Chào các bạn! Vì nhiều lý do từ nay Truyen2U chính thức đổi tên là Truyen247.Pro. Mong các bạn tiếp tục ủng hộ truy cập tên miền mới này nhé! Mãi yêu... ♥

Sombras da noite


(Sweet little words made for silence)

(Pequenas doces palavras feitas para o silêncio)

Ao entrelaçar as duas mãos, ambas permitiram a passagem do silêncio que tocava à alma, assim como a brisa gélida da noite tocava-lhe os cabelos. Regina sentiu seu corpo esquentar, ao mesmo tempo em que se tornou impossível quebrar o contato visual do belo par de esmeraldas à sua frente. Emma abria e fechava a boca como se fosse falar algo, mas sabia que ainda não poderia dizer nada.

Meu amor por ti é mais poderoso que o tempo... – seus lábios ameaçavam mover-se para pronunciar tais palavras. No entanto, estava ciente de que deveria conquistar seu amor aos poucos; como se jamais houvesse ocorrido algo por uma mulher tão semelhante a ela há séculos. – Eu te amo, Roni. – prendeu os lábios um contra o outro, abafando as palavras que estavam por sair. Ela não podia falar, ainda.

(Not talk)

(Não para falar)

– Já comeu algo, Senhorita? – finalmente venceu aquela vontade enorme de se abrir com seus sentimentos. Guiando sua parceira calmamente a uma passeada pelas asfaltadas ruas de Romênia.

– Por favor, me chame apenas de Roni. – pediu e olhou para baixo sorrindo. – E, respondendo a tua pergunta, não, eu ainda não comi nada. Hoje passei grande parte de meu dia na faculdade... – suspirou ao lembrar que o dia em que o aluno que seria escolhido como auxiliar do Doutor Whale estava chegando.

– Diga-me, Roni, como foram os estudos? – perguntou mais que curiosa, aliás, faculdades eram novidades para alguém que viveu no século quinze.

Roni lhe sorriu por não esperar interesse vindo de alguém. Ivy a ajudava por ser amiga, mas deixava claro o quanto não aprovava os estudos na faculdade. Contudo, Emma demostrara admiração com o olhar.

– Estou ansiando pelos resultados das últimas avaliações... – disse empolgada, e, por mais que aquilo não parecesse muito, a loura sorria ao ver a felicidade emitida no olhar de sua amada. – Durante as próximas semanas, o professor Whale irá avaliar cada aluno e decidirá quem será seu ajudante! Temo por não ser capaz de conseguir alcançar tal cargo na faculdade.

Whale? – perguntou-se internamente, quase pronunciando por impulso. – O que ele está fazendo tão próximo à Roni? Seria este, então, o motivo de saber que havia uma cópia de Lana vagando por entre as ruelas da Romênia. – por alguns segundos manteve-se absorta, sem prestar atenção à face de sua amada. Roni estava ligada demais aos membros da ordem, assim como ao pesquisador ensandecido. Assim como, também, estava longe de qualquer relação de amizade entre eles.

Emma pigarreou, recompondo-se.

– Por que temes? – perguntou Emma, guiando suavemente sua morena por entre as ruas da cidade. As mãos entrelaçadas, como se aquele mínimo afeto fosse capaz de protegê-las. E, de fato, Roni estaria protegida com a própria vida da loura; e Swan estava protegida de seus demônios ao lado de seu amor. – Por mais que eu mal saiba o que estudas em sua faculdade, percebo em teu olhar o quão grande é seu fascínio pela profissão que vens a exercer. Paixão, Roni! Paixão é o segredo para o sucesso, cara jovem... Pois, com a paixão, tu irás vencer qualquer temor que há de vir; tu irás subir até o alto de sua carreira.

Poucas eram as pessoas que se encorajavam a sair durante a noite, duvidando das lendas as quais eram populares até os dias de hoje. Lendas em que diziam sobre lobos amaldiçoados e demônios sanguessugas. E, eram aquelas poucas pessoas que desafiavam as lendas, que encaravam em rejeição às mãos entrelaçadas, aos sorrisos apaixonados, aos olhares trocados.

– Eu... Eu jamais ouvi alguém dizer tais palavras. – desse admirada e com certo brilho em seus olhos. Emma era um mistério, porém admirável. Era um tanto entristecida por conta de um amor perdido, mas, ao mesmo tempo era dócil e amável; possuía um pesar em sua alma, mas suas palavras eram leves. Seu toque era leve e gélido, porém, capaz de aquecê-la.

– Digo apenas o que já sei. – virou o olhar em direção aos orbes cor de avelã, sorrindo sinceramente. Ajudar e fazer Roni feliz eram algo que seu coração almejava desde a primeira vez em que a viu. – Foi dessa forma que consegui exercer minha profissão.

– Oh! Eu não fazia ideia que tinha alguma profissão, Emma.

– Há diversas coisas que ainda não sabes sobre mim, Roni. No entanto, irei lhe dizer aos poucos tudo o que tenho a esconder. – sim, Emma não poderia conquistar o coração de seu amor sem ao menos dizer o maior de seus segredos. Esperaria, então, chegar o momento certo. – Sou dona de uma empresa de vinhos, por isso irei leva-la para jantar em um restaurante em que serve um de meus produtos. – beijou-lhe as costas de suas mãos, olhando profundamente aos olhos castanhos como se pedisse permissão para leva-la a uma aventura noturna. – Aceitas minha companhia para o jantar? – sussurrou roucamente e sensualmente, sempre com suas órbitas direcionadas aos orbes escuros.

– E... Eu aceito! – conseguiu responder entre sussurros, controlando sua respiração que descompassava junto às batidas de seu coração. E, por mais que tentasse esconder, Swan conseguia escutar as batidas desenfreadas de seu coração.

A luminosidade colorada em tons amarelados como o sol saía pelas vidraças das janelas e iluminavam parte das calçadas asfaltadas. A vampira abriu um sorriso ao constatar o lugar em que trouxera sua amada, logo virou delicadamente o rosto de Roni em direção ao estabelecimento.

– É lindo! – repousando sua mão na vidraça, Roni observava tudo o que havia dentro daquele restaurante. – Mas, este restaurante custa tão caro... Jamais vim aqui, nem mesmo com meus pais.

– Roni, não se preocupe com os custos. – respondeu calmamente enquanto a morena ainda mantinha seu olhar para aquele recinto. Ela ficava ainda mais bela quando expunha aquele sorriso encantador, mostrando seus dentes perfeitamente alinhados. Emma pôs sua mão na boca tentando esconder tamanho prazer em ver um simples sorriso moldado naqueles lábios pintados por uma coloração clara.

A loura empurrou a porta, fazendo reverencia em sinal para que a outra passasse. Em um sorriso bobo e olhos brilhantes rodeando todo aquele âmbito, a morena observava o local levemente trabalhado à madeira; trazendo um tom aconchegante, principalmente, ao soar dos instrumentos musicais. Os olhares voltaram-se diretamente para as duas, trazendo certo incomodo à Roni.

– Estão todos olhando em nossa direção. – sussurrou Roni, segurando firmemente as mãos pálidas de Emma.

– Estão estupefazendo sua beleza, Roni. – sussurrou de volta, firmando suas mãos umas nas outras. – Impossível não admirar a formosura da mulher mais bela que existe.

Na verdade, Swan sabia muito bem o motivo de tantos olhares em direção a ambas. Intolerantes murmuravam e encaravam em rejeição por duas mulheres demostrarem sentimentos uma pela outra; encaravam-nas desacreditados de que algum dia veria uma mulher trajando um terninho preto, segurando uma cartola com uma de suas mãos enquanto, com a outra, entrelaçava os dedos aos de sua amada.

– Tu estás contando sua primeira mentira no primeiro encontro, Senhorita Swan? – perguntou tentando esconder a risada espontânea.

– Jamais... – a vampira sorriu abertamente ao ouvir as palavras "primeiro encontro". Puxou a cadeira para que a jovem se sentasse, pegando a rosa posta em cima da mesa em seguida, sentando-se à cadeira de frente para a morena. – Aos meus olhos tu és a mais bela. – com sua cordialidade, deu um sorriso de lado ao inalar o aroma doce da rosa em suas mãos, e, logo a entregou para Roni. – Agora, responda-me, este é nosso primeiro encontro? – sorriu ao ver sua parceira ruborizar e abaixar a cabeça envergonhada.

Duas velas compostas sobre a mesa, deixando um suave clima romântico pairando no ar. O reflexo da pequena chama da vela brilhava nas íris amendoadas, ao mesmo tempo em que novas notas musicais iniciaram-se, agora num tom docemente romântico. Roni repousou seu braço sobre a mesa, alisando as pétalas macias da pequena e frágil rosa. A luz do luar junto ao som noturno tornava o clima ainda mais belo, fazendo com que Emma desse um suspiro de felicidade.

– Tu tens razão, Emma. – o silencio tão acolhedor quanto a aconchegante sensação de banhar-se à luz do luar foi quebrado. As belas palavras em que diziam sobre paixão estava tomando conta do interior de Regina, fazendo-a refletir sucessivamente. – A paixão é o segredo para o sucesso. Salvar vidas é algo apaixonante para mim. Não me vejo fazendo outra coisa... Eu irei ser a escolhida para ser a ajudante do professor. – disse destemida.

– Medicina? – sorriu abertamente, apoiando seu braço sobre a mesa também. – Certamente tu irás além do que imagina.

Lentamente, cada nota musical ficava cada vez mais romântica, enquanto Swan deslizava sua mão sobre a mesa, sentindo o macio pano de seda que forrava a mesa. Os musicistas andando por entre todo aquele recinto, tocando seus violinos ou suas arpas, pararam pouco próximos a mesa em que as duas estavam sentadas.

– E a senhorita, Emma? Tens paixão por sua profissão? – a loura disfarçou seu incomodo. Poderia simplesmente lhe dizer que tinha a paixão, mas a verdade é que não tinha. Nada sentia pelo vinho, apenas a pequena semelhança com o sangue. E, a pequena recordação de que algum dia fora apaixonada por vinho.

– Senhorita Swan... – os serventes as interromperam uma vez apenas, servindo-as o melhor vinho sem ao menos lhes perguntar o que desejavam.

– Em meu caso não há paixão alguma pelo vinho... Tenho uma fascinação pela coloração avermelhada... Vívida do vinho. Vermelho, vinho é a cor da paixão. É a cor das rosas que liberam doce aroma durante a primavera. Estas são as minhas paixões.

Após caminhar lentamente com a mão sobre a mesa, finalmente conseguiu tocar à mão aquecida de Roni. Seu doce aroma mistura-se tão naturalmente junto ao perfume das rosas... Tão delicadas, e tão fortes. Embelezam o mais triste cenário; alegram o mais sombrio dos corações; simbolizam o amor. O olhar de Emma percorria por toda a face de Roni, que, se sentiu ruborizar. Ela era como uma rosa, como uma de suas fascinações, como um ser impossível de não se apaixonar. A atenção unicamente para a morena desceu para o discreto decote formado em seu branco vestido, com o espartilho pouco apertado, realçando seus seios.

– Falas incrivelmente sobre paixões... – suspirou Roni, com seus belos olhos âmbar que brilhavam como as estrelas expostas pelas janelas. – Tão levemente que soa um tanto poético. Qual foi sua maior paixão, com exceção do vinho? – um sorriso entristecido tomou conta do rosto pálido, enquanto tentava não transparecer seu abatimento. – Oh! Sinto muito... – lhe sorriu, inclinando-se contra a mesa para alcançar o rosto de Emma, e, acaricia-lo. – Quer me contar sobre... Lana?

Como uma escultura embelezada pelos deuses, a vampira paralisou de forma sublime e, ao mesmo tempo, estilhaçado. Os orbes verdes evidenciaram um brilho em seus olhos, escondendo as lágrimas melancólicas e, como se não fosse possível, lépidas. Lana e sua filha ainda doíam em sua alma, como uma ferida jamais curada; como uma abertura recente que, por mais que tentasse preenche-la, sempre restaria uma brecha.

O seu coração louvava como os anjos em seu coro, aliviando quaisquer lembranças e dores contidas nele. Tal feito acontecia apenas ao alcançar da lua ao céu límpido, trazendo a esperança de encontrar outra vez a moça de longos cabelos negros como a noite.

– Roni, quero que saibas que jamais me esquecerei de Lana, ou da família que construímos juntas. – fechou seus olhos por um segundo, sentindo seu coração rasgar, sentindo tão vividamente a solidão que um dia sentira trancada àquele caixão de ferro. – Sei que entende que a dor da perda minimiza com o tempo, porém, jamais é esquecida. Há momentos em que as lembranças corroem a mente implacavelmente, trazendo o choro suplico como um castigo de ter ficado sozinha no mundo, sem alguém para amar ou sequer acolher-nos. – seus olhos, ao se abrirem, imediatamente encontraram a lua através das vidraças. As trevas da noite, iluminadas apenas pela luz do luar se abatiam sobre ela, como um dia lhe disseram. – Quero que saibas que, por mais que algumas lágrimas surjam como símbolo do inesquecível dia em que perdi tudo, eu jamais te colocarei em segundo lugar, Roni.

A morte e seus segredos eram incompreendidos por Regina. Qual a sua função? – Separar-nos daqueles que algum dia foram significativos, deixando-nos sem respostas para muitas perguntas? – a jovem, assim como a vampira tinham perguntas nunca respondidas, que destruía qualquer índice de paz que pudessem alcançar.

– Tu estás presente aqui... – alcançou a mão à altura de seu peito, indicando que sempre levaria a morena em seu coração. – Meu presente é essa Romênia, é este seu rosto tão familiar, porém, numa pessoa totalmente diferente de meu primeiro amor. Não podemos nos afogar em sombras passadas... – aconselhou, pensando em suas próprias palavras. Jamais estaria pronta para esquecer Lana, mas estava pronta para colocar seu novo amor em primeiro lugar, num palco para engrandecer seus sentimentos verdadeiramente vividos, porém, nunca ditos. Pelo menos, não diretamente. – Deves estar pensando "logo quem te diz isso é a mulher que se afoga em lágrimas todas as noites...".

– Jamais pensei isso de ti. – pronunciou Regina com a cabeça baixa, quase que, também, se lamentando por seus pais. Quase que lutando internamente a fim de parar de se perguntar o que seus pais escondiam. – Seria hipócrita se o fizesse, pois também me ponho a questionar por qual proposito fui deixada sozinha, sem respostas para a pergunta que não se cala uma única vez: o que escondiam de mim? – o silêncio interior era doloroso a ponto de conseguir arrancar lágrimas e soluços mudos a outros ouvidos. Suas mãos trêmulas subiram até sua boca, sentindo uma de suas piores lembranças. – O que fora aterrorizante a ponto de esconderem de mim, resultando em momentos torturantes de minha vida? Quem os matou? Por que os matou? – engolia os soluços, enquanto sentia seu interior sufocando-a.

– Não chores! – com um impulso, exclamou e se levantou do assento, ajoelhando-se próximo aos pés da jovem órfã. – Eu te imploro para que não chores... Não suporto o fato de saber que estás chorando, ou que de algum modo ousam te ferir. – tocou as mãos macias da morena, abrindo um sorriso e lançando fora sua vontade se juntar-se aos prantos de sua amada.

– Pedes para que eu não chore outra vez? – lhe deu um frágil sorriso. Frágil como a folha de outono que caem de suas árvores e, sem força, é levada pelo vento. – Eu... Eu tentarei.

– Roni, uma vez eu fiz uma promessa para alguém, porém fui incapaz de cumpri-la. Agora, ponho-me a fazer a mesma a ti... – levantou-se olhando para os lados e percebendo que havia chamado bastante a atenção dos outros ocupantes daquele recinto. Mas, ela deveria dizer aquilo, e sabia disso. –... Prometo-te protege-la com a minha vida. Eu juro que farei tudo para conseguir deixa-la segura. – agora, foi sua vez de permitir que uma lágrima caísse sobre seu rosto extremamente pálido.

– Pedes para que eu não chore, mas fazes uma promessa dessas... – disse com a voz embargada, carregando emoção ao pronuncia-las. – É impossível cumpri-la, se tais palavras saem de seus lábios, atingindo meu coração em cheio. – sorriu, dedilhando o frígido rosto da loura, secando as lágrimas que molhavam a face e poucos fios dos ondulados cabelos cor do sol. – No entanto, quero que tentes não chorar também.

– Lágrimas podem manchar teu rosto, contando que sejam lágrimas que simbolizam algum sentimento positivo. – levantou-se outra vez, ficando de pé à frente da mais nova. Era magnifico a forma que os castanhos e os verdes se encontravam, refletindo a luz amarelada das velas.

– Emma, tu és sempre tão atenciosa, que sem que perceba já me fazes sentir segura. – mirou o olhar para a pequena e simbólica rosa que ganhara, e deu um sorriso sem que percebesse. – Não precisas se esforçar para isso... Com tuas palavras e com sua amabilidade já me fazes segura de todo o mundo a nossa volta. Ou achas que não sei que cada pessoa presente aqui, está nos observando apenas por termos jantado juntas? A cada palavra dita em meio às conversas entre nós, me fez com que pouco importasse para cada murmúrio.

– De fato... – Emma tornou-se a sentar outra vez, percebendo que havia deixado muito visível a todos o quanto possuía sentimentos por Roni. –... Todos estão atentos a nós. No entanto, prefiro pensar que estão admirando a tua beleza e tua simpatia ao invés de estar nos julgando.

(...)

Pessoas repousavam em seus leitos, morcegos sobrevoavam o céu escuro ao mesmo tempo em que o sino da igreja badalava doze vezes, dando as boas vindas à meia noite. A hora havia passado tão rapidamente, que a vampira podia jurar que alguém estava brincando com o tempo ao fazê-lo passar tão depressa. Soava um tanto engraçado. Ao dessecar durante quatro séculos, parecia que o tempo não passava; trazia consigo, ao ouvir os trovões ao lado de fora daquela tumba, o choro incessante como as gotas de chuva de verão. No entanto, agora que tudo parecia mais vivido como a vida inocente de uma jovem apaixonada, os dias haviam passado como se fossem fragmentados segundos.

– Não temes andar sozinha pelas ruas escuras de Bucareste? – perguntou a vampira, andando por entre a sombra da noite entre as árvores que cercavam toda a cidade. – Ouço histórias sobre os perigos noturnos... – explicou-se.

– De fato, muitos comentam sobre os perigos noturnos. Este é o motivo de atrair tantos fascinados por lendas... No entanto, se pretendes permanecer em Romênia, algum dia há de se acostumar a andar durante a noite sem se importar com o perigo. – disse Regina ao mirar seu olhar à lua, que mal podia ser vista por cima das árvores que as cobriam. – Pretendes ficar por mais tempo aqui, Senhorita Swan?

Poderia, eu, tentar afastar-me de Emma? – mordeu seu lábio discretamente. – Jamais! Por mais que tentasse, sei que por algum motivo nos encontraríamos outra vez por entre as ruas da cidade.

– Digamos que cheguei à Romênia sem muitos planejamentos de continuar aqui. – respondeu sinceramente. Seus planos sempre foram recuperar sua casa, e se vingar de todos. Por mais que quisesse sua casa, não pretendia criar laços. – Porém, sinto-me em casa outra vez. Há pessoas que me fazem querer criar raízes.

Aquele era um passo que ela deveria dar; uma decisão que deveria tomar. Tudo o que queria ao ser liberta era retornar à Romênia, restaurar seu castelo e conquistar sua vingança, para ir embora de uma vez por todas. Porém, se quisesse mesmo viver e proteger seu amor deveria começar a aceitar o fato de que, sim, ela teria que criar raízes.

Eu a vi! Pelo visto suas informações estavam corretas, Senhora Belfrey. – a brisa trazia as vozes do padre, que certamente conversava com os outros membros da ordem. A conversa era escutada por Emma como se estivessem em poucos metros de distância, mas, muito pelo contrário, a ordem vagava há algumas esquinas do local em que ambas caminhavam. – Jennifer está aqui, fazendo exatamente o que nossos antepassados esperavam... Os planos estão obtendo sucesso. Lana morreu, e assim a fera foi criada; agora uma cópia quase perfeita ressurgiu, e está, inocentemente, cumprindo com sua parte do plano.

Cópia quase perfeita? – uma mulher perguntou. – A jovem não é a cópia perfeita?

Esqueci-me de que há alguns anos tu ainda não fazias parte de nossa Ordem... – respondeu o padre. – Para a minha impaciência terei de reexplicar esta história para os poucos descendentes de nosso sangue, para que eles possam fazer o mesmo que vós pelo resto dos tempos. Bom, "Roni"... – deu uma risada ao lembrar que Regina dera um nome falso para a vampira. –... É a cópia única de Lana, como tu já sabes. No entanto, foi necessário fazer algumas coisas com a jovem para que nossos planos saíssem exatamente como o planejado. Faltava apenas aquela única cicatriz em seus lábios desenhados, apenas isso para que fosse a cópia perfeita.

A luz do luar toca em seu rosto morto, ouvindo suas perguntas mudas. A raiva incendeia seu interior tão rapidamente como a queimada se alastra às florestas. O choro em sua alma muda e agoniante suplica por respostas, que muitas vezes foram jogadas ao vento. Por que tocar em um ser impressionantemente puro? Levaram seu primeiro amor, como o inverno leva toda a vida do jardim, deixando apenas a lembrança de como era vivido e florido. Agora, tocaram em sua nova rosa, ainda desabrochando para trazer vida outra vez, como o chegar da primavera.

Não. Emma não poderia deixar que as visse juntas outra vez.

– Roni, precisamos sair daqui... – sussurrou.

– O que houve?

– Eu tenho a sensação de que o padre está se aproximando. – assim, pode ler dentro das íris castanhas o pavor que aquele homem lhe causava. Sentiu como se seu coração apertasse em seu peito, sentiu-se sofrendo por tudo o que podem ter feito àquela dócil jovem. Pensou que as torturas tivessem sido deixadas para trás após sua morte e a de Lana; pensou que seu novo amor tivesse sido poupada. – Eu não confio muito nele. – olhou para seu lado direito, deparando-se às luzes vindas de dentro das casas; olhou para seu lado esquerdo, deparando-se à floresta escura, onde muito mais atrás das árvores e trilhas, encontrava-se seu antigo lar. – Confias em mim? – Roni assentiu, entrelaçando suas mãos. – Eu sempre irei te proteger.

As duas, ainda com as mãos entrelaçadas, adentraram pouco mais fundo ao bosque, numa distância em que elas poderiam vê-los sem ao menos serem escutadas. Ninguém sabia que elas estavam ali. Apenas a lua, que permitia que sua luz passasse perfeitamente por entre a falta de galhos de árvores acima de suas cabeças. As folhas das árvores balançavam silenciosamente conforme o vento tocava nelas, causando pequeno frio ao se chocar ao corpo.

– Lá estão eles... – sussurrou, enrolando sua amada envolta de seus braços. – Aquele é o padre, agora quem são os outros três? – perguntou, percebendo Roni parar de observa-los, afastar-se e se encostar à árvore ao seu lado.

– Daqui a pouco poderemos sair daqui. – garantiu, aproximando-se.

Escondendo a face, Roni deixou uma única lágrima escapar. Seu padre, seu cuidador era, também, um traidor que torturava pessoas sem dizer o motivo para tal ato repugnante. A noite tenebrosa trazia de presente a sensação desesperadora que possuía seu corpo a cada segundo que ficava presa àquela capela, no entanto, fazia algum tempo que isso não acontecia. Até rever seu torturador.

– O que ele te fez? – Swan perguntou, abraçando-a com força a fim de fazê-la se sentir protegida. E de fato conseguia. Sentiu a morena retribuindo seu abraço, enquanto repousava a cabeça em seu peito.

Abaixou o olhar quando sentiu Roni erguer a cabeça e encarar seus olhos. O olhar escuro era banhado por uma inocência, porém, desta vez também carregava a dor. A mesma dor que ela conhecia tão bem. Seu peito rasgou ao receber a resposta tão temida: sim, de fato, a Ordem fez mal ao seu amor. As pequenas mãos trêmulas e aquecidas subiram em direção à cicatriz desenhada nos lábios, como resposta à pergunta.

Emma deixou seus olhos lacrimejarem, apertando-a cada vez mais contra seu peito ao ouvir o choro abafado como o de uma criança. Acariciou docemente os braços pouco frios por conta da brisa gélida que se chocava contra seus corpos. Poucos minutos depois, ela sorriu ao perceber que o choro cessou, deixando apenas o belo rosto manchado contra seu terninho.

– Ele nunca mais tocará em nenhum fio de cabeço teu. – tocou o rosto, erguendo-o outra vez. Aproximou ainda mais seus lábios à face da jovem, sentindo o doce aroma do sangue percorrendo pelas veias, enquanto ouvia o coração da mesma começar a acelerar. – Diga-me caso ele venha te atormentar.

Regina assentiu, sentindo o a respiração descompassar.

Emanava do pescoço de sua amada uma trilha com o aroma sanguíneo, que se espalhava ao ar. Ainda abraçadas, ela enxergava visivelmente as veias, e ouvia claramente as pulsações, sentia o calor vital atraindo suas presas para que encravasse seus dentes à jugular. Suas presas começavam a aparecer, indicando seu descontrole naquele momento. Seu amor, já não a reconhecia... A sede e o descontrole vendavam seus olhos, mostrando-lhe apenas o que sua maldição pedia: o sangue.

Seus dedos pálidos apertaram as costas de Roni, fazendo-a estremecer ao toque. Sua vítima estava estranhamente entregue, como se esperasse por aquilo. Delicadamente colocou os longos cabelos negros para o lado, dando uma visão melhor de todo o pescoço. Inspirou profundamente o mais saboroso aroma sanguíneo que sentiu em toda a sua vida, em seguida aproximou seus lábios em direção à jugular. Apertando o pequeno corpo contra o seu, beijou o pescoço de Roni, e posicionou suas enormes presas até quase perfurar a pele macia.

– E-Emma... Ãhn! – um gemido manhoso escapou por entre seus lábios, ao mesmo tempo em que fechava os olhos ao sentir seu corpo estremecer por cada beijo recebido.

Como num passe de mágica, Swan despertou de seu transe e percebeu o quão próxima estava de tirar a vida de seu amor. Ela tinha a confiança da jovem, tendo, assim, total rendição da mesma em seus braços. O desespero gritou em seu peito, fazendo-a desvencilhar do abraço que dava em Roni. Jamais se perdoaria se, após alimentar-se, percebesse que seu amor estava morta em seus braços.

Tapando sua face com as próprias mãos, escondendo suas presas a amostra, Emma afastou-se.

– Emma? – Regina perguntou sem entender o porquê a loura se afastara. – O que houve?

– Eu... Não posso! – exclamou, passando as mãos aos cachos dourados. – Eu sou um monstro, Roni. – respondeu com a voz embargada, e com os olhos carregados por lágrimas.

Escondida à escuridão das sombras das árvores, Roni enxergava ainda o olhar esverdeado que carregava a solidão. Brilhantes eram os verdes olhos daquela moça, que carregava a tristeza em suas costas e a bondade em seu coração. Emma se encaixava em tal frase, e Roni sabia disso. Negava a acreditar que a dona de palavras tão amáveis, de um abraço tão acolhedor, de olhos tão brilhantes era um monstro.

– Tu não és um monstro. – retrucou, entrando nas sombras das árvores ao lado da vampira.

– Não tens medo de mim? – perguntou com a voz carregada por uma rouquidão sensual. Seu interior queimava, seu corpo gritava por ter aqueles lábios de encontro com os seus, porém suas mãos tremiam de medo. O temor de que pudesse se descontrolar aumentava a cada instante.

– Não... – respondeu Regina, arfando. – Jamais terei medo de ti, Emma. – deu, então, um beijo estalado aos lábios da vampira.

Ao olhar profundamente às órbitas castanhas, agradeceu por viver para ver outra vez aquele olhar que sempre a encantou. Porém, agora, aquele olhar lhe parecia ainda mais inocente. Outro gemido baixo escapou dos lábios da morena no momento em que Emma encaixou os braços em sua cintura, aconchegando-se ainda mais para que quebrasse qualquer distância entre elas.

Elas estavam tão próximas, que a vampira conseguia sentir a respiração descompassada e quente de sua amada tocar em seu rosto. Encostou, então, seus lábios, mas não a beijou. Roçou seu nariz ao dela, até perceber que a mesma sorriu docemente. Até que, finalmente seus lábios se encontraram calmamente, e, para a sua surpresa, conseguiu se manter parcialmente controlada.

Regina, por alguns segundos, paralisou. O ar lhe faltou. Seu coração bateu como nunca antes, e, conforme batia desenfreado, seu corpo também esquentava. Portanto, segundos após seus lábios se encontrarem, deu passagem para a língua da vampira. Inicialmente, ao se colidirem, o beijo foi pouco desajeitado – por ser o primeiro que Regina dera em sua vida –, mas era doce e arrebatador.

Swan levou sua mão direita até a nuca de Regina, enquanto o beijo começava a transcorrer em sintonia. Suas línguas, finalmente, serpenteavam calmamente uma à outra, ouvindo a respiração ofegante da jovem, rendendo-se. Sentiu-se como uma adolescente apaixonada, onde parecia que seu estômago estava cheio de borboletas revirando dentro dele. Junto ao aroma das veias pulsantes, sentiu o doce cheiro de maçãs; sentiu os lábios macios junto aos seus.

Regina sentiu seu coração explodir, queimando junto a todo seu interior. A quentura de seu corpo e a frieza do corpo de Emma, ao se chocar, tornava-se inexplicavelmente aconchegante. Segurança, conforto, paixão... Jamais poderia explicar o que sentia naquele momento, tão pequena, envolta aos braços da vampira. Não temeu ao primeiro beijo; entregou-se de corpo e alma, com plena certeza de que era aquilo que queria.

Sente a mais nova afastando os lábios dos seus. Talvez, pela necessidade de ar. Suas órbitas esverdeadas estupefaziam as bochechas de sua amada ruborizar, e um encantador sorriso tímido moldar-lhe a face. Chorou, então, de felicidade, abraçando-a outra vez.

As ruas desertas abrigavam os demônios, escondidos em forma humana ou em forma de lobos. No entanto, os lobisomens não se faziam presente naquela noite, pois sua maldição seria ativada em uma semana, quando a lua cheia alcançasse o céu escuro. A névoa e a pouca iluminação tornavam-se álibis para os demônios sanguessugas, que ficavam à espreita para levar a próxima vitima para a morte. Os grunhidos enfraquecidos escapavam da garganta da vitima, enquanto o vampiro perfurava o pescoço e drenava o sangue quente, que sujava seus lábios.

A névoa se espalhava, dificultando a visão, permitindo apenas que escutassem o eco da bota preta batendo contra o asfalto. A mulher verificava se suas armas estavam perfeitamente ajustadas em seu corpete de couro, camuflada por uma enorme capa preta. Logo, o som de gritos abafados, e o cheiro de morte foram trazidos junto ao vento, que faziam com que seus longos cabelos tocassem vigorosamente em seu rosto claro.

Nosferatu. – pensou a mulher, seguindo exatamente a trilha de grunhidos.

Em sua mão segurava um punhal de prata, escondendo-o em seu capuz ao mesmo tempo em que dava seus passos e se aproximava do local. Ao adentrar ao inicio da floresta que cercava toda aquela cidade, avistou um corpo em que o pescoço estava totalmente ensanguentado. Dado esse fato, a mulher atentou-se ainda mais, olhando para cima dos galhos das árvores fechadas.

O assovio do vento tornou-se ainda mais aterrorizante, mesclando-se junto a um assovio humano. Aquilo jamais a assustara. A mulher foi treinada para não se deixar levar pelo medo, ou pelos arrepios causados em sua espinha... Havia jurado proteger de todos os demônios a sua única familiar restante, e sempre cumpriria tal promessa.

– Tu não irás conseguir desta vez... – sussurro distorcido, como se diversas vozes estivessem pronunciando aquelas palavras, fez-se presente.

– Diga-me algo que nunca ouvi... – respondeu em sarcasmo, soltando uma risada.

Vindo junto ao vento, rapidamente, a figura pálida com os lábios cobertos por sangue surgiu em sua frente, lançando a mulher ao chão.

– Parece que desta vez serás morta por aquilo que tanto caçou. – debochou o vampiro. Caminhando lentamente, ao mesmo tempo em que a caçadora tentava se arrastar para o punhal, o sanguessuga surgiu imediatamente em sua frente, asfixiando o pescoço com as próprias mãos. – Embora eu tenha sido como tu hás muito tempo, eu acho os humanos tão hipócritas. – aproximou seus lábios ao rosto da caçadora, passando a língua sobre o corte causado ao ser lançada longe. – Vejas... Tu caças incansavelmente por todos os demônios a fim de proteger sua prima, que, pelo o que eu saiba, caiu sob a maldição da lua. – gargalhou.

– Como sabes disso? – perguntou ao mesmo tempo em que tentava esticar seus braços até alcançar o punhal.

– Não fostes a única que pesquisara sobre mim... Pois eu também pesquisei sobre você. – abriu sua boca, mostrando as presas aumentarem, tornando-se extremamente afiadas.

Anda! – praguejou por não conseguir alcançar a arma. – "Força descomunal, camuflados sob a luz do luar, cada vez mais fortes... Se recebida uma mordida sequer, torna-se como o mesmo monstro que o mordeu." – lembrou-se.

Direcionou a mão diretamente à calça de couro, espirrando água benta na face da besta. A chance era aquela. Com suas mãos livre, e temporariamente livre das garras daquela fera, a caçadora rolou para o lado direito, agarrando o punhal.

– Eu irei transforma-la naquilo que tanto abomina! – vociferou o vampiro, com parte de seu rosto deformado por conta da água benta.

Numa velocidade inumada, o vampiro correu em sua direção.

– Em nome de Deus... – gritou a mulher erguendo o punhal, acertando diretamente em seu coração. – Eu extermino mais um ser das trevas. – suspirou, repousando a cabeça na folhagem.

Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro