Capítulo 38
Jimin estava no final da primeira estação e sua barriga já não o permitia dormir do jeito que mais gostava: de bruços.
Estava tendo noites bem movimentadas, já que também não conseguia permanecer muito tempo na mesma posição. Acordava sempre de mal humor.
Abriu os olhos e procurou por Taehyung. Não o viu então sentou-se.
- Taehyung...!? - chamou pelo beta.
- Tudo bem, Sr Park, eu estarei lá! - entra no cômodo falando ao celular. - Não se preocupe, Jimin está bem. - encara o ômega de cara fechada que se joga deitado na cama - Certo! Até breve.- encerra a ligação. - Está tudo bem, Jimin-ah? - se aproxima e senta na cama.
- Não! Estou de mal humor. - puxa um travesseiro contra o rosto.
- Eu imagino que sim.
- Por que você não estava aqui comigo? - questionou manhoso.
- Eu sei que você não tem dormido bem, então prefiro deixar você com mais espaço na cama para ver se consegue descansar um pouco. - explica.
- Eu não quero mais espaço, quero você comigo.
- Mas eu ainda estou aqui com você, mesmo que no sofá. Basta você me chamar e eu virei.
Jimin se vira pra Taehyung e deita a cabeça em seu colo, abraçando sua cintura.
- Eu prefiro você aqui, deitado do meu lado. - passa a cabaça nas pernas do beta, como um gatinho procurando por atenção. Taehyung sorri.
Taehyung põe a mão em sua cabeça e enfia os dedos compridos nos cabelos já longos que o Jimin se nega veementemente a cortar.
- Você deveria se levantar e tomar um banho, ou vai se atrasar para a aula.
- Eu não quero ir à faculdade hoje, estou cansado. - resmunga.
- Você diz isso todas as manhãs.
- E você me obriga a ir assim mesmo. - esconde o rosto contra a barriga do amigo.
- Então sabe que hoje não será diferente. - conclui.
Jimin se afasta emburrado, jogando a coberta contra a cama, irritado. Se levanta o mais rápido que pode e puxa a camiseta larga para cobrir a barriga.
- Que chato! Você diz que compreende o que eu estou passando, mas não age como meu amigo. Às vezes parece até meu pai! - segue ainda mais emburrado para o banheiro, batendo a porta.
Taehyung se recosta na cabeceira da cama, rindo do jeito infantil que o ômega de comporta em certas situações.
- Deixei seu almoço pronto na geladeira. Não se esqueça de comer direito quando voltar.
Jimin abre a porta do banheiro e coloca a cabeça para fora, encarando Tae.
- Você não vai voltar comigo?
- Preciso ver seu pai depois da aula. - Taehyung se levanta da cama, passando as mãos pelos cabelos.
- Cancele! Preciso de você aqui comigo.
- Não posso, ele disse que era importante.
- Ele sempre diz isso, mas só aparece com mais algum presente para o bebê. - volta a fechar a porta do banheiro.
Os encontros com os Parks têm sido cada vez mais constantes. Quando não é a Sra Park, são os dois juntos. Eles já estão bancando os avós corujas mesmos que a criança ainda não tenha nascido.
- Tome logo seu banho e pare de resmungar como uma velha!
Depois da aula, Taehyung foi até uma lanchonete no outro bairro. Não entendia o porquê desse encontro em um lugar tão afastado, mas era o pai do Jimin, ele podia confiar em ir até ele.
Chegou lá e o Sr Park já o esperava em uma mesa. Ele se aproximou e o cumprimentou com uma reverência. O Sr Park lhe indicou que se sentasse na cadeira à frente. E ele assim fez.
- Qual o motivo desse encontro? - Taehyung perguntou sem muito interesse, já estava acostumado com esses encontros.
- Direto ao ponto, gosto disso! - afirmou o Sr Park. - Tudo bem, sem rodeios...Eu quero saber o porquê de você e o meu filho terem mentido sobre você ser o pai do bebê?
Taehyung ficou branco como um papel ao ouvir a pergunta, não sabia ao certo para onde olhar. Foi pego de surpresa.
- Eu...bem...
Na verdade eles não haviam mentido de fato sobre aquilo, os pais de Jimin que tinham tirado conclusões precipitadas já que Taehyung se apresentou junto ao filho na hora de lhe contarem a notícia. Mas o fato deles não contarem quem era o pai e Tae estar sempre junto a Jimin em momentos tão importantes não lhes daria outra perspectiva.
- Na verdade...Jimin não mentiu pra vocês. Eu que não deixei que ele lhes contasse sobre isso.
- Entendo. - o Sr Park coloca os cotovelos sobre a mesa e entrelaça os dedos, levando-os junto a boca, pensativo. - E quem é o pai da criança?
Taehyung engoliu seco. Sabia bem que o pai era o Jungkook. Jimin não precisou lhe contar, já que estava com ele na viagem até o lago, e sabia que os dois passaram a última noite juntos.
- Eu acho que o senhor deveria perguntar ao próprio Jimin. - diz evasivo.
- Eu já perguntei, mas ele não nos diz quem é. - se recosta em sua cadeira.
O silêncio recai sobre a mesa, e Taehyung encara os próprios dedos sobre o colo.
- A propósito Sr Park, quem lhe contou sobre isso? - ficou curioso.
- Jimin contou a Seojin. Ele diz que estamos pegando muito pesado contigo, e acabou soltando essa informação.
- Entendi.
Aquele baixinho irritante. Como conta tudo para a mãe dele e não me diz nada? Eu devia era deixar ele sem o frango frito apimentado que ele tanto gosta.
Jimin achava que os pais estavam sobrecarregando Taehyung com tantas idas e vindas a lojas, lhe enchendo de perguntas sobre cuidados com bebês e lhe enchendo a cabeça com futuras obrigações. Jimin achava tudo muito injusto com alguém que só lhe fazia bem.
- Eu acho muito corajoso e altruísta da sua parte tomar uma responsabilidade dessa pra si.
- Não é certo que Jimin passe por toda essa fase sozinho. E se ele não está com o pai do bebê para ter esse suporte, eu estarei ao seu lado pra isso.
- Você gosta mesmo do meu filho, não é?
- Mais do que conseguiria expressar em palavras, Sr Park. Jimin é muito importante pra mim, e eu não vou sair do lado dele em um momento como esse. - o Sr Park encara Taehyung com um meio sorriso.
- Espero que vocês possam permanecer juntos.
- Eu também espero, Sr Park. Eu quero muito poder cuidar do Jimin do jeito que ele merece.
π
Jungkook tinha acordado mais um dia indisposto. Não vinha conseguido dormir bem a noite. E Suga via isso claramente pelo jeito que ele praticamente se arrastava durante o treinamento.
Se viu obrigado a ir até seu superior e pedir que dispensasse JK do treinamento com armas. Não gostava de pensar na desgraça que aconteceria se alguém colocasse uma arma ou granada em suas mãos.
Depois do treinamento matutino, Suga o viu sentado em um toco de madeira, recostado em uma tenda. Cochilando.
Nossa, ele está horrível. Literalmente acabado.
- Ei! - se aproximou e deu um tapa leve em sua perna.
- O quê? - se levantou rápido, olhando para um lado e pro outro. - O que houve?
- Ainda com problemas pra dormir? - Suga se recosta na tenda oposta, cruzando os braços.
- Eu não sei o que está tirando o meu sono, sempre dormi muito bem. - senta-se novamente.
- Seu vinculado tem problemas pra dormir? - Suga se agacha, apoiando os cotovelos nas coxas, entrelaçando os dedos à frente.
- O Jimin-ssi? - JK franze o cenho. - Não. Na verdade ele dorme como uma pedra. - sorri ao se lembrar de quando Jimin dormia em sua casa, ou ele dormia na de Jimin.
- Então não sei qual é o seu problema.
Três soldados transitam entre eles, e JK passa as mãos pelo rosto, sentindo-se cansado.
- Eu vou tentar falar com ele. - diz baixinho.
- Hoje?
- Não. - JK baixa a cabeça e passa a mão pela nuca. - Eu vou pedir aos meus pais para entregarem em contato com os pais do Hoseok ou o Namjoom, pegar o contato deles. Preciso primeiro ter uma ideia de como andam as coisas, e se Jimin cogitaria a ideia de falar comigo.
- E você acha que é certo dar esperanças assim pra ele?
- Eu não darei esperanças a ele. Só quero...falar com ele, ouvir sua voz...
- Pare pra pensar um pouco; se ele está em um relacionamento, mesmo que ainda não ame seu parceiro, você chegar assim, de uma hora pra outra e estabelecer contato, acha mesmo que não estaria dando esperanças a ele?
- Eu não pensei dessa forma.
- Claro que não pensou.
Jungkook não queria iludir Jimin com a expectativa de que eles voltariam a ficar juntos. Ainda queria que Jimin fosse livre para ter sentimentos por quem quisesse, ele não era destinado a permanecer com alguém por causa de uma classificação genética.
E mesmo que ele fosse sofrer por Jimin se apaixonar por outra pessoa, ainda preferia isso do que deixá-lo pressionado a ficar ao seu lado.
As dores físicas eram bem toleráveis, mas as sentimentais faziam JK definhar cada dia mais. Essas eram insuportáveis.
π
Taehyung chegou em casa, tirou os sapatos e deixou próximo a porta, vendo os de Jimin ali. Pelo silêncio no apartamento ele concluiu que o menor estava dormindo. O que não o surpreendia, já que suas noites vinham sendo escassas de um bom sono.
Foi até a geladeira, quando a abriu notou que Jimin não havia comido seu almoço.
Aish, Jimin-ah, o que eu faço com você hein? Outra vez foi dormir sem comer sua refeição!
Tomou um pouco d'água e pensou em tomar um banho e comer alguma coisa, já que se recusou a deixar que o Sr Park lhe pagasse uma refeição.
Seguiu pelo corredor silenciosamente, tirou o casaco, deixou sobre o sofá e depois tirou a camisa, chegando à porta do quarto. Pouco antes de entrar ouviu um soluço choroso. Abriu lentamente a porta e viu Jimin deitado na cama.
- Jimin-ah!? - o chamou assim que entrou.
Jimin passou a manga comprida do blusão que usava pelo rosto, tentando se livrar das lágrimas.
- Jimin-ah, você está bem? Aconteceu alguma coisa? - Tae se preocupou e alcançou rápido a cama. - Está sentindo alguma coisa?
Quando Taehyung tocou em seu ombro, o puxando para que se virasse para ele, Jimin não conteve mais as lágrimas, chorou ainda mais.
- Jimin-ah, me diz o que está acontecendo!?
- Por que eu sou assim, Taehyung? Por que eu faço isso com você? - tentava esconder o rosto com as mãos, mas o beta sempre as tirava. Ele queria entender o que estava acontecendo.
- Do que está falando Jimin-ah?
- Eu não quero que você fique preso a mim, nem a esse bebê. Eu não quero que você desperdice sua vida dessa maneira. - dizia em meio ao choro pesado.
- Para de falar essas coisas Minie!
- Você precisa viver sua vida...e não é certo que esteja aqui sempre a meu dispor.
- Minie...já chega de falar isso! Não quero mais ouvir essas bobagens!
Taehyung puxou Jimin para seu colo. O menor se encolheu em seus braços e suas lágrimas molhavam o peito nu dele. Tae queria entender o que havia acontecido para ele estar daquele jeito, mas não o questionaria agora, só queria que ele se acalmasse.
Mais cedo, pouco antes de sair da faculdade, Jimin avistou um professor em uma das salas. Entrou e foi até sua mesa, precisava sanar uma dúvida sobre a matéria. Saiu de lá um pouco apressado, mas ainda teve tempo de notar que havia esquecido seu caderno de anotações sobre a mesa dele.
Resolveu voltar para buscar, mas mates de entrar na sala, ouviu 3 alunas que permaneciam ainda na sala, conversando entre si.
- ...Você viu que ele está grávido?
- Daquele bonitão?
- Não!
- Mas ele não é beta?
- Sim, ele é. E não é o pai do bebê desse ômega!
- Jura?
- Achei que eles estivessem juntos...
- Eu também achei isso, mas a xxx, da turma de administração disse que ouviu quando ele estava no telefone outro dia, e deixava claro para quem estava do outro lado da linha que o bonitão não é o pai do bebê.
- Que escândalo!
- Será que ele sabe?
- Eu duvido muito. Já viu como é grudado com esse ômega? Tenho certeza que se soubesse não estariam dessa forma. Ele não perderia tempo dando tanta atenção assim a um bebê que não é dele.
- Então ele é um mentiroso descarado!
- Sim...
Jimin não conseguiu mais ficar ali parado ouvindo aquelas coisas. Não por ser citado como um mentiroso descarado, mas por saber que elas tinham razão no que dizia respeito ao bonitão.
Foi para casa, não se preocupou em comer ou deixar as coisas em seu devido lugar, já que Taehyung insistia que ele as mantivesse assim para que o apartamento não ficasse sempre desorganizado. Tirou seus sapatos ali mesmo, jogou a mochila em cima da mesinha de centro da sala, a qual deslizou sobre o móvel e caiu no tapete. Correu para o quarto, se livrou das roupas mais pesadas, já que estavam no outono e o clima havia esfriado bastante, e se jogou na cama, dando mais espaço em seu rosto para que as lágrimas corressem soltas.
Agora estava ali, mais uma vez envolto nos braços aconchegantes do seu beta favorito.
- Você precisa viver sua vida, eu não posso mais ficar te prendendo, cuidando de mim e de um bebê que não é seu...- soluçava.
- Jimin-ah...cala a boca...- Taehyung estava com uma mão na cabeça de Jimin, o mantendo junto ao peito. E falava contra seus cabelos. - não quero mais ouvir isso!
- Taehyung...
- Você acha que eu faria alguma coisa com um sorriso no rosto se fosse contra minha vontade? Acha que eu estaria feliz se não estivesse aqui por querer estar?
Jimin se afasta um pouco e encara os olhos marejados de Taehyung. Seu coração aperta ao vê-lo daquele jeito.
- Tae...
- Presta atenção no que eu vou te falar Minie...- ele põe as mãos uma de cada lado do rosto de Jimin, e olha bem em seus olhos. - Você acha que eu estaria aqui, perdendo meu tempo para acordar ao seu lado de mal humor todos os dias? - Jimin engole seco. - Eu gosto de ver seu sorriso todos os dias, e enfrentar seu mal humor faz cada um deles valer muito a pena. - passa os dedos pelas bochechas molhadas do menor. - Eu estou aqui para ficar do seu lado nos momentos bons e ruins, eu escolhi isso. E não me arrependo. - Taehyung fecha os olhos e coloca sua testa contra a do ômega. - É assim que estou vivendo minha vida Minie, amando você em cada momento...- suspirou quando mais lágrimas escaparam de seus olhos fechados.
Desde que voltaram da viagem à casa do lado, Taehyung já havia dito inúmeras vezes o quanto amava Jimin. Assim como ele dizia de forma a não ultrapassar a barreira da amizade, Jimin sentia que era dessa forma que ele retratava seus sentimentos. Mesmo tendo ciência do que estava guardado lá no fundo de seu peito.
Mas agora, ali, naquele momento, Taehyung não suprimiu seus sentimentos, estava de coração aberto, expondo cada fragmento de amor por inteiro. E Jimin sentia a intensidade deles em cada palavra.
- Eu amo você Park Jimin! E eu sou feliz assim, ao seu lado, em todos os momentos. Mesmo quando você sorri ao sonhar, e eu saber perfeitamente bem que não sou eu nele, segurando a sua mão, beijando a sua boca... Sei que não fala deles para não me magoar, e só de saber que você faz o possível para não me ver triste, só faz com que meu coração te ame ainda mais, porque sei que se fosse por nós dois, eu já teria seu coração do mesmo jeito que você tem o meu. - agora foi Jimin quem passou os dedos em seu rosto, secando suas lágrimas. - Eu posso até não ser o pai do seu bebê, mas ele é parte de você, e eu amo tudo que há em você!
- Tae... - Jimin só sabia chamar pelo seu nome e sentir a profundidade que cada palavra dele alcançava seu peito.
Jimin voltou a aproximar seu rosto do de Taehyung, mas dessa vez tocou levemente os lábios dele com os seus. O beta sentiu a maciez da boca do outro na sua e não reagiu de imediato. Porém, quando Jimin encostou mais seu lábios, ele suavemente passou sua mão pela nuca de Jimin, e enfim o beijou.
Era um beijo com tantas emoções e sentimentos envolvidos, que ambos se perdiam em cada envolvimento de suas línguas. Um beijo que continha compreensão, lealdade, comprometimento, cumplicidade... carinho...adoração...amor!
Entre eles, um pequeno ser fazia seus primeiro movimentos enquanto era envolvido em tantos sentimentos bons. A barriguinha de Jimin estava contra o abdômen de Tae, ele também podia sentir os efeitos daquele momento carregado de significados.
O mundo girava lá fora, as pessoas corriam apressadas de um lado para o outro, os pássaros voavam livres batendo suas asas para outros rumos. Porém, em um certo edifício, no 22° andar, específicamente em um quarto, sobre uma cama de lençóis amarrotados, dois jovens estavam nos braços um dos outro derramando lágrimas e declarando seu amor como se o mundo tivesse parado só para eles naquele momento.
π
Do outro lado desse mesmo mundo, Suga observava JK amarrar os cadarços de seu coturno com cara de poucos amigos.
- Você está bem? - arrumava seu colete, finalizando os preparativos para a próxima rodada de treinamento.
- Estou!
- Ainda está sentindo as dores no peito? - Suga colocou um mão em seu ombro, tentandos obter sua atenção.
- Não é nada de mais. Daqui a pouco passa.
Suga levantou do banco que dividia com JK, pegando seu capacete e colocando sobre a cabeça.
Quando Jungkook voltou a se sentar ereto, arrumado seu rádio comunicador, seu peito doeu ainda mais, o brigando a se curvar outra vez.
- Merda! - cochichou junto ao joelho.
- Jungkook!? - Suga se agachou próximo a ele. - Acho que você precisa de atendimento médico...
- Não! Eu vou ficar...- se ajoelhou no chão com uma das mãos apoiando seu peso e a outra apertando parte do colete.
- Jungkook! - Suga sabia que ele estava se fazendo de forte, mas que as coisas estavam piores do que podia imaginar. - ALGUÉM CHAMA UM MÉDICO! - Suga gritou para os soldados que estavam próximos, aguardando para o início do treinamento.
- Eu tô sentindo...- JK ofegava. - Ele está...
Caiu deitado no chão, e Suga viu as lágrimas deixando seus olhos. Ele imediatamente colocou JK de barriga pra cima e abriu seu colete.
- O que exatamente está sentindo? Precisa me dizer! - Suga dizia preocupado, já abrindo a camisa dele.
- Dói... dói muito! - ele levou a mão ao peito. - Mas ele está...feliz...- conseguiu sorrir quando as lágrimas escorram pelo canto de seus olhos.
Jungkook encarava as nuvens no céu enquato seu peito era dilacerado por uma dor que ele classificava como insuportável, mas ainda assim sorria.
- Ele está delirando? - um dos soldados questiona ao se aproximar junto com outros curiosos, e ver JK sorri ao mesmo tempo que murmura e chora.
- Cala a boca porra? CADÊ O MÉDICO? - gritou impaciente.
JK pegou na mão de Suga e procurou seus olhos.
- Ele está feliz! - conseguiu dizer em meio aos soluços.
- Para de falar, não deve se esforçar. - Suga o adverte.
JK estava ofegante, e seu corpo passou a se movimentar com leves espasmos. Suga colocou dois dedos em sua jugular e sentia o batimento extremamente acelerado do coração de JK.
- Saiam do caminho! - o médico corta caminho entre os soldados. - O que houve com ele? - pergunta para ninguém específico.
- Acho que ele está com arritmia cardíaca. - Suga indica.
O médico se vira para o lado em que veio, acenando com o braço para um enfermeiro que vinha logo atrás com uma maca.
- Ele finalmente se sente feliz...- JK sorri com o corpo ainda tremendo.
- Ele está morrendo? - o soldado da primeira vez pergunta de novo.
- Não porra! Ele não está!- Suga tenta não pensar em nada além dali no momento.
- Ele encontrou alguém que desse a ele o que eu não podia...
- Cala a merda dessa boca! Está fazendo parecer suas últimas palavras. - Suga também não conseguia controlar o choro.
- Eu...- o corpo de JK da um ultimo espasmo e desfalece enquanto é colocado na maca.
- Não! Não, não, não! - Suga cai sentado no asfalto quente, apoia os braços nos joelhos e passa as mãos pelo rosto, subindo até a cabeça e tirando o capacete. - De novo essa merda, não!
Suga sabia bem como era perder alguém em sua vida, e depois da Jihye ele não se permitiu ter proximidade com outras pessoas, seja qual fosse o tipo de relacionamento. Sabia que sofrer não era nada bom. Mas conheceu JK, o ajudou como pôde, se tornaram amigos, e o alfa confuso passou a ser como alguém de sua própria família, por mais que ele não fosse adepto a demonstração. JK era como um irmão, e ele odiava a mera possibilidade de perde-lo também.
O enfermeiro junto com outro soldado levantou a maca, e andou o mais rápido que pôde até a tenda médica. Suga sequer pensou em outra coisa que não fosse acompanhá-lo ao atendimento médico.
JK estava desacordado e agora era o coração de Suga que acelerava dentro do peito, na agonia por vê-lo abrir os olhos novamente.
Na tenda médica Suga foi impedido de entrar, o que o fez recitar quase um livro de tantos palavrões.
- Seu maldito filho da mãe, você não pode morrer! - murmurou sozinho, enfiando os dedos pálidos nos cabelos.
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