—Como é ? - perguntei tentando ter certeza se eu havia escutado direito.

—Quer saber , eu nem quero mais saber, eu tenho que estudar. - ele diz com a cara fechada indo em direção às escadas.

—Você quem fez esse chupão Rhael, ontem a noite antes que eu saísse daqui ! - eu disse tentando ter paciência oque já estava ficando difícil e ele parou de caminhar.

—E o seu amigo não tem nada haver com isso ? Eu sou tão fácil de induzir assim Julian ? - ele volta até onde eu estou . —Acha que eu sou idiota ? - ele perguntou irritado me empurrando com as mãos no meu peito  .

—Quer saber Rhael acredite se você quiser . - disse sério.

—Está confessando então? - ele questiona irritado me empurrando com mais força dessa vez .

—Você tá louco , vai começar com oque me empurrando desse jeito ? O passo seguinte é oque , me bater ? Pois eu quero que você tente , tenta caralho me empurrar de novo ou erguer a mão pra mim que eu garanto pra você que  talvez até apanhe por você ser maior mas eu vou bater também porra , ta achando oque , que eu vou ficar caladinho igual uma cadelinha? Tá achando que eu vou abaixar a cabeça pra você ? saiba que eu não vou ! - Disse irritado e ele me encarava baixando as mãos.

—Eu.. Jamais bateria em você Julian, jamais . - ele diz baixo.

—Não é mais que a sua obrigação.  - eu disse ainda irritado.

—Eu passei do limite, me perdoa . - Ele diz colocando as mãos sutilmente na minha cintura.

—Rhael oque tá acontecendo com você? Você não era assim , você era um doce e agora tá agindo igual um babaca , se você não confia em mim termina comigo , pois não tem como um relacionamento dar certo sem confiança porque ela é a base . - Eu disse mais calmo dessa vez.

—Você tem razão, tem total razão me desculpe. - Rhael diz .

—Não peça desculpas, tome atitudes diferentes , porque se forem desculpas jogadas ao vento não vão me valer de nada . - afirmei.

—Eu confio em você , confio mesmo , é nele que eu não confio , aquele garoto está desde o começo do nosso namoro só esperando um deslize meu pra tentar te roubar de mim .

—Ele é meu amigo Rhael e age como meu amigo , não vou me afastar dele porque você tem um ciuminho bobo do cara . - voltei a afirmar .

O loiro deslizou as mãos vagarosamente pela barra da minha camisa ainda sobre a região da minha cintura.

—Vamos fazer as pazes então. - ele diz beijando a minha boca devagar em um beijo suave, senti quando ele começou a puxar a minha camisa pra cima .

—Não dá pra resolver tudo transando Rhael , eu tô atrasado tenho que ir levar esses papéis , ou se porte da forma que deixe claro que confia em mim ou vai me perder . - disse me afastando um pouco .

—Eu vou te mostrar que eu confio em você , você vem pra cá depois? - ele perguntou .

—Não, eu vou pra casa . - disse .

—Amanhã você vem ? - ele insistiu.

—Talvez no fim de semana , como você disse tem que estudar, boa leitura pra você.  - eu disse caminhando pra porta .

—Julian ... - ele começa a dizer mas eu saio antes que ele termine.

Julian você está perdendo o interesse no Rhael ? De jeito nenhum, mas , eu quero um namorado porque pai eu já tenho , não preciso de alguém pra me dar ordens ou falar comigo de qualquer jeito . Eu amo aquele garoto, mas o amor vinga através do afeto , da atenção, do carinho e principalmente do respeito.

Assim que estacionei frente a universidade desci do veículo levando comigo os documentos preenchidos, passei pelas enormes portas da frente adentrando o lugar , era grande , bem decorado e eu ainda estava aceitando internamente que eu logo estaria na faculdade.

Entreguei os documentos na coordenação e então logo sai da sala seguindo em direção a porta, eu já estava saindo quando alguém me chamou .

—Julian? -  a voz diz animadamente e quando me viro pra olhar vejo um rapaz de mais ou menos a minha idade.

—Sim !? - disse não o reconhecendo .

—Não se lembra de mim não é mesmo ? - ele deu um sorriso .

—Realmente não me recordo perdão, mas refresque a minha memória.

—Eduardo ou Edu se preferir , a gente se conheceu a uns quatro anos.  - ele diz com um sorriso .

—Meu Deus agora me lembro, você é o garoto que ficou preso em mim . - eu disse corado aquela era uma memória um pouco vergonhosa.

—Eita memória boa , depois de você eu nunca mais beijei ninguém com aparelho , você me traumatizou em relação a isso garoto.  - ele ri .

—Era o meu primeiro beijo , eu mereço um desconto vai . - eu disse rindo .

—Tá eu vou passar um pano pra você por esse motivo , mas só por isso em . - ele sorri .

—Valeu . - eu disse corado.

—Você tá ótimo , vai estudar aqui ?.  - ele continua.

—Sim acabei de descobrir que estou no segundo andar sala 02A .

—Tá brincando que vai cursar direito? - ele pergunta animado .

—Vou sim .. como sabe ? - perguntei curioso.

—Também estou nessa classe . - ele diz .

—Seremos colegas de turma mais uma vez então, isso é de fato uma conhecidência e tanto ... Bom , mas eu tenho que ir agora tenho um compromisso. - eu disse.

—Foi bom ver você.  - ele diz se despedindo e então segue pra dentro enquanto eu sigo pra fora .

Naquele dia eu ainda fui a biblioteca comprar alguns livro e só então eu fui pra casa .

Assim que passei pela porta eu pude ouvir as vozes do meu pai e de Fernando virem da cozinha , acho que não havia mais ninguém em casa já que eles falavam alto .

—Nando a gente deveria conversar mais sobre isso , não acho que seja o momento. - meu pai diz .

—Rick eu não vou pensar mais sobre o assunto eu já me decidi . - Fernando diz calmamente.

—Como pode decidir algo assim sozinho Fernando? Tá comigo porque então caramba se a minha opinião não vale de nada . - meu pai estava nervoso .

—Eu quero isso Rick , não posso te obrigar a querer comigo, não posso te obrigar a fazer parte disso , mas eu não vou mudar de ideia. - Fernando diz .

—Oque acha que os nossos filhos vão achar disso Fernando? Nossos filhos já têm quase vinte anos , acha mesmo que é o momento pra isso ? - Meu pai continua.

Eu sei que ouvir a conversa dos outros é algo muito errado , mas o meu pai alterado era uma coisa muito rara então o assunto era sério .

—E é por isso que você não quer ? - Fernando perguntou com uma voz calma dessa vez .

—Nando eu gosto muito de você, gosto mesmo de verdade , e eu jamais vou te pedir pra deixar de fazer algo que você quer , principalmente algo assim , mas , eu não tenho mais idade pra isso e nesse momento não me sinto pronto pra fazer isso de novo , talvez eu esteja daqui um tempo e talvez não , mas você nem sequer me chamou pra conversar sobre o assunto, você apenas está me avisando que vai fazer , e como você mesmo disse que não vai mudar de ideia significa que se alguém tiver que dar o braço a torcer terá que ser eu e eu não vou decidir fazer algo assim se eu não me sinto pronto pra isso . - Meu pai disse, dessa vez sua voz era chorosa .

—Rick...

—Não... me deixa falar , acha que criar um bebê é fácil? Não é Nando, principalmente quando não se tem ajuda da pessoa que deveria estar lá também  , você sabe oque eu passei criando o Julian ? Não sabe , eu amo o meu filho Nando mas não foi fácil criar aquele garoto , eu até hoje tenho medo de que eu não tenha sido um bom pai pra ele , que eu não tenha sido exemplo o suficiente.

—Você foi um ótimo pai Rick e não tenho a menor dúvida que seria um ótimo pai agora também . - Nando diz .

Eu subi as escadas em silêncio e fui até o meu quarto sem fazer barulho, meu pai nunca havia mencionado algum desejo de ter outro filho e estava nítido mesmo agora que ele não tinha esse desejo ainda , só esperava que eles se resolvessem .

Eu tomei um bom banho e então depois voltei ao andar de baixo dessa vez meu pai e Fernando já estavam sentados no sofá abraçados vendo televisão então seja lá oque conversaram depois que eu sai da sala acredito que tenham chegado a uma conclusão e feito as pazes .

—Boa noite. - eu disse terminando de descer as escadas.

—Boa noite . - Nando diz com um sorriso .

—Boa noite filhote, eu não vi você chegar . - meu pai diz

—Eu cheguei tem pouco tempo ... e a Max cadê? - perguntei .

—Ela foi com a Yas ver a faculdade onde vão estudar ainda não voltaram . - Nando diz .

—E o Rhael cadê? Estão sempre juntos agora . - Meu pai diz .

—Ele tá estudando . - eu disse .

A Semana passou devagar , desde a manhã de segunda eu e Rhael ainda não tínhamos nos visto , mas trocávamos muitas mensagens e ele havia me dito que respeitaria o tempo que eu havia dito que ficaria em casa então não estávamos brigados .

Quando a noite de sexta chegou Rhael veio até a minha casa sem me avisar , não nego que fiquei feliz ao vê-lo parado frente a porta .

—Oi . - eu disse selando nossos lábios.

—Oi gatinho . - ele diz entrando assim que abro espaço.

—Você quer ir lá pra cima ? - perguntei .

—Aonde você quiser . - ele diz com um sorriso.

—Rhael , tá sumido em . - Max diz descendo as escadas e indo em direção a cozinha.

—Pois é, mas tô de volta não se preocupe. - o loiro diz .—Eu posso conversar com você? - ele pergunta me olhando .

—Claro , vamos lá pra cima então. - eu disse indo em direção às escadas sendo acompanhado pelo loiro até o meu quarto .

Quando passamos pela porta , o loiro se senta na minha cama , seus olhos se fixam em direção a janela como se ele estivesse pensando na melhor forma de começar o assunto.

—Eu estive pensando. - ele começa ainda olhando pra janela , e eu me mantenho em silêncio o escutando com atenção.

—Eu tenho descontado minhas frustrações em você e isso não é justo , eu entendo se você estiver cansado de mim porque eu me coloquei no seu lugar e analisei a forma que eu tenho tratado você e eu não gostaria de forma alguma de ser tratado dessa forma . - dessa vez seus olhos haviam se voltado pra mim e o loiro havia se levantado e caminhado até ficar na minha frente .

—Nós já conversamos sobre isso e já nos resolvemos, está tudo bem. - afirmei com um sorriso .