Algo Errado
Richard Laurent
Mellanie havia falado mais do que eu já a ouvira falar em toda a minha vida. E tinha dito a coisa certa.
Eram cinco da manhã. Eu estava em minha BMW a todo vapor.
Com o trânsito lento, em mais ou menos quarenta minutos meu carro estaria em frente à casa da Drayton.
O que eu diria quando ela aparecesse na porta? Pediria desculpas ou faria uma declaração?
Nunca tinha me declarado pra ninguém. Com certeza seria patético. Ela iria rir da minha cara na melhor das hipóteses. Na pior ela me daria um tiro.
Seria bobo comprar flores? Kimberlly não parecia fazer o tipo, "Amante da Jardinagem" . Obviamente ela apreciaria mais uma caixa de bombons. E quem não?
Depois de comprar os melhores chocolates que consegui encontrar às cinco e vinte da manhã, retomei meu trajeto ao som de Taylor Swift. Sim, Richard Laurent havia se transformado em um maricas.
Foram necessários cinco minutos, talvez mais, até que minha coragem fosse o suficiente para me obrigar a sair do carro e bater na porta.
Será que ela já estaria acordada? Eram cinco e cinquenta e três. Seu horário de trabalho começava às 7:30, se ela quisesse chegar sem atrasos teria que sair de casa às 6:35. As chances dela estar acordada agora eram grandes.
Desci com os bombons em baixo do braço.
Quando bati pela quarta vez e ninguém saiu na porta, comecei a ficar ansioso. Bati novamente.
Ok. Talvez ela só estivesse tomando banho, ou fazendo o café da manhã. Vai ver só estava ocupada...
Esperei dez minutos sem desgrudar os olhos da janela... A janela que dava para a sala. E se ela tivesse visto meu carro e resolvido que era melhor não sair?
Bati de novo, e de novo, e de novo, e mais uma vez. E outra.
Não tinha possibilidade dela já ter saído. Era muito cedo. A não ser que tivesse ido ao hospital.
O hospital...
Quando meu relógio marcou 6:43 e ela ainda não tinha aparecido, tomei caminho para o hospital. Não era possível que ela faltaria no trabalho só para me evitar.
A moça do balcão me deu bom dia e fiz questão de ignorar. Não estava com tempo para ser gentil.
Não havia ninguém sentando no fim do corredor. Bati na porta do quarto de Cibelly.
Segundos depois uma enfermeira saiu na porta.
- Pois não?
Olhei para dentro do cômodo. Dona Cecília colocava uma caneca no porta copos de sua cadeira de rodas. Cibelly foi a primeira a me ver.
- Posso...- O que eu ia dizer? - Err... Falar com ela?
Gesticulei para a mãe da Kimberlly.
A enfermeira olhou para a mulher. Não fui capaz de ver sua expressão.
Cecília movimentou a cadeira até a porta. A enfermeira deu espaço para que ela passasser. Ela sorriu em agradecimento.
A porta se fechou.
- Por aqui tão cedo?
Me sentei em uma das cadeiras de plástico encostadas na parede.
- Bom dia, me desculpe por incomodar a senhora, mas... Eu precisava vir até aqui.
Suas sobrancelhas se juntaram.
- Algum problema?
Vamos Richard, você já viu que ela não está aqui. O que vai dizer agora, hein garotão?
- Eu precisava falar com a Dray...Kimberlly. Algo meio urgente.
Anuiu, embora a confusão tenha dominado suas feições.
- Pensei que morasse no hotel. Provavelmente vocês se desencontraram, não ?
- Esse é o problema! Sai do hotel bem cedo a fim de passar em sua casa e assim fiz. Bati na porta muitas vezes,esperei até às seis e quarenta e nada. Pensei que talvez ela tivesse vindo pra cá...
Cecília negou com a cabeça.
- Não vejo a Kim desde ontem a noite quando vocês foram embora, juntos. - Destacou- Mas deixe-me entender. Você acha que ela não foi trabalhar hoje?
- Levando em conta que ela não está aqui nem saiu na hora ... Sim, eu acho.
Sua expressão se tornou preocupada. Caramba. Eu não queria preocupar ninguém.
- Não sei o que ela fez com o celular, ele não toca - Falou - Conhecendo minha filha, deve ter esquecido em algum lugar... Tem certeza que ela não está em casa?
A enfermeira saiu do quarto, sumindo no final do corredor.
- Não. Ela só não atendeu a porta. Eu não disse que ela não estava lá.
Isso pode ter soado meio rude...
Se ela se ofendeu, não demonstrou.
Retirou de dentro do bolso da saia longa um celular com botões.
- Vou ligar para o telefone de casa.
Cinco tentativas que não deram em nada.
- Oh querido! - Ela exclamou para alguém que vinha chegando.
Não era uma companhia muito desejada. Não que eu tivesse algo contra o ex-namorado da Kimberlly. Tudo bem que particularmente eu não gostava dele e tudo mais... Mas naquele momento eu só não queria que ele pensasse que eu era alguma tipo de maníaco possessivo.
Os olhos do sujeito se arregalaram minimamente quando se deparou comigo.
- Nick, você viu a Kim hoje? - Cecília perguntou.
Ele franziu a testa. Não gostei do modo como olhou pra mim ao responder.
- Não. Aconteceu alguma coisa?
Cecília explicou a situação à ele que não pareceu tão surpreso. Ao que parecia, a Drayton tinha tendência a fazer esse tipo de coisa.
- Logo ela aparece. Lembra que ficamos igual loucos atrás dela da última vez? E ela estava na casa de um amigo - Seus olhos caramelo pousaram em mim. Minhas narinas se inflamaram.
Espere... Becca! Ela poderia estar com Becca!
Procurei na agenda do celular o número do Sr.McJake. Ele estaria no hotel, saberia informar se Kimberlly já tinha chegado ou se Becca tinha ideia de onde ela estava.
Ele me atendeu no segundo toque. E para minha surpresa? Não. O sr.McJake não tinha ido trabalhar hoje. Não. Kimberlly não estava com Becca. Becca estava com ele. Não perguntei o porquê dos dois estarem juntos àquela hora da manhã. Mas eu tinha meus palpites.
Liguei para a balconista do hotel que também informou que a 'srta.Drayton' não havia chegado.
Em que diabos aquela mulher tinha se metido? Meu sexto sentido começava a apontar que não era boa coisa.
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