Noite X
TRISTEN
Seus gemidos ecoavam na minha cabeça. O som dos seus suspiros e o toque de nossas peles se encontrando. Passei o polegar sobre os lábios, sentindo o gosto da sua boca e a sensação da sua língua acariciando a minha. Tudo nela era encantador e excitante. Há quanto tempo eu não encontrava alguém assim, que me deixava excitado com gestos simples.
Minha atenção foi para o homem sentado a minha frente. Seus cabelos brancos estavam bem arrumados, preso em uma fita negra. Suas pernas longas estavam cruzadas e sua boca se mexia, falava algo que não me incomodei em prestar atenção. Sua boca volumosa e deliciosa.
É, faz um longo tempo.
— Você não está prestando atenção — apontou ele, me trazendo de volta para aquele quarto mal iluminado.
— Claro que não — respondi, desviando meus olhos para a cama, agora, bem arrumada. Mesmo com lençóis limpos, seu cheiro continuava pairando no ar. Qualquer um da minha espécie poderia sentir.
— Mesmo depois dos meus avisos, ela decidiu saciar seu desejo. — A voz fria do Marco me fez encara-lo. Seu rosto continuava passivo e calmo.
— Primeiro: Ela ainda não saciou meus desejos por ela. — Retirei o polegar dos lábios e o encarei seriamente. — E segundo: Quem disse que você poderia falar com ela? — Marco piscou os olhos vermelhos.
— Não preciso da sua permissão para falar com ela. Assim como ela não precisa da sua para falar comigo — Marco sorriu. Um sorriso traiçoeiro. O mesmo sorriso traiçoeiro que costumava me dar quando desaparecia por varias noites depois de uma discussão e voltava cheirando a prostitutos e cerveja ruim. Assim como antes, aquele sorriso me enfurecia. — Eu tinha que avisa-la sobre você. Não posso deixar a chapeuzinho vermelho ser devorada pelo grande lobo mal — declarou.
— O que você disse a ela?
— Não importa mais. Ela escolheu ser devorada pelo lobo mal, não posso fazer mais nada com os ossos que foram deixados na floresta escura — senti meu maxilar ficar tenso com sua escolha de palavras.
— O que quer dizer com isso Marco? — cuspi, tentando manter o autocontrole. Eu sabia muito bem o rumo daquela conversa, e nada tinha haver com Madeliena. E quanto mais ele me olhava, mais a raiva crescia dentro do meu peito.
— Não é obvio? Você vai destruí-la Tristen, assim como destruiu todas as suas amantes antes dela, como me destruiu — falou sem receio.
— Eu sempre fiquei do seu lado. — Levantei, deixando a poltrona de couro e fazendo sua mão tremer levemente. Ele entrelaçou os dedos, tentando esconder sua fraqueza. Mas eu o conhecia muito bem. — Fazia qualquer coisa para agrada-lo. — Marco sustentou o olhar, me desafiando. Como sempre costumava fazer. — Realizei a porra dos seus sonhos... — Segurei a poltrona que ele sentava firmemente. Marco levantou a cabeça para me encarar melhor — E no final, você me abandonou sem dizer uma palavra. — A raiva estava evidente na minha voz. Seu rosto passivo começou a se modificar e o sorriso que eu odiava voltou a preencher o seu rosto bonito.
— Deixar você foi a melhor coisa que fiz em toda a minha... — O calei com um movimento rápido. A sensação da sua pele sob a minha era familiar. Apertei seu rosto, fazendo-o gemer contra minha mão. Suas palavras me enfureciam assim como aquela noite. Eu queria quebrar cada mísero osso do seu rosto. Destruir seus dentes perfeitos. Só assim ele aprenderia a ficar em silêncio.
— E eu pensando que a briga do pior casal havia terminado. — A voz de Victoria preencheu o quarto. Virei-me e a vi apoiada na porta fechada. Seu vestido branco lhe dava uma falsa ilusão de inocência. Algo que Victoria nunca foi, e nunca seria.
Soltei o rosto do Marco lentamente. Ele continuou em silêncio e imóvel na poltrona. Encarei seu rosto por alguns segundos, as marcas dos meus dedos estavam cravadas nas suas bochechas pálidas. Seus olhos demonstravam medo, algo que durou apenas alguns segundos antes de voltarem a serem frios. Naquele momento, me arrependi profundamente de tê-lo machucado.
— O que quer aqui Victoria? — perguntei, me afastando do Marco e me virando para encara-la. — Estamos em reunião, você sabe que não devo nos interromper nesses momentos. — Me joguei na poltrona. Marco continuava em silêncio, ele passou a mão nas bochechas, fazendo minhas marcas desaparecerem. Ele não voltou a me olhar e o sorriso no seu rosto havia desaparecido. A mão de Victoria no meu ombro me fez encara-la.
— Eu só queria ver você — confessou ela, com um sorriso sedutor nos lábios pintados. Victoria sentou no meu colo, ela abraçou meu pescoço e acariciou meu ombro. Meus olhos correram para o Marco, pisquei surpreso quando não encontrei sentado. Em seu lugar, tinha uma pinha de papéis da reunião da noite anterior. — Faz muito tempo que você não me toca — murmurou ela em minha orelha, fazendo-me esquecer do Marco. — Não importa se esse lugar cheira a aquela bruxa imunda, eu só quero que você me foda. Eu preciso de você dentro de mim, como nos velhos tempos. — Sua voz parecia desesperada, algo que nunca ouvir antes. Seus olhos vermelhos havia se tornados negros e sem brilho. — Tenho certeza que irei satisfazê-lo. — Seus lábios tocaram meu queixo.
— Você nunca conseguiu me satisfazer, Victoria. Por que acha que vai conseguir agora? — Ela se afastou o suficiente para que eu enxergasse a fúria em seu rosto. — Já conversamos sobre isso. Seu corpo não me atrai mais, o seu gosto não me abre o apetite e seu sangue... o seu sangue é a pior coisa que eu já experimentei em toda a minha existência. — Toquei o tecido fino do seu vestido. — Agora, saia — mandei.
Antes que a empurrasse, Victoria cravou as unhas no meu pescoço. A encarei intensamente, a raiva fazia seus olhos ficarem mais negros.
— Por que você a escolheria? Por quê? — Suas unhas cortavam minha carne, o sangue começar a escorrer pelo meu pescoço e entre suas unhas. Pequenos pontos vermelhos começaram a brilhar em seus olhos. Ela encarou o meu sangue, sua língua umedeceu suas presas como se ela estivesse pronta a se alimentar. Segurei o seu pulso magro, forçando-a a me soltar. Ela gritou quando torci sua pele pálida.
— Diferente de você Victoria, ela não precisa fazer muita coisa para me excitar — sua atenção voltou para meu rosto. — O corpo dela é quente e macio, seu coração bate loucamente quando eu a toco e a beijo. Seu gosto é viciante, único e o mais importante, quando estou com ela... — Encarei Victoria morder o lábio, um fiapo de sangue começou a escorrer pelo seu queixo. — Eu me sinto vivo outra vez. — Victoria puxou o pulso com força e se afastou. Ela ficou em silêncio, me analisando. — Não faça nada que possa se arrepender Victoria. Se algo acontecer a ela, esquecerei quem você é para o Marco.
— Você está cego de desejo por ela Tristen, enquanto você não para de pensar nela. Ela está ocupada demais pensando em como seduzir outros como você. — Ela forçou um sorriso. Sua bochecha tremeu e seus olhos piscarem sem parar.
— O que quer dizer? — questionei, sentindo a presença de Marco voltar. Pela minha visão periférica, o encontrei em pé ao lado da minha poltrona.
— Estou dizendo que um dos nossos amigos estava comentando sobre uma Intocada que não parava de observa-lo. Ele disse a todos que sentiu o cheiro da excitação dela e de como o seu pequeno coração não parava de bater enquanto ela o observava. — Victoria limpou o sangue em seu queixo e lábio. — Isso parece familiar para você? Porque eu tenho certeza que a sua Intocada e a dele, é a mesma bruxa imunda — cuspiu ela, irritada. Seus olhos foram para Marco e depois voltaram para mim.
— Diga-me o nome dele — ordenei com calma.
— Tristen — Marco falou como um avisou. — Não faça isso de novo.
— Não farei nada. — Cruzei as pernas, sentindo um sentimento familiar subindo pela garganta. — Diga-me o nome dele, Victoria — ordenei uma segunda vez.
— Escute o meu Titio, Tristen, não faça isso de novo. Imagina o que os outros vão pensar sobre você. — Sua raiva foi substituída por uma satisfação irritante.
— Se não me disser o nome agora, eu vou quebrar o seu lindo pescoço — sorri para ela, fazendo-a estremecer. Ela sabia que eu não estava brincando, principalmente agora.
— Diga o nome e vá embora, Victoria — mandou Marco, impaciente. Ela passou a língua nos lábios antes de dar um passo para trás.
— Edmund. — E com um piscar de olhos, ela desapareceu. Marco entrou no meu campo de visão.
— Edmund é importante para nós. Ele é um dos melhores caçadores de Lycan, Tristen. Abateu mais de quinze na última luta no Novo México. Você não pode eliminá-lo por um ciúme idiota criado pela Victoria. — Seu rosto não demonstrava desespero, diferente do tom da sua voz.
— Sente-se — mandei. Marco se calou e sentou-se na poltrona. Ele segurou a pilhas de papeis no colo e continuou me encarando. — Vamos começar a reunião.
~~*~~
MADELIENA
— Por que estamos fazendo isso? — perguntei, encarando as costas de Belledisse.
Ela guiava Marie e eu pela floresta. Não houve conversas desde o momento que sairmos da mansão. Encarei seus cabelos longos e depois seu vestido de cor cinza.
— Preciso da sua ajuda — disse simplesmente. Ela voltou a ficar em silêncio, me deixando curiosa. Marie apenas apreciou o aroma da floresta e a vista que ela parecia adorar.
— Que tipo de ajuda? — Quis saber. A terra daquele lado da floresta estava seca, meus pés descalços afundavam na terra deixando-os sujos. A bainha branca do meu vestido arrastava pela terra escura, deixando um rastro fino por onde passávamos. Eu queria voltar para a mansão, para o meu quarto. Eu não havia conseguido dormir, depois da prazerosa noite, minha mente estava em alerta. Eu ainda podia sentir seu cheiro na minha pele e sua boca gelada me beijando.
Tudo era tão bom, diferente e delicioso.
Suspirei com a imagem de Tristen completamente sem roupa. Marie me olhou em silêncio, encarei seu véu branco e depois as arvores ao nosso redor. Não posso deixar minha mente se perder na noite passada, eu não posso deixar ninguém saber que não sou mais uma bruxa pura. Uma intocada.
Paramos em uma pequena área na floresta. Ao invés de areia, havia pedra sob nossos pés. Ela tinha um formato redondo e liso. Margo me contava histórias sobre aquela pedra negra, de como ela engolia nossa magia em busca de um sacrifício. Encarei Belledisse com esperança de saber o que estava acontecendo. A energia negativa naquele lugar me dizia que algo ruim ia acontecer. Que sangue seria derramado.
— Por que estamos aqui Belledisse? — Exigi. Belledisse franziu a testa. — Não deveríamos estar nesse lugar. — Segurei o braço de Marie e a puxei para fora do circulo. Mas antes que pudéssemos sair, uma barreira nos impediu. Toquei desesperada a barreira invisível, tentando invocar algum encantamento, mas nenhuma magia foi convocada. Apenas o silêncio. — Marie, me ajude — pedi, puxando-a para mais perto. Mas ela apenas ficou calada e puxou o braço suavemente, retirando o véu. Encarei seu rosto em formato de coração — O que está fazendo? — murmurei, dando um passo para trás.
— Marie precisa da nossa ajuda, Madeliena — Belledisse se aproximou e soltou os longos cabelos de Marie. Seus olhos estavam vazios e sem qualquer brilho. Meu coração começou a bater com força quando Belledisse começou a retirar o vestido branco da Marie e o jogou em qualquer lugar.
Foi quando reparei nas varias marcas negras que percorriam o seu corpo magro. As mesmas marcas que Belledisse e as outras nos fazem curar.
— Ela está... — As palavras morreram nos meus lábios.
— Corrompida — Belledisse segurou o pulso fino de Marie e a guiou até o centro da pedra. — A magia negra se submeteu a sua magia branca, impedindo que Marie a eliminasse e se curasse. Infelizmente, ela não nos avisou sobre o que estava acontecendo. Fazendo sua situação se agravar e seu corpo apodrecer. Marie está sofrendo e vamos ajuda-la a se libertar do Deus Caído.
— Não. Eu posso cura-la.
— Não se aproxime, Madeliena. — Suas palavras fizeram meus músculos travarem e meus pés ficarem paralisadas. — Já conversamos sobre isso ontem. Maria fez a escolha dela.
— Em que momento houve essa discussão? — perguntei, começando a sentir o desespero nas minhas palavras. O rosto de Belledisse ficou sério, ela inclinou a cabeça e me analisou dos pés a cabeça.
— Em meio à madrugada de ontem, Madeliena — disse ela, lentamente. — Você estava lá. Marie pediu para ser sacrificada, para que sua alma fosse entregue a Deusa.
Madrugada. Engoli em seco sem saber o que dizer. Belledisse continuou em silêncio. Seus olhos negros pareciam me questionar, ela sabia. Naquele momento, eu havia colocado a corda em volta do meu pescoço e Belledisse a estava segurando pronta para dar um fim a minha vida.
— Você está bem? — questionou ela, fazendo Marie deitar na pedra fria.
— Sim. Eu estou bem irmã, me desculpe — murmurei, sentindo meu corpo estremecer.
— Não se preocupe Madeliena. Quando tudo isso terminar, você não se lembrar de nada — apontou ela.
— O que quer dizer? — rebati, deixando-a calada por um longo tempo.
— Confie em mim, Madeliena — mandou. Belledisse retirou seu punhal da cintura. Encarei a pequena Marie deitada, seus olhos redondos estavam fechados e seus cabelos cacheados espalhados pela pedra escura.
— Deve ter outro jeito — falei, me aproximando do centro. — Por favor, irmã, não faça isso — pedi, com o coração batendo loucamente.
— Marie fez a sua escolha e nós apoiamos sua decisão. — Belledisse cortou a própria mão, fazendo seu sangue negro manchar a pele branca Marie, agora marcada pela magia negra. Escutei palavras antigas sendo sussurradas ao mesmo tempo em que o pequeno corpo de Marie começou a flutuar. — Me de a mão Madeliena. — A mão ensanguentada de Belledisse esperou a minha. Dei um passo para trás.
— Não farei isso com ela — declarei.
— Essa é a coisa certa a se fazer, não deixaremos que o Deus Caído devore a alma de nossa irmã. Ela não merece isso, Madaliena. Você não pode permitir que isso aconteça. — Suas palavras não me deixaram com medo. Encarei seus olhos negros e depois sua mão ensanguentada. A energia ruim daquele lugar começou a me sufocar, invadir minha garganta e apertar meu coração. Afastei-me.
— Não farei isso. — Analisei seu maxilar ficar tenso e seus olhos mudarem para algo sem emoção. Sua mão ensanguentada se fechou lentamente.
— Você nunca questionou minha decisão e nunca me disse não. — Sua voz era suave, mas carregava raiva. — O que aconteceu com você? — perguntou, friamente.
— Sempre a uma primeira vez para tudo minha irmã — respondi, fazendo-a inclinar a cabeça e seus longos cabelos caírem sobre seu rosto. — Agora, deixe-me curar a Marie. — Me aproximei. Belledisse continuou me encarando, um arrepio estranho correu pela minha espinha, me deixando paralisada. Minha mão parou antes que eu tocasse a pele pálida da Marie. Com dificuldades, levantei a cabeça e encarei a escuridão envolta de Belledisse — O que está... — Respirei com dificuldades. — O que está fazendo? — perguntei, sentindo meus batimentos diminuírem e algo espremer meus pulmões, expulsando todo o ar, me fazendo sufocar. — Belledisse... — pedi, sentindo o medo me dominar.
— Nunca diga não para mim Madeliena. — Sua mão ensanguentada segurou meu pulso. — Tudo que você é, tudo o que você aprendeu e tudo o que você possui, é por minha causa. Você continua viva, porque eu preciso de você. Nada mais, então todas as vezes que eu pedir alguma coisa... — Ela cortou minha pele, fazendo o sangue vermelho escorreu. — Você abaixa a cabeça e aceita. Apenas isso e nada mais.
Meu corpo começou a estremecer e pude sentir algo molhado em minha bochecha. Naquele momento, enquanto eu sentia meu sangue escorrer e sentia algo quente me abraçando, algo que parecia queimar a minha pele e minhas roupas, algo que fez meu tremor desaparecer. Eu sabia que nunca, nunca em toda a minha vida, deveria ter confiado em Belledisse.
— Eu estou fazendo isso para o seu bem, Madaleina. Eu não quero que você se machuque e que nada de ruim aconteça com sua magia. — Sua mão apertou meu pulso, pude sentir minha magia sendo sugada por ela, ao mesmo tempo em que sua magia negra me invadia. — Apenas acredite na sua irmã. Tudo isso é para salvar a alma de Marie.
E antes que eu perdesse a consciência, uma voz desconhecida, uma voz profunda sussurrou em minha orelha. Palavras quentes que faziam minha pele queimar, assim como todo o meu corpo estava naquele momento. Palavras que resumia quem era aquela bruxa na minha frente, quem era a verdade mulher que havia me criado por todos esses anos. A mulher que me machucava quando eu tinha pesadelos, roubava minha magia para curar seu corpo e a mulher que tinha um sorriso doce disfarçado de mentiras.
A voz sussurrou e sussurrou, até que aquelas palavras rasgassem minha pele e nada e nem ninguém pudesse retira-la de dentro de mim.
— Ela está mentindo. Ela está mentindo. Ela está mentindo. Ela está mentindo. Ela sempre mentiu para você pobre criança.
Quem diria que o próprio Deus Caído rasgaria o véu que me impedia de ver quem era a verdadeira pessoa, que eu chamava de 'irmã'.
~~*~~
Acordei com a impressão de que estava esquecendo alguma coisa, uma coisa muito importante. Retirei os lençóis que me cobriam e encarei a janela aberta. Estava escuro lá fora. A noite já havia chegado. Fechei os olhos com força e tirei os cabelos que caíam sobre o rosto. Suspirei longamente, me sentindo cansada, meu corpo estava dolorido e sensível. Algo me dizia que era as consequências de ontem à noite, que a dor de meu corpo era por causa de Tristen. Mas a outra parte dizia que aquele vampiro não tinha nada haver com isso.
Rolei na cama e encarei o relógio no criado mudo, já havia passado da meia-noite. Pisquei, pensando quanto tempo eu estaria dormindo. A imagem do jantar passou pela minha mente, assim como o banho de ervas logo em seguida. Era tudo o que eu conseguia lembrar.
Voltei a fechar os olhos e repousar minha cabeça no travesseiro. O silêncio não me incomodava, estava preste a cair no sono quando senti algo gelado tocar meu tornozelo. Abri os olhos lentamente, sabendo de quem se tratava. Seus dedos subiram calmamente pela minha perna, seu toque parou na metade da minha coxa, por causa da camisola que o impedia de ir mais longe. A cama afundou ao meu lado e senti a frieza do seu corpo sobre minhas costas.
— Você não deveria está aqui — avisei, sentindo seus lábios no meu ombro e depois pescoço.
— Eu esperei por você a noite toda e você não apareceu — Tristen murmurou em minha orelha. Sua mão levantou minha camisa e voltou a subir sobre minha coxa, até chegar à minha bunda. Ele fez pequenos círculos sobre minha calcinha, fazendo minha pele começar a esquentar.
Suspirei, me virando para encara-lo. Seu rosto estava mergulhado em desejo, o que fez meu rosto ficar vermelho com aquela visão. Ele era tão bonito, que chegava a ser impossível tal coisa.
— Se alguém nos pegar desse jeito, eu serei enforcada — contei, passando minhas mãos sobre seu corpo, sua camisa fina me permitia sentir todos os seus músculos.
— Eu não permitirei que isso aconteça. — Ele se inclinou e me beijou. Um beijo lento com gosto de álcool. Enquanto nos beijávamos, sua mão voltou a levantar minha camisola branca até a cintura para logo em seguida, retirar minha calcinha.
Meus dedos correram para dentro da sua camisa, seus músculos estremeceram sob meus dedos. Ele suspirou entre meus lábios, fazendo a umidade entre minhas pernas crescer. Tristen se afastou, levando seus lábios frios com ele. O observei abrir minhas pernas e se posicionar entre elas, escutei o som do seu cinto sendo retirado, enquanto seus olhos vermelhos pareciam brilhar profundamente, analisando cada parte exposta do meu corpo.
— Você é perfeita — sussurrou ele, parecendo ter dificuldades em falar. Eu gostei daquilo. Gostei dos seus olhos correndo pelo meu corpo, do seu corpo estremecendo com meu simples toque e do seu membro duro tocando minha intimidade. Mordi o lábio quanto ele me penetrou com calma. Agarrei seu pulso, que segurava meus joelhos e cravei minhas unhas em sua pele, querendo segurar o gemido ao senti-lo me preenchendo.
— Tristen... — murmurei, abrindo um pouco mais as pernas. Ele se inclinou, cobrindo meu corpo e fazendo seu membro me penetrar por completo.
— Você está tão molhada. — Encarei seus lábios um pouco inchados. — E ainda continua tão apertada. — Ele se moveu dentro de mim, me fazendo segurar seus ombros com força e gemer baixinho. Joguei a cabeça pra trás, sentindo a excitação dentro de me explodir, eu queria que ele apressasse os movimentos, mas tudo indicava que ele estava fazendo aquilo de propósito. Esperando que eu implorasse por mais, levei minhas mãos aos seus quadris e levantei os meus com a esperança de senti-lo me penetrando com força. Mas antes que eu completasse o movimento, Tristen segurou minhas mãos e as prendeu sobre minha cabeça. — Isso é uma pequena punição, jovem bruxa — declarou, beijando minha clavícula. Ele voltou a me penetrou, fazendo-me abraçar sua cintura com as pernas.
— Punição? — gemi. Tristen levantou o rosto e me fitou intensamente. Encarando seus olhos vermelhos. Seus cabelos faziam cócegas em minha testa e sua respiração fria acariciava minha pele. Seu membro saiu devagar, fechei os olhos por alguns segundos com a onda de prazer que ele causava. Ele era rígido e macio. — Tristen — chamei, quando seus lábios voltaram a beijar minha pele. Joguei a cabeça para trás, lhe dando mais acesso ao meu pescoço. Sua língua lambeu meu suor, meu corpo estremeceu e abri os olhos rapidamente quando senti suas presas me mordendo.. — Não — murmurei, fazendo-o soltar meu pescoço.
— Não se preocupe, não vou mordê-la de verdade. A não ser que você queira. — Um sorriso preencheu seus lábios inchados. — Você quer? — perguntou, se inclinando para beijar meus lábios. Seu toque era gelado, sua língua acariciou meus lábios internos antes de ele se afastar, me deixando tonta.
— Não... — declarei por fim. Tristen inclinou a cabeça e me penetrou bruscamente. Gemi alto.
— É uma pena — murmurou de volta, aumentando o ritmo. — Você iria adorar sentir minhas presas afundando em sua pele fina, rasgando seu lindo pescoço. — Respirei com força quando ele ia cada vez mais rápido. O som da pele contra pele apenas me deixava mais excitada, na beira do desespero. — Sugando cada gota do seu doce sangue. — Tristen voltou a morder meu pescoço. Apertei os joelhos contra suas costelas o fazendo rir contra minha pele.
— Não brinque comigo — avisei, com a voz falha. Seu membro me acariciando por dentro me deixando tonta e desorientada. Eu não suportava mais aqueles movimentos. Meu corpo estremeceu e vi vários pontos brilharem no escuro da minha mente. Meu orgasmo o fez acelerar os movimentos, o aperto no meu pulso aumentou. Gemi baixo quando sentir sua semente me preencher e seu corpo gelado cair sobre o meu. Sua respiração em meu pescoço estava irregular, assim como a minha sobre seu ombro. Ele soltou meu pulso, fazendo-me soltar sua cintura e o deixado livre.
Tristen levantou, mas continuou de joelhos entre minhas pernas. Seus cabelos estavam desarrumados e seus olhos continuavam brilhando profundamente no escuro do quarto.
— Deixarei uma coisa clara para você, jovem bruxa — sua voz estava mais rouca do que o normal. O encarei em silêncio, seus dedos começaram a acariciar a pele sensível da minha coxa. — Você me pertence. — Ele segurou minha perna e me trouxe para mais perto do seu corpo. O encarei seriamente. — Se você pensar em me trair — ele se inclinou e pairou sobre meu corpo ainda quente. Fitei seu pescoço pálido e depois seu rosto perfeito. — Fique sabendo que não hesitarei em cortar a sua linda garganta, você me entendeu? — Seu cheiro invadiu meus sentidos, me deixando novamente excitada. Meu corpo voltou a se contorcer na cama, Tristen respirou pelo nariz e lambeu os lábios sentindo meu cheiro.
— Entendi perfeitamente — declarei. Com a ajuda com cotovelos, me levantei e sentei em seu colo. Abracei seus ombros, fazendo seus lábios ficarem poucos sentimentos dos meus. — Então, isso significa que se você me trair, eu posso arrancar o seu coração?
— Se isso acontecer, você poderá fazer o que quiser comigo — minha mão desceu sobre seus músculos da barriga até chegar a seu membro. O segurei suavemente, Tristen apertar meus quadris enquanto suspirava. Comecei a fazer movimentos calmos, seus olhos se fecharam e os músculos do seu rosto relaxaram. — Segure com mais força — mandou ele, fazendo-me sorrir, porém, fiz o que pediu. Seu membro começou a pulsar, ficando cada vez mais rígido sob meus dedos. — Não pare — voltou a mandar. Seus olhos continuaram fechados e seus lábios estavam entreabertos, apreciei o seu rosto com satisfação. Ele tinha tanto poder sobre meu corpo como eu tinha sobre o dele. E aquele sentimento era mais prazeroso do que eu havia imaginado. Acelerei os movimentos fazendo-o gemer. Antes que eu pudesse capturar seus lábios em um beijo profundo, alguém bateu na porta. Soltei seu membro, fazendo-o soltar um palavrão. Tristen abriu os olhos e tudo o que conseguia ver era a pura e simples raiva. Seus olhos se tornaram negros e suas unhas feriam a minha pele.
— Que pena... — sussurrei contra seu maxilar rígido. — As coisas estavam começando a ficarem mais interessantes. — Seus olhos continuavam negros e a raiva que ele sentia apenas me divertia. — Mas não se preocupe, amanhã irei continuar onde parei. — Me afastei, quando houve outra batida na porta. Analisei ele se vestir e colocar seu membro endurecido dentro da calça. Tristen se aproximou tão rápido que tudo que sentir foi suas mãos em meu pescoço e sua voz em minha orelha.
— Encontre-me na floresta amanha á tarde. — E com um piscar de olhos, ele desapareceu. Outra batida soou me fazendo ir até a porta. O abri e dei de cara com Katherine, Benna e Tay. Elas usavam camisolas e seus véus.
— Aconteceu alguma coisa? — perguntei calmamente.
— Belledisse que falar conosco. Ela tem algo importante para anunciar.
A simples menção do seu nome me deixou paralisada. Como se a lembrança de algo quisesse voltar à tona, mas apenas o vazio preencheu minha mente.
— Tudo bem.
Peguei meu véu e as segui pelo corredor. O cheiro de Tristen continuava em minha camisola e pele. Era um aroma bom, um aroma que eu gostaria de ter todos os dias.
Chegando à pequena sala de reunião, o aroma de incenso preenchia o lugar, assim com as varias luzes das velas. Nossas irmãs estavam sentadas perto da lareira acesa. Sentei-me entre elas a procura da Marie.
— A Marie não foi convocada? — perguntei olhando para os olhos negros de Belledisse. Ela me encarava de um jeito estranho.
— É por isso que chamamos vocês — disse ela, com a voz calma. — Marie foi mandada de volta para o clã. — Pisquei surpresa.
— Ela está bem? — questionou Katherine. Sua voz estava carregada de preocupação. — Algo aconteceu com ela?
— Infelizmente, Marie não é mais uma Intocada — Agnes explicou, me deixando apreensiva. — Parece que o Deus Caído conseguiu toca-la. Sua magia não é mais pura e por isso, ela foi mandada de volta ao clã pra ser cuidada. Ela precisara aprender a lidar com a nova magia que vive dentro dela. Pra isso, ela precisa de tempo e de nossas irmãs. — Meus olhos correram para o fogo da lareira. Senti os olhos de Benna cravados em mim. Ela deveria estar pensando sobre suas palavras, acusações e sobre suas mentiras. Voltei a encarar Belledisse, seus cabelos negros estavam soltos e seus olhos me encaravam com frieza e intensidade, mas naquele momento, algo dentro da minha cabeça queimou como fogo. E tudo o que eu conseguia escutar, era uma voz profunda dentro de mim. Ela repetia e repetia sem parar a mesma frase:
"Ela está mentindo para você"
~~*~~
TRISTEN
A raiva e o prazer queimavam dentro de mim. Segui pelos corredores em direção do quarto mais distante e isolado da nossa área. Sem bater, entrei no quarto mal iluminado, dando de cara com Marco sem camisa e enxugando os cabelos brancos. Seus olhos vermelhos não pareciam surpresos com minha presença. Ele deixou o toalha de lado e sentou na beira da cama.
— Ela está acabando com você — se pronunciou. Fechei a porta atrás de mim e segui na sua direção. — Olha só para você, está louco por não conseguir o que tanto deseja. — Apoiei meu joelho no colchão ao seu lado. Marco se inclinou para trás e voltou a me encarar. — Posso entender o que você ver nela, na jovem bruxa. — Empurrei seu ombro, fazendo-o deitar na cama com lençóis escuros. Ajoelhei-me sobre ele e levei meus lábios ao seu pescoço. — Ela pode deseja-lo como todos nós desejamos... — Sua pele cheirava a sabão e continuava molhado por causa dos seus cabelos. — Mas diferente de todos nós, ela não está de joelhos perante a você, não é mesmo? — Sua pele estremeceu quando meus lábios o tocaram.
— Não. Ela inda não está. — E sem qualquer gentileza, cravei minhas presas em seu pescoço. Seu sangue encheu minha boca, fazendo meu coração voltar a bater, não como minutos atrás, não como ela estava me tocando.
...*...
Primeiramente gostaria de me desculpar pelo atraso em publicar o capítulo, farei de tudo para que isso não aconteça novamente. Muito obrigada a todos por terem lido e por terem votado. Espero de todo coração que tenham gostado do capítulo.
Instagram - Morgana.tavares.autora
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