Podes confiar em mim
"Jennifer Morrison retornou à Romênia." Aquela noticia era de imenso agrado, pois durante séculos seus antepassados lutaram e aguardaram por este grande dia. Os iniciantes, responsáveis por todo o ocorrido entre Jennifer e Lana tentaram manter tudo sob controle, escondendo todas as evidencias de que algo extremamente grave acontecera naquela fria noite. Anos depois, conseguiram finalmente aprisionar o demônio criado e juraram extermina-lo, prendendo-o num ataúde de ferro escondido nos confins da terra.
Gold pigarreou, tendo toda atenção para si.
– Compartilho a mesma comemoração que vós. – levantou-se de sua cadeira, olhando através dos vidros da janela, que oferecia uma vista bonita. – Vós sabeis que Jennifer foi enterrada num lugar no qual ninguém relatou antes. Nem mesmo nós sabemos de tais informações, tudo para que jamais fosse liberta... No entanto, o que me intriga é que simplesmente conseguiram liberta-la.
– Senhor Gold, esta pergunta é a que mais se passa na cabeça de qualquer outro membro. – Senhora Belfrey interrompeu-o, relembrando o mesmo das antigas escrituras proféticas. – Lembre-se de que escreveram todos os planos no qual estivemos instruídos a cumprir. Então, eles sabiam que Jennifer retornaria, aliás, Drácula não dorme para sempre, caro irmão.
– Creio que nossos antigos representantes fizeram o possível para que esta praga não visse a luz da lua outra vez. – esbravejou, batendo com força na mesa. Sua veia saltada apontava tamanha impaciência, pois não aceitava tais palavras contra sua religião e suas crenças. Gold era devoto aos hábitos antigos em que puniam os infiéis, achando que assim estaria fazendo algo que agradasse seu Deus. – Jennifer é uma abominação aos olhos de qualquer deus; é a filha do demônio! Ela vive em trevas, e bebe o sangue humano... Ela é uma desalmada. – tamanha obsessão assustava Victória, que estava quase arrumando desculpas para retirar-se daquele ninho de cobras. Sua parte do plano havia sido concluída, fazendo-a crer que a Ordem do Dragão a deixaria em paz. – Nossos antecedentes prenderam-na num lugar seguro, cara irmã, e criou tais planos para caso algum ser humano usado por satanás libertasse sua serva.
Ao todo se contava quatro pessoas concentradas naquela reunião, no entanto havia outros descendentes no qual deveriam tomar um papel na ordem. Victoria estava começando a mostrar ser infiel apenas por apontar sua opinião, recebendo o olhar analisador de Gold e dos outros dois membros presentes.
– Quero um nome, Victória. – Gold completou. – Quero o nome do indivíduo que libertou Jennifer.
O padre ajeitou sua roupa, retirando-se como se tudo já estivesse decidido. Ele era um homem de duas personalidades totalmente diferentes: na igreja demostrava ser um senhor atencioso e bondoso, sendo o último que alguém acusaria; e na presença da ordem tornava-se um homem arrogante no qual sossegaria apenas quando visse o demônio da noite virando pó.
O aroma das folhas dos livros encantava Regina, que, por sua vez, ao lado de Ruby Luccas, procurava livros que serviriam para seus estudos. Caminhava, adentrando em vários corredores em que Luccas nem sabia de suas existências. As órbitas âmbar admiravam todas as prateleiras, como se fossem a maior preciosidade já encontrada, ao mesmo tempo em que pausou seu andar numa estante, e abaixou-se a fim de pegar o alfarrábio.
– Conheces perfeitamente essas prateleiras de livros, não é, Senhorita Mills? – Ruby perguntou, direcionando-se até a mesinha em que algumas pessoas liam.
– Desde minha infância visito esta biblioteca. – respondeu-lhe com um simpático sorriso em seu rosto ao mesmo tempo em que não tirava sua atenção de seu livro, para ter a total certeza de que era realmente ele que deveria levar para casa. – Na época em que comecei a frequentar com meus pais, o dono era o padre Gold. – sorriu ao perceber o olhar de espanto de Ruby. – Ele ainda estava terminando todos seus procedimentos para se tornar um padre... E, quando se tornou, permaneceu apenas por algum tempo por aqui. Então, herdou todo este lugar para sua sobrinha: Belle French. – explicou calmamente.
– Interessante... Um padre que gosta de outros tipos de leituras, pois eu pensei que liam apenas as escrituras sagradas. – comentou.
– Um padre louco, com sede de sangue. – sussurrou, lembrando-se de tudo o que ele lhe dissera.
– O que disseste? – Ruby havia aprendido a prestar atenção em tudo o que diziam, principalmente entre sussurros, na Romênia. Sua mestra havia sido bastante clara ao dizer que em tudo deve ficar atenta: tanto em pessoas em que criou afeto, quanto ao som de uma folha ao cair do alto de uma árvore. Qualquer som poderia ser uma armadilha, ou um teste. E, foram estas palavras em meio a treinamentos, que ensinaram a jovem a atentar-se. – Por que achas que o padre tem sede por sangue? – perguntou curiosa. – Ah! Podes confiar em mim, aliás, não tenho amigos na cidade.
– O Senhor Gold... – quando estava prestes a deixar escapar a verdadeira história, lembrou-se das sinceras palavras em que a ameaçavam. Não poderia contar a ninguém, principalmente sem saber qual era sua "parte no plano" a qual iria cumprir. – Eu apenas pensei alto, sinto muito. Apenas peço aos céus para que Belle não seja igual ao tio. Embora seja padre, ele ama ler livros em que tenham bastante sangue... Isso não é ideal para um padre, não é? – mentiu achando que poderia enganar a jovem. No entanto, Ruby apenas fingiu acreditar e decidiu não incomoda-la com mais perguntas em que, provavelmente, não responderia. – Bom... Este é exatamente o livro que eu procurava. – disse sem graça, forçando um sorriso. – Espero que tenha conseguido ajuda-la em seus livros! Foi um prazer em conhecê-la, Senhorita Luccas. – exclamou, fechando seu livro.
Tanto a morena de olhos verdes que se mantinha perto da jovem, quanto a ruiva que espreitava ao longe, encontravam-se bastante agitadas. As duas contemplavam tamanha beleza e semelhança que Regina tinha com Lana, perguntando-se se era possível que fossem da mesma descendência. No entanto, suas comemorações eram por motivos um tanto diferentes. Luccas estava feliz por poder conhecer a mulher na qual Emma tem total razão que pode confiar e entrega-se, sem contar que poderia dizer o nome da jovem para sua mestra, que tanto anseia por saber. Mader, por sua vez, encontrou outro motivo para aprofundar-se em sua obsessão sem fim por vampirismo.
Seria, Regina Mills, uma vampira? – com seus olhos observando entre as brechas dos livros, Zelena perguntava-se. – Seria mais um dos planos da Ordem? Não há mais motivos para tamanha semelhança, a não ser que seja uma mera reencarnação.
Belle finalmente conseguira terminar seus incontáveis afazeres, e parte deles era anotar o nome do livro que a ruiva levaria para casa. Sendo assim, adentrou aos corredores silenciosamente para ir de encontro com a moça.
– Tu estás aí, Senhorita Mader! – exclamou ao encontra-la observando, por entre os pequenos espaços dos livros, algo que estava no corredor ao lado. – O que observas?
– Desculpe-me! Eu me perdi, e tardei a observar os livros.
Belle era uma moça bastante esperta, sendo assim, não se deixaria ser enganada por uma mentira farrapa.
– Anotei seu nome junto ao nome do livro em que pretende levar para ler... – desconversou, dando-lhe um sorriso. A fisionomia nervosa e sem graça que Zelena possuía a entregava de bandeja. No entanto, a bibliotecária não se opunha a dizer palavra alguma. – Fiz questão de fazer uma anotação para lembrar-me de procurar os livros que estão empoeirados em meu estoque.
– Muito obrigada! Quando eu terminar este livro, irei retornar. – sorriu, abraçando a moça, em seguida, retirando-se da biblioteca.
A simpática bibliotecária permaneceu no mesmo lugar, tentando discernir se o que Zelena tanto observava com tamanha curiosidade era real ou se tudo não passava de paranoia em sua cabeça. Colocou seus olhos por entre as brechas dos livros no intuito de saber o que tanto atiçava a curiosidade da jovem ruiva, no entanto, para sua surpresa e temor, tudo o que conseguia enxergar daquelas brechas era Regina Mills despedindo-se de Ruby Luccas.
O que Zelena queria com Regina Mills? – assustou-se decidindo ficar de olho em Mader. Belle já desconfiava sobre o movimento repentino de pessoas a fim de buscar sobre lendas antigas, no entanto, daquele dia em diante, ela deveria proteger Regina Mills.
(...)
Após se retirarem da biblioteca, Ivy e Regina deram uma enorme caminhada até finalmente chegarem à universidade na qual cursava medicina. O enorme edifício feito inteiramente por enormes colunas de pedras, e uma enorme escada central acendia o medo no âmago da jovem Mills.
– Regina, eu espero que não esteja nervosa outra vez. – murmurou, olhando fundo em seus olhos e dando um sorriso capaz de acalma-la. – Sabes que é capaz de ser escolhida para ajudar o professor... Embora eu não goste da ideia de uma mulher em uma universidade, eu confio em suas habilidades. Sei que tu mostraste seu potencial na avaliação, e que será escolhida para ser a ajudante.
– Ivy, tu és uma excelente amiga. – disse Regina, respirando fundo enquanto encarava a enorme construção. – Eu fico nervosa toda a vez que estou prestes a fazer a avaliação. Talvez seja pelos olhares negativos que recebo. – desabafou cabisbaixa. – Eu acho que não sou capaz, Ivy. – lamentou, sentando-se no degrau da escada.
– Não! – gritou repreendendo a ação de sua amiga. – Tu não passaste seus dias pesquisando bobagens sobre a medicina para desistir apenas por alguns alunos que insistem em implicar em sua feminilidade! Tu nunca ligaste para isto, Regina, por que se impostas agora? Sabes o que deves fazer? Suba até aquela sala de aula e mostre do que tu és capaz. Mostre a Regina que não teme julgamentos. – esbravejou, estendendo a mão para que a morena se reerguesse.
– Muito obrigada, amiga. – sorriu, abraçando-a a fim de se despedir. – Tu sempre foste tão companheira, Ivy. Quando eu souber o resultado, lhe contarei.
Após se despedirem, Regina respirou fundo para não se importar com os murmúrios dos julgadores que recebia toda a vez que adentrava àquela sala. O âmbito era enorme, porém, repleto de homens que achavam que as mulheres não eram capazes de estudar para alguma profissão, e sim exercer apenas as tarefas domésticas. Primeiramente, ela estava contente por estar ali desempenhando todo o seu amor para com aquela profissão; segundamente, ela se alegrava em poder mostrar a todos que sim, uma mulher é capaz de seguir seus sonhos. Uma mulher é capaz de ser considerada a melhor aluna de medicina.
– Bom dia, alunos! – após minutos de espera, o professor, e doutor Whale adentou ao recinto calando os murmúrios incômodos que ressoavam. – Vejo que estão todos ansiosos para os resultados da avaliação...
Aquele comentário gelou a espinha de Regina, que estava mais que ansiosa para saber como se saiu.
– Quero que saibam que todos se saíram muito bem... – comentou abrindo a pequena maleta que carregava com ele. – Se saíram bem até demais, por isso está difícil escolher o meu ajudante. – apoiou-se na mesa central, tendo a atenção de todos os alunos. – Quando eu precisar, o meu ajudante irá participar de alguns casos de doentes, ajudando-me a cura-los. No entanto, estou tentando criar um soro em que pode curar uma doença em especial. Esta será uma nas maiores tarefas em que já me meti, e será a função do ajudante principalmente de ajudar a terminar este soro. – Whale disse abrindo um sorriso, olhando diretamente aos olhos de Regina.
Por mais que soubesse poder precisar da ajuda de Regina para criar o soro para Emma andar nas ruas durante o dia, Whale queria escolher por mérito do aluno. E a morena merecia tal papel, no entanto demostrara nervosismo nas ultimas avaliações.
– Irei, então, avaliar a dedicação de alguns alunos em que eu adoraria escolhe-los como meu ajudante.
A aula passara rapidamente, dando inicio ao fim dos estudos junto à noite que começara a escurecer toda a Romênia. O professor sentou-se na cadeira a fim de pensar em seu ajudante. Teria de ser Regina. Ela era a cópia de Lana; ela era a melhor e mais dedicada aluna; ela foi a melhor na avaliação, tirando o fato de sua falta de confiança em si mesmo. A falta de confiança era seu único defeito no qual deveria ser mudado.
A noite brincava como uma criança, trazendo como recordação o doce som dos gritos que escapavam da garganta de sua vítima daquela noite; como uma criança brincando de esconde, a noite fazia com que ficasse atenta a quaisquer pessoas que passassem ao seu lado. Poucos gotejos de sangue ainda estavam ao redor de sua cavidade bucal – entregando o que acabara de fazer – enquanto passava a língua em seus lábios pálidos a fim de limpa-los e apreciar pouco mais daquele sabor divino.
Sua capa negra mesclava-se junto à negritude da noite, formando a combinação perfeita. Seus longos cabelos dourados dançavam conforme a fria brisa tocava-os, enquanto suas orbitas captavam a magnifica lua composta ao céu. A calmaria daquele momento foi tão apaziguante a ponto de fazer com que sentasse ao banco, e fechasse seus olhos.
(When i close my eyes)
(Quando fecho meus olhos)
(I see her face, it comforts me)
(Eu vejo o rosto dela, e isso me conforta)
As ruas estavam vazias, sendo preenchidas apenas por uma ou duas pessoas que carregavam em seu interior almas frustradas. E Emma era uma delas. Swan era uma das mais profundas e destruídas almas, no entanto, ao conhecer Roni, passou a recolher cada caco de seu coração despedaçado para construir um novo. Um no qual a morena merecesse: sem perseguições, sem perigo. Apenas elas, até o ultimo suspiro de seu amor.
O pesar de sua respiração expunha o quão exasperado seu âmago estava.
Jamais suportaria a dor de outra perda. – pensou, deixando uma única lágrima descer sobre seu rosto claro, lamentando-se por saber que algum dia teria que ser forte o suficiente para perder Roni. Ela poderia sim transforma-la em um poderoso demônio noturno, no entanto não se perdoaria em amaldiçoar a pessoa que tanto ama.
– O que uma jovem faz sozinha durante a noite? – a vampira, ainda de olhos fechados, deu um sorriso de lado. Sentira o odor emanado das veias pulsantes de uma longa distancia, e sua fome ainda não fora saciada. – Romênia é extremamente perigosa durante a noite, principalmente para visitantes.
Ao abrir seus olhos, percebeu a presença religiosa do padre – que carregava pendurado em seu pescoço, um crucifixo; e segurava outro entre suas mãos –, dando um salto do banco em seguida, deixando sua cartola cair ao chão.
– Desculpe-me jovem... Não queria assustá-la. – disse Gold, fingindo que não sabia quem era a jovem. – Estás apenas de passagem ou pretende criar raízes? Aliás, eu me chamo Gold. – estendeu a mão para um cumprimento, no qual a loira fingiu que não viu.
Swan inclinou-se para pegar sua cartola, mas não tirou seu olhar do homem que estava ao seu lado.
Gold a analisava sem quebrar o contato visual uma vez sequer. Aquela de fato era Jennifer, mas o padre estava ciente de que a moça mudara de nome neste novo mundo. Observou fascinado e totalmente agradecido aos céus por viver e conseguir ver em sua frente a cavalheira mais forte da Romênia antiga.
– Vejo que a senhorita é calada. – comentou insistente, embora soubesse que Drácula jamais dirigiria a palavra a um religioso que mal conhece. – Faz bem, dada a infeliz realidade de que ninguém é confiável. Não devemos confiar nem em quem amamos. – comentou, já sabendo de seu encontro com Regina. No entanto, queria jogar conforme os passos de Jennifer; queria ver até onde ela ficava calada.
Emma o fuzilou com o olhar, falhando em sua tentativa de amedronta-lo. Seus olhos direcionavam às jugulares do homem, fazendo-a quase ceder ao desejo de seu âmago. No entanto, matar alguém da Ordem justamente no curto período de tempo em que chegara à cidade era no mínimo descuidado.
– Agradeço pela preocupação, Senhor padre. – sorriu, levantando-se de seu assento e ajeitando seu terninho.
– É o meu dever me importar com todos. – retrucou com o mesmo tom grave. – Convido-te a visitar a missa. Aposto que irá gostar. – fingiu-se de uma boa pessoa outra vez, lembrando-se do quão importante a igreja era para Jennifer.
– Muito obrigada pelo convite, mas não sou religiosa. – respondeu apressada a fim de não dar atenção ao padre. Em sua humanidade sempre fora uma pessoa devota à igreja, sempre matou dezenas de pessoas em nome de sua religião. Porém, após sua morte e condenação, assim como a morte jamais explicada de Lana, ela passou a condenar a igreja. Passou a culpar a todos, e alimentar-se principalmente de pessoas religiosas extremas a fim de se vingar da humanidade.
– Não crê em Deus, senhorita? – perguntou desnorteado.
Emma calou-se outra vez, permitindo-se ouvir apenas o som da respiração e das batidas do coração no peito do padre. Gold era uma pessoa esperta, e ela percebeu isso ao observar seus olhos. Era do tipo que se achava Deus, sendo assim, automaticamente se encaixava perfeitamente nos requisitos da Ordem do Dragão.
Um sorriso enfeitou seus lábios ao sentir o perfume que mais desejou em apenas dois dias.
– Boa noite... – sua voz simpática era inconfundível, fazendo com que Emma virasse o olhar diretamente em sua direção. As órbitas verdes tentavam não demonstrar toda sua estupefação pela jovem que acabara de aparecer, mas era impossível fingir tal desinteresse. – Não há um dia em que não nos encontremos por um acaso! – disse com um sorriso tímido, e com seu olhar completamente atraído pelas íris cor de esmeralda da loura à sua frente.
Por que fostes aparecer juntamente com o padre? – Swan perguntou-se, tentando conter toda a alegria que seu interior produzia. Saber que Roni demostrava certa alegria ao vê-la, aquecia seu coração parado. Porém, Gold certamente era o líder dos novos membros, até porque os padres que recebiam este "cargo". Deveriam tomar cuidado, e isto era fato.
– Vejo que se conhecem. – disse Gold curioso.
– Nos esbarramos algumas vezes. – a vampira respondeu, sem dar detalhes.
Regina nada respondeu. Seu olhar, quando havia olhado aos olhos de Emma, brilhou como nunca antes; seu sorriso aberto demonstrava o quão feliz estava, e não conseguia evita-lo mesmo que tentasse esconder tais sentimentos. Quando Gold pronunciou-se, interrompendo a troca de olhares, seu olhar automaticamente transpareceu a dor que um dia sentiu, e que ainda atormentava seus sonhos.
– Interessante... Parece-me que vós sereis bastante amigas. No entanto, é curioso o fato de se esbarrarem mais de uma vez. – olhou para o céu estrelado, fingindo estar pensativo. Embora, talvez estivesse um pouco apreensivo em como se encontraram tão rápido. – Quase como se fosse obra do destino. – lançou aquela pequena indireta no qual sabia que Jennifer entenderia muito bem o que se tratava.
De fato a vampira entendera o que ele dizia.
– Está tudo bem, Roni? – percebeu o olhar espavorido de Roni. Seu âmago mandava que tomasse a morena em seus braços, e a abraçasse até fazer com que se sentisse totalmente protegida. No entanto, Gold estava presente observando todas suas ações, sendo assim, Emma preferiu não abraça-la naquele momento, pois sabia que se o fizesse estaria entregando sua amada para a morte outra vez.
Regina assentiu, forçando um sorriso em seu rosto ao perceber o olhar furioso do padre.
– Roni? – o padre brincou, quebrando todo aquele clima péssimo que ocorria entre os três.
Um silêncio sombrio pairou sobre os três. Por mais que não estivessem trocando palavras, tampouco trocando socos, eles estavam numa batalha com o olhar. Gold intercalava sua atenção ora para a morena, ora para loura, pensando em quais seriam seus planos. Emma, também, intercalava o olhar. Para o padre ela olhava tentando esconder sua fúria quase incontrolável que percorria ainda mais em seu corpo; para Roni ela observava a fim de saber o que se passava em sua mente que, talvez, não soubesse sobre as tramoias e crimes cometidos pela Ordem. E, Regina encarava fixamente o olhar obscuro do religioso com medo e raiva daquele homem.
O padre cedeu, soltando um riso pelo nariz.
– Ficamos tão calados.
– Eu e Roni já estamos de saída. – disse se retirando e segurando levemente a mão de sua amada sem perguntar qual seria a decisão dela, a fim de protegê-la de todos os que poderiam lhe fazer mal. Afinal, Emma a protegeria como não conseguiu protege-la em outros séculos, mesmo que aquela não fosse Lana. – Passar bem!
– Espero encontra-las na missa! – gritou a fim de chamar a atenção das duas, que já estavam pouco distantes.
A calada e a deserta noite foram ocupadas por ecoantes risadinhas que Regina dava enquanto, sendo guiada pela loura, rodopiou uma vez. Por um instante permitiu-se sair de todo aquele mar de tristeza, e rir de uma cena na qual jamais imaginou que veria: alguém ignorar o padre.
Ainda segurando delicadamente a mão macia de Regina, a vampira permitiu-se sorrir e entrar na gargalhada junto à morena. Há tempo ela não ria tão naturalmente, mas Roni conseguia fazer com que a felicidade batesse à porta de seu coração pedindo para entrar. A jovem encostou-se ao poste de luz de ferro fundido, e tentou controlar a série de risadas.
– Roni, tu ficas ainda mais bela assim... – aproximou-se, porém, mantendo-se numa distância em que não assustasse a jovem, e acariciou o rosto da moça. –... Sorrindo.
O contato que recebia dos dedos frígidos da loura fazia com que todo o seu corpo se arrepiasse. Fechou seus olhos, sentindo apenas o toque leve percorrendo entre seu rosto e seu pescoço, resultando em sua respiração descompassada. Emma arrepiava-se apenas ao tocar em Roni, e desejava mais que tudo sentir os lábios avermelhados de encontro com os seus. Desejava tocar em seu corpo. No entanto, não podia.
Por mais que aquele rosto tivesse tomado conta de sua mente por todos os séculos, sabia que a morena jamais a conhecera antes; sabia que teria que conquista-la, e teria de se controlar mesmo que continuasse sofrendo pela distância entre elas. Sem contar em seu descontrole pelo aroma sanguíneo que emanava vigorosamente de suas veias, fazendo-a lutar para passar cada segundo ao seu lado sem que a machuque.
– Como conseguiu a cicatriz? – perguntou a fim de controlar-se. Sorrindo, lembrou-se de como aquela cicatriz sempre a atraiu. Porém, recebeu o olhar entristecido de Roni. – Não gosta dela? Desculpe-me, eu não sabia.
Roni virou o rosto, escondendo seus olhos marejados e a primeira lágrima que descia insistente sobre sua face.
– Desculpe-me. – segurou o queixo da morena, olhando profundamente em seus olhos. Com o dedo polegar, secou a lágrima que manchava o rosto. – Não precisas me dizer sobre o que aconteceu, okay? Só peço que se esqueças de minha pergunta. – finalmente abraçou-a, afagando os cabelos escuros como a noite. Sentiu as lágrimas molharem seu terno, e ouviu o choro abafado contra seu peito. – Espero que saiba que estou aqui ao seu lado, Roni. Não precisas temer, e pode confiar fielmente em mim.
– Eu confio em ti, Emma. – ergueu a cabeça, encarando as órbitas verdes e observando um sorriso se formar nos lábios pálidos. Era confuso simplesmente confiar em alguém que mal conhecia, mas ela era diferente de todas as outras. Algo sempre a atraia exatamente para onde a loura estava. – Por ora, preciso que saiba apenas que eu ganhei esta cicatriz de uma forma que jamais imaginei... E de uma forma que jamais esquecerei.
Afogando-se ainda mais aos braços da vampira, Roni se acalmou outra vez, enquanto caía uma única lágrima do rosto de Emma.
– Vamos esquecer todas as tristezas juntas, Roni! – propôs Swan, entrelaçando seus dedos aos de sua amada, enquanto as lágrimas de ambos os rostos eram substituídas por lindos sorrisos. – Eu prometo que jamais vou deixar que te façam mal outra vez... – sussurrou, beijando demoradamente sua bochecha. – Podes confiar em mim.
(The loneliness, the hopelessness)
(Oh Solidão, Oh desespero)
(to search the ends of time)
(Procurar o final dos tempos)
(For there is in all the world)
(Para existir em todo o mundo)
(No greater love than mine)
(Nenhum amor maior que o meu)
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