Chào các bạn! Vì nhiều lý do từ nay Truyen2U chính thức đổi tên là Truyen247.Pro. Mong các bạn tiếp tục ủng hộ truy cập tên miền mới này nhé! Mãi yêu... ♥

𝕮𝖆𝖕𝖎𝖙𝖚𝖑𝖔 14 - 𝕬 𝕮𝖔𝖓𝖋𝖊𝖗𝖊𝖓𝖈𝖎𝖆

''1 dia, 2 semanas, 3 meses, 4 anos. Os fantasmas que me vigiam e as correntes que me enforcam. Ó céus, que cansaço; que peso. Meus joelhos estão tão frágeis que a qualquer momento se partirão tanto quanto o meu coração. E de mãos dadas e dedos entrelaçados com o abismo, eu espero a minha luz, a espero há 4 anos, 3 meses, 2 semanas e 1 dia.''

Ivan Millborn

Posso sentir o calor do sol preguiçoso, que se ergueu agora a pouco no céu, me despertar ao tocar gentilmente a minha pele. Minha cabeça não dói mais, mas a preocupação de não saber o que está por vir ainda tortura meus neurônios. Fico repassando em minha mente todas as teorias que eu e Lucy ficamos criando até de madrugada, descarto algumas e reavalio outras.

Por falar em Lucy, lembro-me que ela está deitada do meu lado, já que dormimos na mesma cama com a roupa do corpo, e está coberta até a cintura com o edredom lilás de algodão que nos deram. Penso em acordá-la com um susto, mas desisto dessa ideia assim que viro em sua direção; eu não tenho coragem de acabar com a rara serenidade que ela tem no rosto levemente pálido.

Para mim, Lucy é uma verdadeira incógnita. Ela é alegre e sorridente, mas parece carregar um fardo gigantesco que a dilacera todos os dias. Me pergunto como alguém que a olha nos olhos não consegue ver isso. É o mais forte furacão e o mais intenso tsunami, podendo destruir o que for, basta ela querer. Parece que o sono é o único momento do dia em que sua mente e seu coração entram em harmonia e a possuem com a calmaria. Opto por apenas ficar ao seu lado, observando os raios de sol, que entram no quarto através da porta francesa, darem a sua pele delicada um tom alaranjado e sutilmente brilhante.

Ao tomar conhecido dos meus pensamentos românticos, minha mente começa a entrar em debate. Tenho medo de começar a gostar dela e acabar me machucando de novo, já que, tirando esse sequestro, tudo é igual à última vez em que eu me apaixonei. Não sei se quero correr esse risco, nem mesmo se for com ela. Meu cérebro diz que eu não suportaria outra queda, mas meu coração quer tentar pular do mais alto lugar se for segurando sua mão.

Antes que eu pudesse tomar essa decisão em relação a quem eu devo ouvir, vejo que Lucy começou a despertar. Ela respira fundo e abre lentamente os olhos até se acostumar com a luz matinal do sol. Ela se assusta e cora ligeiramente ao ver que eu estou encarando-a sem nenhum cuidado ou timidez.

   — Bom dia... — Diz Lucy. Miserável! Ela sabe dominar muito bem seus sentimentos. No mesmo momento em que percebeu a situação em que se encontrava, ela assumiu sua pose descontraída com um sorriso zombeteiro com um toque de provocação, ouso dizer, que se sobrepõe à face menina fofa e tímida que estava aqui segundo atrás.

   — Bom dia. — Respondo enquanto me levanto, após o breve tempo de hipnose no quando eu estive imerso, e vou até à sacada majestosa e cerca branca com detalhes arredondados de metal bem feitos.. Parece que o ponto forte da economia desse lugar são as flores, principalmente as rosas vermelhas, que estão mais distantes daqui, mas ainda são visíveis. Fico um tempo observando a bela paisagem.

   — Aqui é lindo não é? — Com a voz saindo quase como um suspiro sonhador, Lucy surge ao meu lado com um roupão longo de cetim creme e uma xícara de café. — Trouxeram roupas e comidas. — Ela aponta com a cabeça para uma menina pequena de cabelos loiros bem presos em um coque baixo que está perto de uma poltrona dobrando algumas roupas. Vou até o carrinho com café da manhã e eu e Lucy desfrutamos da refeição que trouxeram. Eles devem ser muito ricos, já que até agora nós só tivemos fartura e conforto.

   — O senhor Lingston mandou avisar que a conferência será às 17:00 e que os senhores podem andar pelo Castelo acompanhado de um dos guardas. Ele também os deu permissão para dar uma volta na cidade, caso seja da vossa vontade — Avisa, roboticamente, a menina loira, que logo se retira do quarto, fechando a porta.

Me dirijo até Lucy, que foi admirar a vista quando acabou de comer. Mas parece que nem a esplendida visão que temos é capaz de atenuar seu coração inquieto que transparece em seus lábios comprimidos e seus olhos semicerrados.

   — Parece que estamos em um Castelo e que podemos sair. — Me debruço sobre a cerca enquanto ela me olha com frustação.

   — Que merda é essa que está acontecendo hein? Um Castelo? Por acaso nós somos prisioneiros de luxo da idade média? — Lucy está tão irritada com toda essa confusão, quanto eu, mas agora ela não quer não quer mais esconder isso.

   — Eu não sei, mas acho que vale apenas sairmos um pouco, vai que descobrimos algo? — Ela suspira pesadamente e me olha com desistência.

   — Então o que estamos esperando para sair um pouco daqui?

Nos trocamos com as roupas que trouxeram e na hora de sair do quarto ouço Lucy, que está dentro do closet, gritar para mim.

   — Eu não vou mais! — Isso é o que eu chamo de revolta súbita.

   — Por quê?

   — Eu me recuso a sair assim. Estou parecendo um cupcake gigante! — Não pude conter a risada ao imaginar a cena e sua cara de indignação, mas tenho certeza que se ela me visse rir, me xingaria na hora.

   — Vai, deixa eu ver. Às vezes não está tão ruim.

   — Se você rir eu vou te dar uma voadora! — Ela sai e sou eu quem quero dar uma voadora nela.

Claro que não é o estilo que ela deve estar acostumada usar e por isso odiou a roupa, mas essa maluca estressada está linda! Seu vestido longo até os pés é azul-claro e parece ter sido feito sobre medida para ela. O corpete afina sua cintura e o decote reto, que se parece com um top, é "puxado" por renda transparente no peitoral que está costurado a uma fita amarrada no pescoço. Na saia rodada tem o desenho delicado de algumas flores, como rosas e tulipas brancas. Simplesmente deslumbrante. Mas, aos olhos dessa menina marrenta, parecer uma princesa é um ultraje.

   — Não falei? Eu estou igualzinha a um cupcake!

   — Para de ser exagerada, você está linda. — Continuo rindo, mas pela cara que ela faz é possível ver que esse elogio a pegou de surpresa. — E como eu estou?

    — Idêntico à um personagem de novela de época. — Não posso discordar. As roupas que me deram parecendo ter sido usadas por algum nobre inglês do século XIX. Uma calça preta justa acompanhada de uma camisa creme com o colarinho para cima e um casaco preto com ombreiras que se fecha na minha cintura e um sobretudo que se estende até a parte de trás dos meus joelhos. A única parte que realmente se destaca no conjunto dessa obra são meus óculos escuros, a única coisa minha que me foi devolvida.

Passamos a tarde inteira no vilarejo humilde que podemos ver do nosso quarto e nós chegamos à conclusão que este lugar está parado no tempo. Aqui a música, a dança, a culinária, os costumes e tudo mais parece que está parando na era medieval. Passamos por uma grande rua comercial com padarias, lojas de roupa, floriculturas, onde, inclusive, um senhor nos informou que a cidade se chama Radiiville. Depois de andarmos muito por aqui, nós somos chamados por uma das pessoas que trabalha no Castelo, parece que a tal conferência vai começar.

Entramos em um enorme salão que parece ter vindo da história da Cinderela. Com paredes altíssimas de cor laranja pastel com arabescos dourados e cortinas brancas como neve, a luz do lustre de cristal que está sob nossas cabeças se torna anfitrião. O teto é repleto de desenhos de anjos e flores que se misturam com algumas imagens de batalhas. Abaixo de nossos pés, um extenso tapete vermelho que vai da entrada até uma plataforma que se eleva por mais três degraus e exibe um trono nas cores branco e dourado com moldes de mais flores no braço do assento, que parece ser feito do ouro mais puro já encontrado.  A riqueza ostentada nesse ambiente é avassaladora. Olho ao redor enquanto ando e percebo que, quase encostados nas paredes laterais, se encontram vários guardas de postura bem ameaçadora. Eles carregam na cintura o que parece ser uma enorme espada e, amarrado atrás das costas, um arco e flecha. Sem muito tempo para ficarmos maravilhados com o local, somos levados até uma enorme mesa central que, apesar do tamanho, contém apenas 6 cadeiras.

Na cadeira mais bonita e bem feita está sentado um homem de cabelos ondulados loiro escuro e olhos roxos como ametista. Ele parece estar se divertindo ao conversar com o homem gordo e calvo de barba cheia que está ao seu lado. Eu e Lucy nos sentamos lado a lado, por segurança, e esperamos até que alguma boa alma decida falar conosco. Depois de poucos minutos uma mulher, aparentemente com seus 40e poucos anos, que eu nem havia reparado que estava presente, decide dar o ar da graça. Seu rosto, que antes era coberto por um chapéu roxo grande e chamativo, como seu vestido até os joelhos, com ondulações na aba, agora está erguido, se tornando muito visível. Ela é idêntica à mulher que falou com Rutts fora da sala no dia do meu acidente. Olho para Lucy para confirmar minha teoria e, só pela expressão assustada que está em seu rosto, eu já pude ver que não estou enganado.

   — Já são 17:02. Será que podemos começar essa conferência? — Sua impaciência parece borbulhar.

   — Acalme-se senhora L'amuff, a mesa ainda não está completa, ainda falta o... — O homem calvo é interrompido pela entrada brusca - e dramática - de um outro homem, que parece não se importar com o seu atraso. — Ah, lá está ele. 

A pessoa atrasada roda a mesa cumprimentando todos com um sorriso confiante, menos eu e Lucy, que parece atônita. Não entendia o motivo dessa tensão dela até olhar bem para o homem que acabou de entrar e que agora está sentado na nossa frente. É Rutts. O que ele está fazendo aqui? Todas essas dúvidas e todo esse mistério já estão começando a me estressar, enquanto Lucy parece estar prestes a voar no pescoço de alguém a qualquer momento. Seu maxilar e seus ombros tensos clarificam sua sede por resposta.

   — Ok, acho que agora que estão todos aqui nós podemos começar. Bem, antes de mais nada, penso que devo um pedido de desculpas aos nossos convidados. — Começa o homem loiro olhando para nós dois. — Sei que a forma que escolhemos para traze-los até aqui não foi a melhor, mas saibam que nós tivemos que agir o mais rápido possível com base nas informações que recebemos.

   — Que informações? — Pergunta Lucy, sem pretensão de esperar mais.

   — Acalme-se, tudo terá seu momento de esclarecimento. — Assegura o homem barbudo.

   — Exatamente. — Agora o dono da palavra é, novamente, o homem dos olhos roxos que está se levantando. — Primeiro vamos às apresentações. Eu sou Renne Lingston. Sou o rei dessas terras e do povo Malach. — Ele aponta para o homem calvo que têm os olhos azuis escondidos atrás de pequenos óculos de grau — Esse é Trevis Gardens. O representante do povo Malach, ele é responsável pelos cuidados mais diretos e rápidos do povo. Ele averigua as queixas e age da melhor forma mediante a situação apresentada. — A formalidade do Rei é impressionante, apesar de ser vergonhosa para mim. Trevis abaixa a cabeça, em cumprimento. — Essa, vocês já devem conhecer, mas mesmo assim... — Renne é inesperadamente interrompido pela mulher.

   — Sou Theodora L'amuff. Controlo o nosso exército e o Castelo em vários aspectos e sou a gestora desse lugar. Praticamente a Rainha desse lugar — Ela apoia as mãos na mesa e eleva os olhos azuis gélidos para Renne em um tom desafiador que parece ser é acatado por ele, que respira fundo e estufa o peito.

   — Obrigado Senhora L'amuff. — Renne com certeza está bem incomodado com o fato de ter sido interrompido, mas releva e prossegue. — E esse é Rutts Ravens. No mundo dos humanos, vocês o conhecem como o professor de história, mas aqui ele será o tutor e treinador de vocês.

   — Como assim "no mundo dos humanos"? Vocês não são humanos? — Agora é a minha vez de falar.

   — Não Ivan, ninguém aqui dentro é ''humano''. — Rutts responde. Ele olha para Renne e Theodora. — Acho que é melhor eu contar para eles. — E, se voltando para nós, ele assume uma expressão séria e calma. — Lucy isso que eu vou falar com certeza já é de seu conhecimento, mas se mesmo assim vocês quiserem ouvir, tudo bem. Há centenas de anos existiam dois povos místicos... — Ele fica uns vinte minutos me contando toda uma história sobre dois povos, Malach (anjos) e Apófis (demônios), que entraram em guerra e tudo mais.

   — E o que tudo isso tem a ver com a gente? — Pergunto para o meu professor, ou tutor. Sinceramente, eu nem sei o que ele é.

   — Lembra que eu disse que depois de toda a guerra, Apófis e Malachs tiveram que se relacionar com humanos? Então, a cada geração que nascia o sangue desses dois povos se enfraquece, mas a cada mil anos, durante o alinhamento dos astros, uma criança descendente de Malach e uma Criança descendente de Apófis nasce com o seu sangue em total potência, podendo despertar todos os poderes que essa linhagem carrega.

   — E vocês são essas crianças. — Conclui Renne, que agora nos mira com um brilho no olhar.

   — Como assim? — Indaga Lucy, com a mesma confusão que eu nos olhos escuros.

   — Você, Lucy, é uma descendente direta dos Malach, ou seja, uma Angales. Enquanto você, Ivan, é descendente direto dos Apófis, ou seja, um Petriz. — Esclarece, nosso tutor.

   — E aqui — Continua Trevis com os braços levantados. — É como um centro Malach, onde todos descendentes dos homens Malachs que fundaram esse lugar podem viver em paz, sem o julgamento dos humanos ou a perseguição dos Apófis. — A animação em sua voz seria revigorante se não fosse constrangedora de se ver.

   — Alguma dúvida? — Agora foi Theodora quem usou sua voz.

   — Sim, muitas — Diz Lucy, que está tão confusa quanto eu. — Que lugar é esse, exatamente? Por que nos sequestraram? O que pretendem fazer conosco? E, porque o Ivan está aqui se ele é um Apófis e vocês parecem repudiar o povo dele? — Ela dispara a falar em uma velocidade que parece um trava-línguas

   — Wow, ok vamos com calma. — Rutts senta-se casualmente em uma cadeira simples e coloca os pés na mesa enquanto limpa seu anel. Renne pigarreia em protesto a sujeira que seus sapatos trazem, mas é ignorado com sucesso por todos. — Estamos em Malchville, é um lugar escondido, protegido pela magia das últimas pessoas que tiveram acesso a todo poder Malach, ou seja os guardiões. Nós pretendemos treinar e preparar vocês para suportar o poder que carregam e para lutar, caso seja necessário. E sobre o sequestro, foi a nossa única escolha, afinal de contas vocês não viriam se eu chegasse pra vocês e dissesse "Ei, querem vir comigo até um mundo mágico aonde vamos tomar um chá e falar sobre o sangue místico de vocês?" — Devo admitir que dei uma leve risada com o sarcasmo dessa última frase de Rutts. De fato nós não iriamos de jeito nenhum.

   — Você não respondeu a última pergunta Rutts. Porque o Ivan está aqui se ele é um Apófis e vocês parecem repudiar o povo dele? — Recorda Lucy, que está cada vez mais brava. Antes mesmo que Rutts pudesse fazer algo, Theodora já se levantou e começou a falar. Essa mulher tem uma mania horrível de interromper os outros.

   — O Senhor Millborn está aqui para que possamos manter o mundo em harmonia. Há uma semana, nós descobrimos o plano dos Apófis. O líder deles pretendia levar Ivan para o lado deles e assim unir poderes para que os Apófis dominassem todo o nosso mundo e, logo depois, o dos humanos. Uma das suas primeiras tentativas foi o atropelamento de Ivan. O homem no carro é um seguidor do líder deles e esperava que Ivan estivesse sozinho. Ele foi informado do trajeto de Ivan através de um informante que se instalou na sala de vocês. — Escuto Lucy sussurrar "Aquele loira" para mim. No momento me lembro da menina que queria arrumar briga com ela quando Saulo caiu da cadeira. — O segundo ataque foi na biblioteca, onde eles tentaram matar Lucy para nos enfraquecer. E o terceiro, que não foi bem um ataque, foi quando os subordinados Apófis começaram a te observar Ivan. Eles queriam ter a certeza de que iam fazer um ataque certeiro, mas nós fomos mais rápidos. — Nessa hora, lembro-me do homem estranho no dia da piscina. São tantas informações para absorver que nem sei como se sentir. É como se eu estivesse temporariamente anestesiada.

   — Começaram a observa-lo muito antes disso. — Informa minha colega de quarto. Todos, inclusive eu, a olhamos com surpresa. Ela se vira para mim a fim de me esclarecer isso. — No dia em que eu entrei no seu quarto durante aquele almoço, houve um momento em que me aproximei da sua janela e vi um homem na rua encarando seu apartamento. Bastou um segundo de desatenção para que o homem desaparecesse. — ok, agora não estou mais anestesiado, estou assustado. Se realmente tinham homens me perseguindo, será que ele não fizeram com a minha família?

Respiro fundo, muito fundo, na tentativa de me acalmar e não demonstrar meu nervosismo

   — Ele se chama Aaron De L'morr, mas seus seguidores o chamam de Lorde do Inferno. — Ela diz isso enquanto nos mostra uma foto dele.

De canto de olho percebo que a Lucy, ao ver essa foto, começou a tremer como se estivesse se segurando para não explodir, o que não adiantou nada. Ela se levanta repentinamente da mesa e, mantendo a cabeça abaixada e os olhos focados no rosto do homem que está na foto, ela diz.

   — Se vocês sabem tanto sobre nós, então deveriam saber o quão impossível é que esse maldito aqui seja o seu vilão.

   — E por que é impossível? — Pergunta Theodora, com um olhar frio como gelo.

   — Porque esse desgraçado foi preso depois de colocar fogo na minha antiga escola e matar meu ex-namorado na minha frente!

Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro