Última Noite
MADELIENA
Dor.
Era tudo o que eu conseguia sentir no momento.
A dor se espalhava por todo o meu corpo, quebrando minha mente, retorcendo cada osso e músculo. Abri os olhos com dificuldades, o piso duro sob meu corpo deixava meus músculos rígidos. Encarei a madeira escura, o cheiro forte de poeira invadiu meus pulmões, me fazendo tossir com força. Meu tórax estava dolorido pelo gesto busco. Rolei o corpo, fazendo minhas costas bateram contra o chão. Um gemido escapou dos meus lábios e encarei o teto velho com a respiração ofegante.
Lentamente, levei minha mão até o pescoço. Não havia corda, mas ele estava sensível e dolorido. Pisquei, sem saber o que estava acontecendo. Encarei minha mão pálida, meus dedos se moviam, mas eu não conseguia senti-los. A dor me deixava desorientada e perdida. Recuperando um pouco de força e ignorando a dor, sentei-me no piso desconfortável. Voltei a tossir, quando o cheiro forte de pinheiros e fumaça preencheu meus pulmões. Passei os dedos nos cabelos, por tanto, não consegui senti-los. Tudo estava tão estranho.
— Você planejou tudo isso? — Sua voz fez meu coração bater.
— Alec? — Não reconheci o som da minha voz. Forcei-me a levantar, mas minhas pernas estavam tão trêmulas que cai de joelhos. Olhei na sua direção e o encontrei sentado nas escadas do salão principal. Ele vestia as mesmas roupas da noite em que nos separamos. Encarei seu belo rosto, ele parecia cansado. Eu nunca o tinha visto daquela maneira. — Isso é real? — perguntei, voltando a me levantar.
— Sim — respondeu com suavidade. Alec deixou os degraus e se aproximou calmamente.
— Mas... — Parei, lembro-me da corda em meu pescoço. Pisquei com força, sentindo minha mente doer com cada memória. — Eu me lembro de morrer — murmurei para ele. Sua mão segurou a minha, seu toque me fez ouvir um palpitar lento e calmo. Engoli em seco, sentindo o aroma forte da sua pele.
— Você não chegou a morrer, mas ficou entre a vida e a morte. — Sem forças, me apoiei em seu corpo frio. Seu coração continuou batendo, o som parecia estar dentro da minha cabeça. Era uma sensação boa e não me machucava.
— Como isso aconteceu? — sussurrei, abraçando-o com toda a força que eu possuía no momento. Alec me abraçou de volta e me levou paras as escadas. Sentei-me em seu colo, desejando que ele levasse minhas dores embora.
— Meu sangue não permitiu que você morresse. — Seu peito vibrou com suas palavras. — Você sabia que isso aconteceria ao pedir o meu sangue ontem à noite? — Alec segurou meus ombros, me forçando a encara-lo. Desejei beija-lo naquele momento. Beija-lo por ter voltado por mim. Analisei seus lábios, antes de descer para seu pescoço pálido. Por um segundo, pensei ter sentido à pulsação do seu coração. — Madaliena? — chamou. Fitei seus olhos vermelhos como sangue.
— Nunca mais me chame assim — mandei seriamente. Os apertos em meus ombros diminuíram. — Não. Eu não sabia.
— Então por que pediu o meu sangue? — insistiu. Seus olhos me analisavam com calma, ele olhava para cada canto do meu rosto, como se eu não fosse à mesma mulher.
— Ele disse que me ajudaria. Que eu me sentiria mais forte com ele. Que se eu o tivesse dentro de mim, não morreria — respondi, sustendo seu olhar. Seus dedos frios acariciam minha pele dolorida, seus olhos deixaram os meus. — Não está feliz por eu estar viva? — perguntei curiosa. Seu comportamento estava diferente, eu esperei que ele me abraçasse, que me beijasse com fervor e me possuísse como se fosse à primeira vez. — Está decepcionado? — Não consegui disfarçar o tremor em minha voz.
— Não. Nunca mais diga isso. — Me encarou intensamente. — Você nunca me decepcionaria. — Seus lábios tocaram os meus em um beijo quente. Era como beija-lo a primeira vez, seu gosto era mais intenso e seu cheiro me deixava bêbada. Quando o beijo terminou, ele me abraçou fortemente. Suspirei contra seu pescoço. — Você está aqui. Isso é tudo o que importa para mim. — Seu hálito gelado em meu ombro nu me fazia tremer em seus braços. Era bom senti-lo contra mim. Sentir seu coração batendo por minha causa, sentir o sangue em suas veias. Implorando para que eu o morda e sugue cada deliciosa gota do seu corpo.
Só de pensar no sabor de seu sangue, minhas gengivas coçavam e meus dentes latejavam. Com suavidade, passei minhas presas contra sua pele sem imperfeições. Pronta para mim.
— Eu só não desejava essa maldição para você. — O mordi com ansiedade. A dor em meu corpo diminuiu ao sentir seu sangue escorrendo pela minha garganta. Ele molhava meus lábios e manchava sua pele pálida. Aprofundei a mordida, sentindo a fome crescer dentro de mim. Eu queria rasgar seu pescoço e lamber o sangue que escorreria pela sua pele perfeita. O pensamento me fez puxar seus cabelos macios e apertar os joelhos contra seus quadris. O ouvir suspirar bruscamente e um gemido escapar dos seus lábios.
Forcei-me a parar, a deixar o gosto do paraíso em seu pescoço. O encarei banhado de sangue, seus olhos analisavam o sangue em meus lábios e pescoço.
— Desculpe-me, Alec. Eu não queria machuca-lo. — Afundei meus dedos em seus cabelos novamente e o beijei com suavidade. Seu sabor continuava na minha língua. Quando me afastei, ele estava com um sorriso curto. A mordida em seu pescoço começou a cicatrizar.
— Você não me machucou — disse, acariciando meu rosto. — Eu ensinarei tudo o que você precisa saber — declarou, ainda sorrindo. — Ensinarei você a controlar sua fome e seu corpo. — Seu toque desceu pelo meu pescoço. — Agora que você está de volta, ficaremos juntos para sempre.
Eu possuía a imortalidade. O clã acredita que estou morta, que não serei mais um problema para elas. Estão completamente enganadas. Agora que estou de volta, é para destruir todo o clã que um dia chamei de lar. Libertarei todas as intocadas prisioneiras do seu próprio povo. Destruirei aquelas que mancham o nome das bruxas.
— E o que você deseja em troca, Alec? — O encarei de modo divertido. Marco me contou que ele era incapaz de amar outra pessoa. O que ele sentia por mim, eram apenas desejos e obsessão. Ele necessitava do meu corpo. Não de quem eu era de verdade. — Sei que você quer algo de mim. — Minha língua saboreou seu queixo. Sua respiração estava irregular, assim como a minha. — Diga-me, que darei a você. — Meus lábios roçaram os seus com calma. Esperei sua resposta pacientemente.
— Eu quero o seu amor.
Sua boca devorou a minha antes que eu pudesse dizer, que o meu amor, ele já possuía.
~ Fim? ~
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