Friends
– Mentirosa! – gritou uma das meninas, jogando um travesseiro fofo em Micha.
Estava na cama de baixo de um dos dois beliches do quarto que ia pernoitar durante o retiro espiritual. Não conseguia pensar ou se concentrar em mais nada que não fosse o fato de que tinha falado e tocado em Min Yoongi e que ele era o cara que ia à lojinha onde sua mãe trabalhava. Acabou deixando essa informação escapar quando uma das meninas com quem dividia o quarto zombou de outra noticia sobre a presença dele em Daegu.
– É verdade! Ele estava usando aquele gorrinho azul que faz ele parecer uma mistura de gato com duende! Juro pela minha mãe que era ele!
– E por que ele estava no seu bairro comprando lámen quando poderia estar num apartamento enorme com a família dele no centro ou em Seul? Não faz sentido nenhum, Michele, para de ser mentirosa, é pecado. – argumentou Izabel.
Todas deveriam usar os nomes cristãos que tinham ganhado ao serem batizadas. Micha era a única que tinha sido batizada na igreja católica ainda bebê, então Greta havia escolhido um nome que funcionasse tanto em português quanto em coreano. As outras meninas, no entanto, haviam sido batizadas mais tarde, então tinham dois nomes, um coreano e um cristão, assim como JiYang, e ali tinham que se referir entre si por esses nomes.
Micha não soube responder o argumento de Izabel. Realmente não fazia sentido Suga estar ali no seu bairro naquele horário. Ela bem sabia que o BTS tinha compromissos de todos os tipos o tempo todo e duvidava que ele pudesse faltar assim, quando queria. Mas nenhuma das perguntas que tinha feito a ele naquele dia tinha sido respondida, então não fazia ideia do por que ele estava ali naquele dia. Não que se importasse muito, seu coração expandia e vibrava sempre que se lembrava de que ele e a mãe tinham se visto duas vezes seguidas e se dado bem.
O medo de a mãe começar a namorar um coreano aleatório e desconhecido tinha sido substituído pela expectativa dela e Suga pelo menos ficarem amigos e a mãe parar de se preocupar com coisas demais.
– Você não tentou tirar foto, Michele-ssi? – perguntou Maria do outro beliche. Era a única ali que era army além dela mesma. Estava em baixo da coberta, olhando Micha lá de cima como se fosse uma corujinha de olhos puxados.
– Tentei... mas na hora eu tinha esquecido meu celular dentro da loja, daí quando voltei ele já tinha sumido. – respondeu com um sorriso, feliz por ter alguém do seu lado.
– Então está explicado, foi miragem. Sonhou com ele. – concluiu Izabel, determinada a desacreditar Micha e sua historia. – Tudo isso porque o noticiário disse que o Suga tinha ido ao restaurante do irmão dele no centro...
– Cale a boca, Yun Seo, ou vou ser obrigada a te bater. – falou Olivia para Izabel. Era a mais velha ali naquele quarto e a única quieta desde que aquela conversa havia começado. Não admitia, mas amava o BTS tanto quanto Maria e Micha a ponto de contrabandear um celular durante o retiro.
– Onde você conseguiu esse celular? – perguntou Izabel mudando de assunto para não precisar brigar.
– Eu tenho dois. Um eu dei para a irmã Sarah, esse eu trouxe para o quarto. – respondeu dando de ombros.
– Mas não pode.
– O que, vai me dedurar? Está mesmo se esforçando para apanhar hoje, hein... – respondeu fazendo uma careta para a outra. Micha riu. – Ei, Micha-ssi, acha que os outros membros do Bangtan vieram para Daegu também? – perguntou olhando para a menina.
– Não sei... eu perguntei, mas ele não me respondeu. – falou chateada. – Na verdade ele estava mais preocupado em eu não gritar do que em me responder... deve ter pensado que eu era uma dessas idiotas que fica seguindo eles aonde vão.
– Vai dizer que se pudesse não seguiria? – perguntou Maria de sua cama.
– Ah, não sei... a minha mãe vive dizendo que artista é igual a gente, tem vida, tem família... acho que eu não teria coragem, sabe. – falou abraçando o travesseiro que tinha sido jogado nela.
– Se a minha mãe deixasse, eu seguiria. – respondeu Maria. – Meu sonho poder abraçar o Jungkook-oppa apertado. – completou abraçando a coberta e fechando os olhos.
– Mas por que pergunta, Olivia? – emendou Micha.
– Porque acabou de sair uma noticia de que o J-Hope foi visto no bairro do Suga hoje de tarde... – respondeu mostrando o celular.
Todas as meninas gritaram ao mesmo tempo, indo para a cama de Olivia e se amontoando para lerem a noticia juntas. Não era mentira, aquela foto de Hoseok era nova e ele claramente estava em Daegu, mais lindo do que nunca. As outras meninas olharam para Micha de novo, todas mais favoráveis a acreditar na história dela.
– Como você consegue encontrar seu bias e não pegar um autografo pelo menos? – perguntou Izabel.
– Não deu tempo!!
– Será que ele vai voltar na lojinha de novo?
– Acha que a sua mãe vai ficar brava se a gente for lá semana que vem depois da igreja?
– Não sei... ainda tem a irmã Sarah... – respondeu Micha, insegura se queria que as amigas vissem Suga lá com sua mãe.
Bastou dizer o nome da freira para ela aparecer na porta do quarto. A primeira coisa que viu foi que nenhuma delas estava na própria cama. A segunda foi o celular na mão de Olivia.
– O que ainda fazem acordadas? – perguntou. Fechou a porta atrás de si e cruzou os braços encarando a cara de culpada das quatro. Micha correu para a própria cama, se enfiando sob a coberta e sorrindo inocentemente dali. – Hoje era dia de cumprir Silêncio. Sabem o que isso significa?
– Sim, irmã Sarah. – responderam em coro.
Micha tentou a todo custo não revirar os olhos para a freira. Conhecia o sermão que viria depois daquela pergunta de trás para a frente, tanto quanto sabia cada uma das letras do BTS. Deveriam ficar em silêncio, tentando se conectar com Deus e pedirem perdão e orientação para a vida naquele ano. A única coisa que ela gostava naqueles retiros era a oportunidade de ficar com outras crianças da sua idade sem ser julgada, diferente da escola. Mas o preço era ouvir os salmos, louvores e momentos de estudo da Bíblia. Não que não gostasse ou não se sentisse tocada por elas, mas sentia que era perda de tempo ficar aqueles dois dias rezando e em um deles em silêncio absoluto. E foi exatamente sobre o silêncio que a irmã Sarah falou.
Explicou a importância de usarem aquele momento para se conhecerem como Deus as conhecia, no mais profundo intimo de seu ser, sem a interferência externa do mundo. Micha tentou não rir quando seu olhar encontrou com o de Olivia na cama de baixo do beliche ao lado.
– Além disso... – continuou a freira – ... Vou levar seu celular, Olivia-ssi. – concluiu esticando a mão. Todas as meninas gemeram em coro, fazendo com que a jovem freira sentisse uma vontade louca de rir antes de apertar cada uma daquelas bochechas.
– Mas irmã... que celular? A senhora já pegou o meu quando eu cheguei. – argumentou a menina.
– Esse daí enfiado em baixo do seu travesseiro. Anda. – falou dando um passo na direção dela.
– Isso é muito injusto, sabia...
– Amanhã quando sua avó vier te buscar eu devolvo a ela. Boa noite, meninas. – apagou a luz e saiu.
– Eu disse que não podia... – sussurrou Izabel no escuro.
– Eu vou matar essa menina. – foi a ultima coisa que ouviram Olivia dizer antes de jogar o travesseiro em cima dela.
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Um pouquinho da minha pequena para aliviar a tensão da expectativa hehehe... agora só sexta. Boa leitura.
Ps: uma foto da Micha bebê da minha imaginação.
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