Capítulo 59
Na tarde seguinte Jin e Taehyung estavam no apartamento dos irmãos.
Nam havia ido comprar a sobremesa para o jantar.
Hobi estava no quarto, sentado na cama, revivendo todo o passado de Yoongi. Não estava sendo fácil para ele não ficar pensando em tudo o que havia acontecido na vida do alfa.
Ele encarava a parede do quarto onde tinha um mural com diversas fotos suas com seus amigos.
Ele nunca teve um momento como esse. - suspirou triste.
A pior parte de tudo era estar sempre vendo o rosto da Jihye morta. Era uma imagem impossível de esquecer.
Ele era só um menino quando passou por tudo aquilo. Quando a viu daquela forma. - uma lágrima escapou de seu olho.
Yoongi chegou e foi recebido pelo alfa e pelo beta.
Já era "de casa" então foi até Hoseok em seu quarto.
Chegou da porta e viu quando o ômega passou a mão pelo rosto, secando a lágrima solitária.
- Hobi? - entrou a passos lentos no cômodo.
- Oi. - baixou a cabeça, tentando esconder a tristeza em seu rosto. - Demorou pra chegar.
- Desculpe por ter feito você esperar. - sentou ao lado dele. - Como você está?
- Estou bem. - apertou a mão do alfa quando ele pegou na sua.
Yoongi sabia que ele não estava bem. Hobi sabia bem que agora eles compartilhavam tudo, de passado à presente. De alegrias à tristeza. Mas insistia em mentir. Achava que assim não o preocuparia.
- Acho que agora você entende bem o porquê de eu me negar tanto a marca-lo. Sua alma não merece esse tipo de peso. - falou ao colocar seu rosto no pescoço dele, inalando seus feromônios.
- E você sabe exatamente o que mais me afeta em tudo isso.
- Foi há muito tempo, eu já estava acostumado com essa dor. Preferia nunca compartilhar isso com você. - passava levemente o nariz no pescoço do ômega.
- Sim, eu sei. Ainda assim é doloroso demais. - seu corpo arrepiou com o contato do alfa. - Como você consegue estar excitado em um momento desse?
- Você sabe que eu não sei o porquê, apenas estou.
- É, você costuma ficar muito assim quando está perto de mim.
- Agora você sabe que estar perto de você não era nada fácil pra mim. - o ômega sorriu. - Você me deixa louco e eu fico perdido, sem saber o que fazer.
- Como pode estar pensando algo assim? - Hobi se afastou dele dando um tapa em seu braço. - Você é muito pervertido.
- Vai ser foda não poder mais guardar meus pensamentos só pra mim. - sorriu.
- Convenhamos que comprar uma casa em uma fazenda, longe de todo mundo, só para não ter a chance de ninguém nos incomodar e podermos transar dia todo, é um absurdo total. - balbuciou incrédulo.
- A ideia não é ruim. - sorriu sugestivo.
- Yoongi...você é impossível!
- Ei pombinhos....- Jin chega na porta do quarto. - O jantar está pronto.
Todos estava à mesa. Hobi em uma ponta, seguido de Taehyung e Suga de um lado e do outro Jin e Nam.
Eles começaram a refeição e Nam e Tae conversavam sobre alguma coisa. Jin serviu um prato para Suga e depois para Hobi.
Quando o alfa dispôs o prato à sua frente, Hobi paralisou.
Foi a última coisa que ela comeu naquela noite!
Seu sorriso morreu e seu seu semblante entristeceu.
Suga olhou para o ômega e suspirou. Não seria nada fácil pra Hobi não ficar assimilando as coisas com o passado do alfa.
- Você está bem? - Taehyung perguntou baixo.
- Estou sim.
- Tem certeza? Você não está com uma cara muito boa.
- Não se preocupe. Só tenho um pouco de dor de cabeça. - mentiu.
- Tudo bem. Então coma. Namjoon trouxe uma sobremesa que você adora. - colocou a mão no ombro do irmão e apertou de leve.
Hobi contraiu o corpo e gemeu com a dor do toque inesperado.
- O que houve? Está machucado? - puxou um pouco a camisa do irmão e então viu parte de seu pescoço e ombro arroxeado. - O que foi isso? - Taehyung ficou preocupado.
- Não foi nada! - Hobi tirou a mão dele e puxou mais a camisa para esconder a marca.
Taehyung franziu as sobrancelhas e encarou o alfa ao lado dele.
- O que você fez com ele? - questionou irritado. Suga não disse nada, apenas suspirou. - Seu maldito! Você o machucou? - levantou furioso e partiu pra cima do alfa que não reagiu.
Taehyung o pegou pela camisa e o levantou da cadeira.
- Taehyung, para com isso! - Hobi gritou.
- Não faça nada que você possa se arrepender depois. - Suga disse antes de Taehyung lhe acertar um soco na boca.
- Quem você pensa que é para machucar meu irmão seu filho da puta! - Yoongi estava no chão e Taehyung o levantou outra vez pela camisa.
- Taehyung, calma! - Nam tentou intervir, mas não foi rápido o suficiente, o beta já tinha acertado outro soco no rosto do alfa.
Namjoon agarrou Taehyung, tentando evitar que o amigo continuasse com as agressões.
Jin sentou do outro lado de Hobi que chorava muito. Cada vez que Taehyung acertava yoongi, ele sentia a dor do alfa.
Jin puxou a camisa de Hobi e então soube do que se tratava.
Taehyung conseguiu se soltar dos braços de Nam, estava transtornado de raiva. Jamais aceitaria que alguém machucasse seu irmão e saísse impune.
Quando ele agarrou a camisa do alfa outra vez, ouviu claro e alto a voz de Jin.
- TAEHYUNG! - o beta virou o rosto em direção a Jin. - Para com isso! Está machucando seu irmão!
- O quê?
- Hobi foi marcado!
Taehyung mordeu o lábio inferior, cerrou o punho e quando pensou em acertar o alfa de novo, ele desistiu.
- Porque você fez isso com ele?
- Eu não...
- Taehyung! - se virou para Hobi. - Eu pedi que ele fizesse isso. - chorou mais.
Taehyung largou o alfa, que assim que se pôs de pé outra vez, correu para o lado do ômega.
- Desculpe, eu sinto muito por você sentir tudo isso, mas você não queria que ele se machucasse. - Hobi se agarrou a Yoongi.
Se com um vinculado pode acontecer uma conexão, então com marcados significa que...Puta merda, eu não acredito. - Taehyung raciocinava.
Namjoon estava na varanda com Yoongi. O alfa não se sentia nada bem por não ter sido forte o suficiente e ter cedido ao pedido do ômega de marca-lo.
Nem se dava conta que não tinha intimidade suficiente com Nam e desabafou com ele mesmo.
Taehyung e Jin estavam no quarto com Hobi. Só então os dois entenderam os motivos do ômega estar tão pra baixo naquele dia.
O beta obviamente não entendia o motivo de seu irmão ter "forçado" Yoongi a marca-lo. Achava tudo muito descabido.
Mas ao coloca-lo como o peão do jogo, numa hipótese dele poder aliviar todo o peso do sofrimento que Jimin teve nos últimos anos, o beta não conseguiu mais argumentar. Ele provavelmente faria o mesmo pelo Jimin. Era doloroso demais saber que ele carregava aquilo dentro do peito e não poder suavizar sua dor.
- Eu não consegui...mas não quero deixar o arrependimento me sobrecarregar. Isso seria ruim pra ele. - Suga comentou com Nam.
- Eu entendo. - Taehyung puxou uma cadeira e se sentou junto a eles.
Yoongi suspirou um pouco mais leve. Hoseok já estava mais calmo depois de conversar com Taehyung. Jin também era um apoio fundamental.
- Você não teve mesmo como evitar isso? - perguntou ao alfa.
- Eu não queria isso pra ele. Jamais faria se estivesse dentro do meu controle. Mas ele foi incisivo em um momento de vulnerabilidade minha. Não consegui evitar.
- Ele pode ser bem ardiloso quando quer alguma coisa. - emendou o beta. Os três ficaram em silêncio por um momento. - Sinto muito pelas coisas que você teve que passar.
- Isso foi há muito tempo.
- Mas o meu irmão deixou bem claro o quanto isso ainda é doloroso.
- Sempre carregamos uma dor durante a vida. A diferença é que com o tempo ela dói menos.
- Sabe que agora vai ter encontrar com nossos pais né? - advertiu Taehyung.
- Eu não estou muito preocupado com seu pai. Mas a sua mãe...parece que você é tão genioso quando ela.
- Sabe, também, que eu ainda posso quebrar a sua cara né?
- Sei que o Hobi não ficaria nada feliz, mas agora quem apanharia seria você. Não vou permitir, nem por consideração a ele, que ele sinta mais qualquer tipo dor. Não importa quem eu tenha que enfrentar por isso. - disse com muita seriedade.
Namjoon olha do beta para o alfa, do alfa para o beta. Sabia que as coisas ainda estavam sob controle. Mas não tinha certeza se a paz realmente duraria. Conhecia bem seu amigo beta. Ele pode ser racional às vezes, porém, tende a ser mais impulsivo em determinados momentos.
- Achei que você viajaria pro rancho. - JK comenta assim que Yoongi chega em casa. - Nossa, o que houve com sua boca? - se assustou ao ver o lábio cortado e o queixo arroxeado do alfa.
- É uma longa história.
- Confesso que estou bem curioso agora. Você ia viajar por causa do seu hut e agora não exala uma única fração sequer. Sai daqui para jantar na casa do Hoseok e volta machucado desse jeito...algo que me diz que tem o dedo do Taehyung nisso.
- E tem. - sentou na poltrona e apoiou os pés na mesa de centro. - Simplificando...eu não terei mais períodos de hut porquê Hobi me visitou ontem antes de eu sair e acabou me fazendo marca-lo, Taehyung descobriu isso e achou que resolveria tudo com os punhos.
JK que bebia uma latinha de refrigerante acabou cuspindo a bebida ao ouvir tudo aquilo.
- O quê? - questionou incrédulo. - Você marcou o Hoseok?
A primeira semana de aula havia chegado ao fim.
Jungkook e Jimin decidiram ir a Mapo-Gu visitar os pais do alfa. Estava na hora de contar aos Jeon sobre a Min-hee.
Na sexta-feira à noite mesmo eles sentaram em família e contaram sobre a paternidade do alfa à filha de Jimin.
A princípio não foi muito simples para a Sra Jeon aceitar os motivos de Jimin para esconder aquilo do alfa e deles, mas a presença da menina aliviou tudo. Ela não conseguia se importar com os motivos do ômega ao olhar para a pequena Min-hee.
O Sr Jeon foi mais neutro. Disse que todo mundo carrega sua cota de erros na vida e, mesmo que não fosse de acordo com os atos de Jimin, não o julgaria por isso. Sabia que cada ser compreende as dores que sente em sua jornada. Sabia também que Jimin deve ter aguentado uma barra pesada para absorver os erros de seu filho.
Enfim jantaram todos juntos. A Sra Jeon já fazia inúmeros planos com a mais nova membro da família. Ficou extasiada em saber que agora tinha uma netinha.
Na mesma noite JK ligou e falou com Suga. Contou-lhe como havia sido a reação de seus pais ao saber de sua filha, e aquilo deu coragem ao alfa para na manhã seguinte fazer o mesmo trajeto e ir até os pais de Hoseok.
As coisas não deram muito certo na casa dos Kim, pois, além de falar sobre a marca de Hoseok, eles também lhe trouxeram a notícia de que o ômega estava grávido de 3 semanas.
O Sr Kim ficou absorto. A Sra Kim desmaiou. Foi uma correia danada para leva-la ao hospital.
Os Sr e Sra Kim foram os primeiros a saber sobre a gravidez. Hobi não queria correr o risco da notícia chegar a seus pais por outra boca, então não haviam contado aos amigos ainda.
Foram semanas de bastante indisposição para o ômega, mas sendo um ômega marcado, todos os sintomas eram compartilhados com seu alfa.
Yoongi odiava aquilo. Mas se sentia aliviado de Hoseok não ter que passar por tudo sozinho. Conseguia ver o lado bom das coisas.
Ao se encontrarem com JK e Jimin no domingo, pouco antes deles voltarem para Seul, o alfa e o ômega contaram a eles a novidade.
Só então JK entendeu o porquê do Sr Kim não deixar que o alfa saísse da cidade ainda naquela semana. Queria se certificar de que ele não fugiria de sua responsabilidade, o obrigou a se casar com Hoseok antes de sairem de Mapo-Gu.
Não que Yoongi tivesse sequer pensado no assunto, jamais fugiria de sua responsabilidade. Era um homem de honra. E também não perderia Hobi por nada nessa vida. Então fez como lhe foi "pedido". Ficou na cidade e, no fim de semana seguinte ele já estava casado com Hobi. Agora o ômega era Min Hoseok.
Não houve uma festa de casamento, só uma comemoração simples para a família e os amigos.
Jungkook nunca tinha visto Yoongi com um sorriso tão largo e persistente em seu rosto. Sabia que o amigo estava feliz naquele dia. E sabia também que teria dias igualmente felizes ao longo de sua vida. Conhecia Hoseok muito bem, ele faria seu amigo exibir aquele sorriso todos os dias de sua vida.
Ele estava ao lado de Jimin na entrada de acesso ao quintal da casa dos Kim, onde estavam celebrando a união dos dois.
Taehyung estava com Min-hee no colo em frente a mesa de doces. A menina apontava para todos os doces que via e o beta estava se saindo bem em evitar que ela experimentasse todos.
Jimin foi o primeiro a ver quando Songyon chegou. A abordou e trocavam algumas palavras quando Taehyung a viu. Ele parou instantaneamente o que estava fazendo.
Jungkook observou o olhar que ele dirigia a omega. Observou também que ela evitava de encará-lo.
Ele foi até o beta e pegou Min-hee de seu colo. Disse algumas coisas que Tae não entendeu nada. Ainda estava de olho em Songyon.
- Taehyung? - chamou sua atenção.
- Sim? - disse envergonhado.
- Poderia pedir pro Jimin me ajudar?
- Ajudar? - não entendeu.
- Sim. Vamos precisar trocar as roupas da Min-hee. Ela já se lambuzou toda de doce.
- Ah! T-tudo bem.
Devagarinho ele foi se aproximando dos ômegas.
- Jimin-ah?
- Taehyung! - sorriu ao ver o amigo. - Olha só quem resolveu aparecer! - falava da ômega.
- Oi, Songyon! - cumprimentou acanhado. Não entendia por que estava se comportando daquele jeito, mas algo o deixava bastante nervoso em vê-la de novo.
- Eu não entendi porquê você saiu de Seul, porquê trancou seu curso. - Jimin continuou conversando.
- E-eu precisei - evitou olhar para o beta. - Minha mãe estava precisando de mim...
- Então você está de volta a Mapo-Gu?
- Hã...
- Jimin-ah, o Jungkook precisa da sua ajuda. - interrompeu.
- Jura? Com o quê?
- Ah...bem...é melhor você ir vê o que ele quer.
- Tudo bem. - suspirou. - Eu volto logo, Songyon. - a ômega lhe deu um sorriso.
Depois de Jimin sair e os dois ficarem sozinhos, o silêncio era palpável. Nenhum dos dois sabia como puxar um assunto no momento.
- Você tem estado bem? - se arriscou o beta.
- Sim. - Songyon ainda não o encarava. - E você?
- Também. - disse simples. Outra vez o silêncio. - Você está...- pigarreou. - Você está bonita.
Era final de primavera, o dia havia sido quente. Songyon usava um vestido claro com estampa de flores e usava uma sandália Anabela. Bem simples, porém, de acordo com a estação. Os cabelos longos estavam em um penteado com tranças em cima e solto em baixo. Não dava nem pra notar se ela estava usando maquiagem se não fosse o tom rosado em seus lábios.
- Obrigada. - suas bochechas coraram. - Você também não está nada mau.
- Obrigado. - ele sorriu. Estava usando uma bermuda jeans e uma camisa simples branca. Sua mãe insistiu para que usasse algo mais "apropriado", mas ele a ignorou por completo. - Foi a primeira coisa que peguei na mochila.
Ela ousou desviar o olhar para ele. Era muito bom ver aquele sorriso. Ela tinha muita saudade de todo o tempo em que podia admira-lo em segredo. Forçou um sorriso.
Os dois, parados um ao lado do outro observaram as pessoas no quintal pouco decorado, mas muito aconchegante.
- Quem imaginaria que aquele alfa mal encarado acabaria se casando com meu irmão. - o beta pensou alto.
- O amor é imprevisível. - ela comentou também observando os recém-casados. Agora foi ele quem a observou.
Ele não queria mais fugir do assunto. Não podia. Queria as respostas para suas perguntas, então ousou pergunta-las.
- Songyon, por que foi embora daquele jeito no ano novo? Por que não entrou mais em contato comigo?
- Eu não tinha nada pra falar com você. - sentiu o coração disparar no peito. - Não tínhamos que forçar conversar sobre um assunto que não queríamos.
- Eu queria falar com você sobre o que houve. - afirmou o beta. Ela olhou diretamente para os olhos dele. Não sabia como preceder.
- Isso já foi há muito tempo, não precisamos falar desse assunto.
- Songyon, porquê...
- Taehyung, eu preciso ir. - deu um passo à frente, o beta a segurou pelo braço.
- Songyon, precisamos conversar sobre aquela noite.
- Eu não posso fazer isso agora. - puxou seu braço da mão dele. - Eu vou cumprimentar os noivos. Preciso ir embora o quanto antes.
- Songyon, espera... Songyon!? - ela o ignora e segue até Hobi e Yoongi. Taehyung suspira frustrado.
Nas últimas semanas Taehyung pensou em o quanto aquela noite foi significativa pra ele. Não queria pensar dessa forma, mas não conseguia evitar. Sabia que pra ela deveria ser só mais uma noite comum, já que estava sempre com Junghyun e suas "noitadas divertidas".
Porém, ele não era esse tipo de cara. Essas coisas só aconteciam entre ele e quem ele nutria pelo menos um carinho especial. Não devia mesmo ter deixado que as coisas seguissem por aquele caminho se soubesse que ela agiria de tal forma.
Irritou-se.
Se é assim que você quer fazer as coisas, então vamos lá. - decidiu-se.
Hoseok e Yoongi não se continham de alegria.
O ômega olhava para seu marido e só conseguia sorrir. O alfa estava no mesmo espírito. Não tinha jeito melhor de definir felicidade que não fosse olhando para aqueles dois.
Na "reunião de família" dos Kim também estavam seus respectivos pais.
A mãe de JK conversava com a mãe Jimin. Assim como as de Jin e Nam conversavam com a de Hobi e Tae. Logo surgiu uma conversa muito furtuita entre as outras duas Kim. Já estavam planejando o casamento dos alfas. Queriam tudo impecável. Não desejavam menos que um casamento perfeito.
Quando Nam disse a seus pais que havia iniciado um relacionamento sério com Seokjin, eles se entreolharam, suspiraram e apoiou o filho em cada momento.
Eles tinham muita estima por Jin. Ele era um garoto esforçado e inteligente, educado e muito cortez.
Com o tempo essa estima se tornou um carinho indescritível. Amavam o parceiro de seu filho.
Foi um pouco diferente da reação inicial dos pais de Jin. Eles se preocupam que ambos sofressem algum tipo de represália ou preconceito por serem dois alfas. Mas o carinho por Nam não foi diferente do que seu filho recebeu dos pais dele.
As duas famílias os apoiavam em tudo. Excerto na questão do casamento.
Eles achavam um pouco cedo para formalizarem a união, e ano deixaram de lhes dizer que eles deveriam esperar um pouco.
As conversas começaram a ficar mais controvérsias quando os alfas disseram que pretendiam fazer uma cerimônia de casamento mais íntima. Ambas as mães discordavam firmemente.
Eram seus únicos filhos, então não aceitaram a ideia de algo tão xoxo. Queriam tudo muito bem organizado e memorável. Eles não puderam negar isso a suas mães.
Então ali estavam elas, com a terceira Kim, falando sobre o futuro casório.
Yoongi comprou um apartamento novo, mais próximo do campus. JHope não cedeu aos argumentos de Yoongi de que deveria trancar sua faculdade, descansar e cuidar da saúde enquanto gerava o bebê. Ele se manteve convicto de que conseguiria fazer pelo menos aquele semestre e depois tiraria um ano para cuidar do bebê antes de voltar às aulas. Seus pais estavam de acordo com isso, o que desagradou bastante o alfa. Mas não teve como evitar. O ômega já estava decidido.
Yoongi não precisava se preocupar com trabalho, o que deixou o pai de Hoseok mais tranquilo, sabia que nada faltaria para seu filho e neto.
O alfa se dedicou a estar totalmente a disposição de Hobi. O levava na faculdade, o buscava, fazia as compras no mercado, o levava às consultas médicas. Quando não estava na rua fazendo algo que o ômega precisava, estava em casa perguntando se o mesmo queria alguma coisa, se estava confortável na cama ao estudar ou se desejava comer alguma coisa. Era um marido extremamente apaixonado e dedicado ao seu ômega.
Jungkook ainda não havia se mudado de vez para a casa de Jimin. Não havia motivos para não estarem dividindo o mesmo teto, no entanto, estavam fazendo as coisas devagar. Mesmo que JK passasse mais tempo no apartamento do ômega com sua filha, do que no próprio. Às vezes passava a semana toda sem sequer colocar os pés em casa.
Jimin estava muito confortável ao lado de JK. Ele era muito prestativo, atencioso, carinhoso e paciente. Ainda estava aprendendo a lidar diariamente com Min-hee. Apesar da menina estar mais acostumada com a presença dele, ainda chamava constantemente por Taehyung e, em determinadas ocasiões se recusava a ficar com o alfa e insistia para ver o beta.
Jimin admirava essa paciência de JK. Era um pai melhor a cada dia.
Quando sozinhos, em casa, no período em que Min-hee estava na escola, o alfa precisava ser ainda mais cauteloso. Os momentos à dois tendiam a terminar com o apartamento inundado pelos feromônios dos dois, e se não fosse tamanha cautela, Min-hee certamente já teria um irmão à caminho.
Era muito difícil, geneticamente falando, um alfa estar com seu vinculado e não ceder a seus instintos. Ele nem precisava estar em hut para perder completamente a razão e tomar seu ômega com tamanha propriedade.
Ainda mais para Jungkook que, de alguma forma, estava tentando recuperar o tempo perdido ao lado de Jimin. E isso era em todos os aspectos. Desde o momento mais puro de carinho e afeto, ao mais impuro e devasso desejo.
Eles eram como dois eternos apaixonados.
Namjoon e Seokjin estavam para ficar loucos a qualquer momento. As visitas de suas mães os estavam colocando em situações de cansaço extremo.
A única coisa que conseguiam fazer quando se viam em casa, sozinhos, era tomar um banho bem demorado e dormir o máximo que conseguissem.
Pela manhã eles iam a faculdade, a tarde, ou estavam os quatro juntos, ou os filhos estavam com suas respectivas mães.
Eram muitas idas e vindas a buffet, floricultura, espaços de eventos e alfaiates. Elas estavam pegando pesado com os preparativos para o casamento.
Eles haviam decidido que se casariam no final daquele semestre, assim aproveitariam as férias para fazer a viagem de lua de mel. Parecia que tudo se encaixava, se não fossem suas mães os arrastando de um lado para o outro como se fossem meras bolsas que elas carregam sob os braços.
Eles não podiam reclamar. Seria um momento único para eles, mas também seria para elas. E ver o quanto elas se dedicavam a fazer com que o dia deles fosse perfeito, valia a pena a correia e o cansaço que eles passavam.
A bem da verdade era que, eles não se importavam muito com a festa em si. Já sabiam como seria a vida conjugal, já moravam juntos desde que se mudaram para Seul. Não se importam se a festa seria luxuosa ou simples, se haviam muitos convidados ou só os amigos e familiares. Um, de frente para o outro, e respondo um sonoro sim, era o que importava para eles.
Pena que não era só isso que importava para suas mães.
Elas eram corujas, e a palavra perfeição era mais do que idealizada em todos os momentos delas.
Isso também os deixavam felizes. Pois não havia nada melhor que ter sua família lhe apoiando e tentando fazer com que o dia mais importante de sua vida fosse também o mais memorável e feliz.
Taehyung ainda estava no apartamento que alugou no início de seu curso com Hobi. Passou algumas semanas sozinho antes de conseguir um colega para dividir as despesas.
Ele visitava Min-hee com uma frequência absurda. Ele sabia que Jimin e Jungkook precisavam de espaço para o relacionamento deles. Não que ele interferisse de alguma forma, mas Min-hee poderia ser muito convincente quando queria, sem falar que agora ele andava bastante solitário.
Seus vizinhos nunca tinham disponibilidade para fazer-lhe companhia, seu irmão, recém-casado, não era uma opção de visita constante. Yoongi havia se tornado ainda mais insuportável de se tolerar depois que descobriu a gravidez de Hoseok. Segundo o beta, Yoongi era um alfa bastante possessivo.
Toda vez que ouvia o nome dele, fazia questão de revirar os olhos.
Não que não gostasse do cunhado, passou a ter certa afeição pelo alfa, afinal, era seu cunhado, e Taehyung querendo assumir ou não, cuidava muito bem de seu irmão. Mas se ele já o considerava insuportável antes, agora o alfa era uma pessoa intragável.
Tentou sair algumas vezes com Junghyeon e seus amigos, mas seu colega tinha gostos muito diferentes dos dele. Restringiu sua relação com ele a apenas "bons colegas de quarto".
Junghyun às vezes o convidava para uma "noitada" ou outra, mas seus gostos eram um tanto quando duvidoso, na opinião do beta.
Em uma tarde de sábado, Taehyung estava sozinho em uma cafeteria. Jin e Nam estavam muito ocupados, Hobi não era uma opção de visita - na opinião dele. Jimin havia viajado para Mapo-Gu com Jungkook e Min-hee. Os pais do alfa faziam questão de estar sempre que possível com a família do filho.
Então, lá estava ele, saindo da cafeteria depois de passar mais de uma hora sentado sozinho em uma mesa, tentando ler um livro da matéria de seu curso. Já que não tinha nada para fazer, se jogava nos estudos.
Já era outono, o dia estava um pouco mais frio.
Ele abotoou seu sobretudo e começou a caminhar pela calçada. Nem havia percebido que poderia chover a qualquer momento. E para o azar dele, começou logo depois dele decidir passar em um mercado antes de ir pra casa.
A chuva veio com intensidade. Ele correu um pouco e avistou o mercado. Abriu a porta e entrou. Encarou o céu pela porta de vidro e torceu mentalmente para que ela não demorasse a passar. Pegou um cestinho de compras e observou as prateleiras.
Ao se virar para um dos corredores, ele a viu.
Parou imediatamente.
Ela estava atenta ao celular em suas mãos. Não o tinha visto ainda.
Por mais que estivesse usando moletom, gorro e uma trança frouxa apenas de um lado, ele ainda achou que ela estava linda.
Songyon...
Desde o casamento de Hobi, Taehyung não viu mais Songyon. E ele, pensava nela todos os dias.
Passou a não só lembrar dos momentos juntos nas semanas que antecederam o natal e o ano novo. Se pegou várias vezes se recordando de momentos em que ela não parecia fazer muita diferença entre eles.
Como eu pude não enxergar você tantas vezes?
Ela estava sempre lá, não importava quem estivesse precisando de algum conselho, um ombro amigo, um puxão de orelha. Ela sempre se dispunha a ajudar. E ele quase nunca a notava.
Lembrou-se da última vez em que foram no cinema todos juntos, antes do Jungkook ir embora e ele se esquecer que o mundo não era apenas o Jimin.
Lembrou de quando as coisas ficaram estranhas com Jimin e ele passou um dia inteiro no parque pensando sobre o desenrolar das coisas e ela, pacientemente lhe aconselhou. Lembrou de quando Jimin estava angustiado com a descoberta de sua classificação genética e a gravidez. Ela também estava lá, segurando a mão do ômega, lhe dando apoio e carinho. Lembrou de quando se sentiu a pior pessoa do mundo ao "libertar" Jimin de suas esperanças fracassadas. Ela estava lá, lhe dando apoio moral do jeito que devia ser feito.
E lembrou-se também da noite em que ele também se sentiu livre para estar bem ao lado de outra pessoa que não fosse o Jimin. Ela estava lá, abraçada a ele, em sua cama. Lhe fazendo um carinho sútil, lhe envolvendo em seus braços, lhe acalmando o coração.
Já havia chegado a conclusão de que sentia falta de todos esses momentos, de todos os seus sorrisos, de sua presença perspicaz e audaciosa.
Já havia se conformado e aceitado que estava apaixonado por ela. Só não entendia o que tinha feito de errado para que ela tivesse se afastado dele de forma tão repentina.
Ele se aproximou dela devagar. Não tinha medo de falar com ela, só queria aproveitar o máximo de tempo que pudesse para observa-la.
- Songyon?! - ela ergueu o olhar do celular e fitou seus olhos.
- Taehyung...? - ele a viu suspirar baixo e abrir um tímido sorriso. - O que faz aqui?
- Bem, é um mercado, então...- sorriu com o quão óbvio aquela resposta era.
- Ah, claro que é. - ela também sorriu, mas estava envergonhada.
- Você voltou para Seul?
- Não. Na verdade eu só vim ver algumas pessoas. - ele assentiu. - Alguns amigos.
- Então você...ia me visitar? - perguntou esperançoso. O coração batendo rápido no peito.
- Bom...
- Songyon, eu achei desse aqui. - Junghyun entra no corredor com duas opções de lamém na mão. - Taehyung?
- Oi, Junghyun.
- Fazendo compras? - encarou o cestinho vazio em suas mãos.
- Estou tentando. - forçou um sorriso.
- Que bom. - apoiou um dos braços no ombro de Songyon. - Se não for fazer nada mais tarde, poderia vir com a gente para aquela boate perto do campus.
- "A gente"? - olhou para Songyon.
- Vamos aproveitar a visita da fujona aqui para curtir um pouco. - Taehyung viu quando a ômega cutucou a amiga com o cotovelo. - O quê? Você está fingindo sim e, eu tenho quase certeza que sei de quem.
- Ai, Junghyun, você fala cada bobagem...- Songyon apressa o passo em direção ao caixa.
- Ela está sim, mas não gosta de ser pega de surpresa quando alguém sabe de seus segredos. - chochichou para o beta. - Até a próxima, Tae.
Taehyung não sabia o que fazer na hora, mas queria poder ter mais algum tempo com ela.
- Junghyun...- a beta lhe encarou sorridente. - A que horas vocês estarão lá?
- Ah, depois das 22h.
- Tudo bem. - suspirou. - Eu vou, sim.
- Que ótimo. Nos vemos lá, então. - despediu-se com um aceno.
Taehyung observou as duas saírem da loja e andarem pela calçada. Ele não tinha esperança de que ela olhasse para trás. Ela nunca olhava. Mas dessa vez ela olhou.
Seus olhos encontraram os dele. Ele sorriu para ela e ela lhe deu um aceno de mão.
Taehyung nunca havia se dado conta de que as horas poderiam ser tão longas. Eram 20h e ele estava vasculhando seu guarda-roupas atrás de algo que caísse bem, como se fosse possível que alguma peça sua lhe deixasse menos notável.
Ele pensou que deveria ter cortado o cabelo. Mas pensou também que deveria deixar como está. Depois se arrependeu de não ter pensado em ir ao barbeiro à tarde.
Junghyeon chegou e pensou em convidá-lo para se juntar mais tarde ao seus amigos em algumas partidas de jogos de tabuleiro, mas desistiu assim que o viu correndo de um lado para o outro no quarto.
Às 22h em ponto ele já estava dentro da boate que Junghyun lhe dissera. Esperou por mais de uma hora até ver Junghyun entrar na boate com um grupo de pessoas.
Songyon não estava entre elas.
Taehyung se aproximou dela e perguntou descaradamente sobre a ômega. Ele foi informado que ela havia voltado para Mapo-Gu no início da noite.
- O estranho é que, estava tudo correndo bem, mas depois de eu falar para ela que você viria, ela disse que precisava ir embora. - a beta lhe encarava triste. - Seja lá o que você tenha feito, não vai ser nada fácil fazê-la parar de fugir desse jeito.
Taehyung passou a hora seguinte sentindo-se deprimido.
Junghyun obviamente não sabia de tudo o que houve entre eles, mas de uma coisa estava certa, Songyon não queria estar na presença dele.
Ele tomou mais duas cervejas e depois deu uma desculpa para poder ir embora.
No caminho para casa ele enviou mensagens para Songyon.
Songyon, por que você está me evitando desse jeito?
Por que não conversa comigo?
Por que foge de mim dessa forma?
O que eu fiz de tão errado?
No resto do trajeto ele observava aquelas mesngens esperando que ela respondesse. Chegou em casa, trocou de roupa e caiu na cama. O tempo todo de olho no celular, com a conversa aberta, atento na possibilidade dela lhe responder.
Ele não teve resposta.
Na manhã seguinte, ela havia visualizado as mensagens. Não não o respondeu.
Ele não insistiu mais.
O tão esperado dia havia chegado para Namjoon e Seokjin.
Apesar dos esforços das mães dos alfas, eles decidiram que a festa de casamento seria na casa do lago de seus avós. Nada poderia ser mais romântico para ambos do que formalizar sua união no lugar em que todas as esperanças, desejos e ilusões se tornaram realidade.
No dia anterior, na chegada de seus avós, Nam se abriu com sua avó e lhe dito o real motivo por terem escolhido fazer a cerimônia ali. Para sua surpresa, sua avó lhe contara que foi naquela mesma casa que ela havia conhecido seu avô e ambos se apaixonaram. Esse era o verdadeiro motivo para ela nunca ter vendido a casa, mesmo que os valores oferecidos a eles tenham sido muito acima do mercado. A casa carregava um valor sentimental.
E uma romântica incurável como era, a avó de Nam deu ao seu neto e Jin a casa como presente de casamento.
Jin e Nam se sentiam nas nuvens em constatar que o amor deles era mais especial do que jamais imaginaram.
Com a mudança no local da cerimônia, as mães de Nam e Jin optaram por uma decoração pitoresca.
Mesmo sendo primavera, o clima ainda úmido se encaixou perfeitamente com a decoração baseada no inverno.
A decoração branca com pouquíssimos detalhes em ipês rosas deixou todos os presentes na cerimônia encantados.
O arco de flores sobre o altar montado provisoriamente estava todo em branco. As cadeiras de madeira eram forrados com cetim e decorados com laços rosados. Um longo tapete vermelho foi disposto no centro e seguia até o altar. Os assentos estavam devidamente enfileirados e alinhados. Enormes tablados de madeira foram colocados atrás do altar todo coberto com plantas que tinham pequenos brotos de ipês brancos.
Os convidados foram instruídos a usarem branco, e os noivos, também de branco, usavam gravatas borboletas cor-de-rosa. Os padrinhos disposto ao lado de Nam usavam branco também, mas com gravatas comuns em rosa. Os padrinhos do lado de Jin usariam rosa com gravata branca.
No altar, Namjoon tinha as duas mãos para trás, mas Suga logo percebeu o quanto ele tremia de nervosismo.
Os padrinhos ao lado do noivo eram Taehyung, Jungkook e Yoongi.
Com a marcha nupcial tocando e Nam e seus padrinhos dispostos, começaram a entrar os padrinhos de Jin.
Jimin veio à frente, seguido de Hoseok e por último Songyon.
Os olhos de Taehyung chegaram a brilhar ao vê-la em um longo vestido rosa com strass de pedras, um coque perfeitamente alinhado e envolto em tranças no alto da cabeça e longos cachos caídos em seus ombros.
Apesar da maquiagem impecável, o que mais se destacava em seu rosto era o sorriso estonteante em seus lábios.
O beta chegou a suspirar ao conter a euforia que se instalou em seu peito.
Os padrinhos de Jin se posicionam no altar e logo em seguida Jin entrou. Taehyung já nem estava mais focado nos acontecimentos a sua volta, seus olhos não desgrudavam da ômega.
Em um determinado momento seus olhares se cruzaram. Ele ficou estático e engoliu seco. Ela apenas desviou o olhar.
A cerimônia mal tinha começado e as mães de Nam e Jin já estavam munidas de seus lenços e passavam discretamente em seus olhos e nariz. A emoção era grande demais para essas mães.
Os pais de Hobi e Tae prestavam bastante atenção nas palavras proferidas diante dos noivos com o pequeno Seo-Joon dormindo no colo. Sempre que via um movimento entre os convidados, Hobi olhava direto para seus pais, não conseguia manter o foco em outra pessoa que não fosse seu bebê.
Jimin e Jungkook sempre batiam o olho em Min-hee também, mas ela já era uma mocinha e se comportava muito bem sentada ao lado de seus avós na terceira fileira de cadeiras.
Nam e Jin mantinham o olhar um no outro. Nam extremamente nervoso e trêmulo. Jin emocionado e se segurando ao máximo para não chorar. Estava sendo difícil para o alfa contar as lágrimas.
- ...e eu os declaro, alfa e...alfa! - declarou por fim a juíza de paz.
Jin e Nam que estavam de mãos dadas depois de colocarem as alianças, se aproximaram e selaram o matrimônio com um beijo cheio de carinho.
Suas mães que estavam na primeira fileira se abraçaram e caíram no choro.
Os alfas se viraram para os presentes, ergueram suas mãos dadas e todos ficaram de pé e aplaudiram animados a união deles.
Os alfas receberam os cumprimentos primeiramente dos padrinhos, depois dos demais convidados.
Na primeira oportunidade que viu Songyon sozinha Taehyung deu um passo em sua direção, mas ao vê-lo se dispor a ir até ela, Songyon apressou-se e saiu do altar. O beta suspirou frustrado.
A festa seguiu por algumas horas, e assim que os noivos aproveitaram um pouco da festa, se trocaram e entraram na limusine, partindo em direção ao aeroporto. Haviam ganhado de presente de casamento dos Jeon uma viagem para a Inglaterra.
Taehyung era o único ainda sentado à mesa do lado de fora. Apesar do vento frio da noite, ele preferia ficar ali sozinho. Estava pensativo.
Junghyun, que ele nem havia notado que estava na festa, saiu acompanhada do primo de Songyon. Ao vê-lo ali, se aproximou devagar.
- Sua cara está péssima para quem estava em um casamento. - puxou uma das cadeiras e se sentou.
- Eu estou feliz por meus amigos, não tenha dúvida.
- Eu não tenho. - pegou uma das garrafas de champanhe dentro de um balde sobre a mesa. - Acho que a galera já está indo embora. - observou ao ver Jimin e Jungkook saírem com Min-hee no colo. - Você não deveria ir com eles? Não está hospedado na casa do Jungkook?
- Eu vou, assim que eu terminar de beber eu vou. - tomou a garrafa da mão dela e virou na boca.
- Está esperando a Songyon sair para se despedir?
- Me despedir?
- Ela vai voltar para Mapo-Gu ainda hoje. - ele baixou o olhar triste.
- Acho que ela não está muito afim da minha companhia. Não vou incomoda-la. - a beta apenas semicerrou o olhar.
- Você não é mais o Taehyung de antes. Não é mesmo? - se recostou na cadeira.
- O que quer dizer com isso? - tirou a gravata que já estava forouxa em seu pescoço.
- Eu lembro de quando você era o beta que vivia para cima e para baixo correndo atrás de um amor que não era seu. - ele a encarou com as sobrancelhas franzidas. - Agora fica por aí se esgueirando pelos cantos deixando que ela simplesmente fuja de você.
- Não vou força-la a falar comigo. - nem se deu conta que acaba de deixar subentendido seu sentimentos pela ômega.
- Você é mesmo um tolo e covarde. - declarou frustrada. - Passou tanto tempo querendo o amor de outra pessoa, e agora que tem o dela não se esforça o mínimo para consegui-lo.
- O quê? - questionou surpreso. - Acho que você não sabe do que está falando.
- Sabe do que eu sei? - inclinou-se na mesa. - Que a Songyon sempre foi uma garota como outra qualquer. Daquelas apaixonadas por idols, que sonhava acordada. Daquelas que sonhava em receber flores e encontrar seu príncipe encantado. - Taehyung não entendia onde ela queria chegar. - Daquelas que escrevem diários e deixa uma página inteira repleta de corações em volta do nome do garoto que ela gosta. E isso só mudou depois que você estava determinado a ficar com o Jimin.
- Eu não entendo o porquê de você estar me falando isso. Pode ser mais específica?
- Minha nossa, como os homens são lerdos e burros! - irritou-se. - Estou tentando te dizer que ela sempre foi apaixonada por você, seu lesma!
Nada daquilo fazia sentido pro beta. Como Junghyun poderia dizer que Songyon era apaixonada por ele, se ela o evitava a todo custo? Se depois do que houve entre os dois, ela fugia dele como o diabo foge da cruz.
- Acho que você tirou a conclusão errada.
- Ótimo! - levantou-se impaciente. - Então você é mesmo burro. - ele revirou os olhos sentindo-se incomodado de todas as mulheres a sua volta serem geniosas. - Só me diz mais uma coisa...se arrepende da noite de ano novo? Da conversa de vocês dois?
Ele arregalou os olhos surpreso com a pergunta. Não adiantava negar pra ela o ocorrido, pela forma convicta que ela lhe perguntava, já sabia exatamente o que aconteceu entre os dois.
- Não.
- Então suba lá agora e diga isso a ela enquanto você ainda tem tempo, porque pela manhã, quando ela chegar em Mapo-Gu, ela fará às malas e irá para os Estados Unidos e você perderá a chance de lutar pela felicidade a qual tanto procurou nos últimos anos.
Ela vai embora? Por quê? Será que há mesmo motivo para uma atitude tão drástica como essa? Eu devo ir mesmo falar com ela? Mas ela se recusará a falar comigo outra vez.
A cabeça de Taehyung estava começando a dar um nó. Era mais fácil se conformar com ela à uma cidade de distância, mas à continentes...
Só me diz mais uma coisa... você se arrepende da noite de ano novo?
- Eu não sei se...- Taehyung olhou em volta e Junghyun já não estava mais.
Se levantou rápido, hesitou por um instante, mas seguiu para a casa a passos largos.
- Taehyung, nós estamos indo, você vem com a gente? - encontrou Hoseok saindo pela porta com Seo-Joon no colo e Yoongi logo atrás dele.
- Eu tenho uma coisa para resolver..
- Houve algum problema? - se preocupou.
- Não. - correu o olhar pela casa. - Sabe onde está a Songyon? - Hobi ia lhe responder, mas ele se lembrou da Junghyun ter dito sobre ela estar lá em cima. - Deixa, eu já sei onde encontrá-la. - o beta deu um beijo na testa do sobrinho.
- Está tudo bem com ela? - Hobi quis saber.
- Vai ficar. - seu irmão ficou confuso.
- Finalmente. - Suga comentou a esmo.
- Vejo vocês depois. - partiu em direção as escadas.
- Você sabe de alguma...- não precisou concluir a pergunta depois que seu alfa arqueou as sobrancelhas e Hobi usou de sua ligação para saber o que ele sabia.
- Uau, como eu pude ser tão lerdo? - envolveu mais o Seo-Joon nos braços. - Como ele pôde ser tão lerdo? - Suga riu saindo junto com ele para o carro.
Lá em cima, no corredor dos quartos, Taehyung não tinha ideia de em qual deles encontraria ela.
Viu sua mãe sair de um deles, mas não lhe deu muita atenção, continuou batendo na porta do primeiro quarto do corredor.
- Se eu não me engano, o Songtae não está aí. Eu o vi saindo com a Junghyun. - comentou ela.
- Hã...eu não estou procurando por ele. - suspirou frustrado. - Sabe em que quarto está a Songyon?
- Ah, eu estava com ela agora mesmo. - sorriu simpática. - Ela está...- ele se aproximou e deu um beijo em seus cabelos.
- Obrigado, omma! -correu até a porta.
- De nada...- o observou confusa com a urgência que demonstrava. O viu bater uma única vez na porta e entrar antes que ela atendesse. Por fim não disse nada, desceu e foi ao encontro das mães dos recém-casados.
- Taehyung? - Songyon levantou rápido quando inesperadamente o beta passou pela porta. - O que faz aqui?
- Songyon...- respirou fundo. - Não vai embora.
- Ah... Taehyung, eu preciso ir, tenho coisas importantes para resolver em Mapo-Gu...
- Não vá embora do país! - ela se surpreendeu com o pedido.
- Como sabe sobre...- ela suspirou soltando as peças de roupas que tinha na mão. - Junghyun!
- Por favor, Songyon...não vai. - se aproximou devagar dela. - Vamos conversar sobre...
- Taehyung, não! - ficou reticente.
- Do que você tem medo ao conversar comigo sobre o que houve entre a gente? - levantou a questão. - Por que está fugindo de mim dessa jeito?
- Eu não estou fugindo...
- Você está, sim! - ela engoliu seco.- Eu sei que está. Só não consigo entender o porquê. - já estava muito próximo e olhava atentamente nos olhos dela. - O que eu fiz de tão errado para você me evitar tanto? - parou em frente a ela. - Você está arrependida do que houve entre nós?
- O quê? Não! - se apressou em dizer. - Eu só...- se afastou dele, indo para o outro lado do cômodo. - É complicado.
- Me explique. Eu vou tentar entender. - se virou pra ela.
- Olha, eu sei que você ainda ama o Jimin e que as coisas entre nós dois foi um erro...
- Não, não foi um erro. - ela o encarou surpresa. - Eu não sei o que exatamente você acha que eu penso sobre aquela noite, já que não me deu oportunidade de esclarecer...- voltou a se aproximar dela. Viu seus olhos marejados. - Mas eu não me arrependo e não acho que tenha sido um erro.
- Taehyung...- ele pegou uma de suas mãos.
- Eu não consigo parar de pensar em você desde aquela noite...não só no que houve entre nós, mas de todas as vezes em que você esteve por perto. - fitou seus olhos. - Songyon...- pegou a outra mão dela. - Eu sinto a sua falta. - ela soluçou em silêncio quando uma lágrima traçou seu rosto. - Eu estou ficando louco de tanto que penso em você...- levou a mão ao rosto dela, secando a lágrima. - Songyon, eu amei o Jimin por muito tempo e nunca percebi o quanto você era especial esse tempo todo...
Depois da noite em que transaram, Songyon sabia que as coisas com Taehyung seriam complicadas.
Naquela mesma noite ele havia se irritado e sido muito ríspido pelas verdades que ela havia dito a Jimin. Então tudo o que aconteceu entre eles depois havia sido um erro.
Pelo menos para ele, na concepção dela.
Ela o amava há tanto tempo, que não tinha como não acabar criando esperanças errôneas depois do que houve e vê-lo ainda a ignorando e correndo atrás de alguém que não o amava já tinha feito sua cota de paciência se esgotar.
Não ficaria por perto e o veria ser tão firme em algo que não lhe pertencia. Não conseguiria suportar vê-lo preso em um sentimento ainda cercado de auto-piedade. Seu coração não aguentava mais.
Foram tantos anos vendo-o cercando o ômega com um amor que queria para si.
Desde que Jungkook foi embora ela se tornou a pessoa mais paciente do mundo e esperou pelo dia em que ele se daria conta que aquele sentimento poderia ser destinado a outra pessoa. Pior ainda, esperou que ele nutrisse-os por ela.
Aos poucos se aproximou dele nas últimas semana antes do último fim de ano, depois que o alfa voltou. Odiava vê-lo tão deprimido. Queria estar por perto e lhe dar o suporte que precisasse, mesmo que ele não percebesse seus sentimentos.
Mas depois da noite de natal, depois de passarem aquela noite juntos, ela ousou aumentar seu nível de esperança. Mas quando ele pediu que fingissem que ela nunca havia acontecido, seu coração murchou por completo.
Quando passaram a noite de ano novo juntos, ela não tinha o menor arrependimento de ter transado com ele, mas seria demais para ela se ouvisse da boca dele que havia sido um erro.
Então preferiu se afastar.
Ao voltar para Mapo-Gu, quando as coisas pareciam ser simples, ela definhava cada vez mais ao pensar nele diariamente. O que já não era nenhuma novidade para si, mas ao contatar que estava vinculada a ele as coisas só pioraram.
Quando um alfa ou ômega adquire sentimentos por outra pessoa, ele fica resguardado em seu peito por um tempo, mas ao menor contato físico, quando seus genes entram em euforia através de um ato recíproco, não tem mais como voltar atrás.
Cada célula de seu corpo atribui uma necessidade instantânea de estar com seu parceiro, gerando o vínculo.
E foi assim que ela passou semanas em um total descontrole. Seu heat estava desequilibrado, seus feromônios enlouquecidos e seu peito parecia doer pela falta que sentia dele.
Seus cabelos, pele, unha, humor e apetite estavam volúveis. Ficou totalmente instável.
A intensidade do vínculo era muito forte, pois os anos que ela passou esperando pelo menor toque, afeição ou carinho dele só intensificaram tudo.
Hoje, quando chegou a casa do lago e sabia que o encontraria pela última vez, toda a estabilidade que havia conseguido manter nos últimos meses se esvaiu. Junghyun teve de ajudá-la a intensificar a maquiagem para a cerimônia, seus feromônios exalavam em uma fração incontrolável. Havia trago consigo seus supressores, mas ela não os encontrou em lugar algum depois da festa, então recorreu a Sra Kim, que era enfermeira e sempre mantinha uma quantidade consigo para certas emergências, já que tinha um filho ômega.
Agora, com Taehyung ali, naquele quarto, na sua frente, ela corria um perigo que não tinha ideia da dimensão.
Sua sorte era que ele não era alfa, pois não saberia o que fazer se ele fosse atingido por seus feromônios.
- Taehyung...- deu um passo atrás. - Você não pode chegar...
- Não fuja mais de mim, Songyon. - deu um passo à frente.
Ele levou uma de suas mãos à boca e deixou um beijo em sua palma, então a encarou. Viu quando ela fixou o olhar em seus lábios e engoliu seco.
- Você não precisa ficar longe de mim. - diminuiu ainda mais a distância entre eles. - Não vá para os Estados Unidos, volte para Seul...fique...comigo. - os olhos dela piscaram compulsivamente depois de mais uma lágrima os deixarem.
A outra mão dele foi a nuca dela e ele encostou seu nariz no dela, de olhos fechados. Ele queria sentir ainda mais a presença dela, precisava daquilo.
Seu polegar passou de leve na bochecha acarinhando sua pele macia.
O coração dela estava tão rápido que ele conseguia sentir cada batida dele com seu corpo junto a ela.
Cada célula de seu corpo pertencia a ele, ela já sabia disso antes. Mas naquele momento ela teve certeza que jamais conseguiria viver longe dele. Nunca mais.
E ele jamais se afastaria dela outra vez.
Ele a beijou com tanto carinho que os feromônios dela exalaram ainda mais forte. Todo o cômodo estava tomado pelo turquesa que também presenciava em seu olhos quando ele se afastou e a encarou.
Ele viu quando eles lentamente mudaram para roxo.
- Eu amo você, Songyon! - sussurrou.
Subitamente ela prendeu a respiração. Ele notou isso junto com expressão de surpresa em seu rosto.
- Taehyung...
- Eu nunca mais quero ficar longe de você. - beijou a ponta do nariz dela quando ela o abraçou forte. - Nunca mais!
- Eu também amo você! - finalmente declarou com o rosto junto ao peito dele. - Sempre amei!
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