Capítulo 28
Já haviam se passado duas semanas, e Jungkook ainda estava visivelmente irritado. Estava bravo consigo mesmo, por ter ido embora outra vez, sem dizer os porquês a Jimin. O arrependimento o corroía todos os dias.
Por mais que tivesse o dia tomado por treinamentos físicos e estratégicos, a noite os mesmos pensamentos tomavam sua mente. Ele ia se deitar, e encarava o beliche de cima por horas antes de conseguir pegar no sono.
Eu fiz a coisa certa, ele estava começando uma vida nova com outra pessoa, e eu sou complicado demais para permanecer na vida dele. — ele ditava como um mantra em sua cabeça. Mas seu coração gritava que ele estava errado.
— Ainda pensando naquele beta? — Suga deita na cama ao lado, se preparando para dormir.
— Não enche o meu saco. — JK nem se deu ao trabalho de olha-lo.
Suga apenas deu um sorriso sarcástico, se cobriu e fechou os olhos.
Seria mais uma noite longa pra Jungkook.
Ω
Namjoon, JHope e Taehyung estavam na casa de Jin para mais uma noite de jogos. Eles estavam aproveitando esse tempo que ainda têm para ficarem juntos antes da ida para a faculdade. Sabiam que depois disso, o tempo seria algo bem limitado para se verem.
Enquanto os outros 3 debatiam sobre qual jogo eles jogariam primeiro, Taehyung estava no outro sofá, pensativo.
— Taehyung, só falta o seu voto, qual devemos jogar primeiro? — Namjoon chama sua atenção.
— Eu...não sei. Qualquer um. — disse simples.
Taehyung ficava pensando no último domingo que viu Jimin, sabia que tinha feito merda, e agora não sabia como concertar as coisas.
Ele foi precipitado, não devia tê-lo beijado naquele momento, mas não conseguiu se conter.
Namjoon senta ao seu lado, tirando-o de seu devaneio.
— Você deveria ir vê-lo.
Taehyung o encara confuso, não sabia se o amigo entendia bem o quão complicadas as coisas estavam.
— Não creio que seja tão simples. — prossegue encarando a tv à frente.
— Você precisa começar a simplificar de alguma forma. — ele lhe dirige um olhar sério. — Não importa o quão difícil as coisas são, elas se resolvem do mesmo jeito, com conversa. E se você quer mesmo reparar qualquer coisa, ou dar um passo adiante, tem que começar da mesma forma.
Taehyung o observou, pensou, e sabia que ele estava certo. Ele tinha que começar a arrumar as coisas com o Jimin. Mesmo que as coisas não fossem do jeito que ele gostaria. Estava pronto para abrir mão do que fosse, menos da amizade dele.
— Eu não quero desapontar o Jin, ele...
— Pode ir, eu explico tudo pra ele. — colocou a mão em seu ombro, lhe dando apoio.
— Obrigado, Nam!
Taehyung foi até a casa de Jimin, bateu na porta e foi atendido por sua mãe.
— Boa noite, Sra Park. O Jimin está em casa? — ele sabia que estava, mas ainda assim perguntou, com um sorriso no rosto.
— Boa noite, Taehyung! — ela sorrio largamente de volta. — Está sim, lá em cima no quarto dele, e eu preferia que não estivesse. — ela puxa mais a porta, lhe dando espaço para entrar. — Espero que você consiga tira-lo de lá, duas semanas são muito tempo para um jovem na idade dele ficar preso dentro de um quarto. Espero que não esteja enlouquecendo. — ela brinca. Tae sorri.
— Eu não posso garantir nada, mas eu vou tentar. — ele diz tirando os sapatos.
— Boa sorte! — ela estende o braço em direção a escada, autorizando seu acesso.
Taehyung corre pelas escadas e a passos largos atravessa o corredor, chegando a porta de Jimin. Ele já esteve ali inúmeras vezes, mas aquela situação o estava deixando ansioso, nervoso. Ele bateu calmamente e esperou.
Jimin abriu a porta e se surpreendeu com a visita.
— Posso entrar? — Jimin olha para dentro do quarto inseguro, mas permite que ele entre.
— Não repare na bagunça. — adverte.
Taehyung entra e realmente estava uma bagunça. Eram vários pacotes de salgadinhos e biscoitos pelo chão, caixas de pizza amontoadas ao lado do computador, e roupa caindo pela porta do guarda-roupas. Bem diferente do quarto sempre bem organizado que Jimin mantinha.
Depois de entrar, ele parou a dois passos da porta e já estava pisando em uma embalagem de chocolate. Jimin fechou a porta e voltou para a cama, se jogando sobre ela e dando atenção a algum filme que passava na tv.
Jimin puxou um balde de pipoca que estava na mesinha de cabeceira, e colocou um punhado na boca.
— Jimin...
— Hum... — ele não tirava os olhos da tv.
— Precisamos conversar.
— Não pode ser depois que eu terminar de ver o filme? — fez uma cara emburrada. Aquilo tirou Tae do sério.
Ele estava todo preocupado em como o Jimin vinha passando os últimos dias, e se estava triste demais para poder fazer qualquer coisa, e na verdade encontra um Jimin com um comportamento duvidoso.
Ele se aproxima da cama, se inclina sobre o Jimin, pega o controle da tv e a desliga.
— Ei...! — o menor protesta.
— Vamos conversar. E agora!
— Eu não tenho nada pra conversar. — evita o olhar de Taehyung.
— Você tem ideia de o quanto nós estávamos preocupados com você?
— Não tinham motivos para ficarem. Estou em casa, seguro e bem. — replica.
— Sim, você está em casa, seguro, mas nada bem. Não adianta você negar, esse não é o Jimin que conhecemos.
— Talvez eu tenha mudado...
— Para com essa bobagem. — Taehyung fica frustrado. — Você não é assim.
— E o que você sabe de mim? — Jimin levanta irritado. — Só porque você me conhece há poucos anos, não significa que saiba o que eu sinto...— ele se aproxima de Tae, apontando o dedo em seu peito. — não sabe como as coisas acontecem dentro de mim, da minha cabeça, ou como afetam meu comportamento.
— Jimin...
— Não pense que você sabe tudo sobre mim, porquê você não sabe de porra nenhuma. — brada com lágrimas despontado em seu olhar triste, e ao mesmo tempo furioso. — Você acha que quero estar sentindo tudo isso?
Taehyung engole seco, da um passo pra trás e sente o peso de seu desabafo.
— Acha que gosto de amar uma pessoa que não se importa com meus sentimentos? — ele segue contra Taehyung, enquanto as lágrimas se espalham em sua face. — Acha que estou feliz em ter meus sentimentos pisados desse jeito? Você pensa que eu não odeio isso tanto quanto qualquer outra pessoa?
Taehyung tem o rosto tomando por lágrimas também, ouvir Jimin descarregar tudo aquilo lhe dói demais.
— Eu odeio toda essa merda mais do que tudo. — ele para assim que Taehyung bate com as costas no guarda-roupas, passa a mão pelo rosto se livrando das lágrimas. — E eu odeio o fato de você gostar de mim também.
Taehyung sente o coração apertar, uma agonia se espalhar por seu corpo e a decepção tomar sua consciência.
— Jimin-ah...
— Eu odeio...— prossegue cansado. — não poder gostar de você da mesma forma. De não poder escolher a quem meu coração vai pertencer...eu odeio tudo...— soluça em um choro retesado, tentando não parecer fraco pelas lágrimas. — toda essa insuficiência. — ele desvia o olhar, não quer ver o que há nos olhos de Tae.
Jimin estava bravo. Bravo consigo mesmo, odiava não poder controlar tudo o que estava em seu coração, se sentia impotente, vulnerável, manipulável. Era o peso de um amor não correspondido que o enfraquecia, e ele se odiava por não poder arrancar todos aqueles sentimento de dentro do peito, de não poder fechar os olhos e pensar "eu não quero mais sentir isso", e ao abri-los o mundo ser completamente normal, e não essa bagunça que gera sentimentos sufocantes.
Taehyung estende a mão e toca o rosto vermelho de Jimin com uma calma excruciante.
— Jimin-ah...você não tem que se sentir assim.
Jimin volta a encarar seus olhos, e mais uma vez sente raiva. Taehyung é mais alto que ele, e bem mais forte, mas ainda assim ele o pega pela camisa, amarrotando-a e o puxa, ficando com os olhos na mesma altura.
— Por que você não pode simplesmente gostar de outra pessoa? Por que não segue sua vida sem toda essa merda? Por que não mata esse sentimento que diz sentir por mim? — Jimin está fora de controle, por mais que tenha deixado tudo guardado dentro de si, isso se acumulou, e agora não dá pra trancafiar o que está transbordando.
Taehyung coloca suas mãos sobre as de Jimin, sentindo-as tremer. Ele as tira de seu peito, abaixando-as calmamente, sem desviar o olhar dos dele.
— Por que você não mata esse sentimento pelo Jungkook? — ele vê Jimin se surpreender com sua pergunta, tentando entender a lógica dela. — A resposta para as perguntas que me fez, é a mesma que eu fiz a você Jimin. Não é uma questão de escolha ou controle. Apenas sentimos, mesmo que ela acabe com nosso coração no final das contas.
Jimin chora, chora compulsivamente, chora como uma criança que caiu e machucou o joelho, chora com a dor de seu coração se partindo a cada vez que ele se recorda de como um simples sorriso era capaz de fazer seu mundo girar.
— Eu odeio tudo isso Tae...— diz com a voz falha.
— Eu sei. — Taehyung o abraça, com mais lágrimas despontando em seus olhos.
— Eu não quero mais sentir isso. Dói...dói demais! — ele abraça Taehyung de volta, com um certo desespero naquele ato, como se estivesse se afogando, e Tae fosse sua boia salva-vidas.
— Eu estou aqui com você, e estarei sempre para te ajudar a passar por isso. — Tae o aperta em seu abraço, como se assim pudesse protegê-lo de tudo o que lhe machuca. — Você precisa de mim, do seu amigo Taehyung, e eu não vou te deixar nunca. Nunca!
Os dois sentaram em meio a toda aquela bagunça, Jimin chorou até não aguentar mais e pegar no sono. Taehyung o colocou na cama, o cobriu, arrumou toda aquela bagunça no quarto — isso fazia sua mente trabalhar em coisas mais úteis do que pensar em tudo aquilo que aconteceu — e antes de ir embora deixou um beijo demorado em sua testa.
— Você vai ficar bem Jimin-ah, sei que vai. — beijou-o outra vez, mas agora em seus cabelos. — Você merece ter paz...e eu farei o possível pra lhe dar isso. — fechou os olhos, suspirou, deixou um carinho em seu rosto e despediu-se de seu amado. — Eu amo você!
Taehyung deu um ultimo beijo em Jimin, em sua bochecha, se levantou e saiu do quarto. Antes de fechar a porta, olhou mais uma vez para Jimin, e então se foi.
No dia seguinte, Jimin acordou chateado, não devia ter falado daquele jeito com Taehyung, ele não tinha culpa de seus sentimentos confusos e atordoados.
Enviou mensagem para ele pela manhã, ligou a tarde, e nada de conseguir falar com ele.
Não faz isso Taehyung, você prometeu que não me deixaria. Eu preciso de você, por mais egoísta que eu possa ser, ainda assim preciso.
No início da noite, sua mãe atendeu a porta, e Jimin na sala viu Taehyung entrar sorridente. Sem pensar no que estava fazendo, Jimin levantou, correu até ele e o abraçou forte, sentindo seu coração se acalmando.
— Eu pensei que você tinha me deixado também. — Jimin diz sentado a seu lado no sofá, com a cabeça no ombro dele.
— Eu cumpro minhas promessas.
— Eu sei, mas eu tive medo. — ele apertou sua mão que estava entrelaçada a dele. — Sei que estou sendo egoísta, mas...
— Não está sendo egoísta, está sendo sincero consigo mesmo. E comigo também. Sei que precisa de mim ao seu lado, e não está me prometendo nada. Não vou sair do seu lado, eu sou seu amigo, e amigos cuidam um do outro nos momentos difíceis. — Jimin sentiu a ênfase que ele fez na palavra amigo, e sorriu afetado.
— Você é incrível.
— Eu sou, e você não sobreviveria um dia sem mim. — Tae brinca.
— Não mesmo, o dia hoje foi uma droga sem você aqui. — Jimin confessa e Taehyung deixa um beijo em seu cabelo.
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