Capítulo 09
Sentada atrás da escrivaninha no escritório, passei o dedo indicador pela longa tecla de espaçamento do notebook, acompanhando o movimento e encarei as últimas palavras escritas ali, com mente distante e afogada em meus problemas mais importantes.
Esperava o momento certo de agir, mas isso não parecia acontecer nunca e, à medida que os dias foram passando, sentia que o tempo que precisava para pensar e, finalmente tomar uma atitude, estava se esgotando. Percebi que Samuca se tornava distante e isso me doía. Porque, por mais que ele soubesse que alguma coisa de muito errado estava acontecendo, ainda assim, ele estava esperando que eu tomasse a atitude de conversar a respeito, mas eu simplesmente não conseguia fazer isso.
Ele sempre soube esperar e isso sempre me encantou. Mas, estava com medo de magoá-lo e uma palavra errada poderia pôr tudo a perder. Samuca era importante demais para mim, e a ideia de machucá-lo começou a me desestabilizar.
Dispersei os pensamentos e me levantei, ajeitando a saia plissada bordô, de comprimindo midi, ao sair da sala e me direcionar ao banheiro do outro lado do andar. Ajeitei as mangas três oitavas da blusa branca, ajustada perfeitamente ao corpo, e caminhei com o eco seco dos meus saltos ressoando sobre chão do recinto silencioso.
Passando pelo corredor, as paredes já não eram mais tão estreitas, e o espaço se tornou amplo quando o balcão em que a Lorena trabalhava pode ser visto.
- Não. Davi! - Ela disse com firmeza ao falar no telefone e ficou em silêncio por algum tempo.
Eu parei os meus movimentos e desviei da rota, virando e apoiando os cotovelos no balcão, abrindo um sorriso que se fechou com as próximas palavras.
- Eu não quero usar o vestido de casamento da sua mãe. - Ela praticamente sibilou e parou ao suspirar com impaciência, e ele provavelmente disse algo que a deixou aborrecida. - De jeito nenhum, Davi! - Exclamou como se fosse a coisa mais absurda do mundo e ela se ofendeu, estreitando o olhar e abrindo a boca expressando perplexidade. - Eu não vou me casar com aquele maldito vestido cafona. Você já viu o tamanho daquelas mangas, Davi? - Ela parou por um tempo, suspirou, mas não pareceu dar tempo para ele falar - São do tamanho da minha cabeça e ela não vai me deixar mexer naquilo. - Alegou com tom revolta. - Eu não tenho culpa se ela só fez filhos homens. - Davi falou alguma coisa do outro lado da linha, e ela apertou os lábios, sentando na cadeira atrás de si. - Resolve isso! Eu preciso trabalhar. - Informou, coçando o lado da cabeça. - São os seus pais, Davi! - Ressaltou e tirou o celular da orelha revirando os olhos para mim.
Lorena estava usando um vestido preto colado e liso, que ficava muito bem em seu corpo e ia até a altura dos joelhos, com uma lasca que ia até o meio da coxa e valorizava suas curvas. O decote canoa exibia a pele morena dos ombros de um jeito sexy e imponente. Mas a expressão de chateação em seu rosto não combinava em nada com o seu visual.
- Os pais do Davi estão me deixando louca. - Lorena esclareceu, num exalar ruidoso. - Eles estão tomando conta de tudo, Nina. Assumiram os preparativos e querem alugar um salão enorme e caro... Agora a mãe dele decidiu que eu deveria usar o vestido de casamento dela.
Lancei um olhar solidário a ela ainda apoiada sobre o balcão, e suspirei.
- Eu sinto muito, Lor. - disse, abrindo um sorriso amistoso para ela. - Qualquer coisa a gente foge para uma capela e você se casa por lá.
Lorena revirou os olhos e pareceu arquear a sobrancelha, quando não lhe pareceu ser uma má ideia.
- Isso, sem dúvida, parece ser muito melhor do que o que os pais do Davi estão planejando. - A expressão dela já não era mais tão tensa e o seu sorriso abriu, exibindo os dentes brancos que contratavam com a pele morena.
- Nos filmes costuma funcionar. - Palpitei, deixando uma piscadela brincalhona para ela.
- Isso não é um filme, Nina. É a minha vida... - Ela se levantou e se inclinou no balcão ao dizer, tentando conter o tom de voz.
- Por isso mesmo. - Rebati, na mesma entonação. - É sua vida, você quem manda.
- Eu sei, mas são os meus sogros... Eles me adoram e eu não posso simplesmente falar que estou odiando tudo o que estão preparando. O Davi vai dar um jeito nisso.
- Ele vai sim. - disse, segurando a mão dela. - Ele te ama e quer te ver feliz. Eu preciso ir ao banheiro. - expus, arrastando os braços para fora do balcão, voltando para o caminho quando a bexiga me cobrou o esvaziamento.
Segui para o banheiro e corri para a cabine de vidro jateado, aliviando-me no momento seguinte. Enquanto lavava as mãos, um burburinho agitado invadiu o banheiro, e eu pude distinguir a voz lírica e aguda de Verônica lá fora. Ignorei isso e fitei os meus cabelos soltos, caídos pelos ombros refletidos no espelho. Puxei-os mais para o lado, como tentava mantê-lo dividido mesmo sabendo que não demorariam a voltar para o meio. Eram quase cinco da tarde, e o meu batom cor de malva já não se fazia mais tão uniforme quanto mais cedo.
Segui pelo caminho de volta e passei pelo corredor do banheiro com as paredes brancas, interceptando os meus passos assim que ouvi a voz da Lorena ao dizer:
- Meus parabéns.
- Obrigada. - Verônica agradeceu tom nítida euforia.
- Nossa! Quem diria... Editora chefe. - Lorena divagou e eu coloquei um pouco a cabeça para fora da parede.
Verônica estava de costas para mim. Os cabelos castanho-escuros lisos e longos foram presos em um rabo de cavalo alto, e ela vestia um terninho branco com uma calça flere preta, cujas cores combinavam com os sapatos de uns dez centímetros, de couro preto.
Embora fosse uma megera, tinha bom gosto para as roupas.
- É. Depois que a Carolina assumiu a direção da empresa com o Thomas, o cargo ficou vago, e ele está gostando muito do meu trabalho aqui na Edição, foi o que ele disse há poucos minutos.
Lorena arqueou as sobrancelhas e balançou a cabeça em concordância, sem denotar nenhuma expressão verbal audível e, enquanto isso, eu precisei piscar algumas vezes seguidas, ao ter dificuldade em processar a informação. Verônica tinha sido promovida à Editora Chefe, e eu estava sendo explorada para que ela pudesse ser a beneficiada.
A notícia me deixou nauseada, e precisei fechar os olhos com força por algum tempo, suspirando ao tentar conter o rancor que aflorava. Isso me fez levar a mão às têmporas, enquanto tentava pôr os pensamentos no lugar, e logo, o sentimento ruim foi preenchido pela decepção. Verônica estava indo longe demais com tudo isso. Eu não passava de uma estagiária na Parilla, mas estava me esforçando muito e trabalhava dobrado para tentar mostrar algum valor. O meu trabalho estava sendo reconhecido, sim. Estava. Mas Verônica estava usurpando tudo e mal me deixava com as migalhas do meu próprio esforço.
- Bom, eu vou voltar para o trabalho. Preciso que organize a minha agenda de amanhã, e passe todos os meus compromissos para à tarde. Nós vamos precisar de alguém para me substituir, e isso precisa ser rápido.
Sem dizer mais nada, Verônica rumou para a porta ao lado do balcão da Lor e a bateu atrás de si.
Decepcionada, suspirei, mas tratei de erguer o queixo e inflei o peito. Não queria que ninguém soubesse que estava bisbilhando a conversa dos outros, e passei por Lorena, deixando um sorriso forçado para ela.
Não demorou muito para que o barulho dos saltos altos de Lorena começasse a me acompanhar e então, apressei o passo, seguindo para a porta da minha sala.
Eu não queria ter essa conversa, mas estava chateada demais para segurar qualquer palavra.
- Eu já sei. - Comuniquei, quando empurrei a porta e adentrei como um furação dentro da sala, e ela pôs-se para dentro também.
- Eu sinto muito... - Ela disse com sinceridade. - Verônica está passando dos limites, e você precisa fazer alguma coisa.
Exalei profundamente, sentando-me novamente na cadeira, e cravei o olhar nas teclas do notebook com desprezo ao me lembrar do quanto me dedicara ao serviço, e recebera apenas um tremendo NADA. Isso me doía ainda mais, porque eu sabia que era culpa minha. Eu poderia ter falado alguma coisa quando ela assinou o meu primeiro material, mas fiquei tão assustada com a ideia de pensarem que estava com inveja ou tentando atrapalhar a carreira dela que acabei deixando para lá.
- Sabe o que é pior? - Questionei, erguendo o olhar com frieza. - É que ela sequer se deu ao trabalho de me indicar para o cargo. Poxa, Lor. São os meus escritos e eu nunca falei nada...
Lorena passou a mão na têmpora e me lançou o olhar complacente.
- Verônica não é burra, Nina! Não espere que ela faça isso, porque sabemos muito bem que se você escrevesse e assinasse os artigos, seus artigos, todo mundo ai perceber que ela não passa de uma fralde. - Os braços dela estavam cruzados diante do peito.
Ela se aproximou e apoiou-se na mesa com as mãos espalmadas.
- Talvez você devesse falasse com o Thomas. - Lorena sugeriu depois de um tempo. - Ele é o novo dono e com certeza vai dar um jeito nessa situação. A Verônica está jogando sujo e ganhando em cima do seu trabalho.
A simples possibilidade de falar com Thomas me fez ter calafrios e eu ergui o olhar, balançando a cabeça em negativa. Ele me odiava, e isso tinha ficando mais do que evidente quando nos encontramos. Eu sabia disso e ir falar com ele sobre a Verônica, com certeza, seria uma péssima ideia.
- Você só pode ter batido a cabeça. - Acusei, em resposta a sua ideia estúpida. - Ele vai acabar achando que eu estou tentando prejudicar a Verônica.
- Mas Nina, ele vai...
- Thomas me odeia e ele não vai me ajudar, Lor. - Interrompi-a ao me levantar da cadeira, cruzando os braços na defensiva. - Na realidade, eu nem sei como ele ainda não me pôs no olho da rua.
- Nina. - Ela disse com mais firmeza, dessa vez. - Tá mais do que na hora de você tomar uma atitude. Não dá pra se esconder dele desse jeito. Isso está indo longe demais. Você precisa contar o que te fez sair de Minas. Se ele, em algum momento nessa história maluca, amou você de verdade, vai entender. Que ser humano não compreenderia?
Suspirei em resposta. Eu sabia disso, mas estava adiando o momento em que precisaria tomar uma atitude. Não me sentia pronta para reviver o passado e Thomas despertava todas essas memórias que com muito custo enfiei numa caixa e tentei esquecê-las. Ele fazia parte de uma coisa, que ao mesmo tempo foi de linda a desastrosa em poucos instantes.
Lorena suspirou antes de se pronunciar outra vez.
- O Samuca está te dando um tempo para se resolver. Ele confia em você, mesmo sem saber o que está acontecendo. Mas você precisa se resolver com o Thomas ou essa nuvem escura vai ficar sobre o seu relacionamento. É isso o que você quer? Quer mesmo ter essa sombra em cima da sua cabeça? Ela vai arruinar a sua vida. O seu emprego, relacionamento... Isso não está certo!
Os meus lábios se contorceram numa expressão pedante.
Lorena é, definitivamente, a rainha da sensatez, e mesmo que eu não fale isso o tempo todo, ela com certeza é a dona dos melhores conselhos. Eu não sabia o que seria da minha vida sem essa conversa. Todo mundo precisa de um amigo que segure nos seus ombros e dê uma sacolejada, porque, em alguns momentos, as coisas ruins só acontecem por falta de atitude. Às vezes, a realidade é difícil demais de ser encarada.
- Eu sei, Lor. - disse, num choramingo. - Mas estou morrendo de medo. - Justifiquei relutante.
- Confia em mim. Você vai tirar um elefante das costas.
Respirei fundo. Ela tinha razão, na verdade, ela sempre tinha.
Puxei a manga da blusa três oitavas e mirei no relógio em meu pulso. O meu coração palpitou dentro do peito ao me dar conta de que nós já estávamos quase no fim do expediente. Talvez, Thomas ainda estivesse na sala dele. Passei a mão pelo cabelo e joguei-os para trás. As pernas vacilando quando percebi que assenti positivamente para Lorena, ao concordar em seguir o seu conselho.
- Se quiser, eu posso ir com você... - Ela se ofereceu.
Engoli a seco e sentia as minhas mãos esfriarem um grau a cada instante. O meu coração bateu a galope. Talvez fosse uma boa ideia não passar por isso sozinha. Mas precisava parar de fugir disso. O meu relacionamento com Samuca dependia disso, porque eu já não aguentava mais omitir esse fato.
Thomas está no Rio de Janeiro e agora, é o meu chefe. O meu maldito chefe, e eu, mais do que ninguém, precisava aprender a viver com isso, mesmo que fosse difícil.
Deixaria todas as cartas na mesa, esse era o primeiro passo para fazer tudo dar certo, e como adulta, tinha de resolver isso sozinha. Já estava na hora de parar de me esconder. Então, neguei com um gesto de cabeça e tomei meu último fôlego de coragem.
- Você tem razão. Vou falar com ele antes que isso vire uma bola de neve.
- Nós vamos te esperar aqui.
Assenti com a cabeça e abri a porta, seguindo pelo corredor em direção ao elevador que me levaria ao oitavo andar.
A diretoria ficava na cobertura, e Thomas assumira o escritório que ficava com o mais velho dos Parilla, Afonso. Sentia que estava caminhando em direção à cadeira da morte e as minhas pernas queriam fazer o caminho contrário, mas o meu cérebro estava determinado a prosseguir. Qual seria o melhor órgão para tomar as decisões? Cérebro ou coração. Com certeza, o cérebro. Pessoas racionais costumam usá-lo com frequência. Estava na hora de começar a fazer uso do meu.
Apertei os olhos, quando chamei o elevador, e o meu estômago se contraiu desconfortavelmente quando a porta dupla arrastou-se ao abrir diante de mim.
Meu Deus.
Senti um misto de hesitação, angústia e medo se revirar por dentro de mim, mas mesmo assim, avancei e me pus para dentro do elevador, e cravei o olhar no botão que me levaria ao meu destino.
Os botões brilharam enquanto aguardavam a informação e os meus músculos se tencionaram quando ergui a mão e apertei o botão.
Oitavo andar.
Thomas Ortiz.
A conversa que deveria ter tido há seis anos.
A porta se fechou, e eu um sentimento de claustrofobia me fez estremecer. Senti vontade de abanar o rosto, à medida que a minha pressão subia.
Eram três andares e eu não me lembrava de ser um caminho tão agonizante e demorado. Talvez, porque a contagem de tempo seja diferente quando o nosso sentimento varia, o medo faz tudo passar mais devagar, como se fosse uma espécie de tortura mental para te deixar ainda mais aflito.
A porta se abriu, e os meus músculos se enrijeceram. Balancei a cabeça, jogando os cabelos pretos para trás e tentei dispersar o sentimento que queria me fazer hesitar.
Caminhei até a porta de madeira, cujo nome Thomas Ortiz brilhava em letras serifadas e douradas, e deixei duas batidas relutantes com os nós dos dedos.
Respirei fundo e esfreguei as mãos que suavam frias.
Eu não sabia o que era melhor neste momento: Thomas estar e resolvermos isso, ou postergar e deixar isso para depois. Ambas tinham seus custos. Dois pesos, duas medidas.
A espera e a ansiedade estavam me fazendo pensar demais, e isso me torturava. Tomei coragem e tonei a bater, esperando que ele estivesse lá dentro.
Thomas...
Os meus ombros se tornaram tensos e quase perdi o ar, quando a maçaneta girou, e a porta, logo em seguida se abriu, apresentando a figura de um Thomas meio bagunçado e um pouco descabelado. Uma onda de calor percorreu meu corpo quando desci o olhar pelo peito dele, ao ver a gravata meio torta e o nó frouxo. Mas a expressão descontraída dele fora substituída por uma de total surpresa ao se deparar comigo. Nenhum de nós esperava por isso e seus olhos azuis claros assumiram um tom escuro e enevoado, no mesmo momento em que eles repousaram sobre mim.
- Nina. - A voz greve dele percorreu o espaço como um trovão num timbre pesado e depois, passou a mão pelos cabelos, parecendo tentar ajeitá-los.
- Ée... - Dei uma titubeada na hora de falar. As palavras pareciam ficar entaladas no meio do caminho e a minha voz vacilava com a hesitação e o medo. Cocei a garganta, lembrando o porquê de estar aqui, e tomei uma nova postura. Dessa vez mais firme e decidida. - Nós podemos conversar? - Perguntei, levando as mãos suadas e frias, segurando uma na outra por trás das costas.
Os olhos de Thomas estavam fincados nos meus, e ele não disse nada por um tempo que pareceu se arrastar infinitamente.
- É claro. - Concordou. Ele também estava surpreso com a minha atitude.
Ele empurrou a porta até o final, deixando o caminho livre para que eu passasse.
- Eu queria dizer que sinto muito pelo que aconteceu no pas... - Me apressei em dizer, dando alguns passos à frente, adentrando a sala ampla dele.
Contudo, cortei todas as minhas palavras ao ser totalmente pega de surpresa quando me deparei com Carolina na sala, encostada na mesa, fora do campo de visão de quem olha pela porta. Ela ajeitava o primeiro botão da blusa folgada ao corpo, abotoadas nos pulsos, com o fundo preto e estampa de flores alaranjadas. A minha bochecha ardeu ao perceber os lábios livres de batom, que provavelmente tinha sido retirado por Thomas.
Minha nossa!
A minha garganta se contraiu e os meus olhos esbugalharam no instante em que a ficha caiu.
Carolina e Thomas...
- Eu sinto muito! - Me precipitei em dizer num tom chocando e constrangido, ao erguer as mãos diante do corpo e gesticular com elas. - Eu não queria atrapalhar. - Justifiquei, recuando um passo para trás, alternando o olhar entre os dois rapidamente.
Não deu tempo para que meu cérebro processasse muitas informações. Thomas e Carolina estavam se agarrando no escritório da empresa e eu os tinha pegado no ato.
Isso é ridículo.
O momento era delicado e isso não era nenhum pouco encorajador. Sem pensar, precipitei em sair em disparada porta afora, rumando pelas escadas e deixando Thomas abruptamente para trás com as grossas sobrancelhas curvadas num misto de confusão e hesitação.
- O que deu nela? - Eu ouvi a voz grave e aveludada da Carolina ecoar e ficar cada vez mais distante.
Respirei fundo e interrompi os passos antes de atingir o terceiro lance de escada, encostando-me à parede.
- Que merda, que merda, que merda! - Resmunguei sozinha, ao passar o torso da mão no rosto com força no momento em que o sentimento de frustração começou a me descontrolar.
Que babaca!
Uma pontada irrompeu incômoda dentro do peito esquerdo, mas ignorei o peso do sentimento de culpa, e me recompus, voltando a descer as escadas, retornando para a minha sala.
Thomas estava ótimo sem as minhas desculpas, isso estava evidente agora.
- E aí? - Lorena, levantando-se da cadeira assim que empurrei a porta e me pus para dentro.
As três estavam ali. Lor, Fê e Mari. Três pares de olhos grandes e curiosos recaiam sobre mim com apreensão e ansiedade.
Resmunguei de frustração e fiz a volta pela mesa, ignorando a pergunta ao simplesmente pegar a minha bolsa.
- Eu não consegui dizer. - Declarei de uma vez por todas. - Ele estava dando uns amassos na Carolina e eu fiquei morrendo de vergonha porque eu os interrompi.
- Ah, eu não acredito! - Lorena disse, totalmente inconformada.
- Então, você não se resolveu com ele? - Fernanda indagou, desencostando-se da parede da janela.
- Não, eu fiquei super envergonhada com a situação. - Aleguei. - Pelo visto, ele não precisa das minhas desculpas. Thomas está bem, na verdade, ele está ótimo e está mais do que na hora de eu parar com essa maluquice. - Declarei com determinação no tom de voz.
Lorena cruzou os braços diante do peito, Fernanda se encostou na minha mesa e esticou os braços, apoiando-se e me encarou com as sobrancelhas arqueadas. Mari me olhava esperando que eu falasse mais alguma coisa.
- O que foi?
- É isso? - Lorena indagou ceticamente.
- Acabou? - Mari interrogou.
- Thomas é um babaca. Eu estava preocupada com o passado, enquanto ele estava aos beijos com a Carolina. É isso. Ele não se importa, e eu não vou mais me desgastar com isso.
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