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Noite XIX

MADELIENA

O calor deixava minha pele cada vez mais quente. Lágrimas escorria pelas minhas bochechas, enquanto o fogo devorava toda a casa. A garota deitada no chão ao meu lado, chorava e soluçava sem parar. Seus olhos castanhos estavam vermelhos por causa da fumaça, e um fiapo de sangue escorria dos seus lábios. Naquele momento, eu senti a sua dor e quando acordei, senti que a coisa mais importante da minha vida, tinha sido arrancada do meu peito.

Sentei na cama, com a respiração ofegante. O lugar estava escuro e quente. As janelas estavam fechadas e a cera da vela já havia sido consumida há muito tempo. Com o medo preso em meu coração, chamei pela única pessoa que conseguiria me acalmar. Seu toque gelado não demorou, seus dedos foram para meus ombros e rosto. Seus olhos vermelhos me analisaram com cuidado, respirei fundo, quando ele me puxou para um abraço gentil. Ele cheirava a terra molhada, apreciei seu cheiro e o seu toque frio. Tristen beijou meu ombro nu e acariciou minhas costas com calma.

- Está tudo bem - murmurou, apenas para mim. Meu coração batia com força e meu corpo parecia ferver por causa do pesadelo. - Eu estou aqui. Eu sempre estarei aqui. - Tristen segurou meu queixo e se inclinou para me beijar. Seus lábios eram gelados e macios. Ele me beijou lentamente e me abraçou com mais força. Mergulhei meus dedos em seus cabelos negros como a noite. Apreciei cada sensação sabendo que nunca mais as sentiria de novo, logo estaríamos seguindo caminhos totalmente diferentes.

Quando o beijo se quebrou, Tristen se afastou. Encarei seu belo rosto, enquanto acariciava sua pele fria do pescoço.

- Há algo que eu preciso lhe contar - sua voz estava baixa, caso alguém se aproximasse do quarto. Seus olhos vermelhos brilhavam por causa da escuridão, o que o deixava ainda mais atraente. Minhas mãos desceram para seus ombros para o seu peitoral. - Eu partirei essa noite. - Suas palavras pareciam uma chibatada em minhas costas. Houve um aperto em meu coração e as palavras ficaram presas em minha garganta. - Tudo já foi resolvido e meu povo deseja voltar para casa. - Puxei minhas mãos devagar. Eu pensei que teríamos uma última noite juntos, que essa seria a nossa despedida. Minha atenção foi para sua camisa escura desabotoada.

- Pensei que essa seria nossa última noite - falei com dificuldades. Eu não queria deixa-lo, mas não tinha outra escolha. Tristen segurou minha mão com força.

- Você sabe que não precisamos ter uma última noite - disse com suavidade, meu coração acelerou. - Você ainda pode vir comigo. Ainda pode me escolher. - Beijou meu pulso, fazendo minhas bochechas ficarem quentes. Seu pedido apenas me fez desejar ficar ao seu lado. Se fossem em outras circunstâncias, eu teria aceitado sem pensar duas vezes.

- Eu não posso fazer isso, Tristen. - Minhas palavras fizeram seus lindos olhos vermelhos se tornarem negros. O aperto em minha mão ficou mais forte, não me afastei dele, porque sabia como ele se sentia com aquilo.

Tristen se sentia rejeitado e eu abandonada. Mesmo eu tendo feito aquela escolha, era difícil não se sentir abandonada depois de tudo que passamos.

- Eu te daria qualquer coisa. - Sua voz dura fez meu coração se apertar.

- Eu sei que daria - confirmei com uma aceno fraco. O aperto se foi e ele começou a me acariciar.

- Eu realizaria todos os seus desejos, Madaliane. - Me aproximei do seu corpo gelado e beijei seu queixo com calma. Seus olhos negros se fecharam com meu toque.

- Eu sei - murmurei, contra sua pele gelada.

- A levaria para conhecer cada canto do mundo - ainda de olhos fechados, sua bochecha acariciou a minha. Seu hálito gelado em meu pescoço me causava leves arrepios. - Você seria a minha Rainha. - Seus olhos se abriram, e o tom vermelho voltou a preencher a escuridão. Voltei a acariciar seus cabelos enquanto sustentava seu olhar. - Ficaríamos juntos para sempre. - Encarei seus lábios por alguns segundos, aquela era a primeira vez que ele mentia para mim. Juntos para sempre. Nenhum de nós acreditava naquelas palavras. Eu o desejava profundamente, o quero apenas para mim. Ser a única a toca-lo; a única a beija-lo e, ser a única a fazer seu coração frio bater novamente, mas sabíamos que nunca teríamos um para sempre.

Com um movimento, sentei-me em seu colo e voltei a beija-lo. Dessa vez, com desespero e intensidade. Ele retribuiu com a mesmo euforia. Suas mãos corriam todo o meu corpo, como se estivesse decorando cada parte e detalhe. A batida na porta me fez quebrar o beijo gelado e ao mesmo tempo tão quente. Encarei seus olhos carregados de desejo e depois seus lábios inchados.

- Adeus - sussurrei com tristeza. Foi difícil para ele esconder a dor daquela separação. Mesmo sendo quem era, pude ver a dor em seus olhos e sentir seu coração parar de bater.

Ele se foi como uma brisa fria. Encarei os lençóis da cama e escutei alguém entrar. Não lhe dei importância e comecei a organizar a cama. Seu cheiro continuava em minhas roupas, o que não ajudou muito a dor que consumia meu corpo.

- Tenho uma ótima notícia. - Katherine começou animada. Escutei a porta sendo fechada e seus passos se aproximando. - Os vampiros estarão partindo essa noite, não é maravilhoso? Podemos voltar para o clã um pouco mais cedo cantarolou ela.

Sua felicidade não me atingia como achei que faria. A dor em meu coração era grande e devastadora. Não consegui mais me conter e desabei naquele lugar escuro. As lágrimas rolavam pelas minhas bochechas e o soluço que escapava dos meus lábios era doloroso demais. Katherine me abraçou sem saber o que estava acontecendo. Seu aperto quente não era o que eu desejava de verdade.

Nunca seria.

~~*~~

TRISTEN

Observei as pontas dos seus cabelos negros sob o véu curto que ela usava. Eles balançavam todas as vezes que ela mudava de posição para murmurar com as outras intocadas ou servir uma pequena xícara de chá para Belledisse. Eu tinha que admitir, ela é boa em atuar. Parece estar tão bem entre elas, como se nada tivesse acontecido. Ela parecia saber o que fazer e como fazer. Por isso, não pude deixar de temer pela sua vida. O desgraçado do Marco estava certo, mesmo se ela conseguisse assassinar a Belledisse. Madaliena não sobreviveria.

- Você poderia parecer menos obvio? - Marco bloqueou a visão da minha mulher. O encarei intensamente, antes de beber um gole da minha bebida. Marco inclinou a cabeça como forma de desafio. Dei-lhe as costas e caminhei para perto dos outros. Eles conversavam em voz baixa e pareciam mais confortáveis naquele lugar.

Contudo, eu não tinha controle sobre aquilo. Em todos os momentos, meus olhos sempre acabavam sobre ela. Nos sons dos seus suspiros, nas batidas do seu doce coração e em sua voz suave. Quem diria que aquela pequena mulher, me causaria tanta dor em apenas uma noite. Sua rejeição me trouxe humilhação e tristeza. Ninguém nunca teve coragem de me rejeitar daquela maneira. Mesmo eu lhe prometendo o mundo no qual eu vivia, ela havia me rejeitado com um beijo açucarado. Madaliena podia não saber, mas feriu profundamente o meu orgulho e meu coração.

- Juntem-se para uma foto, por favor. - Marco pediu educadamente. O grupo se juntou no meio do salão iluminado pela luz de velas. Marco endireitou o tripé e a máquina fotográfica. Aproximei-me das bruxas com passos lentos, todos me acompanharam. O grupo se formou e Marco correu para perto de Belledisse, que possuía um pequeno sorriso nos lábios pintados de preto.

Quando a foto foi tirada, houve um curta salva de palmas e um aperto de mão firme entre Marco e Belledisse. Logo, todos começaram a fazer o mesmo. Um simples aperto de mão, entre duas espécies que pareciam ter nascidos para se odiar. Analisei Madaliena se aproximar com passos incertos, ela parecia trêmula e indefesa. Madaliena poderia esconder seus verdadeiros sentimentos perante as outras bruxas, mas quando estava comigo, ela não conseguia mentir.

Com suavidade, segurei sua pequena mão. O tremor aconteceu logo em seguida. Sua pele branca era delicada e atraente, eu desejei escutar o som de sua voz, mas tudo o que ela fez foi abaixar a cabeça e puxar a mão com rapidez. Não pude deixar de sorrir com seu comportamento, assim como eu, ela estava com medo de perder o controle na frente de todos. Não demorou muito para todas começarem a se retirar do salão. Encarei suas costas, enquanto Madeliana seguia Belledisse com passos silenciosos. Seu cheiro invadia meus sentidos, assim como o toque quente dos seus dedos finos contra minha pele.

Eu tentei. Tentei de todas as formas fazê-la me escolher sem precisar magoa-la. Mas aquilo não foi suficiente para ela. Eu não era suficiente. Agora, eu preciso quebra-la rapidamente para tê-la apenas para mim.

De um jeito ou de outro, Madaliena se tornará minha bela Rainha e eu serei o seu único Rei.

~~*~~

MADALIENA

Tomei um gole do chá verde. O aroma invadia meus pulmões, me trazendo uma sensação familiar. Todas minhas irmãs estavam sentadas formando um circulo. Encarei as varias velas no piso de madeira escuro. Elas conversavam e sorriam entre si. Estavam animadas para voltarem ao Clã. Respirei fundo e encarei Belledisse tomando o chá que eu fiz. A luz amarelada banhava seu rosto orgulhoso. Não faltava muito para eu cumprir com minha promessa, logo Belledisse estará sendo consumida pela escuridão e o Deus Caído estará devorando sua alma podre. Um sorriso de satisfação surgiu em meus lábios, ele não se desfez quando seus olhos negros se voltaram para mim.

- Está na hora de organizarmos nossa mala - declarou Belledisse, com a voz calma.

Deixei minha xícara no chão e coloquei meu véu outra vez. Katherina me seguiu com passos rápidos. Depois que chorei em seus braços mais cedo, ela não queria me deixar sozinha. Antes de entrar em meu quarto, lhe dispensei. Ela pareceu relutante em aceitar, mas também precisava se organizar. Nos meus aposentos gelados, acendi algumas velas, deixando a escuridão para trás. Fechei as janelas que dava para a floresta fria. Enquanto dobrava meus vestidos e meus véus, não consegui parar de pensar nele. E de como tudo estava acabando tão rapidamente. No começo, achei que seria fácil me despedir. Acreditei que não sentiria tanto a sua falta, porém eu estava completamente enganada.

Na medida em que eu guardava todas as minhas roupas, esperei que ele entrasse em meu quarto. Com suas roupas negras como a noite, seus olhos vermelhos como o eclipse e me beijasse com fervor. Por tanto, ele não apareceu, me deixando completamente sozinha. Com um longo suspiro, deitei na cama fria com a esperança de esquecer apenas por um tempo a dor em meu peito. Preciso me concentrar no momento que logo chegaria. Quando Tristen tiver partido e com ele todos os vampiros, Belledisse destruiria o feitiço de proteção daquela parte da floresta. Logo voltaria para o clã. Logo eu mataria a Belledisse.

Com aquele pensamento em mente, cai em sono profundo. O frio me abraçou e me levou para as profundezas do vazio. A escuridão ao meu redor, não me incomodava. Era como se eu estivesse tomando ar no jardim gelado do clã ao anoitecer. Com cuidado, me sentei e encarei o homem ao meu lado. Seus olhos vazios me deixavam inquieta. Ele me encarou sem qualquer expressão.

- O momento está chegando minha criança - murmurou suavemente como um vento frio de inverno. - E espero receber, o que me foi prometido. - Seus dedos se entrelaçaram nos meus, os encarei por alguns segundos antes de voltar para o seu rosto diferente e ao mesmo tempo tão bonito.

- Eu sei. Não se preocupe, eu darei a você a alma daquela bruxa - contei com firmeza. - Por isso, espero que você cumpra com a sua palavra e me mantenha viva. - O encarei intensamente. Um sorriso pálido surgiu em seus lábios finos. - Eu não quero morrer - admiti, com pura sinceridade.

- Manterei minha palavra criança. - Ele se aproximou e passou o braço sobre meus ombros. Seu toque é gelado, assim como o do Tristen. Aquilo só me deixou com mais saudades dele. - Porém, você precisa fazer algo para que isso funcione.

~~*~~

TRISTEN

Deixei a floresta escura, para as ruas de pedras iluminadas pelos últimos raios de sol. Minha pele esquentou pela exposição, mas não o bastante para me desestabilizar. Era apenas um incomodo infernal. Marco me deu uma última olhada antes de seguir caminho com os outros para a estação de trem da pequena cidade. Caminhei pela rua movimentada até o bar, onde encontrei Elena a minha espera. Ela estava apoiada na parede de tijolos. Seus óculos de sol refletiam os raios solares e suas roupas longas escondiam sua pele negra.

- Ótimo. - Me coloquei em seu caminho a protegendo da luz.

- Não tenho muito tempo para conversar, Elena - avisei, pegando a pasta negra em suas mãos. Posso imaginar seus olhos se revirando. - Um pouco grande, não? - questionei.

- Como eu disse antes, meu funcionário é obcecado pelas intocadas de Belledisse - começou com a voz firme. - Não é apenas a sua garota que está dentro dessa pasta, mas sim, todas que estão atualmente presas naquele covil de cobras. Pelo menos, foi o que o perseguidor me contou. - Elena limpou a garganta e se espremeu em minha sombra. Sua alimentação deixava o seu corpo ainda mais sensível. Não sei como lhe convenci a me encontrar a essa hora. Pisquei, imaginando que tipo de coisas ela me pedirá em um futuro próximo. - Preciso conversa com ele para saber do que mais ele sabe. - Bufou, fazendo-me levantar uma sobrancelha.

- Você só está com raiva por ele saber mais coisas do que você - apontei, encarando a ficha de Madaliena. Comecei a ler seu nome completo, o que me deixou paralisado. Posso sentir o olhar felino de Elena sobre mim.

- Você parece surpreso. Quem diria! - cantarolou com um pequeno sorriso. Fechei a ficha bruscamente com aquele simples nome. Voltei a encarar Elane intensamente. - Vai me contar o que o deixou tão surpreso? - pediu, segurando o tecido da minha camisa. Seu toque estava mais frio que o normal.

- Precisa se alimentar melhor Elane. Se continuar desse jeito, vai virar uma caça fácil para eles - lembrei. - Espero vê-la em breve. - acenei suavemente antes de deixa-la para trás.

Voltei para dentro da floresta escura. Não demoraria muito para as bruxas voltarem para o clã. Eu preciso encontra-la. Ela precisa saber o que todas aquelas bruxas fizeram com sua família. Com a família de suas irmãs intocadas. Enquanto corria pela floresta úmida, minhas roupas ficaram levemente molhadas, assim com meus cabelos. Senti pingos escorrendo pelo meu rosto e pescoço. Chegando a mansão, escutei seu pequeno coração batendo. Entrei com cuidado para que ninguém pudesse me sentir, os corredores estavam escuros por causa da noite lá fora. Com passos silenciosos, parei em frente à porta de madeira. Posso senti-la do outro lado da porta, deitada sobre a cama macia e quente. O desejo de tê-la em meus braços apenas aumentava. Por tanto, não posso toca-la agora. Só quando tudo isso chegar ao fim e ela for somente minha.

Estava preste a entrar no quarto, quando encontrei a sombra negra sobre o corpo deitado na cama. Seus olhos vazios me encararam. Seus dedos acariciavam a pele suave de minha mulher, um sorriso cresceu em seus lábios finos. Seu sorriso nojento me forçou a lembrar da noite em que nos conhecemos. De como ele nos enganou e roubou tudo o que eu amava. Deixei aquele pensamento de lado e mantive o controle sobre minhas emoções, dei um passo para dentro do quarto e fechei à porta calmamente atrás de mim.

Marco estava mais uma vez certo. Ela tinha prometido algo aquele demônio, agora tudo o que ela tinha que fazer, era pagar a sua divida. Se não, coisas ruins iriam acontecer. A sombra não demorou em desaparecer e quando aconteceu, ela começou a despertar. Ela retirou vários fios do rosto e se espreguiçou. Outra vez, tive que me segurar para não toca-la. Quando seu rosto sonolento se virou na minha direção, ela demorou a acreditar que eu estava realmente em seu quarto. Escutei o som de o seu coração disparar e sentir a temperatura do seu corpo aumente.

- Não sabia que você ainda estava na mansão. - Sua voz vacilou por um momento. Fiquei lhe observando arrumar o vestido e os cabelos negros.

- Eu não deveria estar aqui, todos já partiram - contei, enquanto me aproximava. Analisei seus lábios rosados entreabertos e sua pele fina do pescoço.

- Então, por que está aqui? - perguntou com a voz firme. Calmamente, sentei ao seu lado, sentindo seu calor corporal aquecer minha pele fria e um pouco molhada.

- A algo que eu quero mostra-la - declarei, segurando a pasta com força. Seus olhos castanhos caíram para o objeto em minhas mãos. - Mas primeiro, eu quero saber o que você prometeu ao Deus Caído. - Ela arregalou os olhos, surpresa com minha pergunta.

- O Marco contou isso a você? - O verdadeiro nome dele me causou estranheza. Encarei-lhe intensamente, vasculhando seu rosto em busca de respostas para aquele sentimento estranho.

- Não importa - disse, seriamente. - Apenas diga-me o que prometeu. - Encarei seus olhos castanhos e seus cílios longos. Ela lambeu os lábios lentamente antes de mordê-los. Se ela estava tentando me distrair, com certeza estava conseguindo - Diga-me. Não temos muito tempo.

Ela respirou com força ao levantar o rosto e me encarar.

- Você não entenderia Tristen - sussurrou com uma voz doce.

- Tente - exigi.

- Você acreditaria se eu dissesse que foi o Deus Caído que colocou você em minha vida? - Sua mão quente cobriu a minha. - Que ele o trouxe para esse lugar para me libertar? - Continuei fitando seus belos olhos. Sua voz macia mexia com meu corpo, mas eu não acreditava em suas palavras. - Em uma noite, eu prometi ao Deus Caído agradecê-lo por ter colocado você em minha vida. - Terminou por fim.

- Ele não me colocou em sua vida. - Ela não se encolheu pela frieza em minha declaração.

- Eu disse que você não entenderia. - Me enviou um sorriso. - Pelo menos, não agora. - Fechei os olhos controlando o impulso de gritar. Ela não sabe com quem está se metendo.

Voltei a encara-la.

- E o que você prometeu? - questionei.

- A Alma de Belledisse - sua resposta me deixou aliviado. Encarei a porta fechada, para não demonstrar o quanto estava contente com aquela declaração. - Voltou para me perguntar isso? - A decepção era evidente. Virei-me para encara-la melhor, seus olhos me analisavam com expectativa e cuidado.

- Não. Quero que veja isso. - Entreguei a pasta. Ela o encarou com a testa franzida.

- O que é isso?

- Tudo o que Belledisse e as outras bruxas tiraram de você. - Por um momento, seu corpo ficou rígido. Vendo seu estado, abracei o impulso de toca-la. Sua pele estava quente e sedosa. Acariciei seu ombro enquanto ela encarava o objeto em suas mãos. - Não apenas de você, mais de todas as outras intocadas. - Seu lindo rosto se voltou para mim.

- Onde encontrou isso? - perguntou, confusa. Não era difícil ver a dor em seus olhos.

- Existe algo chamado internet. Uma coisa maravilhosa e útil, quando você sabe o que faz. - Sem perceber, minha mão correu para seus cabelos macios. Ela cheirava a chuva.

- Por que está fazendo isso Tristen? - Com um movimento rápido, ela fugiu do meu toque. Ela ficou em pé e me encarou seriamente. - Está fazendo isso, por que eu não o escolhi?

Sim.

- Só quero que você veja quem são as verdades pessoas que você chama de irmãs. - Levantei, ficando um passo de distância. - Você não quer saber a verdade? - questionei, encarando seus ombros trêmulos. - Não quer saber sobre sua verdadeira família? Sobre o que aconteceu de verdade com eles? - A hesitação em seu olhar era evidente, posso vê-la se quebrando aos poucos e gostei imensamente daquele momento. - Não quer saber seu verdadeiro nome? - Seus olhos se arregalaram.

- O que? - gaguejou.

- Você não tem 21 anos e seu nome verdadeiro não é Madaliena. - Odiei completamente aquelas palavras, eu gostava do seu nome. É belo e combinava perfeitamente com ela. - Tudo o que Belledisse roubou de você, está dentro dessa pasta. Espero que aceite meu presente. - Me aproximei lentamente e abracei seu corpo frágil. - Quando tudo isso terminar e você precisar de alguém, apenas chame o meu nome que eu virei correndo até você. - Ela não se moveu. - Esperarei por você o tempo que for preciso. - Beijei sua bochecha molhada. Em algum momento, ela começou a chorar em meus braços.

Antes que eu pudesse me afastar de seu corpo quente, ela segurou minha mão. Com os olhos molhados, ela me encarou tristemente. Molhei os lábios, impedindo um sorriso de se formar.

Sua dor é a minha vitória.

- Tristen - chamou, aumentando o aperto. - Antes que você vá, eu gostaria de te pedir algo. - Sua voz trêmula só me deu mais vontade de abraça-la.

- Você pode me pedir qualquer coisa.

~~*~~

MADALIENA

Encarei as varias fichas espalhadas sobre o piso frio de madeira. Depois que Tristen partiu, pude me acalmar um pouco. Eu havia chorado em seus braços fortes, revelando o quão fraca sou. Deixei o incidente de lado e peguei a ficha de capa preta.

- Cornelia Stanciu. - O nome soava familiar. - Cornelia - repeti, várias vezes. Eu gostava de como o nome soava, meu verdadeiro nome. Até isso Belledisse tirou de mim.

Li em voz baixa os nomes seguintes. Do meu pai, de minha mãe e da minha irmã.

- Bianca Stanciu. - Seu nome me causou tristeza.

A ficha dizia que Bianca morreu um mês depois do incêndio que matou toda a família, incluindo sua irmã mais nova de apenas 5 anos. Eu. Meu terrível pesadelo fez meu corpo estremecer de medo. O fogo esquentando minha pele. Da garota ferida deitada ao meu lado. Da sua voz chorosa me pedindo desculpas, para logo em seguida, o rosto de Belledisse surgir em meio ao fogo. Foi por causa dela. Sempre é por causa dela, não é mesmo? Belledisse é a causa de tudo que foi tirado de mim. De ter roubado a minha vida.

Segurei o ar em meus pulmões. Eu não posso perder o controle agora. Não depois dessas longas noites. Meu momento logo chegaria, e eu não hesitarei em entregar a sua alma nojenta para o Deus Caído destruí-la. Belledisse merecia muito mais do que a morte, mas espero que quando a morte chegar, ela seja a mais longa e dolorosa possível. Passei os dedos trêmulos entre os cabelos e soltei o ar com força. Voltei a ler uma pequena descrição do que havia acontecido na noite do incêndio. Era o depoimento de Bianca.

"Três mulheres entraram em nossa casa e nos contou que minha irmã fazia parte de um mundo diferente do nosso. Que ela possui a magia em seu coração e que elas poderiam ajuda-la a controlar aquele poder. Que ela é uma menina especial. Mas quando meus pais se recusaram a entrega-la, elas simplesmente nos atacaram. Colocaram fogo em nossa casa com as próprias mãos.

Eu tentei sair de lá. Tentei levar minha irmã para um lugar seguro, mas elas eram rápida demais, uma delas me atacou. Jogou-me contra o teto, com Cornelia em meus braços. Por tanto, quando caímos no chão. Eu não tinha mais forças. O fogo já havia consumido tudo e eu não conseguia respirar direito. Mal conseguia enxergar a minha irmã. Eu nem me lembro da mulher tê-la levado. Só lembro-me do nosso vizinho me acordando, depois que me tirou de dentro da casa em chamas.

Minha irmã não morreu. Ela foi sequestrada por bruxas"

Encarei a nota logo em seguida.

Bianca foi internada no manicômio da cidade por problemas mentais e por alucinações constantes. Ela se enforcou um mês depois de ser internada com os lençóis da própria cama. Ela foi enterrada ao lado dos pais e da irmã.

Com aquilo, eu sabia que podia odiar Belledisse ainda mais do que estava odiando no momento. Fechei os olhos com força e deixei aquela ficha de lado por um tempo. Havia outras que eu precisava ler. Precisava saber o que elas fizeram com a família de cada uma. Das famílias que destruíram por desejos egoístas.

~~*~~

Encarei a fogueira. O fogo consumia a madeira, assim como consumiu minha casa há muito tempo. Sua cor alaranjada era bela e ao mesmo tempo assustadora para mim. Analisei todas ao redor da fogueira, o véu que eu usava estava começando a incomodar. Umedeci os lábios e me foquei na mulher do outro lado das chamas. A que possuía cabelos negros e olhos como a noite escura e sombria. Meu coração batia com força, mas não por causa dela, mas para o que estava preste a acontecer.

- É uma bela noite para uma despedida. - Belledisse anunciou com um grande sorriso.

Nisso, nós concordávamos. É uma bela noite para se despedir.

Todas convocaram os punhais. Assim como a nossa primeira noite na floresta, daríamos o nosso sangue para desfazer aquele feitiço. Lembro-me da dor que sentir ao cortar minha pele. De dar o meu sangue. Um brilho pálido e branco se formou em minha mão, para logo sem seguida, eu sentir o peso e a firmeza do metal. O encarei calmamente. Ele refletia a luz da fogueira que queimava, olhei meu reflexo distorcido no metal frio. Pergunto-me o que aconteceria se eu tirasse a vida de uma bruxa com aquela arma. A Deusa havia me dado como forma de proteção. Para me proteger dos monstros que são os vampiros. Por tanto, eles não são os monstros que me aprisionaram e me usaram.

Palavras antigas foram pronunciadas, antes que Belledisse cortasse a palma da mão e pingasse seu sangue negro na fogueira. Ela gritou seu nome, fazendo a chama crescer e ser tornar vermelha. Depois Samanta, Agnes, Samara e Benedy. Todas fizeram o mesmo processo, criando uma chama vermelha e longa, tornando o ambiente mais quente que o normal. Em seguida, era a nossa vez. Benna foi a primeira a fazer o ritual, porém, seu sangue criou apenas uma pequena chama de cor azul. Katherine a seguiu rapidamente, outra chama azul foi criada. Antes, em um passado não muito distante, eu teria achado que não éramos fortes o suficiente para aquele tipo de feitiço. Por isso, o fogo não tinha tanto efeito sobre nossas palavras e sangue. Agora, eu sabia que não era nada disso.

Uma vez, Margo me contou que o nome de uma bruxa é muito importante para ela. Que nossos nomes estão ligados a nós como nossa magia. Assim como saber o nome verdadeiro de um vampiro, nos dar poder sobre ele. Então, trocar nossos nomes era um jeito fácil de controlar nossa magia.

- Madaliena? - Belledisse chamou. Levantei o rosto para encara-la. - É a sua vez - contou, com uma voz calma.

Com passos lentos, me aproximei da fogueira. Continuei encarando Belledisse através do véu branco que havia se tornado uma coleira para mim. Todas ao redor, me analisavam com cuidado. Com um movimente suave, retirei o véu do meu rosto. Katherine indagou surpresa, enquanto Belledisse possuía os olhos arregalados. Sinto a chama aquecer meu rosto e o vento frio acariciando meus cabelos.

- O que pensa que está fazendo, Madaliena? - Belledisse gritou de onde estava. Ela e as outras pareciam paralisadas com o meu ato.

- Estou cansada de tudo isso - falei, jogando o véu na fogueira. O fogo o destruiu rapidamente. - De todas as coisas que vocês me forçaram a fazer - encarei Benedy, que segurava o punhal com força. Ela pareceu saber o que estava preste a acontecer. - De todo o que vocês roubaram de mim. - Cortei a palma da mão.

- Pare já com isso Madaliena. - Belledisse deu um passo na minha direção. Sua voz era firme e a surpresa em seu rosto se tornou fúria. - Isso é uma ordem! - gritou, fazendo as sombras dançarem ao seu redor. Antes eu teria medo, mas agora, eu só conseguia rir.

- Você não tem nenhum controle sobre mim. - Levei o punho fechado até a fogueira. - E meu nome não é Madaliena. - A escutei puxar o ar com força. Suas narinas estavam dilatadas e pude ver o medo em seus olhos negros. - É Cornelia. - A chama gritou em vermelho vivo. Senti minha pele queimar, porém, não havia queimaduras. O feitiço que protegia a floresta e a mansão se quebrou como vidro, revelando a verdadeira noite.

Voltei minha atenção para Belledisse quando ela me atacou. Suas unhas afinadas rasgaram a manga do meu vestido, seus olhos estavam vazios. Eu tinha a vantagem sobre Belledisse, mas não com todas as outras ao meu redor. Eu estava sozinha e, se era para morrer daquele jeito, eu precisava acabar com aquela bruxa o mais rápido possível. Lancei-me contra o corpo alto de Belledisse ao mesmo tempo em que o símbolo queimava em meus pulsos. Quando nossos corpos se chocaram, formos teletransportada para dentro da floresta escura.

Nossos corpos foram de encontro ao chão, gemi com a queda. Escutei Belledisse gritar e reaparecer sobre meu corpo. Segurei seu pulso, com a lamina a centímetros da minha garganta.

- Garota tola - berrou.

Com o joelho, bati em suas costelas, fazendo-a fraquejar. Invoquei minha magia, a lançando contra o tronco da arvore. Levantei-me e invoquei meu punhal, caminhei em sua direção enquanto ela tentava ficar em pé. Observei o sangue escorrer entre seus lábios pintados de vermelho.

- O que... - Ela me encarou desorientada. O feitiço que coloquei em seu corpo estava começando a fazer efeito. Todas as vezes que ela me atacava, o feitiço me protegia, enfraquecendo o seu corpo. Destruindo-a de dentro para fora. É um truque velho e humilhante quando você é pega por ele. - O que você fez criança miserável - gritou, para mim. As sombras começaram a se reagrupar. Antes que ela fizesse qualquer coisa, ataquei seu rosto. Um corte profundo se formou da sua orelha até a ponta dos lábios. Belledisse berrou. Um grito estridente e fino. Parecia um animal sendo abatido. Ela levou as mãos ao rosto, tentando conter o sangramento.

- Por Marie. Pela Margo - Virando seu corpo com o pé. Seus cabelos se espalharam na areia escura. A luz da lua banhava seu rosto ensanguentado e a dor em seus olhos. - Pelos meus pais. - Pisei em um dos seus braços, antes de sentar em seu corpo. - Por minha irmã. - Encarei seus olhos intensamente. - Por tudo o que você me forçou a fazer. - Ergui o punhal - pela vida que você me roubou. - Belledisse colocou a mão livre sobre o peito em forma de proteção. - Diga "oi" ao Deus Caído por mim, Belledisse. - Seu corpo estremeceu de medo e seus olhos quase saltaram de susto.

Com toda a força e raiva que crescia em meu coração, cravei o punhal contra seu peito. Contra seu coração podre. O sangue começou a se espalhar e manchou a lâmina do meu punhal. Com a respiração ofegante, apunhalei seu peito varias e varias vezes. Quando não me restava mais forças, deixei o punhal cair sobre a terra enquanto o corpo de Belledisse se tornava negro, segundos depois, ela se desfez em cinzas. Com o coração acelerado, me levantei da pinha de cinzas e roupas.

Levantei a cabeça, sentindo a brisa fria da noite e encarando a linda lua. Ela me observava com seu brilho puro e relaxante. Outra vez, encarei as cinzas de Belledisse. Tudo estava acabado, eu estava livre das suas garras.

- Madaliena? - Me virei para encontrar Katherine a alguns metros de distância. Antes que eu pudesse reagir, sentir a lâmina perfurar meu ombro. Cai no chão pelo impacto. A dor irradiava por todo o meu corpo, me levantei com as pernas trêmulas, mas só para ser jogada contra arvore mais próxima. Senti algo se quebrar quando fui de encontro ao chão.

- Eu nunca confiei em você. - A voz de Samanta invadiu meus sentidos. Virei-me para encontra-la caminhando na minha direção com passos firmes. A magia negra brilhava na ponta dos seus dedos. - Sabia que você seria um problema para todas nós. - Samanta chutou meu estômago, fazendo-me cuspir sangue. Encarei seus pés descalços vir de encontro ao meu rosto. Não gritei, não darei esse gostinho a ela.

Quando ela virou o meu corpo fraca e se inclinou para pegar o punhal cravado em meu ombro, recuperei minhas forças e chutei seu joelho, fazendo-a cair ao meu lado. Com um movimento brusco, invoquei meu punhal e cortei seu pescoço fino. Ela se afastou rapidamente, suas mãos estavam no corte. Enquanto levantava com dificuldades, analisei o sangue banhar seu vestido azul. Ela voltou para o chão com os olhos vazios, engasgada no próprio sangue.

Por acharem que somos fracas, todas acabam abaixando a guarda quando estamos no chão. Como se fossemos incapazes de revidar e lutar por nossas vidas.

- Porra - gemi, enquanto retirei o punhal e o joguei perto do corpo sem vida de Samanta. Ela começou a se desfazer, assim como Belledisse. Voltei-me para Katherina, que ainda estava parada no mesmo lugar. Dei um passo na sua direção, porém, fui impedido por um selo sob meus pés. Desesperada, o encarei brilhar e rapidamente, me sugar para dentro da terra. Meu corpo ficou rígido quando cai sobre as escadas da mansão. O ar fugiu dos meus pulmões e senti uma pontada na cabeça. Meu corpo doía e eu não tinha mais forças para levantar ou mover um músculo.

O rosto de Benedy surgiu como um borrão. Respirei com dificuldades, sentindo seus dedos em meu rosto antes de ela puxar meus cabelos e colocar algo em volta do meu pescoço. Eu não precisava ver, para saber do que se tratava.

- Puxem - gritou ela.

A corda em volta do meu pescoço me puxou pelos degraus. As pedras rasgavam a renda do meu vestido e a pele fina dos calcanhares. Encarei o céu estrelado enquanto era arrastada pela areia e erguida com rapidez. A corda apertou meu pescoço. Era uma dor diferente de quando o Tristen me mordia. A dor era prazerosa e deliciosa, essa é angustiante e desesperadora.

Era desse jeito que eu iria morrer? Enforcada como uma traidora?

Meu corpo se debateu em busca de ar. Com o passar dos segundos, pontos brilhantes invadiram meu campo de visão e senti algo estourar, minha visão ficou com um tom avermelhado. O medo me consumiu, mesmo eu tentando ser forte. Foi o que eu havia escolhido; o caminho que decidi trilhar. Mas agora, o medo me invadia e consumia meu coração e mente. Eu não queria morrer. Não agora. Não depois de tudo. Antes que os ossos do meu pescoço se quebrassem, murmurei o nome da única pessoa com quem eu desejava desesperadamente estar.

- Alec.

Em seguida, um estalo aconteceu e o vazio me consumiu.

...*...

A última noite será publicado amanhã, ansiosos? Espero que sim. Muito obrigada a todos que estão lendo e espero de todos coração que tenha gostando.❤️

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