02 • ESCURIDÃO
ILHA INFINITY • MAR DO CARIBE
10 DE DEZEMBRO
8:05 PM
RAE
Mais de uma hora já se passou desde que Ra's, Talia e Yvian entraram na sala do templo principal.
Eles levaram o garoto, mas com uma certa dificuldade. Precisaram da ajuda de três homens para segurá-lo.
Não faço ideia do que aconteceu dentro do Poço de Lázaro para ele ter voltado com tanta força e brutalidade, mas coisa boa não foi. Nunca vi algo assim. E algo me diz que ajudá-lo a recuperar as memórias não será uma tarefa tão fácil, e muito menos rápida.
A noite em que o encontrei morto em Gotham ainda me assombra de tempos em tempos. Havia ido àquela cidade com uma missão e voltei de mãos vazias e com uma lembrança horrível na mente.
— Aquilo foi meio sinistro — Hana diz, descascando uma maçã em suas mãos com uma faca. — Você disse que o conhecia de onde mesmo?
— De Gotham — respondo, me recostando no parapeito da varanda do primeiro andar da base. Talia havia nos pedido para aguardarmos aqui até controlarem toda a situação. — Ele era ajudante do vigilante da cidade.
— Do Batman?
Ela ergue as duas sobrancelhas, me encarando. Assinto em confirmação e seus olhos se abrem um pouco mais.
— Isso não é nada bom — ela volta a atenção para o restante da casca da maçã, arrancando mais um pedaço.
Sempre achei curioso o fato de ela preferir maçã sem a casca, enquanto para mim, é justamente a casca que dá todo o encanto à fruta.
— Você sabe que eu odeio a textura da casca — ela faz uma careta, como se tivesse lido meus pensamentos. — Então pare de me olhar com essa cara de julgamento.
Contenho minha risada para evitar qualquer possível repreensão da parte dela. Ver Hana enfurecida, definitivamente, não está na minha lista de coisas favoritas.
— Enfim, como eu estava dizendo... — Endireito a postura e engato a mudança de assunto. — O garoto era ajudante do Batman e quando o encontrei, ele já estava morto, junto da mulher que eu precisava "interrogar".
Faço aspas com os dedos quando digo que precisava interrogar a mulher. Não era bem uma interrogação, e sim, uma intervenção nas lembranças dela. Ra's precisava saber com quem ela havia se encontrado há alguns meses e que tipo de conversa teve com certas pessoas.
Parece confuso de se entender sobre como posso ver as lembranças na mente de alguém, mas de uma forma resumida e simples; é como se passassem flashes de um filme, tanto para a pessoa, quanto para mim.
A parte mais complicada é quando preciso acessar um determinado período de tempo, como no caso de Sheila, a mulher que também morreu naquela fatídica noite.
As instruções que eu havia recebido era de ver, através de suas lembranças, o que ela fez, com quem se encontrou e conversou durante os meses de julho e agosto daquele ano. Precisava repassar diálogos e nomes para meus líderes, mas não foi o resultado que consegui.
Quando voltei e contei à Talia sobre o que tinha acontecido, ela pareceu confusa, e um tanto nervosa. Não comigo, mas com a situação em si.
Seja lá o que Sheila tenha feito para a família al Ghul, ela conseguiu irritá-los, e muito.
— Não conversamos muito depois disso — esclareço, olhando para o pátio da entrada abaixo de nós. — Tentei tocar no assunto algumas vezes com Talia, mas ela disse que não havia mais o que ser feito.
— Até decidirem ressuscitar o garoto que estava com essa mesma mulher quando ela morreu. — Hana diz, e em seguida, dá uma mordida na maçã.
— Eu pensei nisso... Mas não sei se faz sentido. Não seria mais fácil reviver aquela mulher?
Hana solta uma rápida risada anasalada.
— Como se as decisões deles fizessem muito sentido.
Às vezes, realmente não fazem sentido algum. Mas isso também porque não temos a visão total do que eles planejam. Não somos como Yvian que é um verdadeiro confidente e conselheiro da família al Ghul, e que é algo que almejo ser.
Meu objetivo é explorar cada vez mais os meus poderes, pois sei o quanto eles podem ser valiosos. Consigo acessar informações ocultas, desvendar segredos, expor mentiras e revelar verdades. É como se a alma da pessoa estivesse exposta bem diante dos meus olhos.
— Isso também pode ser uma forma de atrair a atenção do próprio Batman — comento, lembrando que o temido vigilante de Gotham não é exatamente bem-vindo pelos al Ghul.
Já o vi por aqui umas duas vezes. Ele é silencioso, discreto, quieto como uma sombra. Seria um ótimo guerreiro para nós. Tentou passar despercebido, e quase conseguiu... mas eu conheço este lugar melhor do que qualquer um. Há cantos escondidos aqui que acredito serem desconhecidos até pelos próprios al Ghul. Foi assim que o vi, em segredo, conversando com Talia e Ra's.
— Ou os três devem ter algum tipo de ligação — volto a dizer, ainda concentrada demais nas fracas luzes que iluminam o pátio. — Mas por que agora? Dois anos se passaram.
— Você conhece aquele ditado — intervém Hana, mastigando outro pedaço da maçã. — A curiosidade matou o gato.
Reviro os olhos.
Gostaria de ser mais despegada com tudo igual a ela. Para Hana, uma missão é apenas um trabalho a ser feito e, quando concluída, apenas passa para a próxima, como se nada tivesse acontecido.
Já eu, gosto de entender o porquê das coisas. Não me contento apenas com o "como"; quero saber o que motiva cada ação, cada escolha, cada palavra. Para mim, é no "porquê" que está a essência de tudo. Tudo tem uma razão, um motivo.
— Você só precisa ajudá-lo a lembrar da vida que tinha. Quanto ao resto, Talia e Ra's vão cuidar disso. Ele receberá um propósito, assim como nós recebemos.
Um propósito. É exatamente por isso que gosto de entender os porquês.
— Rae e Hana, Talia está aguardando vocês na sala principal do templo.
A voz de Ravi nos faz olhar para trás no mesmo instante. Ele é um dos homens que acompanhou Talia e Ra's a levarem o garoto para fora do Poço.
Ravi é um homem alto e de presença imponente, assim como Yvian. Ele está sempre sério e é uma pessoa de poucas palavras. Muitas vezes, suas expressões falam por si só. A barba curta e bem alinhada destaca as cicatrizes discretas que atravessam sua mandíbula, histórias silenciosas de batalhas passadas.
Hana e eu nos entreolhamos brevemente e o seguimos. Vejo minha amiga jogar o resto da maça e as cascas em uma lixeira pelo caminho.
Assim como eu, Hana está designada a uma missão com Jason; irá treiná-lo em técnicas de concentração em batalha. Ela é excelente. Está sempre a dez passos à frente de todos. Tudo o que sei sobre isso, aprendi com ela.
Quando chegamos na sala, franzo o cenho ao ver o ambiente; bem no centro, há uma mesa grande, e sobre ela, está deitado o corpo do garoto, agora, inconsciente.
O cobriram com uma veste totalmente preta, seus pés estão descalços e parte do cabelo desgrenhado recobre a testa.
— Rae, se aproxime, por favor. — Talia pede, gesticulando com a mão para que eu vá em sua direção.
Cruzo a sala até onde ela e Ra's estão, na lateral direita, bem ao lado da mesa. Ambos estão encarando o corpo desmaiado à frente. Yvian e outros dois homens estão do lado esquerdo, um pouco mais afastados. Hana se junta a eles.
— Pode começar — ela volta a dizer, em um tom mais sério. — Conte-nos tudo o que você ver.
Não era bem assim que eu imaginava começar essa missão.
— Vocês o deixaram inconsciente.
— E isso é um problema? — Ela interroga, se aproximando de mim e me guiando pelos ombros para ficar mais próxima à mesa, na altura do rosto do garoto.
Não é um problema, já fiz isso antes, mas eles nunca deixaram um recém-sobrevivente do Poço inconsciente para conseguir controlá-lo.
Nas outras duas vezes que realizei esse processo, eles estavam conscientes, muito confusos, perdidos, mas ainda assim eles tinham noção do que ia acontecer.
É um momento delicado porque serão os primeiros vestígios da vida passada a surgir na mente depois de um apagão total.
E fazer isso com a pessoa inconsciente me parece... estranho.
— Não temos a noite toda, Rae. — Ra's se aproxima, colocando uma mão em meu ombro direito. Viro o rosto em sua direção para encará-lo. — Você sabe que confiamos em você para isso. Esse garoto é importante para nós.
Assinto lentamente, contendo a vontade de respirar fundo, porque, na verdade, isso seria muito mais fácil para mim se ele estivesse acordado.
Volto a atenção para o garoto.
Lembro de quando o vi caído no chão naquela noite, o rosto todo ensanguentado, marcas e ferimentos por todo o corpo. Seria quase impossível reconhecê-lo se eu não tivesse uma boa memória.
Meus olhos se concentram em seu rosto adormecido, pálido pela inconsciência.
As marcas e ferimentos se foram. Há uma fina cicatriz na lateral direita do seu rosto, que vai sobrancelha até o topo da bochecha, quase imperceptível.
Ele parece mais velho do que as fotos que vi no apartamento de Sheila. O que é loucura de se pensar, considerando que ele morreu dois anos atrás. É como se o Poço o tivesse amadurecido o tempo em que esteve sem vida.
Ergo olhar e noto que todos estão esperando que eu comece.
Meus olhos vagam de Hana até Yvian, que permaneceu imóvel, e com sua habitual expressão séria, desde que entramos na sala.
— O que vocês deram a ele? — pergunto, encarando-o. — Preciso saber se há alguma substância química no organismo que possa tê-lo feito alucinar antes de ficar inconsciente. Isso pode afetar o que verei nas lembranças dele.
— Foi apenas um tranquilizante natural. — Yvian responde, sem esboçar uma mínima mudança de expressão. — Ele está dormindo.
Dessa vez, respiro fundo e retiro as minhas luvas. Guardo-as no bolso da calça e volto a minha atenção para o garoto. Ergo minhas mãos sobre sua cabeça e percebo que estou nervosa.
Não deveria. Estou acostumada com isso, mas me sinto como uma principiante.
Antes que alguém perceba a minha insegurança, fecho os olhos, encosto as mãos nas laterais de seu rosto, e então, tudo escurece.
Escuridão.
Tudo o que vejo é uma escuridão infinita. Me sinto sugada, sem forças, sem ar.
Abro os olhos e afasto as mãos.
Isso é muito estranho. Eu deveria ver alguma coisa, qualquer coisa.
— O que você viu, Rae? — Questiona Talia, dando mais um passo ao meu lado.
— Nada.
— Como assim? Ele está vivo.
Respiro fundo.
— Tente de novo.
Engulo em seco e passo as mãos nas laterais da calça, mas elas não estão suadas.
— Rae. — Ela diz, com uma firmeza maior na voz.
— Vou tentar, é só... Isso nunca aconteceu antes.
Talia coloca uma mão em meu ombro, mas sinto mais uma pressão do que um conforto.
— Concentre-se. Foi por isso que deixamos a sua agenda livre das demais missões. Isso precisa dar certo. Recuperar a memória desse garoto é a sua prioridade.
Fito minhas mãos enquanto absorvo suas palavras.
Isso precisa dar certo.
Olho para o garoto mais uma vez, e antes que Talia volte a falar, encosto minhas mãos em seu rosto e fecho os olhos.
E lá está ela de novo: a escuridão.
É fria, é vazia, mas ela é pesada.
Me sinto esmagada.
Vejo nada.
Mas sinto tudo.
Angústia, raiva, dor, tristeza, insegurança, arrependimento, mas a maior sensação de todas é a do medo.
Medo.
Ele é quase tangível.
Mas por que não consigo ver?
Não ouço, apenas sinto.
Uma pressão esmagadora no peito.
Está ficando insuportável.
Até que uma brisa quente me atinge. Uma rajada de vento como em um dia prestes a cair uma tempestade na praia.
Finalmente, o som começa a surgir, lentamente, ainda baixo. É o som das ondas. Sinto o cheiro. É uma praia. Minha visão esclarece pouco a pouco. Vejo a areia se movimentar com o vento. O mar está agitado. As pessoas que estavam à beira da praia começam a se levantar e recolher seus pertences. Uma tempestade está a caminho.
Um garoto brinca com o recém-destruído castelo de areia. Suas mãos pequenas estão cobertas de areia. O vento forte faz com que os cachos de seus cabelos voem pelo rosto.
— Jason! — Grita uma mulher alta de cabelos castanhos. — Vamos!
O garoto vira a cabeça na direção dela, mas os olhos ainda estão cobertos pelos cachos esvoaçantes.
— Mas o castelo... — A criança tenta juntar com as pequenas mãos a areia dissipada pelo vento. — Caiu. Preciso fazer outro.
— Não, querido. Precisamos voltar antes que comece a chover.
A mulher segura o garoto pelo braço e o levanta a contragosto. Ele está triste.
— Prometo que voltaremos outro dia e construiremos muitos outros castelos. — Ela tenta consolá-lo, segurando-o no colo.
— Mas eu gostava desse — ele diz, prestes a chorar.
— Faremos um melhor que esse. Te prometo. — A mulher deixa um beijo no topo da cabeça da criança. — Agora, vamos.
Ela se abaixa mais uma vez e pega a bolsa que está próxima aos seus pés. A força do vento aumenta e eles começam a se distanciar, lentamente.
O garoto tenta se proteger das rajadas nos braços da mulher, até que ele olha para trás.
Parece que ele está olhando para mim.
Ouço um grito, mas não é dele. Nem da mulher. Nem de ninguém próximo.
— Saia daqui!
A voz me estremece.
Essa voz não está aqui nessa lembrança.
Ela está...
Duas mãos apertam os meus braços.
E então, abro os olhos.
— Quem é você? Saia da minha cabeça! — Ele grita, enquanto suas mãos envolvem meus pulsos.
Ele acordou.
Antes que eu pudesse responder ou me dar conta do que estava acontecendo, Yvian, Ravi e outro homem puxam o garoto para longe de mim.
Ele tenta se desvencilhar com força, mas Yvian é mais rápido e mais forte, e no mesmo instante, aplica outro tranquilizante no pescoço de Jason.
Hana e Talia me seguram pelos ombros. Ambas com o mesmo olhar confuso que o meu.
— O que raios acabou de acontecer aqui? — Questiona Hana, ainda concentrada nos três homens reposicionando o garoto de volta à mesa.
Controlo minha respiração e fecho os olhos por um instante.
Ele conseguiu me ver dentro das lembranças dele. Ele conseguiu me expulsar das lembranças dele.
— O que você viu?
Talia me vira em sua direção.
— Não foi muita coisa, apenas uma lembrança de infância. — Balanço a cabeça e passo uma mão pela testa. — Uma praia. Acho que a mãe dele.
Me afasto um pouco e pego minhas luvas no bolso da calça.
— E uma escuridão — volto a dizer. — Um vazio quase que palpável. Parecia... devastador.
Talia respira fundo e abre a boca para dizer algo, mas antes que o fizesse, Ra's se aproxima de nós.
— Vamos tentar de novo amanhã. — Ele vira o rosto para encarar o garoto adormecido. — Deixem-no descansar o máximo possível. E você também.
Ra's me encara por breves segundos até virar-se na direção oposta e começar a sair da sala.
Todos seguem o mesmo caminho e, quando chego próximo a porta, volto a olhar para o garoto.
Por que ele me viu?
Nunca alguém me viu dentro de uma lembrança.
ILHA INFINITY • MAR DO CARIBE
19 DE DEZEMBRO
2:40 PM
Estamos há mais de uma semana repetindo o mesmo processo para que eu possa acessar as lembranças de Jason. E todo santo dia, a mesma coisa acontece.
Ele precisa estar inconsciente, já que passa a maior parte do tempo com raiva e brigando com Yvian e todos a sua volta. Agora, imagine uma desconhecida tentando entrar na sua cabeça. Totalmente fora de cogitação.
A lembrança que vejo é sempre a mesma.
Ele na praia com a mãe tentando reconstruir o castelo de areia destruído pelas fortes rajadas de vento. Eles indo embora, ele me vê, e desperta da mesma forma, como na primeira vez.
Mas dois dias atrás, vi uma nova lembrança. Ele ainda criança, mas um pouco mais velho do que a primeira.
Foi uma noite triste. Ele chorava muito atrás da porta de seu quarto enquanto ouvia os pais brigarem alto na sala do apartamento em que moravam. Ele ouvia gritos, insultos, pancadas, objetos caindo no chão e uma forte batida na porta da sala, indicando que seu pai havia saído.
Ontem, essa mesma lembrança se repetiu, mas em ambas as vezes, ele não me viu. A memória foi interrompida porque ele adormeceu atrás da porta, depois de tanto chorar.
Um nó na minha garganta se formou depois disso. Não queria mais invadir sua mente com ele inconsciente. Porque era assim que eu me sentia, como se estivesse invadindo.
Ele ainda não está pronto para reviver tudo isso dentro de si, e meu maior medo é que isso só traga mais dor, mais raiva e mais confusão à sua mente. E isso dificultaria muito para termos algum resultado positivo.
— Faz uma hora que você está aí igual uma estátua vigiando o pinscher de Gotham.
Hana se aproxima do parapeito da varanda do bloco de treinamentos. A uns bons metros de distância, no pátio abaixo de nós, tem uma saída para a praia, e lá estava Jason, destruindo um boneco de luta.
Ravi tem se encarregado de treiná-lo com técnicas de espadas e o deixou livre essa tarde para que ele liberasse toda a raiva em alguma coisa. Não sei se está funcionando.
— Não sei se quero mais acessar a memória dele como estamos fazendo. — Respiro fundo, desviando o olhar para o mar à frente. — Parece errado.
— Você tentou falar sobre isso com Talia ou Ra's?
— Sim. Hoje pela manhã.
— E eles te ignoraram.
É uma afirmação e não uma interrogação. Ela sabe como eles são.
— Não estamos fazendo nenhum progresso. — Volto a atenção para Jason, que trocou a espada pelas próprias mãos, para acabar com o que sobrou do boneco. — Como estão os seus treinamentos com ele?
— Inúteis. Ele não consegue se concentrar. — Hana cruza os braços e me encara. — Acho que devíamos conversar com ele.
Balanço a cabeça.
— A última coisa que esse garoto quer fazer é conversar.
— Você não sabe — ela insiste. — Todo o contato que vocês tiveram, ele estava inconsciente.
— Exatamente. Ele sabe que estou invadindo a cabeça dele sem permissão. E é por isso que... — Hana começa a me puxar com força em direção a escada de saída da varanda. Muita força. — O que você está fazendo?
— Sendo proativa no trabalho. — Já estamos na metade da escada. — E se ele facilitar o nosso trabalho, a nossa vida com os al Ghul se torna automaticamente mais fácil.
Quando chegamos no pátio, Hana faz questão de não ser discreta, facilitando para que Jason note a nossa presença no mesmo instante.
Ele ainda está distante, mas consegue nos ver perfeitamente. E não apenas nos ver, como andar em nossa direção, o que não é um bom sinal, já que ele costuma fugir.
Sua expressão está fechada, como sempre. As sobrancelhas franzidas, o maxilar cerrado e os passos cada vez mais acelerados.
— Não sei se foi uma boa ideia. — Minha voz sai baixa demais, mas Hana consegue me ouvir.
— Ele provavelmente está com medo de nós. — Ela sussurra próximo ao meu ouvido.
— Não é o que parece.
Ele está próximo, muito próximo. Mas em nenhum momento seu olhar paira sobre Hana. Ele está focado em mim desde que nos viu.
Consigo ver claramente seu rosto coberto pela raiva com a proximidade cada vez maior. Haviam alguns vestígios de madeira fina sobre sua camiseta branca, os restos do que sobrou do boneco de luta que ele destruiu.
Agora, ele está a um passo de nós.
— Você.
A única coisa que nos separa fisicamente é o dedo indicador que ele apontou para meu rosto.
— Fique longe de mim.
É tudo o que ele diz com a voz firme, e as palavras parecem ter feito um esforço para saírem pelos dentes cerrados. No instante seguinte, vira-se e segue na direção oposta, com passos mais largos e mais acelerados do que antes.
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