Tropa de Resgate
RICHARD LAURENT
Praguejavei inutilmente quando o aparelho de rastreio não funcionou. O tal Brian atendeu, inventou uma história maluca de que Kimberlly não estava com ele e que ele jamais tinha visto a garota em sua vida, e que tudo aquilo não passava de um mal entendido.
Estava disposto a voltar até aquele patife e torturá-lo quantas vezes fosse preciso até ele me dizer o paradeiro da Kimberlly.
E então meu telefone tocou...
Mellanie estava em apuros e a amaldiçoei mentalmente por me interromper, mas quando contou exatamente onde estava e como era o sujeito que ela tinha visto dentro da casa, não tive dúvidas, era o mesmo cara do mostrador do celular. Brian.
A chamada não durou nem um minuto e meio, ela abandonou a linha com um grito agudo que fez meu sangue gelar. E se Kimberlly estivesse lá? Esse tempo todo!
Teria que agir rápido e cautelosamente.
Agora eu estava no caminho para o lugar onde jurei nunca mais pisar. Odiava ver minhas irmãs em cada canto, ver meu pai pegando a lenha e saber que tudo não passava de...lembranças.
Kellan não hesitou em me emprestar o carro e não quis de maneira alguma me deixar ir sozinho até lá.
Nicholas continuaria preso até que voltássemos. Não seria uma boa ideia envolver a polícia em nada, isso poderia desesperar Brian e seus comparsas e sabe se lá Deus o que homens desesperados são capazes de fazer.
Minhas mãos tremiam tanto no volante que pensei que pudesse arrancá-lo do lugar. Meu nervosismo não passou despercebido por Kellan.
- Quer que eu dirija?
Neguei com a cabeça, enxugando o suor do rosto com as costas da mão.
O nó no estômago se apertava cada vez mais. Ela corria perigo.
Acelerei.
- Ei! Não podemos aparecer do nada! Vão estar esperando por isso.
Bem óbvio. Parei o carro na metade da estrada.
- Quais as chances de ter alguém nos observando neste momento? - Perguntei desorientado.
Quando Kellan demorou responder, olhei pra ele. Seus olhos estavam fixos no retrovisor.
- Mete o pé! ACELERA! RÁPIDO!
Não tive tempo para processar direito, simplesmente pisei no acelerador com tudo, no momento exato em que o vidro de trás se quebrou. Estavam atirando na gente. Desgraçados.
Kellan pegou o celular e um revólver no porta-luvas, me passando outro logo em seguida. Coloquei a arma pesada em meu colo. Nunca tinha manuseado uma daquelas.
- Vou pedir reforços. - Avisou, colocando o aparelho na orelha.
A estrada estava cercada, nós estávamos cercados... Quatro homens atrás, quatro na frente. Todos muito bem armados.
Kellan, que dava uma ordem ao telefone, abaixou o aparelho de vagar.
- Quando eu contar até três você vai fazer uma manobra um pouquinho arriscada, está entendendo? Vamos pegar outra rota, meus homens irão fuzilar esses idiotas. - Disse tudo isso sem fazer contato visual, sua boca mal se movimentava.
Os quatro homens da frente, portavam motos e aceleravam como loucos, fazendo um barulho irritantemente alto. Provavelmente aquela era uma tentativa de nos intimidar.
- Um...Dois...Tr...
Dei uma ré, quase atropelando os filhos da puta atrás de mim. Joguei o carro para a direita, subindo no barranco. Ignorei o estardalhaço do vidro do passageiro.
Os motoqueiros vieram em nossa cola, a todo vapor.
- Segue! Segue!
Kellan dava as ordens enquanto os motoqueiros foram brevemente despistados. Havia um balcão, à cerca de cinco minutos dali. Foi o que o pai de Kimberlly dissera e era pra lá que estávamos indo.
- O que há no galpão? - Gritei conforme ofegava.
- Quer mesmo saber disso?
Era uma pergunta um tanto idiota a dele.
- Ou então não estaria perguntando.
Ele tomou ar.
- São apenas alguns pacotes - Seus olhos se desviaram para o retrovisor - Acho que estão nos alcançando.
- Pacotes?
Eu precisava focar na estrada...Uma hora dessas Brian já estaria sabendo que tínhamos descoberto o esconderijo, pouco custava se ele decidisse se mandar dali com as garotas.
Peguei o celular de Nicholas sob o painel, estendi para Kellan.
- Liga pra ele. Vamos tentar propor um acordo. Qualquer coisa. Absolva a dívida, ofereça uma boa quantia, qualquer coisa, mas arrume uma forma de negociar.
Em poucos segundos Brian atendeu o telefone.
O acordo havia sido firmado.
Nicholas era um pateta. Um grande pateta, chegava a ser ridículo.
Desesperado com sua dívida pedira ajuda à Brian, que à tempos procurava uma maneira de derrubar Dornas/Kellan do poder.
Brian, que havia trabalhado algum tempo com Kellan, listou todos os seus pontos fracos e esperava ansiosamente pelo momento em que derrubaria o rei do tráfico. Era isso que havia no balcão, pacotes e mais pacotes de drogas. Todo o dinheiro de "Dornas Finning" era sujo.
Se Brian o tirasse do trono, lideraria, este, ele mesmo.
Então ele encontrou um babaca inocente e desesperado, o enganou dizendo que iam arrumar uma forma de colocar Dornas atrás das grades e dessa maneira Nicholas não precisaria pagar sua dívida.
Mas é claro que Brian sondou toda a vida de Dornas. Descobriu seus segredos e ao se aproximar de Nicholas também se aproximou de Kimberlly e viu nela uma maneira de conseguir exatamente o que queria. O poder.
Convenceu Nicholas à usá-la para chamar a atenção de Dornas. Brian dissera que iriam apenas negociar para que Dornas esquecesse a maldita dívida, mas a verdade é que Brian queria uma maneira de arrastar o grande rei do tráfico até ele e eliminá-lo. Aposto como Nicholas também seria eliminado.
Foi isso que conclui nas últimas meia hora.
Brian nos dera um prazo. Duas horas. Kellan devia se entregar e só assim as garotas seriam libertadas.
No momento estávamos no balcão. Kellan falava com seu "exército" de brutamontes.
Cerca de cento e poucos homens. Não eram grande coisa.
Os capachos de Brian tinham dado uma trégua ou seja, por enquanto estávamos fora de perigo. Por enquanto.
Era estúpido ficar ali sem fazer nada. Sai despercebido pela porta dos fundos. Roubaria uma moto qualquer e iria atrás de Kimberlly. Já devia ter feito isso a um tempão.
- Ei! - Um garoto saiu do balcão atrás de mim.
Aumentei o passo, porém assim que ele disparou um tiro, parei, olhando pra trás. Que diabos...
Ele não parecia muito velho. Poderia facilmente se passar por um menor de idade.
Deixei que se aproximasse.
Sua postura era fria, no entanto, descontraída, despreocupada.
Os olhos pretos como carvão eram rápidos, me avaliavam com fiel determinação como se procurassem alguma coisa.
- Posso te ajudar.
Que raios! Eu queria fazer isso sozinho!
- Só preciso trazer a mulher da minha vida de volta e não quero correr o risco de perdê-la de vez. - Qual garantia eu tinha de que quando Dornas fosse se encontrar com Brian naquela tarde, ele realmente deixaria Kimberlly livre? - Envolver mais pessoas nisso pode ser um erro.
O garoto assentiu.
- Não vai conseguir sozinho. Vai precisar distraí-los. Posso fazer isso.
Semicerrei os olhos.
- Por quê está tão interessado?
Deu de ombros.
- Meu nome é Julian Lonvery. Posso dizer que a sua garota herdou a esperteza do pai. Seria um desperdício perdê-la.
- O que quer dizer?
Sorriu largamente.
- Conheci Kimberlly Drayton a poucos dias atrás quando fui detido por assaltar uma loja, na época não sabia que a garota era filha de Dornas. Ela é uma mulher inteligente, atrevida e muito bonita, ouso dizer. Isso pode ser um ponto positivo.
- E por quê isso o faz querer ajudá-la?
Revirou os olhos com impaciência.
- Não tenho nada a perder. Você por outro lado...
Isso ainda não justificava minha pergunta. Merda, eu estava perdendo tempo ali.
- Ok. Vamos lá.
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