Intro: Dt sugA (feat. DJ Friz)
Quando a rap line do BTS entrou no palco, foi como se a cidade fosse ser implodida apenas com a vibração e os gritos da platéia. De alguma forma aquela atração ao evento de moda sediado no Porão havia sido deixado em segredo, então a quantidade de pessoas dentro do local continuava, como sempre, bem controlada. Mas foi impossível não ver o impacto diferente que os três causavam na plateia em relação a ele quando performava.
Park Min Su parecia mais um em meio a muitos ali na platéia. Queria conseguir curtir a noite tanto quanto seus amigos, mas não conseguia ignorar Greta apresentando o evento como uma estrela pop, com direito a troca de figurino e maquiagem a cada nova etapa. Era como se ela fosse outra pessoa e só agora ele percebesse isso. Podia ver o nervosismo dela dali, sabia que tudo aquilo era atuação e que na verdade ela queria que acabasse logo, as mãos balançando ao lado do corpo enquanto assistia aos duelos da lateral do palco, mas não conseguia fingir que estava feliz ou que tinha alguma empatia por ela naquele momento.
Quando os olhares dela e de Suga se cruzaram, a falta de empatia virou ciúme e Min Su entendeu porque nunca conseguiria nada com ela. O coração de Greta já pertencia a outra pessoa e por mais que eles fossem parecidos, ele nunca seria um astro como Suga, mesmo que ganhasse todas as batalhas que participasse até o fim de sua vida. Quando ela mencionou "os meninos da minha filha", soube que Suga já sabia sobre isso também, deixando mais evidente ainda sua derrota.
Virou a cerveja que tinha na mão em um único gole e deixou a garrafinha sobre uma caixa de som a caminho da saída. Tinha perdido. Mesmo disposto a cuidar dela e assumir sua filha, mesmo depois de todo o fracasso nas vezes que a chamou para sair, tinha perdido. E o sabor era amargo e doloroso. Queria sentir raiva dela, mas tudo o que conseguia sentir era pena de si mesmo porque por mais que quisesse mesmo seguir sua vida com ela, ainda era coreano demais, simples demais. E Greta merecia um homem do mundo tanto quanto ela era uma mulher do mundo. Ele era apenas Park Min Su se fazendo de importante fingindo que fazia rap.
***
Greta sentiu o celular vibrar dentro do sutiã enquanto RM, J-Hope e Suga performavam sua primeira batalha no palco. Estava afastada do centro, ao lado do DJ na mesa, aguardando o fim da música para anunciar a próxima. Discretamente virou de costas para a platéia e tirou o celular para ver se não era mensagem de Micha. Não era.
August (Min Su): você ficou bem bonita nesse macacão.
August (Min Su): o palco é seu lugar mesmo...
Ela levantou os olhos e o procurou na platéia mais próxima do palco, os únicos que conseguia ver o rosto e as expressões, mas não viu Min Su em nenhum lugar perto. Espiou a performance antes de começar a digitar.
Greta: Vc veio! Pq não participou dos duelos?
August (Min Su): "Não gosto de ser o centro das atenções".
Ler aquilo foi como ouvir a própria voz dizendo isso num café do centro da cidade, muitos dias antes de hoje. Não sabia o que responder. Realmente não gostava de ser o centro das atenções. Mas uma coisa era ser o centro sem intenção, por motivos que não podia controlar e que lhe faziam mal. Outra era se colocar no centro, como a figura forte e segura que estava interpretando desde que o evento começara. Não podia negar que estava gostando dessa nova versão, mais ousada, bem vestida e falando da única coisa que conhecia melhor do que a si mesma e a filha, música.
Esperou tempo demais para responder a mensagem e o evento a obrigou a largar o celular de lado. J-Hope veio dançando em sua direção, cantando rápido e cadenciado, provocando-a. Greta voltou o celular para dentro do sutiã e dançou junto com o rapaz até se ver no centro do palco rodeada por ele, RM e Suga, os três dando seu melhor. A música acabou e ela levou o próprio microfone para anunciar o tema seguinte, mas a introdução de Cypher 3 começou a tocar e os três sorriram para ela. Arregalou os olhos em choque, porque esperava que eles cantassem apenas músicas improvisadas, por conta dos direitos autorais com a empresa deles.
A última vez que ela tinha ouvido essa música havia sido na lojinha, com Micha. A lembrança fez com que olhasse para a janela onde a filha estava e depois para Suga. Ele lhe sorria provocativo, balançando a cabeça positivamente, respondendo a pergunta muda dela.
Não teve tempo de sair do palco e voltar para seu canto estratégico. Sentiu o braço largo e pesado de Namjoon em seu pescoço enquanto ele cantava a parte dele, balançando e curtindo com ela. A platéia gritava e aplaudia seguindo o rap acelerado e sussurrado do rapaz. Greta não viu outra alternativa a não ser se entregar ao momento, murmurando a música ao lado dele em algumas partes. Aquela era a parte de Micha. Quando o refrão chegou, no entanto, se viu levando o microfone aos lábios e cantando com eles, feliz da vida.
Hobi começou a própria parte depois, puxando-a para perto, cantando para ela e fazendo sinais em direção a janela de Micha e Nari. A música foi crescendo e Greta entendeu o que viria a seguir. Sentiu os dedos de Yoongi fechando ao redor de sua mão e puxando-a. Ele sorriu, cantando espaçadamente, esperando que ela desse seu show do mesmo jeito que ele havia visto fazer na lojinha de conveniência. Greta fechou os olhos e se entregou, cantando o rap acelerado, quase gritado, curvando o corpo conforme o ar começava a faltar, mas sem errar nenhum verso. Gritaram o refrão juntos, pulando e dançando e o mundo fez todo sentido.
Quando a música acabou, a platéia foi a loucura e ela apenas sorriu em direção a janela de Micha antes de se sentir sendo abraçada por Suga. Pegou-se abraçando-o de volta, agradecida por esse momento único. Os braços dele cobriram o rosto dela e ele deu uma volta no mesmo lugar, até ficar de costas para o público.
— Eu amo você. — teve a impressão de ouvir ele dizer. Mas o abraço se desfez na mesma rapidez que tinha sido dado e ele já estava abraçado a Namjoon e Hoseok, os três agradecendo ao público que continuava gritando, alheio a tudo o que se passava no coração da brasileira.
***
Já passava das duas da manhã quando ela finalmente terminou de guardar todas as suas coisas. Ainda sentia o coração batendo acelerado no peito por tudo o que aconteceu naquela noite única. De longe, aquela era sua favorita no Porão. Aquela que ia se lembrar para o resto de sua vida por ser a noite onde havia descoberto que, por mais tímida que fosse, gostava demais daquele lugar a ponto de ter se divertido muito apresentando todos os participantes da noite.
Saiu de seu camarim improvisado e olhou para o palco. A apresentação final passou por seus olhos toda novamente e então ela se lembrou do abraço, das palavras, das inúmeras emoções que sentiu naqueles poucos minutos de palco com Suga. Quanto mais ela assistia, conhecia e ouvia dele, mais sabia que não tinha mais volta em nada do que havia vivido. "Eu amo você" – a voz veio da memória e ela se pegou batendo a mão de leve no ouvido, como se ele estivesse ali.
Os olhos foram do palco para a enorme janela do escritório atrás. Achou que estivesse sozinha, mas talvez Nari tenha deixado algo para trás e voltado para pegar. Micha felizmente já estava dormindo no quarto que a moça tinha feito apenas para ela e Greta em seu apartamento.
— Nari? — chamou entrando no escritório silencioso e procurando a moça.
Sentado no sofá estava Yoongi, ainda usando as roupas da ultima apresentação. Parecia cansado, mas a voz de Greta fez com que exibisse um sorriso. Foi o suficiente para que ela lembrasse de tudo mais uma vez. Suga e Yoongi eram duas pessoas completamente diferentes, como ele havia dito que seria. Imaginou que o verdadeiro Agust D também seria e constatar isso fez com que se sentisse muito pequena e frágil. As palavras dele soaram de novo em seu ouvido e ela se pegou encarando os lábios sorridentes dele por tempo demais, apenas para garantir que não estava ficando louca e ouvindo ele repeti-las.
— Finalmente. — ele murmurou.
— Pensei que já tivesse ido com os outros. Não ia ter um jantar ou algo assim? — perguntou sem jeito, olhando para os lados, esperando Nari e Hoseok saírem de algum lugar escondido. Mas não havia ninguém.
— Achei que não seria seguro te deixar sozinha, arrumando tudo... — ele falou. Parecia um outro Yoongi, um que ela tinha certeza que pouquíssimas pessoas conheciam. Era seguro, hipnotizante, misterioso. Talvez ela finalmente estivesse vendo Agust D? Não sabia explicar. Sentiu a garganta levemente seca. Estava sozinha com ele. Depois de tanta coisa, tanta tensão, tantas declarações, dele e dela. De alguma forma encontrava-se presa numa armadilha que tinha ajudado a criar e agora não sabia como sair. Ele se levantou do sofá devagar, sem despregar os olhos dos dela, um sorriso enviesado brincando nos lábios. Um gato criando sua emboscada.
Involuntariamente ela deu um passo para trás, mas não tinha convicção suficiente, então apenas caiu sentada numa das poltronas elegantes que Nari tinha trazido para deixar o escritório com sua cara. A bolsa foi ao chão e Yoongi chegou até o móvel no mesmo instante que isso acontecia. Apoiou as duas mãos nos braços da poltrona e se inclinou até que seu rosto ficasse na mesma altura que o de Greta. O coração da brasileira batia acelerado no peito, como numa noite de carnaval.
— Eu precisava de uma resposta antes de ir. — sussurrou.
— Resposta...? — não sabia o motivo, mas também estava sussurrando, os olhos presos nos lábios dele. Yoongi sorriu de novo, de lado, mostrando a gengiva. Nunca imaginou que pudesse ser desarmada por um sorriso assim, mas não conseguia pensar em nada além dele. Ele ficou parado, esperando ela sair sozinha de seu feitiço e desviar os olhos de sua boca para seus olhos.
— Para o que eu disse no palco... Eu realmente quis dizer aquelas palavras. — sussurrou, aproximando o rosto do dela. — Noona... — ele desviou o olhar do dela e encarou a boca carnuda, entreaberta em choque. — Por favor... chega desses desencontros.
— Sim... — se viu respondendo antes dele completar a distância e colar a boca na dela.
**********************************************************************************************
Nota da autora: Estamos chegando da metade para o final da história e eu ja começo a me sentir nostálgica. Espero que ainda estejam curtindo, apesar do tamanho que essa fic ta ficando.
Obrigada por lerem até aqui.
<3
Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro