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CAP 33 - Sim senhor!

JULIAN NARRANDO*

A dor era insuperável  e eu não sei oque doeu mais , se foi a humilhação que eu senti , se foi a vergonha ou se foi conhecer aquela voz .

—Eu posso explicar amor . - Rhael disse me olhando, e vê-lo me chamar assim me embrulhou o estômago.

Eu me levantei em silêncio e segui em direção as escadas , eu precisava da minha cama, eu precisava chorar sozinho , estava doendo muito , como eu poderia ser tão idiota?

—Julian me deixa explicar . - o loiro veio atrás de mim e segurou minha mão.
—Oque você vai explicar Rhael ? Eu perguntei pra você essa semana se tava me traindo .. como eu sou idiota , eu idiota e você hipócrita porque ficou sem falar comigo uma semana por um beijo de quando a gente nem tava junto e agora faz isso , vai se fuder.  - eu disse irritado puxando a minha mão e entao sai das escadas indo em direção a sala , eu ainda o faria o favor de abrir a porta pra que ele fosse embora .
—Eu sei que você tá bravo . - ele diz vindo atrás de mim e eu o interrompo.
—Bravo ? - eu disse rindo em meio às lágrimas —Eu não tô bravo Rhael , eu tô puto , vai embora por favor ... Você tinha que me trair justo com ele ? Porque Rhael ?
—Você conhece o Eduardo? - ele me olhou confuso .
—Puta que pariu , Sai da minha casa caralho. - eu disse ainda mais irritado.
—Não foi pra mim aquela mensagem amor.
—Amor o cacete , foram na merda do seu celular como não foram pra você? Eu posso até ter cara de idiota Rhael mais eu não sou . - Eu disse em meio ao choro e foi quando Max veio da cozinha.
—Rhael vai embora . - ela diz calma .
—Max eu juro que eu tenho uma explicação pra isso . - ele estava com os olhos úmidos.
—Deu pra notar que ele não quer ouvir a sua explicação, vai ser melhor se você  for embora, outra hora vocês conversam melhor. - a garota diz séria.
—Eu vou explicar tudo pra você e você vai entender que eu não tô mentindo . - Rhael diz com algumas lágrimas descendo em seu rosto e então sai pela porta e Max me abraça apertado .

Assim que ela me solta eu vou em direção ao andar superior, eu me deitei na cama abraçando o meu travesseiro e ali eu chorei mais um pouco por horas a fio , o dia estava quase amanhecendo quando eu peguei no sono.

Por sorte o meu notebook da faculdade estava ali desde sexta então eu não precisaria passar na casa do Rhael pra pegar , eu me levantei na manhã de segunda sem nenhum pingo de vontade e algum tempo depois já estava pronto pra ir a aula , eu desci as escadas e estava saindo pela porta da sala quando o meu pai falou comigo .

—Eu não quis ir conversar em um primeiro momento já que possivelmente você queria ficar sozinho , mas  , eu tô aqui se quiser conversar . - Ele diz e eu então vou até ele e o abraço.

—Obrigado pai. - eu disse baixo .

Na sequência eu sai de casa em direção ao Polo,  e o primeiro lugar que eu fui foi na coordenação , eu tentaria uma troca de classe já que eu não queria ter que ouvir a voz de Eduardo,  mas infelizmente eu não consegui ,deram tantas desculpas que eu só me levantei e saí.

O caminho até a sala de aula parecia mais longo do que de costume, e quando entrei na sala o senhor Davens entrou na sequência.

—Quase ficou pra fora em Avellar . - ele diz olhando em minha direção enquanto me sento no meu lugar , eu até sentaria em outro mas estavam todos ocupados .
—Eai cara , como foi o fim de semana? - Eduardo me pergunta baixo com um sorriso largo e eu o ignoro completamente.
—Turma hoje faremos algo diferente.. Emily me fale sobre fontes do direito .  - O senhor Davens diz .

—Fontes do direito é todo modo de formação do direito, todo o documento, monumento, pessoa, órgão ou fato de onde provém a norma jurídica. - A garota diz com um sorriso largo.
—Você atrás da Emily o seu nome e nos fale sobre fontes materiais .
—O meu nome é Richard e fontes materiais são todos os fatores sociais representados pelas necessidades políticas, econômicas e culturais, bem como fatores naturais como o clima e o relevo , constituem a matéria-prima da elaboração do direito.

—você o seu nome e nos fale sobre fontes históricas. - o senhor Davens aponta uma garota .
—O meu nome é Rute e fontes históricas são todos os documentos jurídicos e coleções legislativas do passado que devido a sua importância continuam a influenciar a legislação do presente como por exemplo o código de Hamurabi.
—Eduardo.. Fontes formais . - o professor diz .
—Fontes formais são as leis, os costumes jurídicos, a doutrina e a jurisprudência, nessa ordem de indicação. - o garoto sentado atrás de mim responde.

—Julian.. costume jurídico . - O senhor Davens diz e eu me mantenho em silêncio e só quando ele pergunta de novo eu ouço seu questionamento.
—Eu não me lembro. - respondi baixo .
—Costume jurídico é também chamado de direito não escrito e é o costume frequentemente adotado com caráter obrigatório, não é fonte primária , Opõe-se à forma escrita do direito, é positivado dentro do nosso direito e uma boa definição é a prática social reiterada e obrigatória, ou ainda, é a norma jurídica que resulta de uma prática geral constante e prolongada com isso os elementos que caracterizam o costume jurídico são a continuidade, uniformidade, diuturnidade, moralidade e obrigatoriedade. - O senhor Davens explica.
—Julian.. Jurisprudência .
—Professor eu não me lembro.  - eu respondi baixo novamente .

—Jurisprudência são as decisões “plurais”, ou ainda, é o conjunto das decisões que promanam dos tribunais , o juiz leva em conta as decisões da doutrina, leva em conta também os costumes, a população/sociedade, influências sociais. é o direito criado pelo juiz, conhecido como “direito vivo”. é subsidiado, por exemplo, pelas  súmulas vinculantes (força vinculante), que são as elaborações de um tribunal para auxiliar outros em determinadas situações.
—Julian.. a Doutrina você se lembra ? - O senhor Davens suspira olhando em minha direção e eu só baixo a cabeça, hoje não era um bom dia pra mim , eu nem sequer sabia oque tinha vindo fazer aqui hoje .
—A doutrina é o estudo elaborado pelos juristas sobre um determinado assunto. Também cria ou influencia leis. Alguns acreditam que não é fonte do direito pois não tem força obrigatória, já outros a consideram fonte do direito pois dizem que ela contribui para a criação, reforma e aplicação do direito. - O senhor Davens explica mais uma vez.

Aquele dia eu nem sequer saí da sala pro intervalo, apenas baixei minha cabeça sobre os braços e fiquei ali até que a aula retornasse , quando a aula continuou eu prestei menos atenção do que estava prestando antes .

Quando a aula se findou eu me levantei e antes que desse sequer o primeiro passo ouvi a voz do professor Diego me chamar e me pedir pra esperar um pouco.

Assim que o último aluno saiu da sala e fechou a porta eu me aproximei de sua mesa .

—Senhor ? - perguntei baixo .
—Não acho que não soubesse as respostas Julian , acho que estava disperso demais pra isso , mas como não quero que reprove em uma disciplina tão fácil quanto essa vai me trazer amanhã um trabalho impresso de dez laudas sobre costume jurídico, jurisprudência e doutrina.  - ele diz .
—Professor são menos de vinte e quatro horas . - resmunguei .
—Agora serão vinte laudas e só aceitarei nos primeiros vinte minutos de aula , após isso terá menos meio ponto na minha matéria. - ele diz firme .
—Sim senhor. - eu disse baixo.
—Você será um bom advogado senhor Avellar , apenas deixe os seus problemas fora da minha sala de aula ou tranque o curso . - ele diz sério me encarando .
—Sim senhor, eu já posso ir ?
—Pode , não se esqueça vinte minutos da aula de amanhã.

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