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Capítulo 42

    Lalisa ouvia vozes, ela resmungou baixo e seus olhos foram se abrindo aos poucos. Sentiu alguém abraçá-la, e pelo cheiro já sabia ser Jennie.

— Ei, amor... nós chegamos. — Jennie murmurou, acariciando seu rosto macio, ela fez para parecer mais apresentável no julgamento. Lisa piscou os olhos confusa e olhou para os bancos da frente, onde estava Hoseok no volante e Taehyung no passageiro, esticados olhando para ela, o que lhe deixou mais confusa, afinal se lembra de que no lugar do loiro, estava a sua irmã.

   Lisa guiou seu olhar para o vidro do carro, vendo o internato ao fundo. Ela suspirou e voltou a encarar os outros.

— Onde está Fizzy? — perguntou, a voz ligeiramente rouca.

— Eles foram deixá-la em casa e eu estava lá com as meninas, esqueceu? E eu... tenho um assunto a tratar aqui. — olhou para Hoseok e depois voltou a olhar Lalisa. — Você está bem?

— Não sei, estou confusa, e chateada dele ter pegado uma pena tão simples. — Lisa admitiu, e se aninhou mais a Jennie.

— De qualquer forma, te trouxemos para cá, onde ele não está. — Hoseok falou.

— Yeah, não posso fugir de todas as minhas responsabilidades... oh, merda, o evento! — Laliz arregalou os olhos ao se lembrar.

— Não se preocupa com isso, eu estive cuidando enquanto estava fora, e aquela planilha estava incrível. — Hoseok respondeu, e sorriu. — Aoki veio nesses últimos dias e já deixou tudo arrumado no ginásio sobre o palco, iluminação e os aparelhos eletrônicos, ele só vai voltar no dia do evento, se comprometeu de ser o DJ pessoal, esse cara é realmente legal.

— Ele é muito fofo. — Tae falou concordando com Hoseok, Jennie rodou os olhos ligeiramente.

— Que assuntos a tratar aqui, Taehyung? — Lisa perguntou de repente, fazendo o loiro se ajeitar desconfortável no banco.

— Eu descobri que Kim cursou letras, estou tentando arranjar um professor de língua inglesa desde quando Rosé disse que vai sair. — Hoseok respondeu por Taehyung. — E pedi para ele comparecer aqui, ler o contrato de admissão.

— Sério? — Lalisa perguntou, a tristeza pareceu desaparecer dela por alguns instantes enquanto sorria para Tae. Lis lembra que chegou a vir no internato para ler o contrato de admissão, mas na época estavam nas férias, então os alunos não estavam.

— Yeah, pensei em te contar, mas eu não tinha certeza.

— Espera, Chae vai sair? — Laliz perguntou, agora um pouco surpresa e ao mesmo tempo triste.

— Sim, recebeu uma oferta melhor do internato para ômegas, aquele que sempre participa dos eventos aqui ou nos convida para os deles, ela disse que vai facilitar a vida dela por ser mais perto de onde ela mora e não precisaria estar dormindo aqui às vezes. Fiquei triste dela estar saindo, mas eu a entendo. — Hoseok então começou a sair do carro, e eles começaram a fazer o mesmo.

   Lisa pensou na grande irônia que aquilo era. Ela ômega, e aceitando trabalhar num internato para alfas. Roseanne alfa, aceitando a oferta para um internato de ômegas.

  Ela ao menos deseja que Rosé se adapte mais rápido que ela e se de bem com seus novos alunos.

— Então, vamos ser colegas de trabalho? — Lis sorriu para Tae, eles estavam quase chegando na entrada, e Lalisa não queria soltar Jennie, mas precisou.

— Estou pensando, não fique toda animadinha achando que vai poder ficar grudada em mim o tempo todo já que você adora a minha ilustre presença. — brincou, passando o braço pelos ombros de Lisa, que apenas riu baixinho enquanto entravam no colégio.

   ***

   Era domingo, Lalisa conseguiu terminar no sábado tudo sobre o evento, e faltava apenas organizar as cadeiras no ginásio, mas isso podia deixar para fazer um dia antes. Ela decidiu que seria no próximo sábado, e avisou os professores. Pouco antes do jantar, ela parou em frente ao quadro de avisos e grudou lá, escrito os horários e o dia para que os alunos soubessem.

— Lis? — ouviu a voz que tanto gosta, olhou para o lado e sorriu. Ela e Jennie estão se falando pouco desde tudo o que aconteceu essa semana, nem mesmo cogitaram de ficarem juntas na cabana nas noites passadas. — Oi!

— Oi, Jen. — se aproximou dela, olhando ao redor antes de abraçá-la.

— Você vai jantar?

— Eu vou. — deitou a cabeça no peito dela e respirou fundo, ela ama o cheiro da sua alfa. — Está tudo bem, Jennie?

— Sim, por que?

— Você anda estranha comigo. — sentiu a mão dela apertar sua cintura, ela se escorou na parede e trouxe Lalisa até ela, voltando a ficarem do mesmo jeito que estavam. — Eu fiz algo?

— Posso te perguntar uma coisa que me incomoda?

— Claro que pode, amor. Mas antes, precisamos fazer um acordo!

— Um acordo? — franziu o cenho, olhando para baixo e encontrando os doces olhos azuis, que manteve o corpo junto ao dela, mas apenas ergueu o rosto para a encarar.

— Sempre que algo sobre nós estiver incomodando, prometemos dizer uma para a outra para que possamos conversar e resolver. Tudo bem? Eu quero que venha até mim e me diga sempre o que estiver acontecendo e o motivo de estar chateada ou magoada.

— Me parece justo. — Jennie sorriu, e se inclinou para deixar um pequeno beijo no nariz de botão de Lalisa, que abriu um pequeno sorriso com o doce gesto. — Certo, trato feito.

— Pode perguntar agora.

— O que Aoki foi para você? — Lisa mordeu a parte de dentro da bochecha ao ouvir a pergunta, ela levou os olhos para a gravata do uniforme de Jennie, e começou a arrumar um pouco nervosa, mas eles tinham que ter essa conversa em algum momento. — Eu ouvi sobre vocês, e a forma que ele te olha me deixa irritada...

— Steve foi importante numa pequena parte da minha vida, foi meu primeiro relacionamento sério, eu tive coisas pequenas no colégio, mas nada que chegasse a ser um namoro. Ele me mostrou uma parte diferente do mundo, ele me incentivou a cantar, algo que era meu sonho de criança, mas quando ele foi embora eu me senti sozinha e decidi fazer o plano B. — Lisa a encarou, as mãos ainda na gravata de Jennie. — Não posso mentir para você ao dizer que ele não foi importante, ele foi. Mas agora é você, e não importa o que ele diga e o que já tivemos, eu amo você, Jen. E isso não vai mudar.

— Eu entendo, Lalisa. Mas eu só fico apreensiva, eu-... — bufou em frustração, ela não sabia como expor seus sentimentos para Lisa.

— Ei, é compreensível amor. Você está com ciúmes, eu também ficaria. — sorriu, uma das mãos subindo pelo pescoço da alfa, acariciando o local.

— Não é só isso. Aoki é um adulto, tem uma boa vida financeira e tanto a te oferecer! E eu? Bem, não sei se minha mãe me deixará herança, não sou maior de idade e não posso te comprar nem um simples anel de namoro, é frustrante saber que ele pode te dar o mundo, e eu não.

   Lis ficou calada, as palavras dela lhe pegaram de surpresa, não imaginava que Jennie se sentia assim. Sua mão parou na bochecha da alfa, onde a pele nem demonstrava estar crescendo qualquer tipo de pelo, o que fez Lisa sorrir de ver o quão juvenil ela ainda é. Os olhos azuis encontraram os verdes, e o silêncio permaneceu por mais alguns instantes, apenas apreciando da beleza dos olhos uma da outra.

— Eu não ligo para uma aliança de prata e muito menos presentes caros e sem sentindo algum. Eu não preciso do resto do mundo se tenho você, e nada no universo me fará deixar de te amar, o que sinto por você é inexplicável, parece ser coisa de outro mundo de tão grande que é, como se vivêssemos em diversos universos paralelos, onde temos personalidades diferentes e vidas diferentes, mas nós nos amamos mesmo assim.

— Eu também sinto isso, sinto que já vivemos inúmeras vidas. É possível? — acariciou a cintura da menor, que continuava a sorrir para ela.

— Eu acredito que seja, como poderíamos explicar esse sentimento de forma lógica?

— É inexplicável, talvez. — murmurou, observando Lisa aproximar o rosto cada vez mais, os lábios raspando ligeiramente e as respirações contra seus rostos.

   As duas iniciaram um beijo doce e calmo, era tão bom se sentirem reconfortadas com as próprias palavras. E talvez Lisa estivesse certa, em outros mundos, elas possam ser diferentes, mas o amor que sentem uma pela outra nunca muda, e continua a crescer a cada átomo existente em suas realidades. É logicamente inexplicável, mas nunca impossível.

Continua...

Eu queria dizer muita coisa sobre o cap anterior, mas acho que não é preciso, ele em si já diz tudo, desde mostrar as injustiças do mundo, quanto ao cúmulo do nojento que muitas(os) tem de se submeter.

Bom, é isto.

Bejins bejins

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