Bônus parte final : O Natal que eu nunca vou esquecer
Eu estava tão perplexo que me abraçaram e eu não conseguia reagir , o meu peito estava doendo e eu não sabia oque fazer , eu nem sabia dizer como eu cheguei no hospital, se foi com o meu pai , com o meu namorado ou de taxi já que ambos estavam ali .
Uma enfermeira veio até onde nós estávamos depois de uns quinze minutos que estávamos ali .
—Julian Mc'Bolden? - Ela perguntou , ninguém nunca havia usado o meu nome junto aquele sobrenome mesmo ele estando no meu RG a vida inteira, era estranho e tornava o momento ainda mais doloroso .
—É o meu filho . - meu pai respondeu já que eu não conseguia me pronunciar até aquele momento.
—Eu sinto muito pela sua perda . - A mulher diz de forma gentil.
—Oque foi que aconteceu? - o meu pai perguntou.
—Ela sofreu um acidente de carro e foi trazida pra cá já em um estado muito crítico e semi conciente , A sua mãe chamou por você o corredor do hospital inteiro , foi levada pra cirurgia mais não resistiu. - a mulher diz . —Eu sinto muito não termos conseguido entrar em contato mais cedo mas não conseguimos encontrar um número antes.
—E o marido , ele já sabe ? - meu pai perguntou.
—A senhora Renata não era casada , pelomenos não legalmente já que o hospital não encontrou nenhum registro . - A mulher diz e o meu pai sugere que ira acompanha-la até a recepção depois de pedir ao Rhael que fique comigo .
O loiro me abraçou apertado , Rhael assim como eu estava em total silêncio, seus olhos estavam tão molhados quanto os meus a ponto de parecer que o seu corpo estava ali mais os pensamentos não.
—Eu posso vê-la ? - perguntei em baixo tom à mulher que já estava saindo.
—Eu vou pedir que alguém venha pra te acompanhar!
Eu permaneci ali abraçado a Rhael até que uma outra mulher me chamou, eu a acompanhei pedindo antes ao meu namorado que me esperasse ali .
Um corredor de hospital nunca havia sido tão longo quanto aquele parecia ser , assim que chegamos a porta a mulher me disse que era ali e perguntou se eu queria que ela entrasse comigo e eu neguei .
Eu fiquei parado ali uns cinco minutos criando coragem pra passar pela porta , segurava uma sacola entregue pela mesma mulher onde continha os pertences de quando Renata chegou , suas roupas , joias , aliança e uma carta escrita a mão com o meu nome escrito do lado de fora , quando entrei era uma sala gelada e mais a frente estava ela , à minha genitora deitada em uma maca com o corpo todo coberto e apenas o rosto amostra , seu rosto estava pálido e alguns arranhões devido o acidente estavam presentes em sua face , eu me aproximei a passos lentos.
—Que situação em Renata, até o meu Natal você conseguiu destruir , com tantos outros dias pra morrer você escolheu justo esse !? e puta que pariu em mulher você esfregou seu casamento na minha cara e nem se deu ao trabalho de casar de verdade. - disse assim que parei ao seu lado , as lágrimas desciam pelo meu rosto cada vez mais e foi quando segurei sua mão que estava muito fria . —Eu sei que eu poderia só ter ido embora, só fingido não ter ouvido oque a mulher no telefone dizia e eu sei que mesmo não tendo feito esses passos anteriores eu não precisava estar aqui porque você foi uma péssima mãe, você nem sequer foi uma mãe . - eu já havia começado a soluçar .—mas, eu não estaria aqui se você não tivesse estado lá pra mim por pelomenos os nove meses de gestação e eu queria dizer que eu não te perdou , mas , eu ainda não consegui ser assim e fazer isso , então saiba que eu perdou você e que mesmo não tendo te conhecido, mesmo não sendo seu amigo e mesmo você não tendo me considerado seu filho , eu espero que você encontre paz onde quer que esteja agora mãe . - eu deslizei a ponta dos meus dedos por sua face e então caminhei pra fora .
O caminho pra fora foi tao doloroso quando o percurso pra entrar , Rhael me abraçou novamente assim que me viu e então seguimos pra fora depois que o meu pai me abraçou forte e disse que ficaria pra resolver a parte burocrática pois já que a Renata não era casada legalmente isso cabia a mim .
Eu o agradeci e então eu e o meu namorado caminhamos pra saída do hospital, estávamos passando pela porta de entrada do prédio quando cruzamos com Diovane e seu pai , ambos estavam abatidos e com os olhos vermelhos , haviam chorado muito ao que parecia .
Antes de passar por eles eu abri a sacola e retirei a carta com o meu nome e coloquei no bolso.
—Com licença ? - Eu disse baixo ao pai de Diovane que parou pra me olhar .
—Esses são os pertences da Renata , e eles pertencem mais ao senhor do que a mim . - disse lhe estendendo a sacola , as mãos do homem estavam trêmulas e então ele a pegou agradecendo e seguiu o caminho pra dentro enquanto eu e Rhael seguimos pra fora.
—Nós podemos ir pra sua casa ? A minha casa está cheia e eu não quero ir pra lá. - disse baixo assim que entramos no carro .
—Podemos sim meu bem . - ele diz pouco antes de sair com o veiculo que marcava 23:45h do dia 24 no painel.
Assim que chegamos na casa do loiro eu fui direto pro quarto e então pro banheiro tomar banho, eu entrei na agua morna com os pensamentos a mil e estava torcendo pra que aquilo alivia-se , coloquei meus punhos encostados na parede a altura do meu rosto e então encostei meu rosto neles enquanto a água ainda batia sobre as minhas costas. Rhael me virou e então me abraçou forte, e ali eu desabei, meu corpo desceu ao chão e ele desceu comigo ainda me abraçando, eu não conseguia mais conter o som do choro e eu chorava alto , quanto mais eu me encolhia mais ele me abraçava e eu me sentia acolhido naqueles braços.
Ficamos ali por algum tempo e então o loiro me pegou no colo , ele desligou o chuveiro e então me levou pro quarto, ele me secou e depois me colocou na cama e foi quando secou a si mesmo e se deitou ao meu lado acariciando os meus cabelos.
—Eu tô aqui pra você meu amor . - ele diz em um susurro e aquilo conforta meu coração de certa forma .
—Eu sinto muito que isso tenha acontecido justo no nosso primeiro Natal. - murmurrei .
—Teremos muitos outros natais meu bem , nos bons e maus momentos lembra !? - ele diz .
Aquele restante de noite foi longo , eu demorei pegar no sono e quando aconteceu não durou muito , o relógio marcava 03:00h quando eu acordei , Rhael ainda dormia e então eu me desvinciliei com cuidado dos seus braços pra não acorda-lo, me levantei vesti uma cueca e então fui até a roupa que eu havia tirado , peguei a carta e então desci pro andar de baixo me sentando no tapete frente ao sofá.
Minhas mãos tremiam e eu precisei de alguns minutos pra poder abrir .
"Julian , eu sei que talvez você não leia e que talvez quando encontrar essa carta embaixo da porta apenas a rasgue em um milhão de pedacinhos e jogue fora , e eu mereço que faça isso , eu sei que esse é o tipo de coisa que as pessoas falam pessoalmente, mas eu nunca fui boa com as palavras e eu não sei se teria coragem de te olhar nos olhos depois de todas as coisas terríveis que eu te disse , você estava certo eu fui uma péssima mãe , nesse quase um ano que passou desde a nossa conversa eu refleti muito e eu quero ser uma mãe melhor , Eu estou voltando da Europa hoje depois de um longo tratamento pra engravidar e meu filho a natureza me deu uma segunda chance estou com 12 semanas e nem o meu marido sabe ainda porque você é a primeira pessoa pra quem eu contarei , eu quero uma segunda chance de ser uma mãe pra você também , de ter você meu filho por perto , você me perguntou se eu sabia algo sobre o seu nome e eu quero que me conte , quero que me explique e acima de tudo eu quero que você seja a pessoa a escolher o nome do seu irmão porque eu quero que sejamos uma família, quero que me perdoe por ter demorado tanto pra acordar , que me perdoe por não ter sido uma mãe pra você , quero que me perdoe por ter te olhado de longe a aprender a andar de bicicleta e aquela amarela nunca combinou com a cor dos seus olhos , quero que tente me perdoar por não ter te visto dar os primeiros passos e falar as primeiras palavras , por todos os dias das mães em que eu não estive presente e por todos os aniversários que eu não te dei sequer um parabéns, por nunca ter te dado um beijo antes de dormir e por talvez eu nunca ouvir você me chamar de mãe, eu irei até você meu filho e eu lhe pedirei esse perdão pessoalmente mais não hoje e não agora porque eu não vou estragar o seu Natal também.
Um beijo da sua mãe
Renata Mc'Bolden "
O meu peito parecia que iria explodir do tanto que doía, do tanto que eu estava chorando , a minha cabeça latejava pelo tanto que eu já havia me derramado em lágrimas, como eu poderia sofrer tanto por alguém que eu mal conheci , eu me encolhi deitado no chão abraçado aos meus joelhos enquanto tentava digerir tudo aquilo que era praticamente impossível naquele momento.
06:45 da manhã do dia 25 de dezembro*
Eu acordei no andar de cima , na cama, eu não lembrava de ter ido até lá então provavelmente tinha sido Rhael a me levar , a carta estava ali na mesa de cabeceira dobrada com o meu celular em cima, me levantei de forma silênciosa e então fui até o banheiro escovar os dentes e tomar banho.
Quando retornei ao quarto ele estava sentado na cama e uma bandeja de café da manhã agora também estava na mesinha.
Caminhei até ele e então me sentei no seu colo de frente pra ele entrelaçando minhas pernas ao redor da sua cintura , foi quando o beijei suavemente.
—Obrigado. - murmurei.
—Não tem que agradecer por nada meu amor . - ele beijou meu queixo —Seu pai ligou , disse que a celebração fúnebre será as onze , também mandou o endereço.
—Você vem comigo? - pedi .
—Com certeza. - afirmou o loiro.
Mais tarde naquela manhã nós fomos até a minha casa onde eu troquei de roupa me vestindo com um terno , aquela era uma das raras vezes na vida em que eu coloquei um terno .
A celebração foi difícil já que a maioria das pessoas ali tinham uma história bonita ou engraçada da Renata pra contar , diziam como ela havia sido uma boa engenheira, uma ótima professora, uma esposa maravilhosa, madrasta excelente, boa amiga ... e eu não conhecia nada disso nela .
Quando a última pessoa falou, o silêncio se instalou e foi quando eu caminhei até lá , bem próximo ao caixão, ela estava com uma maquiagem sutil o que não a deixava tão pálida dessa vez .
Eu a olhei por um momento e meus olhos já estavam molhados de novo .
—Você foi uma pessoa incrível pra todos aqui , se eles estão sendo sinceros ou não eu não sei porque todo mundo se torna alguém bom depois que morre não é mesmo ? - disse e então vi o "marido" dela me fuzilar com os olhos vindo em minha direção e foi quando meu pai parou frente ao homem o impedindo de continuar.
—Eu achava que eu já tinha dito pra ela ontem naquele hospital tudo que eu tinha pra dizer e que eu não iria vir até aqui hoje , pra quem está aqui presente a essa altura já deve saber que a Renata foi a minha genitora e apenas isso , então eu não teria muito oque dizer aqui , mas eu li a carta que ela me escreveu e talvez se ela não tivesse mudado a sua rota pra casa e não tivesse viajado uma hora a mais pra vir deixar aquela carta aqui , talvez ela estivesse em casa hoje no almoço de Natal contando pro marido que eles teriam um bebê, o bebê que ela queria . - as lágrimas desciam ainda mais pelo meu rosto e o pai de Diovane que já estava chorando antes chorava ainda mais agora . —Eu sinto muito mãe que você não tenha vivido isso e eu fico feliz que você tenha conseguido ao menos escrever uma carta tentando ser uma mãe pra mim também. - eu finalizei a olhando por um momento e então caminhei em direção a saída do cemitério sendo abraçado pelo meu pai no meio do percurso.
Eu parei embaixo a uma árvore bem distante dali enquanto o caixão era fechado e enterrado .
Max me abraçava apertado junto a Rhael , e pela primeira vez na vida eu vi a minha amiga ficar apenas em silêncio.
—Vai lá ficar com o seu irmão Max , eu já vou pra casa . - disse beijando a testa da garota .
—Juh , eu não sei nem oque dizer em um momento como esse . - disse a garota.
—Eu vou ficar bem gatinha e você já fez muito então não se preocupe comigo.
Ela me abraçou ainda mais e então saiu indo até Diovane.
—Eu vou . - disse caminhando ao lado de Rhael em direção ao carro .
—Vai oque amor? - ele perguntou confuso colocando a mão ao redor da minha cintura enquanto andávamos.
—Vou morar com você. - disse assim que adentramos o veículo .
—Eu vou adorar .
—Eu te amo Rhael.
—E eu amo você Jujuh .- ele disse selando nossos lábios e foi quando eu o beijei.
Eu entendi com tudo que aconteceu que temos que parar de adiar coisas que queremos fazer , que temos que aproveitar cada minuto com as pessoas que nós amamos e temos que dizer oque sentimos quando estamos com elas sem adiamentos ou abreviações , porque as vezes algo inusitado acontece e não é tudo que dá pra desfazer , aproveitar a vida tem que fazer parte da vida e vivê-la da melhor forma é essencial.
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