Chào các bạn! Vì nhiều lý do từ nay Truyen2U chính thức đổi tên là Truyen247.Pro. Mong các bạn tiếp tục ủng hộ truy cập tên miền mới này nhé! Mãi yêu... ♥

3. Destinados


A primeira vez que Dinha e Kadu se conheceram de fato foi às quatorze horas e vinte e seis minutos do dia 22 de abril. Fazia um pouco de frio, mas nada que pudesse interferir no evento magnânimo que estava para acontecer. Naquele dia tudo correu exatamente como planejado: Dinha havia colocado sua blusa favorita e estava com seu bilhete único, sem guarda chuva; também não havia nenhum Luiz para tirar Kaduzinho de seu caminho.

Quando ele entrou na livraria, eu pude respirar aliviado. Não era como sua futura namorada. Lurdinha só havia entrado ali para ver o que tinha de novo e o que havia de interessante; Kadu já sabia o que queria e onde encontraria. Mas quem disse que o segundo volume encadernado de Sandman seria a única coisa a achar? Lembro que quando ele sequer olhou para a garota parada em frente a estante de quadrinhos, acreditei que tudo desmoronaria. Entretanto, havia algo de engraçado em falhar tanto com os dois que me tornou mais meticuloso do que nunca: eu realmente havia pensado em tudo.

Ele teria que olhar para Dinha em algum momento, porque o que Kadu queria estava em suas mãos. Literalmente.

Foi divertido vê-lo procurar na estante inteira antes de cogitar perguntar para um dos funcionários se ainda havia algum exemplar em estoque. Arruinaria tudo se o fizesse. Só que o trabalho todo não foi necessário, no fim das contas. Isso porque ele viu aberta nas braços dela a figura do Sonho, uma ilustração que já conhecia há muito.

Kadu então, finalmente prestou atenção na menina com uma mecha azul e uma roxa nos cabelos loiros, enrolados em um coque. Talvez naquele momento, eu esperasse que algo viesse mesmo a acontecer, que se apaixonasse perdidamente em um instante. Se eu de fato andasse com flechas por aí, seria o momento do tiro fatal, dos olhos com corações, da adrenalina batendo como um soco. Mas não funcionava desse jeito: haviam os destinos a serem cumpridos e eu meramente fazia as pessoas cruzarem caminhos. Cada um tinha sua parte no jogo e a minha estava sendo cumprida no momento, ainda que tão lenta que me deixava estressado.

De todo modo, não era o ele quem me transtornava. Dinha estava focada demais nas ilustrações para perceber que havia um garoto ao seu lado secando o livro que tinha em mãos.

Não ela, mas o livro.

— Oi, desculpa me intrometer — ele falou e eu quase chorei de alegria. —  Mas esse é o segundo volume do Sandman encadernado?

Foi então que aconteceu o esperado: Lurdinha mirou seus olhos. Os castanhos dela, nos castanhos dele. Um mar de chocolate que ambos navegavam com um objetivo em comum, ainda que esse fosse inconsciente. Em toda minha onisciência de emoções tive certeza de um estalo que poderia ser ouvido a quilômetros de distância — algo pareceu trincar, prestes a se partir e eu fiquei plenamente consciente do meu trabalho impecável. Era uma sensação doida e instintiva de caça e caçador, só não saberia dizer quem era quem.

Por um momento, somente um lampejo, achei que Kadu ia fazer alguma coisa, que Dinha também. Os dois pareciam prestes a romper a bolha que os envolvia e separava um do outro. Mas eles só ficaram ali, parados, se vigiando fixamente por meio minuto em um silêncio sepulcral que chegou a me corroer.

Era estranho, porém entre o bolo de emoções que partia deles — e foram muitas mesmo —, eu identifiquei uma que me assustou e então, acabou com aquele momento: medo. Ondas e mais ondas.

— Sandman? — Kadu quem parecia estar daquele jeito e eu logo entendi o porquê.

— Sim — ela respondeu tanto verbal como corporalmente, balançando a cabeça em um sinal positivo. Por dentro, vinha um fluxo de sentimentos que eu rapidamente pesquei como uma coisa só: atração.

Houve uma breve ponderação de Kadu sobre o que diria em seguida. Quis desistir dos dois e pular para o próximo casal na fila, contudo, trabalho era trabalho. E essa era uma coisa que eles me dariam muito.

— Vai levar? — vai levar?, o papo já estava ficando ridículo e só faltou eu revirar os olhos para aquele momento. Às vezes ser o Cupido me tira do sério e estávamos nessa vibe.

Vamos agilizar senão morrerei de tédio.

"Não sei ainda, tô decidindo. Por que? Você vai comprar?" "Sim, eu vim aqui só pra isso." "Ah, então pode levar." "Mas você pegou primeiro." "Não tem problema, leva. Eu só queria ver as ilustrações mesmo. Eu não ia levar." "Tem certeza?" "Tenho sim." "Obrigado então. Você não sabe o quanto procurei por isso." "De nada."

E depois desse papo absurdo de tão ridículo, ele foi embora e deixou minha pobre Lurdinha Reginalva confusa e com vontade de desenhar. Ainda que ela fosse uma ótima fisionomista, não conseguiria o transpor no papel de memória.  Se dependesse de mim, nem precisaria.

Agora dele...

Eu conhecia Kadu. Ele estava com medo por Manuela. Não a largaria para dar uma chance a uma garota que viu uma vez na livraria, mesmo que ela estivesse alinhada a sua vida pelo destino. Foi por isso que me preparei muito para todas as coisas que viriam a seguir: eu não ia empurrá-los um ao outro, eu ia era arremessá-los, levá-los de encontro como uma batida de carro.

Coincidência seria piada perto do que faria.

* * *

Quatro dias depois, na segunda vez em que Dinha viu Kadu (e digo isso porque só ela o viu: Carlinhos Eduardinho, meu amoreco, querido, lindo e fofo sequer percebeu que ela estava na mesma lanchonete) pude pescar a atração tão fácil que me deu esperanças. Foi um momento adorável quando ela sacou o caderno de rascunhos da mochila e começou a rabiscar as feições de seu futuro amor. E a garota era boa mesmo, para alguém que estava sentado há alguns metros, havia ficado um retrato bem fiel até. 

Se ela tivesse soltado a folha do caderno, eu com certeza teria dado um jeito de fazer o vento soprar e levar o desenho até Kadu. Seria algo que marcaria e o faria prestar mais atenção na próxima, ao invés de ficar focando só em seus amigos, que até então, atrapalhavam mais do que ajudavam. Tive consciência disso quando reparei em Conrado, um dos mais chegados de Kadu, olhando para Dinha, emanando uma curiosidade que não cabia naquele contexto. Algo me disse que ele estava acreditando que a garota o encarava de tempos em tempos, que estava interessada.

Logo que eles foram embora e Dinha ficou sozinha, respirei aliviado. Tudo que menos precisava naquela zona era alguém para zonear ainda mais o buraco em que me meti.

Ao menos as esperanças se fortaleceram na terceira vez, dois dias depois. Um momento lindo em que ela só notou a presença de seu pré-amor quando Kaduzinho passou perto do banco em que estava sentada, falando no celular e a encarando. Estava tentando lembrar de onde diabos a conhecia e assim que ela olhou em seus olhos, Kadu não lembrou na hora, mas houve uma reprise do que ocorrera na livraria. Só meia hora depois, bateu em sua memória.

Naquela mesma noite, eu cobrei um favor do senhor dos sonhos, Morfeu, que me permitiu brincar de Leonardo DiCaprio na cabecinha de Carlinhos. Tentei não ser muito hardcore e apenas fiz ela cruzar seu caminho. Talvez um pouco mais do que isso.

No sonho, ela tocou em seu rosto e os dois ficaram testa a testa, sentindo a respiração um do outro, o modo como suas peles contrasteavam entre o frio e o calor; fiz questão de fazer aquele sonho o mais sensorial possível. Quando ele fechou os olhos, Dinha foi embora e a única coisa que permaneceu fora a sensação de vazio. Não havia nada mais para preenchê-lo. Aliás, essa me foi muito útil no dia seguinte logo que os dois passaram um pelo outro três vezes. Na quarta, Lurdes fez exatamente o que eu esperava dela e o que ambos precisavam para que alguma coisa de fato ocorresse.

— Você tá me seguindo ou algo do tipo?

Quis rir e responder por ele: algo do tipo, com certeza algo do tipo.

Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro