𝕮𝖆𝖕𝖎𝖙𝖚𝖑𝖔 12 - 𝕾𝖆𝖓𝖌𝖚𝖊 𝖆𝖔 𝖑𝖚𝖆𝖗
''Dando nome ao caos, adotando as trevas, criando a desgraça com filha. Diga à todos que seu podres corações não terão mais o que meter do mundo... até por que, em breve, não haverá mais mundo. Por isso, desfrutem um pouco mais da sua existência infame, já que logo ela se resumirá ao pó, ao fogo, e à minha mais pura... diversão.''
Em lugar distante.
Perto da escuridão mais profunda, onde a pobreza tem nome e sobrenome e a agonia é amiga da alma, ergue-se, à frente de uma vila miserável coberta pela névoa de fumaça do fogo eterno, um majestoso palácio de arquitetura gótica, coberto por plantas que se enraizaram e se estabeleceram por toda sua extensão, só deixando possível sabermos que suas paredes são de pedras pretas como ébano.
Logo atrás de sua porta de entrada de 3 metros, encontra-se um homem esguio extremamente pálido, de aparência mórbida e pernas longas e finas cobertas por uma roupa inteiramente preta, assim como sua capa que quase se arrasta pelo chão do salão escuro e grande o suficiente para uma festa com 600 convidados. Sua caminhada silenciosa no chão de madeira escura com passos marcados que ressoam pelo salão, tem como destino uma trono de couro preto com adornos prateados nos braços e no topo do encosto da mesma. Vemos aqui um rei sem coroa.
Atrás dele estão dois homens igualmente altos e cabisbaixos com os rostos cobertos pelo capuz preto de suas capas. Eles se dirigem rapidamente até o homem sentado e se ajoelham, em referência. O silêncio perturbador ganha mais espaço no cômodo e isso parece agradar muito o rei, mas não dura muito tempo.
— Fizeram o que lhes foi mandado? — Pergunta o homem que tem a posse do trono invejável. Os longos dedos servindo de apoio para o rosto magro e sem cor.
— Sim, senhor. — Diz o homem que está ajoelhado do lado direito do salão, enquanto o da esquerda se mantém em silêncio com o coração disparado e o suor começando a molhar sua testa.
Ao se deparar com o silêncio de um de seus subordinados, o lorde se irrita e, enquanto se curva para a frente, torna a repetir a pergunta.
— Fizeram o que lhes foi mandado? — Sua voz discretamente enfurecida é revestida por uma melodia aveludada, quase como um canto de ódio.
— Não... Senhor. — Esclarece o servo, tentando não gaguejar.
O homem, que outrora estava apenas curvado, agora se levanta elegantemente e anda lentamente em direção ao seu capacho.
— Levante-se. — Ordena para o homem que se eleva com as pernas bambas de pavor. — Você sabe o que a sua falha vergonhosa significa? Sabe a importância que essa tarefa que eu lhe confiei tem? — O homem abre a boca na intensão de responder, mas é brutalmente interrompido. — Você só precisava matá-la, só isso. Estava tudo perfeitamente planejado e arquitetado e, ainda assim, você não teve competência para matar uma adolescente de 17 anos! — Se exalta, ficando quase aos berros, o lorde com o rosto, agora, deformado pela ira. — E o pior da sua falha é que ela te viu, ela viu o rosto da fera que a atacou e com certeza ela não vai se esquecer disso nunca.
— Senhor, eu...
— Shii... — Ele coloca seu dedo indicador nos lábios cortados do serviçal enquanto se acalma, adquirindo uma expressão sadicamente pacífica no olhar que faz o criado se arrepiar de pavor — ele sabe o que está por vir. — Não precisa falar nada, eu já sei o que vai dizer. Pedirá uma chance de consertar o seu erro desgraçoso e dirá que isso nunca mais vai acontecer. Bem, devo admitir que concordo com a última fala, já que isso realmente nunca mais vai acontecer.
E foi com uma velocidade absurda e um aprumo impecável, quase como um passo de balé, que o homem sereno e rígido, pegou sua adaga e a usou para rasgar cirurgicamente a garganta da pessoa com quem estava falando segundos atrás. Um jato de sangue preto vai no rosto do assassino, que, pela expressão fria e o olhar de entretido, parece estar acostumado a matar.
— Ah, merda! Sempre esqueço que esse golpe suja minhas roupas. — Enquanto limpa a bochecha com respingos de sangue, ele se vira para o seu capanga vivo, que está visivelmente em pânico, e intima com desprezo. — Saia, idiota.
Enquanto o homem assustado sai à passos apressado, o lorde assassino se dirige a uma grande janela que permite que a luz do luar entre e encontre conforto no salão que agora está ensanguentado.
— Quem diria que um dia o sangue que dois adolescentes seria uma preocupação para mim.
////////////////////////////////
Lucy Vaughan
— Ivan! — Grito ele, que está um pouco longe de mim, com animação, mas logo me arrependo disso e sinto minhas bochechas arderem. A lembrança dele naquele dia na piscina me deixa febril. Penso que ele devia praticar esportes ou academia na sua antiga cidade para ter esse físico magro e forte ao mesmo tempo. Ivan vem até o meu encontro com sua usual expressão séria e desinteressada e as mãos no bolso, dando à ele um andar descontraído, que ele mantém até o portão da escola que está vazio já que estamos atrasados. Após poucos segundos seus lábios finalmente pronunciam alguma palavra.
— Lucy, sábado, no dia da piscina, você reparou em alguém nos olhando? — Seu olhar distante e pensativo mostra sua inquietação com o assunto.
— Falando assim, não. Como era essa pessoa?
— Alto, muito magro, e com olhos verdes que brilhavam muito e pareciam esmeraldas.
— Olhos verdes? — Ok, não é possível que isso tenha a ver com o meu caso, certo? Eu matei o bicho, que era qualquer coisa, menos um homem. Sinto a ansiedade e o pavor me tomarem enquanto tornamos a andar até a parte dos armários enquanto teorizo mentalmente em cima das poucas informações que tenho. Isso perdura até eu ser tirada de meus devaneios por um toque que, por algum motivo, fez minha pele arder. Ivan estava segurando minha mão direita e me encarando severamente. Ele continua nisso por alguns segundos e até posicionar seus olhos coloridos em meu braço e começar a analisa-lo. Sua mão esquerda levanta a manga da minha blusa de uniforme e ele vê como realmente está o corte.
— Isso aqui não foi feito por um galho. — Meu vizinho fica de frente para mim enquanto se encosta na parede, visivelmente sem pretensão nenhuma de me deixar ir até que a verdade saia da minha boca. O que é que digo? "Ah eu fui à biblioteca, me levaram em uma sala com muito livros, aí algum tipo de demônio me atacou e eu matei ele." Isso seria trágico de se falar. Para minha sorte, ou para o meu grandioso azar, nós temos nossa conversa interrompida pelo ar poluído de arrogância que emana do Saulo, que agora está na nossa frente.
— Lucy, minha gata, posso falar com você a sós? — Seu sorriso extremamente branco fere meus olhos.
— Não. — Respondo-o de forma cortante. Quando eu ia embora, o brutamontes coloca um braço do meu lado para que eu não saia.
— Escuta aqui, quando é que você vai entender que eu quero muito ficar com você?
— Isso, eu e a escola inteira já entendemos, mas eu não quero ficar nem sequer perto de você. — Passo por baixo de seu braço, conseguindo fugir de suas garras e me afastando a passos largos.
— Eu poderia ter dar o mundo! — Saulo eleva sua voz para que eu ouça bem suas palavras, decido responder no mesmo tom.
— Não preciso que alguém me dê o mundo porquê eu vou conquistá-lo sozinha. — Tendo dito isso, posso perceber o quão sem graça ele ficou, o que não me surpreende. A vida toda Saulo só pegou meninas de mentalidade submissa, do tipo que fazendo de tudo por um homem, se esquecendo delas mesmas. Eu não nasci para namoro, não quero e não posso me apegar a ninguém.
Estamos na hora do intervalo e eu não consigo saber se o Ivan já se esqueceu ou não do meu machucado. Ele não tocou mais no assunto, mas sempre que eu tenho a sua atenção, posso ver seus olhos mirando meu braço em uma preocupação sutil e genuína em seu olhar.
— Gente, alguém viu o Rutts por aí? — Pergunta minha amiga Carla, que pintou as pontas do cabelo de rosa e está a cara da Barbie.
— Eu vi ele entrando na sala improvisada dos professores. Ele parecia bem normal pra quem tinha sido acusado de um incendiar a escola. — Complemento minha resposta.
— Às vezes essa coisa de ele ter incendiado a escola foi só fofoca ou suposição. — Diz Eric.
— Vale lembrar que quem também supôs isso foi você mesmo, né. — O humor na fala de Ivan contagiou o grupo, apesar de que estou mais séria, já que estou fritando meus miolos para descobrir a semelhança dos nossos casos.
O dia de aula já havia terminado quando eu e Ivan estávamos saindo do portão quando vejo um grupo de pessoas muito estranhas, e até meio suspeitas, nos encarando. Aviso para meu parceiro de caminhada e nós decidimos ir por uma outra rua mais tranquila.
— Sabe, eu andei pensando a manhã toda sobre o cara que você disse que viu na piscina. E eu acho que eu posso ter uma resposta para isso. — Estou decidida a contar-lhe a verdade, não sei porque, mas confio nele. Ivan se mantém em silêncio e o único movimento que faz é de olhar para mim com atenção, mostrando que está disposto a me ouvir.
Mas eu não tive a oportunidade de dizer nada. Quando ia abrir a boca para dar o meu veredito, senti alguém me pegando por trás e colocando um capuz em mim, me impedindo de ver qualquer coisa, mas antes disso pude ver que pegaram Ivan e bateram com alguma coisa na cabeça dele, que caiu logo em seguida. Minha mente se embaralha em busca de uma saída e, em meio ao desespero, uso todos os golpes de lutas que eu consigo, mas ainda assim eu falho miseravelmente. Estamos sendo sequestrados e podemos morrer. Só espero que não nos matem um na frente do outro.
Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro