01 • RESSURREIÇÃO
2 ANOS E 3 MESES DEPOIS
ILHA INFINITY • MAR DO CARIBE
10 DE DEZEMBRO
5:43 PM
RAE
A prática leva à perfeição, é o que dizem.
Tenho muita prática em ler as pessoas, em entendê-las no mais profundo de seu ser, mas é horripilante, na maioria das vezes. A alma humana é imperfeita, cheia de cicatrizes que adquirimos desde o nosso primeiro dia de vida.
Compreender o que somos, qual o nosso propósito neste mundo não é uma tarefa fácil e nem todos conseguem essa virtude. Alguns morrem sem nem ter tido a chance de pensar sobre isso.
Mas há algo mais conturbado que a alma humana, e essa coisa é a memória. É nela que guardamos tudo o que temos; todas as nossas dores, toda a nossa felicidade, todos os momentos de vitória e fracasso estão guardados em algumas partes específicas do nosso cérebro.
Nós somos a nossa memória.
E o que seria de nós sem nossas lembranças? A resposta é simples: nada. Seríamos vazios. Uma tela em branco esperando ser preenchida.
E se nos roubassem alguma memória? A resposta também é simples: estaríamos incompletos, com uma parte de nossa vida faltando, como um quebra-cabeça que perdeu uma peça que nunca mais será encontrada.
As memórias foram feitas para serem únicas e privadas, mas por razões que fogem da ciência humana, eu nasci com o dom de acessar lembranças alheias.
Comecei a ter uma maior noção disso por volta dos meus 8 anos de idade. Antes, tudo parecia um pesadelo. Eu apenas sabia que não podia encostar as minhas mãos nas pessoas, pois quando o fazia, eu conseguia ver tudo.
Cresci em alguns abrigos para crianças refugiadas nas Filipinas. Não sei quem são meus pais biológicos e nunca tive interesse em saber se estão vivos ou não. Minha infância não foi fácil, e os culpo por tudo o que passei, porque, se estivesse com eles, certamente teria me poupado de muitos anos acreditando que eu era amaldiçoada. Afinal, era assim que me chamavam: uma maldição.
Até os 12 anos, pulei de abrigo em abrigo, porque, por onde eu passava, deixava um rastro de problemas. Ninguém sabia lidar comigo, tinham receio e, no fundo, eu os entendia, porque nem eu mesma sabia o que fazer. As pessoas tinham medo de mim, e eu não podia culpá-las, pois eu também tinha.
Só que um certo dia, conheci Ayumi, uma senhora que trabalhava no último abrigo em que morei. Ela era responsável pelas atividades da cozinha em alguns dias da semana. Lembro até hoje de que no café da manhã das quintas-feiras, serviam biscoitos amanteigados que ela fazia, eram os meus preferidos. Lembro também de ter perguntado a ela como fazia, se ela poderia me ensinar. E foi o que ela fez.
Pela primeira vez em muito tempo, não me senti uma aberração. Ayumi não me julgava, nem fazia perguntas sobre a minha "maldição", se eu havia nascido com esse mistério, como sabia fazer aquilo, ou algo do tipo. Era apenas nós duas mexendo a massa de biscoitos, enquanto eu causava alguns desastres pela cozinha, derrubando farinha, açúcar e utensílios por toda a parte.
Esse momento acabou se tornando parte da nossa rotina por meses. Descobri que Ayumi tinha descendência japonesa, mas nunca chegou a pisar no Japão, era uma sobrevivente de um dos inúmeros conflitos de guerra entre a China e Taiwan e acabou conseguindo refúgio nas Filipinas. Se casou com um soldado e tiveram um filho. Seu marido morreu ainda jovem em uma missão de guerra e ela não via o seu filho há alguns anos. Ayumi nunca entrou em detalhes e eu também nunca perguntei, porque ela também respeitava os meus limites, até quando eu estava disposta a falar mais sobre mim.
Mas ela sabia como eu me sentia, não era necessário perguntar. De alguma forma, ela parecia entender pelo que eu passava.
Ayumi me levou para uma curandeira de um vilarejo perto da cidade em que morávamos. Ela me convidou para acompanhá-la sem compromisso algum, apenas disse que tinha uma amiga que poderia me ajudar a entender o meu dom. Foi a primeira vez que se referiram a mim com essa palavra.
E desde então, é o que mais tenho escutado. A curandeira, amiga de Ayumi, foi a responsável por me apresentar para a família al Ghul. Foi apenas uma questão de dias para que eu fosse morar com eles.
Ra's al Ghul, nosso líder, sempre me viu como uma dádiva, uma benção para sua família. Talia, sua filha, me acolheu como um deles. Ela me ensinou tudo o que sei hoje. Ambos sempre me valorizaram, e quando percebi o quanto era importante para eles, quis retribuir mostrando como posso ser importante para os propósitos da Liga das Sombras.
Sei que sou e posso ser uma ferramenta ainda mais valiosa para o nosso futuro.
— Está nervosa para hoje? — A voz de Hana me desperta dos devaneios.
Estava sentada no parapeito da varanda do bloco de treinamentos encarando as ondas do mar no horizonte à frente. O sol estava prestes a se por, e um tom alaranjado tomava conta do céu.
Viro a cabeça em sua direção, encarando-a. Ela se aproxima, com os braços cruzados e as mechas escuras do cabelo voando com o vento da brisa do fim da tarde.
— Talvez — respondo, tentando soar casual. Mas a verdade é que sim, estou um pouco nervosa.
— Você já fez isso antes e deu certo — ela dá mais um passo na minha direção. — Então, vai ficar tudo bem.
— Espero que sim.
Volto a olhar o mar quando percebo que Hana está ao meu lado, tentando domar o cabelo possuído pelo vento.
Respiro fundo ao pensar no que estou prestes a fazer.
Acessar as memórias de outra pessoa é algo comum para mim. Algumas são mais complexas que outras. Algumas são mais fáceis de digerir que outras. E algumas que eu não gostaria nem de ter visto.
Além de acessá-las, posso apagá-las e recuperá-las. Mas isso é fácil para mim com pessoas em seu transcurso normal da vida. Agora, em pessoas que tiveram alguma experiência de quase morte ou de morte total, é muito mais complicado.
Ainda não consegui entender completamente o que acontece, mas tenho a teoria de que quando morremos, nossa memória é corrompida, como se algo desligasse abruptamente o nosso cérebro depois de um certo tempo após a morte, encerrando toda a sua atividade.
Já ajudei a recuperar as memórias de duas pessoas que passaram pelo Poço de Lázaro. Não é todo mundo que consegue voltar com vida após ser submergido nas águas do Poço. Ele é mais utilizado por Ra's em determinadas situações e, também, é o que o mantém vivo por mais de um século.
O propósito do Poço é de curar doenças e ferimentos graves de alguns guerreiros quando retornam de missões mais perigosas. O uso dele para trazer pessoas de volta à vida é um feito raro, porque quando acontece, não é algo agradável de se ver.
As duas situações que presenciei, as pessoas voltaram completamente diferentes das versões que deixaram a vida. Parece que algo no processo da ressureição rouba um pedaço da alma, as lembranças da vida passada também demoram para retornar e, em ambos os casos, voltaram corrompidas.
E foi aí que pediram a minha ajuda. Nunca havia feito algo parecido e o processo foi demorado, mas após algumas semanas, tudo parecia mais normal. No entanto, as duas pessoas que ajudei a recuperar as memórias, ficaram com algumas sequelas. Elas não se lembram completamente de quem eram e, às vezes, esquecem brevemente por completo.
É algo perigoso para quem volta à vida e, também, para mim. Não é uma garantia de sucesso.
Por isso, sei que ainda preciso de prática nessa parte. Pode dar certo, mas também pode dar muito errado.
Mas a prática leva à perfeição, certo?
E espero que dessa vez seja perfeito.
Quando Talia me contou que eu precisava estar em total concentração para hoje à noite, já sabia o que viria. Ela não entrou em detalhes sobre a pessoa que trarão de volta pelo Poço, apenas mencionou ser um importante guerreiro para os próximos planos da família, e de que eu precisaria ajudá-lo a lembrar do máximo de detalhes possíveis da sua vida passada.
Então, sim, espero que dessa vez seja tudo perfeito.
— Você está mesmo nervosa. — A voz de Hana me traz de volta à realidade mais uma vez. — Você está enrolando a ponta do seu cabelo como um redemoinho infinito.
Merda.
Faço isso sempre que estou tentando conter o nervosismo.
— Eu só quero que dê tudo certo — solto a ponta do cabelo que está totalmente encaracolada pelos movimentos dos meus dedos. — Preciso que dê tudo certo.
Ouço Hana suspirar e, em seguida, dar uma risada desdenhosa. Volto a encará-la.
— Rae, você sabe que é importante para eles, não tem por que você querer se provar o tempo todo. Já te falei isso algumas vezes, mas parece que você esquece, o que chega a ser contraditório para alguém que é mestre em memórias.
Ela volta a rir, mas dessa vez, com mais vontade.
— Não é isso... — sinto que perderei essa discussão mais uma vez, então contenho as palavras. — Eu queria me sair bem dessa vez por mim mesma também. Quero entender mais esse lado dos meus poderes.
— E você vai, você tem tempo de sobra. É nova, mas sabe o que quer e o que fazer.
Abro um sorriso, pequeno e fechado, porém sincero para a minha amiga.
Hana já fazia parte dos guerreiros da Liga quando vim morar com os al Ghul. Ela é três anos mais velha que eu, mas, às vezes, sinto que somos da mesma idade. Não que três anos seja uma grande diferença, mas Hana é racional e experiente, tem um passado tão triste e conturbado como o meu, e acho que isso acabou a tornando mais madura do que aparenta ser. Até hoje não sei tudo sobre ela, assim como ela também não sabe tudo sobre mim, e respeitamos nossas barreiras. Mas acredito que se um dia decidirmos quebrar parte da muralha do nosso histórico, não seria algo tão dramático e dolorido de se compartilhar uma com a outra. Acho que apenas ainda não estamos prontas.
Já passamos por inúmeros desafios e ela me treinou em muitas técnicas durante esses sete anos que moro aqui. Devo muito à Hana, mesmo ela dizendo que tudo que fazemos aqui na Liga não se paga com nada em troca.
Há uns quatro anos, passamos pela pior fase das nossas vidas.
A base da família al Ghul, e da Liga das Sombras, foi atacada por alguns de nossos inimigos. Um guerreiro estava agindo disfarçadamente contra nós e facilitou todo o ataque. Os templos e os blocos de treinamentos foram incendiados. Perdemos algumas pessoas naqueles dias trágicos.
É perceptível que, até hoje, esses dias causam um incômodo em todos, deixaram cicatrizes nas nossas lembranças de um tempo atormentado.
Nossa antiga base ficava em um ponto remoto nas montanhas do Himalaia. Eu gostava, pois havia pequenos vilarejos a alguns bons quilômetros de distância e tudo era muito calmo. Algo naquele lugar me trazia uma sensação de paz, apesar do inverno rigoroso, que é algo que não sinto muita falta atualmente.
Agora, estamos na Ilha Infinity, localizada no mar do Caribe. Logo, o calor do verão dura o ano inteiro, o que eu particularmente gosto muito mais. A ilha inteira é nossa, o que acaba sendo uma vantagem, pois estamos seguros de ameaças externas, mas também dificulta nosso acesso fora daqui. Geralmente, saímos para missões ou alguma situação muito específica, como conseguir suprimentos para a nossa pequena população na ilha.
Desde o ataque causado pela traição de um guerreiro, as restrições aumentaram e a família al Ghul se tornou mais rigorosa, sendo mais flexíveis apenas com seus principais aliados.
Posso dizer que tenho uma certa liberdade em transitar para dentro e fora da ilha, mesmo quando não tenho missões. Talia sempre reforça que é importante que eu esteja com a mente descansada em certos períodos para conseguir focar com mais intensidade em algumas missões.
E hoje é uma dessas missões.
— Ouvi dizer que é um garoto. — Hana diz, concentrada nas ondas do mar à nossa frente. — Jovem, menos de 20 anos de idade.
Franzo o cenho.
— Uma criança?
Hana me encara, erguendo uma sobrancelha.
— Você tem 19 anos. Achei que se considerava uma mulher adulta.
Reviro os olhos com a provocação dela.
— Você entendeu o que eu quis dizer. Menos de 20 anos pode ser qualquer idade e, também, não sabemos quando ele morreu. A mente dele pode ter sido interrompida ainda criança.
Hana volta a olhar as ondas, enquanto coloca mais mechas de seu cabelo atrás das orelhas.
— Seja lá quem for, parece ter um passado com os al Ghul. — Ela respira fundo. — Estão tratando o ritual de hoje como se fosse reviver o Ra's.
Ela tem razão. Hoje é um dia importante e, por isso, estou nervosa. Quero muito saber os motivos e quem é a pessoa. E, no fim das contas, serei a única que verá através da alma desse garoto.
O som grave do sino do templo principal ecoa atrás de nós a quilômetros de distância.
Chegou a hora.
❍ ❍ ❍
Cerca de dez pessoas preenchem o salão, já contando comigo, Hana, Talia e Ra's.
Yvian, um dos maiores confidentes de Ra's, irá liderar o procedimento do Poço de Lázaro hoje à noite, assim como foi nas outras vezes que presenciei.
Ele é um homem alto e forte, acredito que tenha entre 35 e 40 anos, não saberia afirmar porque aqui ninguém sabe exatamente o histórico de ninguém. Consideramos como uma vida passada e, tudo o que importa, é a vida que levamos a partir do momento em que nos juntamos à Liga.
Há um caixote de madeira escura, grande e retangular à sua frente. É o corpo que será ressuscitado.
Estou do lado oposto de Yvian, que está ao lado de Ra's. Ambos conversam silenciosamente entre si quando ele abre a caixa e encara o nosso líder.
Entre nós, está o Poço; vivo, verde reluzente, porém ainda calmo, ainda inofensivo, como um pequeno lago no meio de um bosque. Mas definitivamente não estamos em um bosque.
O templo onde o Poço está localizado é vigiado 24 horas por dia. Pouquíssimas pessoas têm permissão para cruzar a porta de entrada. Não há janelas no ambiente, e apenas as tochas de fogo nos cantos das paredes, junto com a luz do próprio Poço, são responsáveis pela iluminação do local. As paredes rochosas e irregulares seguem o mesmo estilo do restante da nossa base. Sem essa iluminação, o lugar seria um breu total, lembrando uma caverna – mais frio do que os outros ambientes.
— Hoje é o início de uma nova era, Rae. — Talia se aproxima de onde estou, ficando ao meu lado. — Está preparada?
Há uma certa simpatia em sua voz, apesar da expressão firme em seus olhos.
— Estou.
Não hesito em responder, porque esse momento não há espaço para dúvidas. E preciso acreditar nisso mais do que nunca.
— Ótimo. — Ela me encara com seus olhos verdes profundos, que eu poderia dizer que são capazes de enxergar a alma de qualquer pessoa. — Vocês dois farão coisas extraordinárias para a nossa família. Um futuro brilhante os espera.
Assinto com firmeza, afundando todo possível nervosismo e ansiedade que suas palavras podem causar. Isso precisa dar certo.
— Vamos começar. — Anuncia Yvian do outro lado.
Ra's al Ghul olha em nossa direção com sua habitual expressão indecifrável. Se um dia me pedissem para acessar suas memórias, não sei se saberia decifrá-lo, mesmo vendo tudo que ninguém mais poderia ver. Ele é uma muralha em pessoa. E pelo modo como Talia o observa ao meu lado, nem ela deve saber tudo sobre o próprio pai.
Hana me lança um rápido olhar de soslaio e logo volta atenção para a nossa frente. Faço o mesmo e vejo Yvian tomar o corpo dentro da caixa em seus braços sem nenhuma dificuldade.
A pessoa está coberta com panos brancos da cabeça aos pés, assim como as outras que foram mergulhadas no Poço, sem vida.
O homem se aproxima da água mística à nossa frente, inclinando-se com cautela para despejar o corpo sobre ela. Quando o faz, escutamos o borbulhar do Poço à medida que o corpo afunda.
A luz verde se intensifica, aumentando a luminosidade do templo. O silêncio toma conta do local. Parece até que todos estão prendendo a respiração. Eu estou prendendo a respiração.
Tudo o que ouvimos é o Poço. Ele está reconhecendo a presença de um corpo morto e, se ele o aceitar, a pessoa volta com vida. Caso contrário, aqui será o seu novo fim e não terá mais volta.
O borbulhar se acalma. A luz enfraquece. Percebo Talia fechar a expressão. Ra's olha fixamente para a água esverdeada. Yvian fecha os olhos. Hana e eu nos entreolhamos.
A tensão é palpável.
Mais um minuto se passa.
Dois.
Três.
Quatro.
Nada acontece.
Ra's dá um passo à frente, mas é impedido de dar o segundo por Yvian, que permanece imóvel e de olhos fechados, mas indica com a mão para que o líder pare.
Todos estão com os olhos fixos no Poço. Não há indícios de que algo sairá dali. Nunca demorou tanto. Sempre leva poucos minutos.
— Está acontecendo. — Yvian diz, com calma.
Ele abre os olhos e, no mesmo instante, o Poço volta a ficar inquieto.
Começa lento, em uma intensidade crescente. A luz que estava enfraquecida, ganha um novo tom de verde, mais forte, mais vivo. O movimento da água faz com que as bordas do Poço fiquem molhadas com o líquido saltando para fora.
Um ruído ecoa pelo local. Estamos testemunhando um caldeirão verde trazer um ser humano de volta à vida. Mas, dessa vez, o Poço está mais forte que o normal. A água está sendo arremessada em várias direções e o barulho está cada vez mais alto.
Talia se aproxima da borda em que estamos e um sorriso surge em seu rosto. Tento manter a calma, mas a verdade é que estou tensa.
A linha reta e fina da boca de Ra's se curva levemente abaixo de seu bigode marcado, fazendo sua barba se movimentar com um vento repentino que passa pelo templo.
Ele olha para Yvian, que assente sem hesitar.
— Conseguimos.
No mesmo instante, uma mão salta para fora do Poço, fazendo Hana e eu engolir em seco, mesmo tentando manter a postura calma.
A mão tateia a borda até a segunda encontrar o mesmo caminho. Cabelos escuros chegam à superfície juntamente com todo o corpo. Dois homens, que estão no local para ajudar ou conter qualquer reação negativa do sobrevivente, se aproximam da borda onde as mãos do rapaz estão fixadas.
Não há mais sinal dos panos brancos que o envolviam. Ele está apenas com uma calça preta que está tomada pelas águas do Poço, reluzindo um tom verde musgo. Há cicatrizes por todo o seu corpo.
O garoto se equilibra em uma das laterais do Poço, o cabelo cobre metade do seu rosto, um pouco abaixo das orelhas. Quando finalmente consegue se apoiar na borda, ele passa a mão pelos fios molhados, revelando seus olhos e nos encarando.
E eu gelo.
Sinto meus batimentos cardíacos acelerarem.
Um nó gigantesco surge na minha garganta.
Eu o conheço.
Há fúria em seu olhar. Ele sai do Poço tão de repente que os guardas precisam apertar o passo para segurá-lo.
Ele grita. Um pavor cresce dentro de mim.
Talia se aproxima deles, mas o garoto está inquieto e com uma força desafiadora para dois homens altamente treinados. Ele grita mais uma vez.
Raiva. Dor. Confusão.
— Shhh. Vai ficar tudo bem, passarinho. — Ela tenta encostar a mão em seu rosto, mas recebe um movimento brusco vindo de seu braço.
Talia dá um passo para trás e, agora, é a vez de Ra's se aproximar do rapaz.
— Bem-vindo de volta, Jason Todd. Sua vida começa agora.
O garoto grita mais uma vez em resposta, mas dessa vez, com mais brutalidade, com mais ira. Há muito sofrimento ecoando pelo local.
E eu consigo sentir tudo, sem nem ao menos tocá-lo.
Eu o vi morrer bem na minha frente. Agora, ele está de volta. E tudo o que preciso fazer, de agora em diante, é lhe devolver as lembranças de uma vida que nunca mais será dele.
DEMOROU, MAS VEIO AÍ!!!
Tive semanas malucas de trabalhos e provas na faculdade e não estava conseguindo me concentrar pra finalizar e revisar esse capítulo. Por isso, perdão pela fake news que soltei no capítulo passado sobre a postagem desse kkkkkk.
Os próximos não devem demorar pra sair, estou ansiosa pra fazer a história andar hehehe.
E simmmm, teremos o ponto de vista da Rae e do Jason no decorrer da história, mas o dela sempre será o principal.
Beijos, boa semana e até o próximo. <3
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