Bem vindas à Romênia
Notas: Retornei leitoras! Amém outra atualização, e como sempre venho agradecer muito por toda a interação que temos, por todos os comentários e favoritos, pois vocês estão sendo maravilhosas como sempre.
Bom... Eu fiz uma pequena alteração nos capítulos (não precisam reler), mudando apenas o ano da transformação da Jennifer. Apenas isso. De 1476 mudei para 1456, pois estou seguindo um pouco a biografia do Conde Vlad – claro, que com modificações minhas –, então achei necessária essa alteração. Futuramente, quando for a hora certa, pretendo explicar o motivo e o que vai mudar na história.
Música do capítulo: Iced Earth – Dracula (irei usar esta música em alguns outros capítulos, pois ela foi inspirada na lenda de drácula, e acabei achando ela bem dentro do contexto da fanfic.)
Comentem o que acharam do capítulo!
Capítulo 4 – Bem vindas à Romênia
Romênia – 1450 – Castelo de Bran
(I too have loved...)
(Eu também amei...)
(They took her from me)
(Eles a tiraram de mim)
A sensação do primeiro amor nos faz achar que durará por uma eternidade, nos faz desejar jamais amar outra pessoa. É característico o primeiro amor ser inesquecível, mesmo que seja de curta duração, principalmente quando se tem uma eternidade para relembrar.
Aquele era o primeiro amor de Jennifer, e ela não poderia estar mais contente. Seu coração havia encontrado uma zona de conforto, uma pessoa em que a acalmava mesmo em dias em que lutaria em batalhas. Entretanto, seus ensinamentos eram claros demais sobre os pecados que a ordem abominava; os pecados em que diziam desafiar a Deus. Tornando, assim, aquele seu primeiro amor em um sentimento proibido.
Amar não é pecado, certo? – perguntava-se dia após dia, até finalmente aceitar que seus sentimentos não mudariam. Jamais! Lana era como a primavera, capaz de fazer renascer toda a felicidade e beleza em sua vida; Lana era como as pétalas de uma rosa: bela e delicada, contida em beleza interna e externa. Indubitavelmente, seu coração escolhera certo, pois o coração de bravos cavalheiros não merecia ser comparado ao puro coração de sua amada.
Naquela tarde de primavera, a loira andava de um lado para outro ao lado de fora do castelo. Permanecia atenta a qualquer som que ouvia vindo da trilha, ao mesmo tempo em que treinava o modo certo de apresentar sua amada para seus pais. No entanto, nenhum seus treinamentos pareciam bons.
– Pai, mãe... – ensaiava suas falas, gesticulando suas mãos e, ainda, andando de um lado para outro. –... Antes de qualquer coisa, queria lhes dizer que meu coração não pertence a quaisquer cavaleiros ou nobres. Eu enc...
Poc-poc-poc! – o som do galopar que os cavalos da carruagem faziam, chamou a atenção da loira.
Ela tinha total certeza de quem era, pois seu coração parecia alerta-la a presença de sua amada. Aguardou que a carruagem parasse em frente à ponte que ligava o castelo com a floresta, assim abriu a porta e deu-lhe a mão, ajudando-a a descer.
– Meu amor... – Jennifer pegou a jovem pela cintura, levantando-a enquanto girava sem quebrar seus olhares. Pouco se importavam com o cocheiro, tampouco com a ordem na qual a família Morrison servia. – Me deixaste preocupada... – delicadamente, soltou a moça, afundando seu rosto nos braços aconchegantes de Lana. Num abraço cheio de preocupação, amor e saudades. – Pensei que algo grave acontecera durante a longa viagem.
– Sempre virei atrás de ti, meu amor. – Lana exibia o seu mais lindo e tímido sorriso, usando suas duas mãos para acariciar o rosto alvo de Jen, encarando-a fundo em seus olhos verdes. – Jamais ficarei distante de ti outra vez. – estendeu o dedo mindinho a fim de selar sua promessa.
– É uma promessa? – perguntou, estendendo o dedo mindinho, concordando em selar a promessa.
– Eu lhe prometo. – por mais que soubesse que era impossível não se afastar uma vez sequer, respondeu-lhe com toda a sinceridade. Lana jamais deixaria sua amada, jamais se afastaria, jamais a faria sofrer. Ela estava disposta a mergulhar no desconhecido primeiro amor e conquistar a confiança dos pais de Jen. – Prometo-te ama-la como jamais amei alguém... Prometo-te tentar lhe proporcionar a felicidade e enxugar todas as suas lágrimas em dias difíceis.
– Lana, meu amor, estar ao seu lado me faz feliz sem ao menos precisar fazer esforço algum. – finalmente aproximou seus rostos, inalando o doce aroma de sua amada. Um doce e inebriante perfume inconfundível, que a deixava entorpecida.
Há anos, seu pai, David Morrison, havia feito um acordo com os turcos. O que era para ser um acordo de paz tornou-se uma sentença de morte. Seus dois filhos, Jennifer e Neal, viveram sob o domínio inimigo por longos anos, deixado à esperança de que algum dia seu pai reergueria suas forças e retornaria para resgatá-los em "segurança". Vivendo assistindo mortes e infindas batalhas, cresceu uma mulher destruída psicologicamente, principalmente, ao presenciar a morte de seu tão querido irmão mais velho.
Após os acontecimentos traumatizantes ocorridos ao decorrer de sua infância, criou em seu coração enormes barreiras, protegendo-a de tudo e de todos, exceto de seus pais. Um buraco repleto por culpa e uma única pergunta: Por quê? Por que Neal, e não ela? Jurou, então, derrotar os turcos, unindo-se à Ordem do Dragão ao lado de seu pai, governando toda a Romênia. No entanto, suas barreiras caíram, seus torturantes pesadelos tornaram-se bons sonhos, e a esperança renasceu ao conhecê-la. Lana. Lana era sua única fraqueza; Lana havia sido sua salvação daquele mundo sombrio.
Suas trocas de olhares eram inquebráveis, e Jen jurava poder ficar ali, protegendo sua amada em seus braços quanto tempo fosse necessário. Admirava o sorriso perfeito da morena e algumas mechas de cabelo caindo sobre seu rosto por conta do vento. Aquilo era maravilhoso. Tê-la ao seu lado fora o melhor presente que havia ganhado em sua vida. Delicadamente, deslizou suas mãos nos ombros de Lana, guiando-as até o pescoço, e, seguidamente enlaçou seus braços no pescoço de sua amada.
– Eu estou nervosa... – confessou entre sussurros. – E se teus pais não gostarem de mim?
– Eu estou aqui, meu amor, não te preocupes. – lhe sorriu, aproximando seus lábios, provocando seus mais profundos desejos enquanto estupefazia as órbitas âmbar. – Sempre estarei aqui. – Fechou seus olhos, conduzindo-se ao encontro com os lábios que tanto lhe atraiam.
Como um simples beijo de amor era capaz de lhe causar diversos sentimentos jamais explorados antes? – perguntava-se mentalmente.
Paz e tranquilidade eram os primeiros sentimentos, que já lhe era causado ao aproximar-se de sua amada. Calor era uma das sensações que tomava conta de seu corpo ao encostar seus lábios aos de Lana, que surpreendentemente havia um suave sabor de maçã. O coração palpitando desordenado dava a entender que o mesmo poderia rasgar seu peito por tamanha força que fazia dentro de si. Porém, toda aquela fusão de sensações e sentimentos não a fazia interromper o beijo. Aquilo tudo era necessário, e fazia com que a cada dia se apaixonasse por sua companheira, se é que era possível apaixonar-se ainda mais.
– Bem vinda à Romênia! – ao separar seus lábios, apontou para o Castelo de Bran, descomunal e grandioso.
Lana acompanhou com o olhar à direção em que Jen apontava, podendo vislumbrar o enorme castelo de pedra, altos portões e, assim como em diversas histórias, grandes torres ao alto. As telhas que cobriam o alto das torres, assim como todo o castelo, eram de cor avermelhada podendo ser vistas a quilômetros de distância. Em seguida, as duas se olharam outra vez, entrelaçando suas mãos para que pudessem atravessar a colossal ponte de madeira.
Ao outro lado da ponte, alastravam-se fileiras floridas que Jennifer havia cuidado durante meses especialmente para as boas vindas de sua amada. O estrépito pregou-lhes um susto ao indicar a abertura dos portões. Ao adentrarem ao magnifico castelo, Lana encantou-se com a coloração avermelhada naquele âmbito dada como presente pelos véus que cobriam algumas janelas, aclamando a soberania da família Morrison.
– Jennifer! – Mary e David aguardavam-nas impacientemente e ansiosamente a fim de conhecer o pretendente que apetecia em ganhar a mão de sua filha.
– Pai, mãe... – pausou sua fala e sorriu, deslocando seu olhar ora para seu pai, ora para sua mãe. Lana perdurou pouco atrás mesmo sabendo que não deveria temer. – Pensei excessivamente em quais palavras dizer-lhes neste momento. No entanto, palavras são inexistentes para o que sinto ou para o que estava prestes a lhes contar... – virou-se para trás, segurando a mão de sua futura esposa, mostrando-lhe que estava tudo bem. – Em todo o momento desde que retornei de territórios inimigos, envolvi-me por uma vingança e ódio em demasia. Não conseguia controlar meu interior ou meu rancor por turcos. Traumatizada eu fui... Injustiçada, almejando a morte de todos os turcos e seus aliados. Porém, um sentimento puro abriu meus olhos, curou-me parcialmente de meu desejo por vingança, mas praguejei-me, pois a meu coração eu não mando... – pronunciava segurando suas lágrimas que ameaçavam desabar a qualquer momento. – Aliás, toda a Ordem abomina, mas... Lana é algo em que se vale a pena lutar.
Seus pais se entreolharam, logo viraram o olhar para a morena que lhes dava um sorriso tímido.
– Bom... – David disse um pouco pensativo. Feliz, com certeza, porém apoquentado com o destino lastimável que sua filha poderia ter.
– Não poderia estar mais contente, minha filha. – Mary finalmente lhes deu um sorriso, abraçando-a. – Lana, eu espero que sejam felizes... – puxou a morena para um abraço, mostrando que havia as aceitado.
– Prometo-te que farei com que tua filha seja a mulher mais feliz de toda a Romênia. – suspirou aliviada. – Jamais irei abandona-la.
– Pai... Não tens nada a dizer?
– Eu estou contente, Jennifer! – abraçou-a sem conseguir esconder sua preocupação. – No entanto, não irei negar meu receio. – tocou em seus ombros, fitando os olhos de sua filha. – Tens nosso total apoio, mas não quer dizer que não terão de enfrentar muitos desafios. Aliás, a Ordem em que servimos fielmente ditou-lhe seus mandamentos. Desobedecê-los é um erro grave na qual tu acabas de cometer. – desabafou.
– Iremos protegê-las, queridas. – de fato a Ordem do Dragão era poderosa, comandada por religiosos extremos que pregavam o cristianismo em toda a Romênia, queimando pessoas acusadas por bruxarias e condenando infiéis. No entanto, Mary não se importava em que deveria enfrentar quando se tratava de sua filha.
Unidos naquele âmbito, consideraram em fazer o casório de ambas ali mesmo, secretamente a fim de não alarmar a ordem. Indubitavelmente, os membros iriam ficar cientes daquela união, portanto não haveria nada que pudessem fazer para impedi-las, pois, até lá, as núpcias já estaria consumada. Mary dera de presente para Lana o seu anel de casamento, assim como David dera para Jennifer o seu.
– Não podemos aceitar... – Lana negou o presente, emocionada, deixando suas primeiras lágrimas de felicidade cair sobre seu rosto. – Estas alianças pertencem aos senhores.
– Lana, tu agora pertences à nossa família, entendes? – a jovem respondeu que sim, pressionando seus lábios uns contra os outros para evitar que chorasse naquele momento tão feliz. – Fazemos questão de presenteá-las. – David insistiu.
– Iríamos trocar de alianças alguma hora. – Mary permaneceu absorta em seus devaneios, controlando toda a emoção que poderia jurar estar ainda mais contente que sua filha. Em seu casamento jurou presentear seu primeiro filho com sua aliança de casamento, sendo assim, Neal seria o sucessor do governo da Romênia e presenteado com uma joia tão bela. Todavia, o destino não permitiu que isso acontecesse, levando-o muito jovem. – Iniciem seus votos, queridas. – secou suas lágrimas.
Jennifer assentiu, porém, olhando para o horizonte manifesto pelas enormes janelas. Aguardou que o resplandecente sol adormecesse, dando lugar à lua.
– Tu lembraste. – Lana sussurrou, recordando-se de que dissera à sua futura esposa que sonhava em casar ao por do sol.
– Lana, não tem como esquecer-me de algo tão importante para ti... – segurou sua mão, acariciando-a. Aquele era o momento! Seu coração ansiava por viver por sua vida inteira ao lado da pessoa que amava, e, finalmente, havia encontrado. – Mulheres, em grande parte, fantasiam e anseiam pelo tão esperado dia de seus casamentos. Porém, jamais fui desse tipo. – riu. – Almejei apenas minha força para que algum dia fosse alguém temido, até o dia em que nossos caminhos se cruzaram. Tu me apresentaste uma nova forma de viver, sem me culpar pela morte de meu irmão, tampouco manter-me à base de vingança. Ensinou-me a lutar pelo país, não por condenação aos inimigos. Apresentou-me o mais divino dos sentimentos que jamais senti antes. Sentimentos que sinto apenas ao teu lado, meu amor. – respirou fundo e se recompôs, preparando-se para dizer tudo o que queria pronunciar. – Hoje, sou realizada e repleta de paz, pois tu trouxesses tudo isso ao meu mundo. Agora, eu juro que irei lutar não apenas pelo país, mas, sim para protegê-la. Juro que lutarei por ti até meu último suspiro de vida. Tu és meu primeiro amor... Tu és alguém que me faria abrir mão de tudo o que tenho apenas para viver contigo; para senti-la ao meu lado. Prometo-te que jamais deixarei tirá-la de mim; prometo-te que jamais deixarei que lhe façam mal. – ajoelhou-se diante se seus pés, beijando as costas de suas mãos.
– Jennifer... – com sua outra mão, cobriu a boca para esconder o demorado sorriso que formou em seus lábios. – Tu me encontraste no momento certo. No momento em que achei ter que entregar-me a um homem qualquer... No momento em que estive fragilizada. Contudo, ao conhecê-la percebi que meus problemas eram mínimos comparados a tantas pessoas. Decidi ser forte como ti; decidi ser forte por ti. E, principalmente, percebi o inicio de um sentimento verdadeiro abatendo-se sobre mim. Uma sensação fantástica assim como o canto dos pássaros em primaveras ou como sentir a brisa salina do oceano tocando em nosso rosto... – abaixou-se, aproximando seus rostos para terminar de dizer suas palavras olhando fundo nas órbitas esmeraldas. – Jen, eu te amo. E prometo protegê-la e estar ao teu lado dos dias bons aos dias ruins.
Coisa alguma passava por despercebido pela Ordem. Pessoas e atos pecaminosos em que são abomináveis aos olhos dos membros do Dragão pensavam esconder-se. Contudo, seus inimigos espreitavam, observavam-nos e enganavam-nos a fim de dar-lhes um castigo que agrade aos seus olhos perversos.
A Ordem do Dragão tudo sabe. Cada passo, cada desobediência e, principalmente, cada fraqueza.
(I too have loved...)
(Eu também amei...)
(They took her from me)
(Eles a tiraram de mim)
Romênia – 1891
Quando vive em trevas e amaldiçoado, passa a perceber o quanto a luz pode ser atraente. A luz tornou-se algo impossível de se alcançar, porém se fosse apenas esse o maleficio de ser um temido demônio da noite, Emma Swan o suportaria de bom grado. Por todos esses longos anos controlar-se foi o maior obstáculo. Manter-se na sociedade sem levantar suspeitas, sem ao menos se descontrolar em lugares públicos.
Roni... Este sim seria seu maior desafio.
Um desafio no qual se valia a pena lutar.
Aproximar-se da jovem amável e imperscrutável que conhecera na noite anterior era uma das coisas que mais almejava naquele momento, contudo, aquilo seria ainda mais difícil de alcançar. Sua maldição era um completo paradoxo. Swan estava viva, porém morta; morta, porém viva. E conseguiu se sentir completamente viva, pela primeira vez há séculos, ao sentir o eflúvio que emanava das correntes sanguíneas de Roni.
O sangue. Aquele era o seu maior inimigo quando estava ao lado de Roni. Seu autocontrole parecia desmoronar ao mesmo tempo em que suas correntes sanguíneas percorriam pelas veias de seu pescoço, parecendo convida-la para provar de seu doce sangue.
Como podes ser tão semelhante à Lana? Por que parece que se me alimentar de suas veias, irei sentir-me mais viva outra vez? – Emma estava absorta em seus pensamentos enquanto observava os feixes de luz que adentravam naquele âmbito, tomando conta de boa parte do local.
Ruby Luccas se preparava para finalmente iniciar suas buscas cansativas sobre a antiga ordem do dragão. Achava muito estranho o motivo de nunca ter ouvido falar nesse grupo, pelo menos, não nos dias de hoje. Parecia mais que tudo fora esquecido com o passar dos séculos, e, indubitavelmente, tudo o que se dizia respeito à história de Jennifer Morrison realmente havia sido esquecido, restando apenas como imagem a aterrorizante lenda de Drácula.
– Emm! – exclamou após descer as escadas, cumprimentando os poucos empregados e avistando a vampira encarar os feixes solares que adentravam ao enorme salão principal. – Estou de saída para fazer algumas leituras na biblioteca... – disfarçou para que as empregadas que passassem não desconfiassem de nada. – Queres que faça mais algo? – sentou-se na enorme poltrona em que a loira estava sentada.
Swan respondeu que sim com a cabeça. – Ela queria a garantia de que Lana, ou melhor, Roni estivesse bem, mas mesmo sendo uma poderosa criatura sobrenatural havia certos pontos em que também não conseguia realizar.
– Não... – após muito pensar em como estaria pedindo demais da bondade de sua amiga, decidiu deixá-la fora de toda a confusão e, talvez, novas esperanças dentro de si. Porém, a loira havia esquecido de que Ruby a conhecia como ninguém, e conseguia perceber quando ela não estava bem ou quando estava incomodada com algo. – Boas pesquisas, Luccas. E tenha um bom dia também. – voltou a fitar a luz.
– Eu agradeceria e lhe diria o mesmo se não soubesse que há algo que incomoda sua mente. – finalmente Emma voltou a olhar em seus olhos e deu um pequeno sorriso. Sim, encontrar Roni estava mexendo muito com ela, no entanto não era um incomodo. Era algo inexplicável que ainda tentava desvendar. – Estás assim desde que voltou de seus passeios noturnos.
– Ah! A Romênia não mudou nada... – respondeu, aceitando o copo de vinho que uma de suas empregadas lhes servia. Esperou a mulher, cujo nome era Granny, retornar para a cozinha, para, por fim, voltar ao assunto. –... Rostos mentirosos e rostos que escondem seu verdadeiro eu a fim de agradar uma sociedade desprezível... – disse com certo desdém. –... No entanto, tu tiveste razão jovem Ruby.
– Em que tive razão? – suas linhas de expressões diziam o quanto estava confusa naquele instante.
– Há almas bondosas dentre tantas pessoas aproveitadoras; há alguém que, além de ti, sinto que posso entregar-me. – concluiu sua fala dando leves suspiros e um genuíno sorriso que Ruby jamais vira no rosto de sua mestra.
– Quem foi digno de sua confiança Emm?
– Não sei como lhe explicar... É algo muito complicado que estou tentando entender até agora. – voltou a pensar, porém, em como responder da melhor forma àquela pergunta. – Hoje, durante a madrugada, enquanto vagava pelas ruelas de Bucareste pude sentir-me viva após séculos de trevas. Uma fragrância jamais sentida, totalmente diferente das que costumo sentir tomou conta do ar. Senti-me pura por uma primeira vez, senti como se meu coração batesse dentro de meu peito, embora bem fraco, mas ele estava ali palpitando e eu conseguia escuta-lo. Decidi, então, que o sangue que corria nas veias daquela pessoa seria minha cura! Eu... Eu achei que seria um sonho realizar o desejo de me sentir viva outra vez, nem que fosse por um segundo. Caminhei atrás daquela trilha suculenta que pairava no ar. Eu estava decidida a ter o sabor daquele sangue em minha boca, no entanto, era ela. Jurei ter visto Lana em minha frente, carregada de sua expressão amável e contagiante...
– Impossível! – disse desacreditada, porém, com um tom feliz. – Passaram-se quase quinhentos anos...
– Chamei-a pelo seu doce nome, no entanto, disse que não era Lana. Aliás, seria impossível que realmente fosse. – suas expressões faciais e o tom de sua voz indicavam o quanto estava interessada na mulher que encontrara naquela madrugada. – Não era possível tamanha semelhança!
– Roni é um belo nome!
– Concordo... Ela escolheu um belo nome. – disse sorridentemente, logo percebeu que sua companheira não havia entendido aquelas ultimas palavras. "Ela escolheu um belo nome." – Oh! Seu verdadeiro nome não é Roni.
– Parece que ela é uma completa misteriosa. – alertou-a. – O que tens em mente?
– Não sei Ruby... – respondeu um pouco entristecida.
– Como não? – a jovem já sabia o porquê sua mestra respondera entristecida, carregando um pesar em sua voz. – Há poucos instantes, carregavas uma felicidade que jamais pensei que veria em teu rosto, Emm... Uma felicidade que tentei fazer com que chegasse novamente em teu coração, e, pelo o que percebi Roni lhe reapresentou esse sentimento.
– De fato valeria a pena lutar por seu amor, mas... Eu não posso Ruby! Não posso fazer isso com ela! Estar ao lado de Roni é algo que, definitivamente, me deixaria feliz novamente... É como se o universo quisesse me dar outra chance para o amor. No entanto, não é coincidência que tenham me retirado daquele féretro justo no século em que a cópia de Lana está aqui, em Romênia. – mil e uma perguntas passavam em sua mente, deixando-a um pouco nervosa, sem saber controlar seus sentimentos. – Ou é o destino ou é algo escrito há séculos... Eu sei que posso me descontrolar ao lado de Roni, pois toda a fragrância adocicada de seu sangue é enlouquecedor. É diferente de todos os outros, e, se eu algum dia apercebe-se de que acabei a matando, eu... Eu jamais me perdoaria Ruby.
– Emm, tu sabes o que eu acho? – sua amiga e companheira tenta animá-la em relação à segunda chance de um novo amor. – Acho que Jennifer não deixaria de lutar por Lana nenhum dia sequer! – incentivou-a, fazendo-a relembrar de tudo o que faria por sua finada esposa. – Olhe onde estamos... Tu arquitetaste uma vingança em prol de seu amor incondicional por Lana, em prol de tudo o que tiraram de vocês. Jennifer e Lana se foram, Emm... Agora dê uma chance para Emma e Roni.
Emma refletia em cada palavra dita pela esperta pesquisadora na qual era considerada sua única amiga do século dezenove. Ruby tinha razão. Por Lana, Jennifer fora longe de mais; por Lana, Jennifer mataria milhares de pessoas. Tudo para que algum dia pudesse tê-la outra vez. Agora chegara a hora de repensar em uma segunda chance, em amar Roni incondicionalmente não apenas por assemelhar-se à Lana, e, sim por seu interior... Chegara a hora de conhecê-la melhor para que também possa fazer o possível e o impossível por este seu novo amor.
– Eu... Tentarei conquista-la Ruby. – afirmou sincera. – Porém, se ela não me amar tampouco aceitar o monstro que sou, eu entenderei.
– Responda-me, Emma, por que ela não lhe aceitaria? – Swan nada respondeu. – Vamos! Venceste os séculos para fraquejar agora?
– Não poderei força-la! – finalmente respondeu. – Dê que adiantas lutar se a mesma não possui sentimentos recíprocos aos meus? Eu lutarei sim, mas, não conheço tanto essa nova Lana... Se... Se ela não me amar, não a perturbarei mais.
– Tudo acontecerá em seu devido tempo. – Ruby afirmou sincera, levantando-se da poltrona. – Agora irei até a biblioteca procurar algo sobre a ordem. – disse se retirando do local.
Biblioteca... Livrarias... São uns dos lugares que Roni poderia estar naquele momento. – pensou dando um pequeno sorriso.
– Ruby... – ao abrir a porta, ouviu seu nome, virando-se para atender mais algum pedido de sua amiga. –... Muito obrigada.
(Do you believe in love ?)
(Você acredita em amor?)
(Do you believe in destiny ?)
(Você acredita em destino?)
(True love may come...)
(Amor de verdade vem)
(Only once in a thousand lifetimes...)
(só uma vez em milhares de vidas...)
O pequeno sino badalou ao ser empurrado pela porta ao se abrir, indicando que alguém estava entrando ou saindo da biblioteca. Finalmente Ruby havia chegado ao seu destino, porém não sabia por onde começar. Indubitavelmente suas buscas eram imensuráveis.
– Bom dia! – uma moça baixinha, porém, simpática e com belíssimos olhos turquesa atendeu-a. – Precisas de ajuda para encontrar o livro que procuras?
– Não sei muito bem o que procuro. – pensou, pois, sabia que não teria um livro apenas sobre a antiga ordem. – Gostaria de ler algum livro sobre a história da Romênia... Ainda não sei... Um livro sobre o século quinze, talvez.
– Percebo que estás muito confusa sobre o que ler, mas, espero poder ajuda-la. – iniciou seus passos, indicando que a jovem a seguisse. – Não há muitos livros sobre essa temática que procuras, no entanto, tenho alguns que quase ninguém lê. – entrava entre os corredores formados pelas enormes colunas de prateleiras de livros, mais parecendo um labirinto. – Aqui estão... – Na última prateleira ao fim da biblioteca, encontravam-se livros empoeirados. – Há anos ninguém procura algum deles. Este é sobre os primeiros anos da Romênia. Este é sobre heróis do nosso país, e algumas outras coisas que não sei lhe explicar muito bem.
– Muito obrigada! Ajudou-me por demais. – agradeceu, pegando os dois livros e se sentando numa enorme mesa que havia ali para algumas pessoas fazerem suas pesquisas ou lerem seus romances favoritos.
Ruby se sentou distante de todas as poucas pessoas que se acomodavam a fim de ler seus livros, e abriu o livro que havia lhe interessado. O tal que citava sobre heróis e pessoas importantes do século quinze. Passou página por página, lendo apenas nomes completamente desconhecidos, assim como o ano que não batia com os ocorridos de Jennifer.
– Drácula... – sussurrou fascinada ao abrir uma página em que citava o famoso e temido nome. As letras, diferente de todos os outros nomes de heróis, estavam escritas num tom avermelhado como se tivesse sido feito com o próprio sangue.
Que ironia! – pensou, ajustando-se em sua melhor posição para ler aquilo que lhe interessava.
Como toda a biografia de algum personagem fictício ou personagem histórico, lá estava o ano do nascimento de Jennifer, como era conhecida, Drácula. Aquela página dizia que a loira nascera no ano de mil quatrocentos e trinta e um, assim como o início de sua loucura e sede por sangue entre os anos de mil quatrocentos e cinquenta e seis, e mil quatrocentos e sessenta e dois. Para os Romenos, aquela figura era um herói, a não ser que acreditassem em lendas antigas sobre o demônio da noite. E aquele era o fato que não batia ali, pois o livro não citava as lendas, talvez por ser um livro considerado realístico e não fictício.
Leu um pouco mais sobre a biografia popular, até encontrar um desenho pintado numa folha velha daquele livro. A figura era bastante antiga, parecendo ter sido criada há séculos, retratando a imagem do conde Drácula armado para uma de suas batalhas, com seus longos cabelos louros caindo do elmo de guerra. Definitivamente aquela era Emma, porém, com seu rosto inteiramente coberto.
Uma página depois, desenhada numa pintura pequena, a esposa de Drácula trajando um vestido bordô e um impecável penteado em que prendia parte de seus longos cabelos liso, e a pequena filha do casal – era o que dizia abaixo do retrato. Ruby ficou boquiaberta com aquela informação, pois Emma jamais lhe dissera que tiveram uma criança. Dispersou todas as suas perguntas sobre a menininha de cabelos louros, e voltou seu foco ao livro. Portanto, não detalhava muita coisa ali, apenas sobre o trágico suicídio que Lana cometera no ano de mil quatrocentos e cinquenta e seis.
( ... )
A noite finalmente chegara, trazendo a lua ao alto do céu completamente desenhado por pequeninas estrelas. Emma abriu a janela de seu quarto, sentindo a brisa gelada tocando em sua pele ainda mais gelada. Iria vagar novamente por Bucareste enquanto Ruby ainda não chegava, e, quem sabe, pudesse encontrar Roni outra vez.
Emma Swan parou seus passos em frente a um antigo estabelecimento em que a ordem se reunia, porém, o mesmo estava abandonado. Fechou seus olhos e lembrou-se de tudo o que abriu mão para manter o que restara de sua família a salvo. Lembrou-se da carta de suicídio que Lana deixou em seus aposentos, e, posteriormente, seu corpo sendo encontrado às margens do Rio Arges.
Lana não se suicidara àquela noite! – recusava aceitar que seu amor simplesmente havia desistido de sua vida juntas, principalmente, com uma pequena criança para criar. – Ao chegar ao castelo ouvi seus gritos abafados... Lana não se suicidara!
Abriu seus olhos ao sentir outra vez aquele aroma que não saiu de sua mente desde a noite anterior. Ela estava perto.
– Roni! – exclamou, surgindo por de trás das colunas de pedras. Emma se preocupou por vê-la vagando sozinha pelas ruas durante a noite, pois temia que algo lhe acontecesse. Porém, também, ficou contente por poder trocar nem que fossem algumas palavras com a moça.
– Lembra-te de meu nome, Emma? – lhe sorriu, segurando um livro com suas duas mãos.
– Como poderias esquecer teu nome? – abaixou o olhar para o livro que segurava delicadamente. – Pergunto-me se todas as vezes que lhe encontrar, tu estarás com alguma história em suas mãos... – aproximou-se da humana, porém, manteve-se ainda um pouco afastada. Seu perfume doce que corria por suas veias ainda lhe atraia, fazendo-a por, disfarçadamente, uma de suas mãos na altura de suas narinas a fim de diminuir o eflúvio que inalava, porém, não adiantou. –... Ainda lê Romeu e Julieta?
– Estou inteiramente apaixonada pela história. – suspirou. – No entanto, estou a terminar em breve.
– Qual serias esta história que carrega em teus braços neste momento? – perguntou, tentando enxergar o nome do livro.
– Ah! – riu, virando de frente a capa do livro. – Este é um dos livros de minha faculdade... Devo estuda-lo para uma de minhas provas.
– Tu fazes faculdade? – perguntou admirada, tentando aproximar-se mais. – Jamais encontrei uma mulher que faz faculdade. – comentou sem alguma maldade, porém Regina entendeu como se a loira também estivesse ali para julga-la.
– Mulheres são tão habilidosas quanto os homens, Senhorita Swan. – virou-se dando seus passos rápidos ao outro lado da rua, percebendo que Emma caminhava logo atrás. – Estou cansada de escutar pessoas dizendo o que devo ou não fazer... – parou, virando-se para a vampira, olhando fundo em suas órbitas verdes.
–... Eis um dos motivos para lhe admirar. – interrompeu-a, olhando fundo nos brilhantes olhos castanhos. Regina sentiu-se estremecer, completamente encantada com aquele olhar, e, principalmente, com aquelas palavras que jamais ouvira de alguém antes. – Roni, eu jamais te julgaria. – afirmou com toda a sua sinceridade. Roni mostrava ser uma pessoa doce, intrigante e completamente diferente de todas as outras. Valia a pena conhece-la; valia a pena apaixonar-se outra vez. – És diferente de todas as outras mulheres. Tu és forte, Roni! – tocou lentamente ao rosto alvo da morena, ouvindo suas batidas fortes do coração. – Lutas determinadamente pelos teus sonhos sem ao menos importar-se com a opinião desta sociedade desprezível.
– Todos devem lutar por seus sonhos, não é? – sussurrou. – Se não, de que adiantas viver apenas para andar da forma que lhe ordenam, sem tua vontade?
– De nada adiantarias, de fato. – sorriu discretamente, completamente admirada e, principalmente, sentindo uma paz simplesmente por trocar algumas palavras com Roni.
Roni estava mostrando-se não ser uma mera cópia de Lana. Pelo pouco tempo em que ambas conversaram, Emma percebeu que ela não era como sua finada esposa. Certamente, tanto Roni quanto Lana era uma pessoa amável e totalmente diferente das outras, porém, diferente de seu antigo amor, a morena misteriosa era dissemelhante e extraordinária. Sendo assim, excluía todos seus pensamentos em aquela ser a reencarnação de seu primeiro amor, pois elas não eram como se fosse a mesma pessoa. Cada uma possuía sua característica, carregando de semelhante apenas a aparência e a amabilidade.
– Emma, tu estás gostando da Romênia? – perguntou, quebrando o silêncio entre as duas.
– Não esperava gostar de retornar ao meu antigo lar. – respondeu sincera. – Tampouco criar raízes ou ciclo de amizades. No entanto, tu és uma exceção.
– Então, tu não tens ninguém? – Regina perguntou, aproximando-se da loira, e, por um impulso, acariciando o rosto gélido e pálido da outra. Assim como Emma, a morena entendia muito bem o que era perder todos de sua família. Entendia o quão solitário aquilo se tornava a cada dia que se passava.
O ato de alcançar certa proximidade com a vampira, fez com que sua sede despertasse. O pulso de Regina estava próximo à sua boca ao mesmo tempo em que continuava a dedilhar seu rosto. Aquilo estava tirando-a de seu controle. – Jamais poderei tocar em seu rosto sem atiçar todo meu desejo em rasgar sua garganta! – a loira praguejou, sentindo suas presas doerem, pedindo em súplicas pelo doce sabor do sangue de Roni. Logo, virou seu rosto, afastando-se da jovem.
– Roni, eu vivi solitária por tempo demais. – respondeu, lembrando-se dos séculos definhando dentro daquele caixão enquanto relutava com seu corpo entravado numa estaca de prata. – Eu vivi no escuro, sozinha, culpando-me repentinamente pelas perdas que tive. A dor que senti era surreal, porém, um belo dia fui liberta e conheci uma amiga.
– Por que tu te culpas?
– Quebrei uma promessa, Roni. – "prometo-te que jamais deixarei que lhe façam mal." Lembrou-se, porém, sorriu ao cogitar que agora poderia proteger Roni. Poderia lutar por ela até seus últimos dias. – Amei alguém e prometi protege-la, mas, falhei em minha promessa. Perdi todos.
– Lana, não é? – perguntou já sabendo da resposta, obtendo-a com o gesticular da cabeça da vampira. – Pareço-me com ela? – recebeu a resposta positiva outra vez. – Sinto muito... Perder quem amamos, definitivamente é difícil.
– Quem tu perdeste?
– Meus pais. – suspirou. – Eles eram os melhores! Eram incríveis... E minha mãe ensinou-me a seguir meus sonhos até alcança-los com minhas próprias mãos. Portanto, os tiraram de mim. Não sei lhe responder qual o motivo.
Decidiram, por fim, mudar de assunto a fim de se conhecer melhor. Emma descobriu que Roni adorava, além de ler, cavalgar e tocar. A morena disse que seus pais fizeram questão de ensina-la durante a infância, resultando em sua paixão por tais atividades. Regina descobriu que Emma era dona de uma enorme empresa de vinhos, e morava temporariamente numa área um pouco afastada do centro da cidade. Ouviu histórias sobre viagens que a loira lhe contou que havia feito, porém, escondeu a parte de fazê-las ao lado de Lana há quatrocentos anos. Descobriram que, Swan amava o dia; Roni adorava a noite e toda sua magnitude. Eram diferentes, porém se davam muito bem.
Caminharam até a pensão que Roni morava, conversando sobre diversos tipos de assuntos aleatórios. Ambas estavam a fim de se conhecer aos poucos, porém, não estavam dispostas a deixar o assunto faltar.
–... Outra vez, abri a porta de meu quarto da pensão, e lá estava ela fixando seu olhar diretamente aos meus. – comentava sobre a governanta da pensão em que mora desde a morte de seus pais. – Ela é assustadora! – exclamou gargalhando, apoiando-se contra a certa ao lado de fora da pensão.
– Victória Belfrey parece ser louca. – comentou em tom brincalhão. – Tu sabes o motivo de sempre estar a te vigiar?
– Sinceramente? Não! Pergunto-me internamente se é por eu sempre estar com a filha dela. – sussurrou, olhando para os lados. Havia alguns murmúrios entre os corredores da pensão, mencionando que Regina e Ivy mantinham algum tipo de relacionamento. Porém, não passava de boatos falsos. – Sabes que desde os séculos passados há regras em que devemos obedece-las até os dias de hoje? A Senhora Belfrey é uma das pessoas que seguem devotamente por todos os passos os católicos antigos. Sendo assim, impõe algumas regras, e uma delas é que eu não fique muito próxima à Ivy. – explicou.
– Conheço muito bem essas regras. – Emma respondeu. Sua mente alertava-a que aquela mulher em que Roni acabara de citar era um dos novos membros da ordem. – Reza a lenda, que os antigos puniam quem desobedecia... Responda-me, Roni, ainda punem os desobedientes ou infiéis?
– Minha infância inteira, eu ouvi histórias sobre as lendas. No entanto, em nossa atualidade não há pessoas que se ponham a desobedece-las.
Seu olhar seguiu diretamente à janela do último quarto da pensão, onde Victória repousava todas as noites. Porém, a mulher estava observando a proximidade das duas, encarando-as com seus braços cruzados. Ela reconhecia aquele rosto angelical que a loira possuía e, aqueles cabelos enormes, assim como nos livros de histórias. Portanto, todos os livros escondiam sua face com o elmo que Drácula usava habitualmente em suas batalhas. Agora, pela primeira vez, observou as órbitas verdes encarando-a com um olhar sombrio como se estivesse a ler seus pensamentos mais perversos.
– Emma, tu aceitas ir ao teatro qualquer noite? – quebrou o silêncio que se abateu entre elas desde que perceberam a presença indesejada da mulher.
– Claro que aceito, Roni. – reverenciou-a, beijando-lhe a palma de sua mão como o de seu costume.
Logo se despediram, e Emma percebeu que a partir dali deveria ficar de olho em Roni para que a ordem não a matasse. O primeiro membro da ordem acabara de ser descoberto, e pelo visto todos eles estavam se escondendo bem. Haviam se adaptado muito bem à nova atualidade; ao novo mundo.
Ao voltar para casa, seus pensamentos não saiam da antiga ordem. – Onde eles estão esse tempo todo? Por que eles não governam mais a Romênia? O que houve durante todos esses séculos que esteve trancada dentro de um caixão?
Encontrou Ruby na entrada da mansão em que habitavam. Ambas só iriam conversar sobre o que a morena descobrira quando entrassem em algum ponto seguro da casa, porém, assim que entraram foram surpreendidas por uma silhueta de um homem virado de costas dentro do enorme salão central.
– Bem vindas à Romênia, Ruby e... – o homem virou seu rosto em direção às duas. Seu rosto exclamava sua felicidade ao ver a loira outra vez, no entanto, a mesma não tinha os mesmos sentimentos por ele. – Jennifer Morrison.
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