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Prólogo

Dois meses atrás...

— Levem ele para a sala de cirurgia.

Tento acompanhar o passo da maca enquanto ela está sendo levada por alguns enfermeiros, o som das rodinhas rolando pelo chão ecoava pelo corredor.

Nada passava em minha mente nesse momento, meus pensamentos apenas eram preenchidos pelo medo de perde-lo. Um aperto no peito era sentido e faltava ar em meus pulmões, como se meus órgãos estivessem sendo espremidos.

Me pego admirando seu rosto pálido que mantia suas pálpebras fechadas, cheguei a derramar uma lágrima ao pensar que ele poderia não estar vivo. Mesmo a um passo da morte sua face ainda continuava calma, com seus negros cachos repousando em sua testa, suas sardas, e sua mão que apertava firmemente a minha como se dependesse disso. Na verdade, eu dependia disso.

— Acha que ele pode sobreviver?— pergunto com receio da resposta.

— Pelo que me parece a bala acertou o coração... — Aquela resposta já era o suficiente para saber que nada iria ficar bem.

Minhas mãos estavam sujas de seu sangue já que o segurei em meus braços enquanto ele perdia boa parte do sangue de seu corpo. A cena era até melancólica, eu e ele, ali naquele chão sujo, os gritos dos policiais ao redor.

Porém nada mais importava para mim, a única coisa que eu temia era que depois que ele fechasse os olhos, nunca mais os abriria.

— Querida, você não pode entrar a partir daqui — A cirurgiã disse sentida assim que chegamos a porta da sala de cirurgia.

Neguei milhares de vezes, não poderia deixa-lo. Minhas lágrimas teimosas insistiam em cair.

— Não, por favor, me deixe ir com ele — Implorei para a mesma segurando fortemente em sua mão.

— Millie, venha comigo, eles vão cuidar bem dele.— A voz de Sadie surgiu afagando meus cabelos levemente, mas eu não podia deixa-lo.

Encarei a cirurgia e a mesma pareceu entender minha dor através de meu olhar, talvez ela teve medo de perder alguém que faz parte de seu ser. Mas me dei por vencida quando percebi que quanto antes o deixasse ir, mais rápido ele estaria bem em meus braços.

— Vamos millie ...

Soltei a maca e dei sinal para a mulher a minha frente, não havia nada mais a fazer.

— Ele irá ficar bem querida.

Eu sabia que aquelas palavras tinham apenas intenção de me confortar, mas não eram verdadeiras.

Eu só queria o ter de volta, ter seus beijos, ter seu carinho, ter seu amor... Porque tudo que eu amo acaba em pó? Porque todas as coisas que eu toco se destroem?

Ele não pode morrer, ele não pode simplesmente ir e levar um pedaço de mim com ele. Eu só o queria de volta, só queria me sentir segura e preenchida d volta.

— Nós duas sabemos que isso não é verdade. — Passo minha mão por meu rosto evitando que ais alguma lágrima caia, falhei miseravelmente.

— Tenha fé em Deus querida.

— Deus? Onde está Deus agora? Eu estou prestes a perder a coisa mais importante que aconteceu em toda a minha vida, e Deus? Será que ele não vê que a filha dele está pedindo de joelhos para fazer um milagre? Eu só queria que ele lembrasse que eu existo uma vez na vida.... — Sinto minha boca ressecada e meu pulmão sem ar algum.

Diante da minha fala a mulher se calou, não havia o que falar, eu estava em prantos e nada e nem ninguém poderia amenizar a dor em meu peito.

— Eu irei fazer o meu melhor. — Quebrou o silêncio.

—Apenas não o deixe morrer, ele é meu mundo...

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