Prólogo
De todas as paixões baixas, o medo é a mais amaldiçoada.
- Shakespeare
☀️
Sinto os pelos dos meus braços se arrepiarem e abraço o meu próprio corpo, assustada. Olho em volta e fico ainda mais aterrorizada. Onde eu estava com a cabeça quando aceitei fazer isso? E se nos descobrirem? É loucura!
Observo as inúmeras teias de aranha e os insetos explorando as paredes, o que me deixa agoniada.
Caminhando ao lado de Lena, ouço um barulho estranho e agarro o seu braço. Ela me encara e ri, como ela pode rir em uma situação como essa?
A escuridão me apavora e eu só quero ir embora. Chegar em casa, tomar meu banho quente e assistir Grey 's Anatomy pela centésima vez. Quero esquecer tudo e qualquer coisa que tenha a ver com ele, porque a forma como estou destruída por descobrir a verdade não é nada agradável.
Elena sussurra algo, mas eu não escuto. Não vou perguntar o que ela disse, tenho medo da sua resposta. Lucas disse que nos acompanharia, mas até agora ele não apareceu. Talvez esteja ocupado com o sobrinho, atarefado com algum favor para a mãe ou talvez só não queira vir. Sortudo.
Continuamos caminhando, receosas e incertas. Tudo que ilumina o caminho é a lanterna do Xiaomi prateado da minha melhor amiga, o que é assustador porque está tudo muito escuro e eu quero chorar. Às vezes eu sinto vontade de chorar do nada, mas dessa vez é diferente. Eu tenho um motivo.
— Lena, vamos voltar, por favor! Não tem nada aqui — imploro, sentindo o meu estômago embrulhar.
Com certeza, se continuarmos neste lugar, colocarei o meu almoço para fora. Elena suspira e me encara.
— Nós já estamos aqui. Você não quer descobrir o porquê de tudo isso estar acontecendo? — Ela pergunta, confusa.
Sei que ela está com medo, apavorada até, mas a conhecendo como eu a conheço, ela prefere morrer aqui mesmo ao ter que admitir isso. Ninguém esperava que isso fosse acontecer e é assustador.
— Quero, mas esse lugar é horrível — lamento, abaixando a cabeça para não esbarrar em uma teia de aranha. — Nem sabemos se encontraremos respostas aqui.
— Laura, isso está acontecendo há 2 meses. — Lena relembra, fazendo a minha mente vagar pelos últimos 2 meses. — Precisa ser aqui, porque se não for...
Ela não termina a frase, mas compreendo o que quer dizer. Se não for aqui onde ele armazena toda informação que reuniu, voltaremos para a estaca zero e isso não é nada bom, pelo contrário.
O medo volta a me consumir de uma forma cruel e não sei se quero seguir com isso...
Sem dizer mais nada, continuamos andando, até que chegamos na porta esquisita, assustadora e velha. Tenho medo de descobrir o que há atrás dela, o que nos espera.
Elena percebe o meu receio e me encoraja:
— Eu também estou com medo, Laura. Eu só quero que isso acabe. As coisas saíram dos limites, não podemos continuar assim. Estamos correndo perigo e sabe disso.
— Eu sei... — Abaixo a cabeça, respirando fundo, sufocada por um turbilhão de sentimentos.
— Está preparada? — Ela pergunta com a mão na maçaneta. Meu coração começa a bater mais rápido e eu nego com a cabeça, nem em um milhão de anos eu estaria pronta para o que virá em seguida. — Eu também não, mas o que é um peido para quem já está cagado?
Com esses dizeres, Lena gira a maçaneta e a porta abre em um rangido, o que me deixa ainda mais assustada.
Olá, Deus, sou eu de novo. Eu ainda tenho 16 anos, tenho muito o que viver, não me deixa morrer agora. Por favor!
A sala está escura e a única iluminação é a de uma janela quadriculada bem pequena. Isso está parecendo filme de suspense e não estou gostando nem um pouco. Lena dá um passo à frente, entrando na sala escura e tenebrosa. Não ouso me mover. É isso, não vou entrar.
— Você não vem?
Ela me encara de forma confusa, mas eu também estou confusa. Coragem nunca foi o meu forte.
— Não — murmuro abraçando o meu próprio corpo.
— Laura, você veio até aqui para quê?
— Descobrir o que ele quer e, porque está fazendo isso.
— Exatamente. Não posso te obrigar a seguir, mas se você não quer me ajudar, bem, você sabe como voltar — Lena diz por fim, andando mais um pouco até desaparecer na escuridão da sala gigantesca, com a sua lanterna a ajudando um pouco.
— Elena! — Grito e ela move a lanterna do celular em minha direção, fazendo os meus olhos arderem. — Me espera. — Peço, já cheguei até aqui, não vou ficar sozinha.
Dou o primeiro passo e sigo até onde Elena está, parando ao seu lado. A porta fecha sozinha fazendo um barulho insuportável, nos deixando paralisadas. Não consigo me mexer, meu coração está fora de controle e tenho certeza que molhei as calças.
Olho para o lado e vejo que Elena está tremendo, o primeiro indício de medo que vi nela até agora. Agarro o seu braço e juntas nos viramos, caminhando lentamente até a porta, tentando abrir. O que é em vão.
— Estamos ferradas — Elena murmura.
• Capítulos novos toda terça e quinta.
• Não esqueçam de deixar a estrelinha, espero que tenham gostado.
• Beijos de luz ❤️
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