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08. APRENDER UM COM O OUTRO

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STELLA DANVERS NÃO ESTAVA COM VONTADE DE FALAR OU VER NINGUÉM, PRINCIPALMENTE FREDDY E BILLY. Era uma bela tarde de domingo na Filadélfia e mesmo o dia estando colorido e ao mesmo tempo frio, Stella só conseguia enxergar preto e branco. A menina estava sentada no sofá esperando sua mãe terminar de arrumar as coisas para começarem a faxina, Stella odiava que sua mãe não a deixasse usar supervelocidade para terminar mais rápido, mas Kara insistia que a filha devia descobrir o valor do trabalho. 

A garota suspirou pensando que havia fracassado em sua missão e que talvez Billy sempre continuaria usando seus poderes em benefício próprio. Kara Danvers passava de um lado para o outro com alguns panos, vassouras e baldes cheios d' água, ela havia notado o quão cabisbaixa sua filha estava então resolveu parar sua atividade e sentar ao lado da menina, Kara sorriu de uma maneira maternal, mas Stella nem ergueu o olhar.

━ Será que eu posso saber o que deixou minha filha linda com os olhos tão tristes?

━ Não estou triste. ━ Stella murmurou, olhando para tudo menos Kara.

━ Stell, eu sei que as coisas não andam muito bem entre nós, mas sou sua amiga… pode confiar em mim. ━ Kara insistiu, sua voz calma e acolhedora.

Stella sentiu vontade de chorar e de se derramar sobre sua mãe, ela queria um abraço acolhedor que fosse capaz de lhe proteger de todo mal… lhe proteger daqueles malditos sentimentos… mas ela não conseguia se abrir para a mulher mais velha…

━ Estou bem, mãe… eu juro.

Kara não deixou escapar o brilho de ressentimento nos olhos castanhos da filha, mas pela primeira vez não parecia estar sendo direcionado à ela.

━ Não quer contar, ok… mas saiba que quando quiser conversar eu estarei aqui para te ouvir. ━ Kara empurrou uma mecha do cabelo loiro da menina para longe de seu rosto.

━ Obrigada. ━ Stella sorriu de volta.

━ Bom, vamos começar porque essa casa não vai se limpar sozinha.

Stella empurrou todo seu mal humor para o fundo de seu coração e forçou suas pernas a levantarem. Quando ela estava indo em direção à cozinha, a campainha indicou que eles tinham um visitante.

━ Eu atendo! ━ Stella gritou para sua mãe e foi em direção à maçaneta.

Stella tomou um susto ao ver a última pessoa que ela imaginava estar na sua porta. Billy Batson parecia um cachorrinho que caiu da mudança, ele sentiu o gosto amargo do arrependimento em sua boca. O garoto arrumou a touca em sua cabeça e limpou a garganta, sorrindo de maneira trêmula diante da carranca da loira.

━ Oi, Stella.

━ William. ━ Stella falou com indiferença ━ O que faz aqui? Não devia estar roubando um caixa eletrônico ou algo assim?

Billy suspirou, ele sabia que merecia toda aquela hostilidade… mas poxa, ele engoliu seu orgulho e quase morreu engasgado só para estar na porta dela.

━ Stella, eu estou aqui para me desculpar, fui um idiota e não devia ter dito que você não era uma heroína de verdade.

Stella arregalou os olhos e quase deu um tapa na cara do garoto, que ficou sem entender sua expressão de alarde. Kara estava na cozinha e poderia captar alguma parte da conversa deles e Stella não queria que sua mãe descobrisse que ela estava usando os poderes fora de casa.

━ Stella! Quem está aí? 

Stella gelou ao ouvir a voz da mulher… agora Billy entendeu o desespero dela para que ele calasse a boca.

━ Ninguém! ━ Ela gritou de volta.

Kara sabia que ela estava mentindo então resolveu ir por si mesma averiguar. A loira meteu a cabeça na porta e se deparou com um garoto de olhos verdes.

━ Olá, sou a mãe da Stell, quem é você? ━ Kara cumprimentou o garoto de maneira gentil.

Billy ficou vermelho e começou a gaguejar, ele não podia acreditar que estava diante da Supergirl… sua super heroína favorita, depois da Mulher Maravilha.

━ Eu… eu… s-sou Billy B-Batson.

━ Ele é um amigo da escola, mãe. ━ Stella disse, revirando os olhos para a reação de Billy.

━ Ah, vocês vão fazer algum trabalho de escola? Stell, você não me avisou nada. ━ Kara olhou por cima dos óculos para a filha.

━ Eu nem sabia que ele vinha… mas ele já está de saída, não é mesmo, Billy? ━ Stella falou entre dentes, dando um olhar de aviso.

Billy pensou sobre suas próximas palavras, provavelmente ele ganharia um soco, mas ele não ia deixar Stella se esquivar dele de novo… ele ia conversar com ela de um jeito ou de outro.

━ Na verdade ━ Billy colocou sua máscara de bom moço ━ eu vim convidar a Stella para ir ao cinema comigo.

Stella olhou para ele como se fosse um lunático.

Kara sorriu e olhou entre os dois.

━ Ah, que graça. ━ Kara suspirou.

━ Desculpa, Billy, mas hoje estou ocupada. ━ Stella tentou arrumar uma desculpa.

━ Não está não ━ a mulher mais velha falou.

━ Estou sim, hoje é o dia da faxina…

━ Que eu posso terminar sozinha, agora vá vestir um casaco. 

━ Mas mãe! ━ Stella protestou.

━ Stell, o Billy deve ter vindo de muito longe para ver você, dá uma chance… aliás, hoje é domingo, vá se divertir um pouco.

Stella bufou e lançou adagas para Billy.

Stella se certificou de estar a uma distância segura de sua casa quando deu uma cotovelada em Billy, que gemeu e segurou seu lado.

━ O que você estava pensando? ━ ela sibilou ━ Vir até a minha casa e começar a falar sobre o que andamos fazendo…

━ Eu sei, desculpa. ━ Billy sentiu-se culpado.

Stella seguia em linha reta com uma carranca, Billy estava em conflito com suas emoções, mas ele não perdeu tempo em pular na frente de Stella e impedir seu trajeto.

━ Mova-se ou eu movo você. ━ Stell falou com uma voz perigosa, fazendo Billy engolir em seco.

Ele poderia até levar um super soco, mas iria falar tudo o que estava entalado em sua garganta.

━ Você estava certa sobre mim, eu realmente não sou digno desses poderes e minhas ações só confirmaram isso. ━ Billy falou, coçando a nuca. ━ Não sou muito bom nisso, mas me desculpa Stell, eu não devia ter dito aquelas coisas ontem. 

Stella cruzou os braços analisando a sinceridade das palavras dele.

━ A única coisa que você fez foi tentar me ajudar  e fui hostil com você, coisa que você não merecia escutar… sou um imbecil que se sentiu ameaçado e resolveu se defender da única forma que sabe… afastando as pessoas. ━ Billy suspirou e pegou Stella de surpresa ao agarrar sua mão. ━ Você vai ser uma super heroína incrível… melhor do que toda a Liga da Justiça…

Stella sentiu seu coração transbordar com um sentimento não identificado… Gratidão, talvez?

Stella  se perdeu naqueles olhos verdes, belos e serenos como uma mata em desenvolvimento, um olhar que brilhava e um sorriso que cintilava. 

Então Stella sorriu, finalmente enxergando as cores, as nuvens escuras se dissiparam e o sol brilhou bem forte sobre sua cabeça.

━ Eu desculpo você.

Billy ficou hipnotizado pelo sorriso daqueles lábios pintados de vermelho. Como podia alguém com um mero sorriso fazer seu coração acelerar? Foi algo de repente, estranho, mas foi essencial. Como podia alguém te fazer tão bem apenas tocando sua mão? Para ele era estranho aquele sentimento de desejo misturado com medo. Medo de nunca acontecer. 

━ Eu te desculpo… errar é normal,  principalmente com quem a gente gosta, não é de propósito, às vezes simplesmente acontece. Errar faz parte assim como admitir o erro e pedir desculpas ━ Stella falou, sentindo o calor da mão suada do garoto ━ Eu também tenho que pedir desculpas, o mago talvez tenha escolhido o campeão certo, ele viu algo em você Billy… algo bom. Até porque, coisas extraordinárias acontecem apenas com pessoas extraordinárias que estão destinadas a coisas extraordinárias.

━ Que bom… que bom. ━ Billy sorriu, sentindo um peso deixando seus ombros.

━ Por que me chamou para ir ao cinema? ━ Stella perguntou, guardando sua mão no bolso do casaco, ainda sentindo a sensação dos dedos calejados do garoto.

━ Era uma desculpa para te tirar de casa… mas podemos ir se você quiser… como um encontro. ━ ele sussurrou, coçando a nuca.

━ O quê? ━ Stella fingiu não ter escutado.

━ Ir ao cinema como bons amigos. ━ Billy corrigiu.

━ Bom, que tal irmos ao parque de diversões? 

Billy assentiu então os dois começaram a papear indo em direção ao parque de inverno.

Billy e Stella admiraram a placa piscante do Parque de Inverno Chilladephia. Por ser fim de semana o parque estava um pouco mais cheio, mas não tão exageradamente lotado por ainda não ser tão tarde.

Stella deu um passo à frente mas parou assim que Billy não a acompanhou.

Ele estava vidrado na placa do parque como se estivesse preso em algum tipo de trauma. Stella se aproximou cautelosamente e tocou seu ombro.

━ Billy, você está bem?

Billy olhou para ela e pareceu relaxar.

━ Sim… estou bem… vamos entrar. ━ Billy tentou disfarçar e puxou Stella pela mão.

Billy e Stella trocaram olhares, animados igual duas crianças e correram para as barraquinhas de jogos.

Eles ficaram em uma barraca por bastante tempo jogando tiro ao alvo com uma arma de brinquedo.

O placar estava empatado e o vendedor estava entretido com o grau de competitividade das duas crianças, que se empurravam e atrapalhavam o tiro um do outro.

━ Minha mira é melhor que a sua, Batson, desista, Senhor Ranzinza ━ a loira se gabou e Billy ria.

━ Nunca! Você vai perder hoje, Princesa Pringles. ━ o garoto sorria de lado, desfiando sua oponente.

━ Que tal uma aposta? ━ Stella ofereceu de maneira petulante.

━ Qual?

━ Vamos ver quem acerta primeiro o prêmio principal… Se eu ganhar, vamos na montanha russa.

━ E se eu ganhar, vamos na roda gigante, feito? ━ Billy sugeriu.

Os dois trocaram apertos de mão firmes e sorriram maliciosamente.

E então os dois começaram uma nova rodada de tiro ao alvo, dessa vez mais acirrado. 

Depois de usar todas as suas tentativas, Billy falhou, praguejando maldições.

━ Cacilda! Perdi. ━ Billy largou a arma, vendo a expressão triunfante no rosto da jovem.

O homem responsável pela barraquinha bateu palmas, dizendo que era extremamente difícil fazer a pontuação máxima. 

O que eles não sabiam era que o prêmio se resumia a…

Um unicórnio de pelúcia com a crina colorida.

Quando a loira pegou o prêmio da mão do homem ficou um tanto desapontada… porém ao vislumbrar a carranca de Billy ela teve uma ideia.

━ Pega. ━ ela estendeu o unicórnio na direção dele.

Billy ficou confuso, mas pegou a pelúcia.

━ Por que está dando isso para mim?

━ É um prêmio de consolação. ━ Stella deu de ombros.

━ E o que eu vou fazer com um unicórnio?

━ Sei lá, dê para a sua irmãzinha… Darla, não é?

━ Ela não é minha irmã de verdade, mas talvez ela goste, obrigado.

━ Nossa, é estranho ouvir essa palavra saindo da sua boca…

━ Qual?

━ Obrigado.

Billy riu.

━ Mas não vá se acostumando. ━ ele avisou.

Billy andou em direção a roda gigante enquanto Stella corria atrás, totalmente confusa.

━ Billy, a montanha russa fica para o outro lado. 

━ E daí? Você não vai me obrigar a ir lá.

Stella suspirou ao ver o Billy arrogante dar as caras.

━ Para onde quer ir então? Para a roda gigante? Lá só tem casais. 

━ Podemos fingir ser um casal então! ━ Billy sugeriu, com vergonha de admitir que tinha medo de ir na montanha russa.

━ O quê? Eu não vou fingir ser sua namorada! 

━ Então fique aí sozinha. ━ Billy se virou e foi em direção à roda gigante.

Stella bufou com irritação e o seguiu para a maldita roda gigante.

BILLY E STELLA ESTAVAM SENTADOS NA BORDA DE UM PRÉDIO ESPERANDO O PÔR DO SOL. Os dois comiam pipoca de saquinho, que foi a única coisa que o dinheiro deu de comprar depois de terem gastado tudo nos brinquedos.

━ Billy, posso te fazer uma pergunta? ━ Stella falou, sentindo a crocância e maciez da pipoca em sua boca.

━ Pode.

━ Promete ser sincero? ━ ela lhe encarou com olhos de cervo.

━ Prometo.

━ Por que você ficou estranho quando a gente chegou ao parque?

Billy encarou as mãos, deixando a pipoca de lado como se estivesse com o estômago embrulhado. A garota loira não entendeu o desconforto dele mas sabia que algo ruim teria acontecido.

━ Olha, não precisa me contar se não-

━ Eu quero! ━ Billy surpreendeu Stella.

A garota assentiu prontamente para escutar a declaração do garoto, que começou a brincar com os dedos.

━ Isso tudo aconteceu a muito tempo, eu tinha três anos na época. ━ ele falou e Stell percebeu o nó em sua garganta. ━ Minha mãe tinha me levado ao Parque de Inverno Chilladephia , tinha sido um dia incrível, jogamos vários jogos e eu lembro de ter ficado triste pois queria o tigre, mas minha mãe só conseguiu ganhar um chaveirinho de bússola. ━ ele riu com a lembrança e puxou a pequena esfera do casaco. ━ Ela dizia que isso iria me mostrar o caminho de volta, irônico,  porque foi essa coisinha que fez eu me perder. Eu soltei da mão dela por um mísero instante e nunca mais a encontrei. ━ Stella escutou Billy fungar enquanto ele tentava esconder seu rosto vermelho.

Stella não sabia o que dizer, grande parte dessa história explicava os motivos de Billy ser tão revoltado, hostil e ter dificuldades para confiar nos outros.

━ Billy, eu sinto muito. ━ Stella tentou tocar a mão dele, mas o menino se afastou rapidamente.

━ Não… não… não sinta pena de mim, eu não quero isso. ━ Ele negou com a voz embargada.

━ Não é pena… é empatia, sei que não teve muito disso na sua vida, mas comigo você vai ter, Billy, somos amigos.

━ S-somos? ━ a voz dele estava quebrada, assim como seu coração ━ Você realmente quer ser amigo de alguém como eu?

Stella lançou um olhar suave e sorriu.

━ Acho que é tarde demais para desistir de você, Senhor Ranzinza… já estou completamente envolvida.

Billy ficou lhe encarando pasmo, perguntando-se o por que ela ainda não tinha ido embora. Por que ela estava lá? Por que não foi embora igual os outros? Por que ela não desistiu dele igual os outros orfanatos… igual sua mãe?

Stella aproveitou que ele estava perdido em pensamentos e se inclinou para abraçá-lo, esperando que ele fosse afastá-la… mas Billy não o fez. O garoto muito maltratado pela vida demorou um tempo para retribuir, mas assim que ele enlaçou a cintura dela, o coração de Stella se encheu de alívio. Ele a aceitou como um apoio… como uma amiga.

Eles se afastaram e Billy não retornou a olhá-la diretamente, muito envergonhado por ela tê-lo visto chorar. Ele poderia ter parado lá, mas ele continuou contando para ela sobre sua jornada, totalmente relaxado para derramar seus segredos em Stella… pela primeira vez ele confiava em alguém para falar livremente.

━ Em toda a minha vida eu era visto como o garoto rebelde, que sempre fugia dos abrigos e que tinha a rotina de ser pego pela polícia.

━ Isso eu acredito, a polícia estava atrás de você no fatídico dia em que comecei a ter raiva de você. ━ Stella falou, sorrindo pela lembrança.

━ É ━ Billy riu ━ Aprendi que nunca devo mexer com a comida da Princesa Pringles.

Stella riu de seu comentário e Billy sorriu pela maneira como os lábios dela se curvaram.

━ Mas por que a polícia estava atrás de você? 

━ Naquele dia eu fiz uma chamada falsa dizendo que tinha dois ladrões em uma loja e depois prendi os policiais dentro do estabelecimento. ━ os olhos de Stella se arregalaram, ela nunca poderia se imaginar pregando uma peça na polícia, até por que ela foi criada com os valores de uma boa moça.

Mas às vezes ela sentia que não se encaixava nesse estereótipo de que todo herói deveria ser 100% bom, que deveria fazer de tudo, até sacrificar sua família, para o bem maior… Mas Stella era diferente, ela era mais do tipo egoísta, que sacrificaria o mundo para salvar sua família… errado pensar desse jeito, eu sei… mas ela não queria simplesmente ter que ser perfeita por ser parente das duas pessoas que mais representavam os ideias de um super herói perfeito… ela não era sua mãe e nem queria ser… ela era sua própria versão… uma versão melhorada da Supergirl, manto que um dia ela assumiria.

━ Depois eu peguei um endereço no banco de dados da polícia e fugi, indo direto para aquela casa… mas foi aí que eu simplesmente ignorei a presença de duas garotas e passei como se não existissem, desculpa.

Stella assentiu, tendo engolido seu ressentimento.

━ Era o endereço da minha suposta mãe… mas não era ela, de novo. ━ A voz dele ficou mais baixa. ━ Foi nisso que eu me foquei a vida toda, em encontrar minha mãe e ter minha vida de volta… ter minha família de volta.

Stella usou sua mão para acariciar a costa do garoto sobre o casaco.

━ Billy, você não está sozinho, saiba que você tem uma família… Freddy, Fallon, eu… até mesmo seus novos irmãos… não precisa ficar sozinho para sempre.

Billy olhou para Stella como se estivesse decifrando suas palavras.

━ Você não vai dizer o que todo mundo diz? Que minha mãe me abandonou e se me quisesse de volta já teria vindo me procurar? Ou talvez que ela esteja morta? 

Stella sabia como era ter alguém duvidando das suas escolhas de vida, e Billy simplesmente escolheu se prender ao passado e procurar sua mãe até perder as esperanças.

━ Eu não vou dizer essas coisas… não sou ninguém para te julgar, pelo contrário, eu te entendo perfeitamente. ━ Dessa vez foi a voz de Stella que ficou sombria e uma sombra de ressentimento escureceu mais ainda seus olhos castanhos.

━ Como você entende? ━ Billy perguntou totalmente confuso ━ Sua mãe é a Supergirl, não deveria se sentir como eu!

Stella respirou fundo e resolveu compartilhar seus sentimentos com alguém que pela primeira vez não era Fallon.

━ Ser filha da Supergirl pode parecer perfeito, aliás é a Supergirl, não é mesmo? ━ Stella ironizou ━ Mas não sinto que minha vida seja perfeita, pelo contrário, é cheia de altos e baixos, mais baixos do que altos. Minha mãe deixou de ser muito presente na minha vida quando eu completei 9 anos… ela dedica mais tempo sendo a super heroína da Liga e a repórter certinha do canal 6… parece que ela esqueceu que tem outra versão dela… Kara esqueceu de ser minha mãe.

Dessa vez foi Billy que agarrou a mão da loira.

━ Eu nem ligo mais, no começo eu vivia implorando pelas migalhas de atenção dela, agora eu nem me importo em passar tempo com ela, aprendi a apreciar minha própria companhia… estar com ela é estranho, é como se fossemos estranhas que moram na mesma casa … eu não sei o que acontece na vida dela e nem ela sabe sobre a minha… talvez preferimos que seja assim, cada uma no seu canto.

━ Isso não é bom. ━ Billy aconselhou ━ Se eu tivesse minha mãe iria aproveitar o máximo de tempo possível com ela, pois a vida é curta demais para não apreciar esses momentos.

Stella riu com escárnio.

━ Falou o garoto que afasta todo mundo dele e quer ficar sozinho.

Billy concordou  sabendo que era o sujo falando do mal lavado. 

━ Mas como eu disse antes, eu entendo essa sua obsessão em procurar sua mãe… a saudade de algo que nunca teve, porque se eu pudesse eu pegava uma nave e iria embora da terra procurar meu pai.

Billy franziu o cenho. 

Sair da terra?

━ Seu pai não é desse planeta?

━ Não, ele era de um planeta vizinho de Krypton, Daxam, um planeta considerado arcaico pelos Kryptonianos por serem adeptos do sistema escravista ━ Stella continuou contando tudo o que sabia ━ O nome dele era Mon-El. Quando Krypton foi destruída, destroços do planeta caíram em Daxam, dizimando milhões… meu pai conseguiu fugir em uma cápsula Kryptoniana… nem quero saber o que ele fez para consegui-la. 

Stella suspirou, apertando a mão de Billy.

━ Quando ele chegou a Terra foi encontrado pelo D.O.E., e foi aí que ele conheceu minha mãe. Ele não contou que era o príncipe de Daxam, meu pai mentiu dizendo que era um guarda do palácio e que fugiu com a ajuda do príncipe. Minha mãe teve que ajudar ele se ajustar entre os humanos, mas foi difícil pois ele era muito egoísta e arrogante… igual você.

Billy riu e deu um leve empurrão no braço de Stella.

━ Ele deixava minha mãe super irritada quando fazia alguma coisa errada e não seguia as ordens. 

━ Igual você. ━ Billy falou, e dessa vez foi Stella que lhe cutucou com o cotovelo.

━ Kara começou a treinar Mon-El para que  ele se tornasse um herói de verdade. 

Stella notou a coincidência e riu.

━ Igual a gente! ━ Ela e Billy falaram em uníssono, rindo um da cara do outro.

━ Bom, eles se apaixonaram, mas a felicidade durou pouco tempo. ━ Stella suspirou tristemente.

━ O que aconteceu? ━ Billy perguntou, tentando capturar os olhos de Stell.

━ Os Daxamitas vieram para a Terra para resgatar meu pai, foi aí que minha mãe descobriu que ele era o príncipe de Daxam. Ela ficou muito chateada e terminou com ele.  A Rainha Rhea, minha avó, estava convencida de que Kara envenenou a mente de Mon-El e usou Sais com Kryptonita contra ela, fazendo com que Mon-El confrontasse sua mãe, concordando em voltar contanto que deixasse Kara em paz… Eventualmente, minha mãe desafiou a rainha para um confronto para que ela deixasse a terra, Rhea não iria embora mesmo se perdesse. Então o único jeito foi Kara ativar um dispositivo que iria infectar a Terra com chumbo, os Daxamitas são alérgicos a chumbo, ou eles iriam embora ou morriam. Meu pai então começou a sentir os efeitos do chumbo e minha mãe não teve escolha a não ser colocá-lo em uma cápsula e mandá-lo para o espaço em busca de um lugar que fosse habitável para ele. Depois de um tempo, Kara descobriu que uma parte de Mon-El havia ficado com ela… Eu fiquei…

Stella sentia-se triste ao pensar nisso, era difícil ter crescido sem um pai… Às vezes ela se pegava imaginando como seria as reuniões escolares, as festas em família… sair para roubar doce na madrugada com um parceiro do crime… como seria ter um pai.

━ Sinto muito, Stell. ━ Billy lhe olhou com simpatia. 

Stella sorriu e ignorou o nó em sua garganta.

━ Você não tem culpa… só vamos esquecer isso, esse clima está muito triste… vamos mudar de assunto.

Ela tentou sorrir e fazer parecer que estava ótima, mas por dentro ela estava repassando todos seus pensamentos auto-depressivos.

━ Bom, então podemos falar sobre o próximo treinamento de amanhã. ━ Billy sugeriu ━ Já que eu não tenho visão de calor que tal testarmos o super sopro do Superman.

Stella se encolheu e sorriu fracamente diante da expectativa de Billy.

━ Bem… eu adoraria ensinar você… mas é que… eu ainda não sei fazer isso.

━ Pensei que você tivesse todos os poderes do Superman e da Supergirl.

━ Eu tenho, mas ainda estou em treinamento, minha mãe não teve muito tempo para me ensinar que eu acabei deixando para lá e nunca mais tentei… sou realmente um fracasso nessa modalidade.

Os olhos de Billy tremulavam como se ele estivesse repassando algumas ideias em sua mente. O garoto levantou e estendeu a mão para a menina, que lhe olhava de maneira desconfiada.

━ Venha comigo, eu tive uma ideia. ━ ele confessou, puxando Stella de seu lugar e a levando para o meio do terraço.

━ Billy, o que estamos fazendo?

━ Bom, o mago disse para você que devemos aprender um com o outro… então eu vou ensinar você a usar o super sopro.

Stella se curvou de tanto rir.

━ V-você … vai me ensinar a … usar meu poder? O que um simples humano saberia sobre isso?

━ Bom, esse simples humano perdeu uma noite de sono ouvindo Freddy tagarelar sobre as explicações físicas dos poderes do Superman, então essa tortura mental deve ter servido de algo.

Stella olhou de maneira cética, mas concordou querendo saber como Billy se sairia como seu professor.

━ O super sopro é um poder que lhe dá a capacidade de ingerir uma quantidade indeterminada de ar e expulsá-lo com força semelhante a um furacão. O poder também pode se aplicar à criação de ventos semelhantes, mas baixados para temperaturas abaixo de zero, ou seja, o sopro congelante.

Stella assentiu, sabendo de tudo aquilo.

━ Os cilindros de bombas de bicicleta são um bom exemplo disso. Se você já usou uma bomba de bicicleta, já deve ter reparado que, quando a utilizamos, o cilindro metálico fica bastante quente. ━ Billy explicava de maneira concentrada e gesticulava ━ Isso é porque quando você realiza um trabalho de compressão no ar dentro da bomba para ele entrar no pneu, ele ganha a energia desse trabalho unidirecional na forma de energia cinética para as suas moléculas, aumentando a temperatura interna. Assim, o ambiente ao redor ficará aquecido caso o sistema não esteja isolado. Se você pudesse liberar esse ar comprimido, sob as mesmas condições de temperatura e pressão anteriores à compressão, ele tenderia a se expandir rapidamente absorvendo energia para esse trabalho de expansão.  E esse também é o modo de funcionamento das geladeiras e outros equipamentos de resfriamento!

Stella ficou incrivelmente surpresa ao ver que Billy não era um mongoloide completo.

━ O mesmo princípio é o presente nas latas de spray. Quando você abre um spray desodorante, o ar que sai lá de dentro é bem gelado, porque ele estava bem comprimido. Com o Superman, funcionaria do mesmo jeito! Ele inspiraria uma gigantesca quantidade de ar, comprimindo tudo no seu super pulmão, e deixando-o provavelmente líquido. Quando ele soprasse, todo o ar sairia violentamente, expandindo-se muito rápido, o que resultaria em uma massiva retirada de calor do ambiente em volta da rajada e mandaria as temperaturas lá embaixo! Com uma violenta puxada de ar com o seu super músculo do diafragma, ele comprimiria instantaneamente o ar no seu poderoso pulmão, este o qual teria paredes fortes o suficiente para aguentar a extrema pressão do ar ali dentro. Então funciona exatamente assim para você.

Billy esperou qualquer reação de Stella, o silêncio estava o preocupando, ele sabia que o super intelecto dela tinha entendido a explicação melhor do que ele.

Stella começou a aplaudir Billy, deixando o garoto constrangido.

━ Nossa, você realmente pensa…

━ Ei! ━ ele sentiu-se ofendido ━ Vamos logo tentar, você entendeu tudo, né? ━ assentiu Stella ━ Bom, por que eu não, mas vamos lá!

━ Ok, ok.

Stella cedeu e ajeitou a postura, esperando as instruções.

━ Bom, então tente sugar o máximo de ar que conseguir e tente transformá-lo em líquido no seu pulmão … eu acho que é assim  ━ Billy coçou a nuca, duvidando de seus comandos.

Stella assentiu e sugou o máximo de ar que cabia em seus pulmões e de alguma maneira tentou fazer aquilo se tornar líquido. Ela sentiu suas bochechas aumentando e seus pulmões se enchendo até não conseguirem mais, então ela expirou tudo em uma rajada.. que o máximo que conseguiu foi um sopro.

Billy caiu na gargalhada, fazendo Stella lhe fuzilar com o olhar.

━ Eu sou uma piada para você?! Está aqui para a me ajudar ou rir do meu fracasso, super herói que não sabe voar.

Billy parou de rir assim que ela tocou em sua ferida.

━ Ok, desculpa… mas eu acho que você precisa acreditar que consegue… pelo menos é isso que o Freddy fica repetindo.

━ Acreditar?... puf… ━ ela zombou ━ Agora vai dizer que eu preciso de fé, confiança e pozinho mágico, não é, Peter Pan? 

━ Eu sei, parece ridículo… eu acho a mesma coisa, mas não custa tentar.l

Stella suspirou e repetiu todo o processo, fracassando miseravelmente, deixando-a frustrada.

━ Urr… eu sou péssima nisso!

━ Calma, você só precisa continuar tentando não é? Krypton não foi destruída em um dia.

Stella aumentou sua carranca, fazendo Billy se encolher.

━ Desculpe,  não foi a melhor analogia, mas você consegue. ━ Ele ergueu os polegares e sorriu amarelo.

━ Tá bem, provavelmente minha mãe demorou muito tempo para aprender.

Stella respirou fundo e repetiu em su mente. 

"Eu posso, eu consigo, eu quero"

"Eu posso, eu consigo, eu quero"

"Eu posso, eu consigo, eu quero"

"Eu posso, eu consigo, eu quero"

"Eu posso, eu consigo, eu quero"

A garota concentrou todo seu foco dentro de si e capturou uma lufada de ar, enchendo toda a cavidade torácica de oxigênio, ela sentiu seu pulmão trabalhando na conversão daquele ar, então ela exalou… conseguindo gerar um pequena rajada, não poderosa o suficiente, mas capaz de gerar um pequeno suspiro em vapor frio.

━ Ah, você viu isso! ━ Ela comemorou.

━ Sim, eu senti um pouco de frio também… acho que está no caminho certo, Princesa Pringles.

Stella sorriu diante do apelido e com a confiança elevada ela continuou tentando mais vezes até que aquela rajada fosse capaz de congelar alguma coisa ou empurrar um inimigo a vários metros de distância.

Já estava anoitecendo quando Stella finalmente conseguiu cobrir o chão com uma fina camada de gelo. Ela se virou para Billy, que lhe olhava como um tutor orgulhoso.

━ Obrigada, Capitão Dedo Faísca ━ ela afirmou, sentindo-se transbordando de orgulho e gratidão.

━ De nada, Interestellar. 

Stella sorriu mais ainda e abraçou Billy, sentindo os braços dele serpenteando sua cintura… aquele tinha sido um dos dias mais divertidos de sua vida.

━ Billy, me promete que vai usar seus poderes para ajudar os outros e não em benefício próprio… pelo menos não roubar mais as coisas.

Billy encarou aqueles olhos castanhos e em como ela ficava tão linda banhada sob a luz da lua… por Stella ele faria qualquer coisa, seria qualquer coisa… mas talvez não tudo.

━ Eu prometo.

Stella sorriu e continuou a abraçá-lo.

Billy suspirou, sentindo-se culpado por cruzar os dedos… Ele ainda não estava pronto para ser um herói de verdade. Ele era um fracasso e não queria magoar Stella com a dolorosa verdade.

Gostaram deste capítulo?

Quis fazer um momento em que a conexão do Billy e da Stella aumentasse, sem ficar aquele romance forçado de se apaixonar a primeira vista.

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