fazer o que a professora pediu nós teríamos descido com todo mundo. Sou eu quem deveria estar nesse estado. — Meu choro de desespero agora está entre soluços e pequenos gritos. Meu curvo na direção do meu namorado para abraça-lo o mais forte que posso.

   — Lucy, eu quero te dar isso antes de ir. — Ele pega uma caixinha de veludo vermelho de seu bolso e a abre. — Eu queria te dar isso semana que vem, para comemorar o nosso 10° mês de namoro.

   — É lindo... — Pego seu presente e o agradeço beijando sua mão. É um colar com um pingente em formato de floco de neve que eu imediatamente coloco no pescoço.

   — Faz um favor pra mim? — Sua voz está enfraquecendo.

   — Sim, claro.

   — Deixa eu ouvir aquele poema que você estava fazendo ontem.

   — Claro... — Tento me acalmar para lembrar com clareza das minhas palavras.

Tu és refúgio para a carne mutilada.
É calor para um coração dilacerado.
E conforto para um alma que padece em tristeza e dor.
É deleite para olhos cansados que precisam de amor.
Tu és uma harmonia tão perfeita que, mesmo em solo infértil, é capaz de fazer nascer as mais belas rosas.
Rosas vermelhas como o sangue, nosso sangue, que um dia se fundiria em um só ser.
Também é a cor do sentimento mais puro, belo e trágico que existe.
Mas a rosa morreu, por causa do seu destino cruel.
E eu fui junto com ela, eu jurei sempre estar com ela.

E foi só ao fim desse trecho doloroso demais de se lembra que eu vi toda a minha alegria ir embora, junto com Dylan, que adormeceu eternamente durante minhas palavras, em meus braços. Me recuso a acreditar nisso.

   — Dylan... Dylan... Dylan acorda, por favor acorda! — Vou mais perto da saída de ar e grito com todas as minhas forças. — SOCORRO! — Apesar da minhas voz entrecortada pela choro, o barulho lá fora diminui, alguém deve ter ouvido — SOCORRO! — Parece que só agora eles ouviram. — Eles estão vindo meu amor, eles estão vindo. — Passo a mão em seu rosto e, com as bochechas molhadas por lágrimas, decido me juntar a ele. Morreremos juntos. Só espero que meus pais me perdoem por isso. Coloco Dylan deitado e meu deito em seu peito, esperando minha morte chegar. Fecho meus olhos e então apago, ao lado de quem amo.

No dia de hoje

Descobriram que o incêndio foi criminoso e só revelaram o rosto do desgraçado que fez isso. Um rosto magro e pálido que tinha como elemento chamativo os olhos verdes brilhantes. Desde aquele dia eu decidi enterrar todo o meu passado. Mudei de escola e de cidade para aonde ninguém me conhecia. Exclui todas as redes sociais que eu tinha e jamais voltei a baixá-las para não correr o mínimo risco de ser encontrada.

Aos olhos de todos eu sou só uma menina insensível e até fria com todos e alegre apenas com meus amigos. Uma pessoa de vida boa sem cicatrizes. E eles estão certos. Minha vida é boa e eu não tenho cicatrizes, até porquê essa ferida ainda está em carne viva e a cada dia me deixa com menos vontade viver. Até hoje quando olho para as minhas mãos, posso vê-las sujas de sangue e não importa o quanto eu as lave, o sangue nunca sai, e nunca sairá.

Depois de todos esses devaneios e lembranças sombrias eu decido me levantar e ir para o meu quarto no meio da reunião. Não tenho o mínimo interesse em sua conversa ridícula sobre anjos e demônios. Pouco me importa se meu sangue é anormal ou não, eu só quero dormir e não acordar mais, quem sabe assim 

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