Capítulo 25
Não consigo deixar a publicação para amanhã!!
Gente, eu não estou tendo maturidade para lidar com esse capítulo.
Ele dividiu meu coração e agora, não faço a menor ideia do que fazer.
Apenas aconselho a vocês a colocarem escudo no coração, porque, sem dúvidas vocês irão morrer de amores <3
Curtam a viagem e não esquece de deixar já a estrelinha.
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Passei a mão pelos vidrilhos do busto do vestido deslumbrante. Estava difícil acreditar que minha tia o havia escolhido especialmente para mim.
Eu estava feliz e mesmo que esse não fosse um dos vestidos que eu ao menos me daria ao trabalho de experimentar, porque custava uma fortuna e segundo, era completamente diferente do que estava acostumada a vestir. Não que eu não goste de coisas bonitas, pois o vestido ia além de bonito, ele era deslumbrante, mas o meu estilo era mais simples, casual e despojado.
Girei o corpo para me analisar na frente do espelho de corpo inteiro, inclinando-me nas pontas dos pés ao simular um salto. A saia de princesa champanhe era de tule inglês, descendo rodada e volumosa até o meio das coxas. O busto coberto por vidrilhos entre tons de branco e prata e desciam em fileiras aleatórias e espaçadas pela saia. O decote em V profundo exibia os arcos dos seios e me fazia questionar se realmente deveria usá-lo para a formatura. Parecia exagerado.
— Você está radiante — minha mãe elogiou com um sorriso bobo; o rosto sobre as mãos apoiadas no batente da porta enquanto me admirava ao mesmo tempo em que eu tentava puxar o decote um pouco mais para cima.
— Não precisa de tanto — murmurei frustrada, no momento em que percebi que puxá-lo para cima só faria as alças ficarem folgadas.
— Você não precisa se esconder — minha tia comentou quando surgiu logo atrás da minha mãe, segurando uma caixa de sapatos na frente do corpo e vindo em minha direção. Ela colocou a caixa perto dos meus pés e arqueou-se para segurar as partes de trás do vestido, puxando o zíper até que o tecido se ajustasse e abraçasse perfeitamente a pele. — Seu corpo é maravilhoso, minha querida — disse, as mãos sobre os meus ombros fitando o meu reflexo no espelho a frente — você é maravilhosa — acrescentou, passando um pouco de cabelo da frente para as costas.
Os meus cabelos nunca estiveram tão grandes e caiam soltos por sobre os ombros até o meio das costas; as pontas cacheadas e ao natural, divididos espontaneamente ao meio. Tinha optado por uma maquiagem neutra e simples: pálpebras com sombras douradas, e rímel para alongar os cílios. Os lábios foram cobertos por um tom marfim.
Minha tia pegou o cordão duplo sobre a escrivaninha e esticou-o no ar para colocar em mim. O pingente, uma pequena estrela, relanceou um brilho prateado contra a luz em uma das correntes de serpentina até que parasse na altura da clavícula.
Abaixei-me para tirar os sapatos da caixa, os cabelos acompanhando os movimentos numa cascata cor de amêndoa e os calcei. Naquele momento, me senti mais alta e confiante. Os sapatos num modelo pump transparentes e com pequenas pedras prateadas brilhantes concentradas nos bicos e nos saltos finos me rendiam sete centímetros a mais. Agora, com 1 metro e 72, a confiança se fez mais intensa para ir a uma formatura que até pouco tempo não imaginava sequer que iria, principalmente por não ter conseguido um par.
— Sem bebidas alcoólicas, em casa a meia noite — mamãe começou a recitar as regras da porta. — Sua tia vai ficar esperando.
— Você vai sair? — indaguei, virando-me para ela.
É claro que ela iria. Engoli a seco ao mirá-la com mais atenção agora. Ela estava vestindo uma blusa preta de cola tartaruga sob a jaqueta de couro preta, aberta. A saia lápis preta, midi estava combinando com o conjunto. Eu teria dito a ela que estava bonita se não soubesse o que ela estava prestes a fazer.
— Sua mãe tem um encontro — minha tia não parecia se importar muito com as desventuras dela e a cada nova desilusão, apenas cedia o ombro para que ela pudesse chorar e se recuperar para a próxima. — Aliás, o seu par está te esperando. — Minha tia acrescentou.
— Outro encontro, mãe? — retorqui à contra gosto, pois em menos de um ano e meio e quatro relacionamentos frustrados, havia percebido que ela não tinha deixado o meu pai pelo simples fato de que não queria viver sozinha. Isso parecia ser pior do que qualquer outra coisa. Ela havia arriscado as nossas vidas por pura dependência. O amor era mesmo uma droga, conclui as palavras de tia Ângela se rearranjar em minha linha de raciocínio — Espera, o que você disse? — dessa vez, o meu olhar estava sobre a minha tia.
Meus pulmões esfriaram. "O meu par"? eu não tinha um par. O ar se tornou rarefeito e emaranhou-se na garganta antes que pudesse dizer que não tinha um acompanhante, mas provavelmente elas entenderam o que eu queria dizer com o tamanho dos meus olhos, porque esclareceram praticamente juntas:
— Agora você tem.
Eu não acreditei.
— O que vocês fi... — zeram. Indagava exasperada, enquanto saia às pressas do quarto para o corredor, a fim de checar o que estava acontecendo e minha voz foi sumindo quando o encontrei ao pé da porta.
Mesmo que estivesse de costas, pela altura e pelo jeito como aguardava com as mãos nos bolsos dianteiros da calça de alfaiataria preta, dava para saber que era Samuel e ele estava me esperando.
Meu coração errou duas batidas que dessincronizaram todo o coreto, para depois virar o rosto e enviesar o olhar para mamãe e tia Ângela indagando.
O que eu deveria fazer? Perguntei a mim mesma, enquanto elas sorriam e balançavam a cabeça, orgulhosas, pois ele realmente estava levando a minha formatura a sério por ter escolhido um de seus melhores ternos para a ocasião.
Pensei em desmanchar todo o plano delas, mas hesitei segurando no corrimão, porque precisava descer e olhar para ele. O meu olhar se arrastou por toda a extensão da sala, por fim abaixei a cabeça, analisando o meu decote.
Eu estava me sentindo tão... adulta. Não tinha reparado em que momento os meus seios se tornaram tão volumosos sem um sutiã que me favorecesse, ou talvez, o recorte ajudasse ajudando a colocar tudo no lugar. Não importava, porque alguma coisa chamou a atenção de Samuel, já que ele se virou para mim.
Os meus músculos se contraíram assim que flagrei seu olhar me medir de cima abaixo. Ele levou a mão até o colarinho, mexendo em alguma coisa que de repente pareceu sufocá-lo.
— Sinto muito por isso... — descendo os degraus, fiz questão de esclarecer antes mesmo de aterrissar no primeiro piso. — Eu juro que não tenho nada a ver com isso. — Tentei assegurar, muito constrangida, me sentido culpada por ter ocupado sua noite de sábado com as minhas bobeiras de adolescente formada. — Se você tiver alguma coisa mais legal para fazer, eu não vou... me importar. — A última palavra não passou de um sussurro.
Faltava um degrau quando parei, isso foi o suficiente para compensar minha desvantajosa falta de altura em relação a ele, totalmente constrangida pela forma como ele estava me olhando, já que ele parecia um pouco vidrado e um tanto surpreso.
Talvez a minha tia tivesse exagerado, por isso tentei discretamente puxar a alça do vestido, a fim de diminuir o decote e quando isso não resolveu, me senti pequena e meio ridícula por aceitado a ideia de usá-lo.
— O que foi? — indaguei incomodada, esperando que ele saísse do meu caminho para que pudesse passar. — Por que você está me olhando desse jeito?
Samuel esboçou um meio sorriso, mas não foi o suficiente para suavizar seu olhar compenetrado.
— Nada... — ele meio que balançou a cabeça, desfazendo o transe ao deixar outro sorriso dessa vez mais amplo — é que você está... — começou a balbuciar as palavras de um jeito tão profundo.
— Tosca? — completei, num tom indagativo.
— Eu ia dizer incrível.
O meu cérebro não conseguiu processar de primeira, por isso segurei no corrimão e inclinei um pouco para trás, bastante confusa com a colocação da palavra.
— Incrível? — balbuciei.
Os lábios finos se curvaram num sorriso aberto, permitindo-me ter uma visão privilegiada de seus dentes bonitos e alinhados.
— Você está linda. — Complementou ao abrir caminho para que pudesse passar.
Sorri abertamente para ele também.
— Obrigada! Você também não está nada mal. — Soltei ao passar por ele. Na verdade, ele estava lindo, mas não senti que deveria usar essa palavra, então, apenas o acompanhei em direção ao carro.
A música alta se expandia por todo o perímetro da escola, e em algum momento depois da colação Samuel começou a conversar com meu professor de história e sumiu da festa.
Minha tia estava certa. Não havia exagero no meu vestido e não ter vindo com ele teria sido, muito provavelmente, um erro terrível, porque todos ostentavam belos ternos e cintilantes vestidos.
E agora estávamos bebendo do suco de morando, rindo e conversando sobre o que faríamos depois do colegial quando Samuel apareceu por trás de mim. Eu ri exageradamente porque a ponta fria do nariz dele roçou no meu ombro e dei mais uma golada no suco.
— O que aconteceu? — Ele franziu as sobrancelhas em estranheza, mas não conseguia esconder que estava achando engraçado também. — Do que você está rindo?
Eu me virei para ele e tentei conter a gargalhada.
— Eu não sei. — respondi honestamente, empurrando o copo para ele. — Você quer dançar? — indaguei, puxando-o para o meio da pista de dança.
Samuel não teve muitas opções, já que comecei a arrastá-lo pela mão. Lord Huron estava cantando o refrão de "The Night We Meet" quando parei de frente para ele
— Ow — ele balbuciou, exalando com surpresa quando tomei sua a mão na minha.
Samuel me puxou mais para ele, inclinando o rosto mais sobre o lado do meu rosto.
— Vocês batizaram o suco... — ele disse bem próximo do meu ouvido, num tom acusatório.
Me afastei para encará-lo e balancei a cabeça. Samuel ergueu a sobrancelha e insistiu no que tinha dito.
— Eles não fariam... — respondi hesitante.
— Eles fizeram — rebateu sorrindo ao repousar a mão por trás da minha cintura.
A primeira pisada no pé dele não demorou para acontecer, dez segundos foi tempo suficiente para lhe mostrar que eu não tinha a mínima ideia do que estava fazendo.
— Eu sinto muito — pedi baixinho com franqueza e um pouco constrangida; mas não soou tão honesto quanto deveria porque eu estava rindo.
O suco estava realmente batizado, porque a minha risada estava praticamente incontrolável.
— Você me puxou para dançar e pelo que parece, não tem a menor noção de como fazer isso não e como se não fosse suficiente, está se divertindo bastante por estar pisando no meu pé?
— Eu sinto muito. — Antecipei, olhando para baixo, pros meus pés. — Eu achei que aconteceria como nos filme. — Argumentei, balançando um pouco mais — Vamos tentar outra vez.
— Oh meu Deus! — Exclamei quando me atrapalhei com os passos.
— Isso não está dando certo. — Ele declarou, quando pisei outra vez no pé dele. — Eu tenho uma ideia melhor. Quer tentar?
Quatro lances de escadas depois, e o meu queixo caiu, pois nós estávamos no impressionante terraço da escola. A noite já tinha se estabelecido, e o céu já estava escuro o bastante no horizonte para que o azul se mesclasse com o roxo e riscas de laranja tornassem tudo ainda mais vibrante e admirável. As estrelas brilhavam como botões de diamantes na luz; a lua crescente sorria reluzente para a gente.
Avancei pelo chão grosso e perdi o fôlego quando cheguei à beira do peitoril e o vento súbito fez meus cabelos serpentearem antes mesmo que pudesse ter noção da altura em que estávamos. Quarto andares foram o bastante para nos tornar 12 metros mais próximos do céu e a sensação de vastidão foi libertadora, porque daqui o vento corria livre e seguia o seu fluxo comum.
— Como você sabia desse lugar? — indaguei com curiosidade, dando as costas para o horizonte.
— Eu já fiz ensino médio, você sabia? — ele respondeu simplesmente, virando-se para mim.
— Engraçadinho. — Rebati, encostando-me no peitoril sorrindo, mas parei para vislumbrar o rosto dele banhado na lateral pela luz da lua e seu olhar foi intensificado.
O maxilar ficou mais marcado, a barba cerrada tornava-se mais escura daqui. Os olhos dele eram tão... inexplicavelmente verdes que fizeram o meu estômago se contrair. Os lábios finos se movimentaram para dizer de num tom rouco:
— Vem... — E eu fui, posicionando-me na frente dele.
A vista por trás dele era incrível, mas à medida que me aproximava, ele se tornava maior e inevitavelmente mais bonito. Por fim, tudo o que conseguia ver era um rosto marcante, amigável e olhos que daqui eram incríveis. As pupilas dilatadas tão negras quanto a noite, porque agora me encaravam de perto e pareciam me engolir para algum lugar escuro que, podia jurar que só poderia encontra-lo ali.
Eu me deixei levar quando ele esticou o braço e segurou a minha mão num toque eletrizante e ao mesmo tempo gentil.
O que estava acontecendo? Encarei-o uma última vez para ver se ele poderia estar sentindo a mesma tensão, mas ele sorriu amplo e isso fez um sorriso repentino se abrir nos meus lábios também.
— Você está com sorte... — ele comentou, conduzindo a minha outra mão para o seu peito e a dele repousou da minha cintura assim que os primeiros acordes suaves de violão de "Conversation in the dark" do John Legend começou a tocar.
— Não é difícil — comentou. — Na verdade, é bem simples. — Ele começou a explicar e só bastou aquilo para que eu conseguisse pegar o jeito.
Quando a música acabou, a minha testa estava apoiada no ombro dele. Nossas mãos estavam na mesma temperatura; o coração dele pareceu acelerar junto com o meu quando eu afastei o rosto e o fitei de baixo, tão de perto que até a respiração quente dele podia me tocar.
Outra música começou, mas eu não consegui prestar atenção em nada com Samuel me olhando daquele jeito tão particular.
— Eu gosto de você... — soltou, os olhos mais profundos do que o habitual pareciam confessar algo pelo impulso do momento.
Eu também gostava dele, mas tinha certeza que não era da forma como ele estava falando. A minha resposta foi um balançar de cabeça totalmente desacreditado.
— Isso não é verdade. — Gaguejei para falar, os meus pés meio imprecisos erraram um passo e ele sorriu com a minha atrapalhada.
Em algum lugar dentro de mim, comecei a me questionar em que momento isso começou a acontecer, porque nós morávamos na mesma casa, mas não era como se fossemos melhores amigos. Samuel cuidava das coisas dele, e eu das minhas. Minha tia pedia para que, vez ou outra, fôssemos ao mercado e nós já tínhamos ido duas vezes ao cinema, mas não era como se estivesse em um encontro ou algo do gênero. Nós éramos praticamente primos.
— É verdade, sim. — Ele confirmou e isso me deixou ainda mais desnorteada.
— Quer dizer, eu também gosto de você... — corrigi, um pouco desconsertada.
— Não é desse jeito... — Ele sorriu gentilmente de lado, os olhos cintilaram alguma coisa diferente que fez meu estômago revirar de nervosismo. — Eu sei que você ainda está lidando com os seus problemas do passado, mas...
Um nó gigante se formou na minha garganta e para me pronunciar, eu precisei fazer um tremendo esforço para engoli-lo. Talvez eu me arrependesse de perguntar, mas a minha curiosidade ficou praticamente incontrolável.
— Mas?
— Mas eu queria tentar. Eu sei que você é um grande problema para mim, Nina e mesmo assim... Eu não consigo evitar olhar para você — ele brincou, mas alguma coisa em seu tom de voz me dizia que não era totalmente brincadeira —, e espero que algum dia você acorde e perceba que não dá para viver com os dois pés no passado. As pessoas precisam seguir com suas vidas e quando isso acontecer, eu quero estar aqui com você, porque eu gosto tanto disso, porque você é tão original. Tão... — ele precisou de mais do que alguns segundos para encontrar as palavras — ocupada em ser você mesma. Simples e ao mesmo tempo tão complicada. — A ponta dos dedos dele fez um caminho da minha têmpora para passar uma mecha de cabelo para trás da orelha. — Mais de um ano não foi o suficiente para superar o passado?
Naquele momento, precisei dar o mérito a quem disse que com o tempo as coisas melhoram, pois essa pessoa estava certa. Não era como se eu passasse os meus dias sofrendo por ter ido embora de Minas, ou por ter deixado Thomas para trás. Era como comer uma comida da infância e lembrar-se da sensação com nostalgia. As coisas não poderiam ser modificadas, e mais de um ano foi o bastante para colocar uma parede entre o passado e o presente, mas ainda assim, isso não queria dizer que estava procurando um namorado.
— Você... — Hesitei, inclinando o corpo mais para trás para encará-lo. Eu não sabia o que dizer, por isso, parei. Era melhor lidar com isso sozinha.
Admirando a forma como ele me fitava, olhando para os meus lábios me fez medir os seus entre abertos. Isso foi um convide, porque eu não me afastei, e ele se aproximou.
O meu braço passou por cima do ombro dele e a minha mão pairou por cima de sua nuca, conduzindo nossos corpos no ritmo lento de "Anchor" que tocava ao fundo.
Eu queria isso. Parecia tão... Perfeito. Ele estava certo, não dava para viver com os pés no passado e ele parecia ser o meu ingresso para o futuro.
A minha garganta se apertou e asas de borboleta bateram em meu estômago quando o meu cérebro decretou a escolha por decisão. Eu nunca imaginaria que poderia beijá-lo, mas a ideia agora me parecia tão encantadora e praticamente irresistível.
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