Capítulo 21
Jungkook encarava seu saco de areia parado, hoje ele não teve ânimo para treinar, acordou angustiado.
Na noite anterior, depois de conversar com Namjoon, ele permaneceu na casinha da árvore e viu pela janela do corredor do segundo andar quando Nam entrou em seu quarto. As luzes permaneciam acesas, mas o silêncio reinava no local. Chegou a conclusão de que todos já haviam ido dormir.
Eu preciso vê-lo. Preciso muito.
Ele desceu da casinha, se esgueirou em frente à casa, calculando o melhor jeito de subir e entrar pela janelinha do andar de cima. Não foi muito difícil já que a cobertura da varanda que ficava do lado direto, de frente para o lago se estendia até àquela parte da frente.
Ele subiu com muito cuidado para não fazer nenhum barulho, quando alcançou a janelinha, torcia internamente para que ela não estivesse trancada. Não deu sorte, ele forçou ela um pouco, e ainda assim nada. Com um pouco mais de insistência, o fecho cedeu e a janela abriu.
— Você precisa de trancas novas Namjoon, essas não são seguras. — murmurou.
No corredor, ele sabia que o último quarto da direita era de Namjoon, o que lhe restava apenas mais três para encontrá-lo. Seguindo pela ordem em que estava, ele tentou o quarto da esquerda, em frente ao de Nam.
Abriu vagarosamente a porta, e estreitou os olhos tentando descobrir quem estava na cama. Quem dormia estava virado para o outro lado, o que dificultou um pouco as coisas pra JK.
Ao abrir um pouco mais a porta, a pessoa na cama se remexeu, ele puxou rápido a porta, sem fecha-la. Esperou alguns minutos, e voltou a abrir. Mas nada, quem estava ali não havia se virado para o lado de cá. JK surpirou cansado. Mas havia algo diferente.
Ele notou que uma das pernas estava agora por cima da coberta.
— Jimin-ssi...! — sussurrou.
Desde pequeno, Jimin costumava colocar uma perna por cima das cobertas quando sentia seu corpo esquentar demais. Até mesmo no inverno ele fazia isso.
Com o coração afoito, ele adentrou o cômodo devagar e fechou a porta em seguida. Com passos silenciosos, ele se aproximou da cama, e ao ver o rosto do menor, que dormia feito um bebê, seu sorriso foi instantâneo.
Ah...como sinto falta desse rosto lindo...
Jungkook tirou os sapatos e andou na ponta do pé até estar de frente a ele.
A respiração dele estava tranquila, ele dormia tranquilamente. Feito um anjo. JK se agachou e o observou mais de perto.
Seu coração queria pular para fora do peito, sua respiração estava irregular, seus olhos marejaram e suas mãos suaram. Jimin tinha o dom de fazer JK se perder por completo. Ele sempre esteve ao lado do menor, e nunca teve ideia de que sentiria tanto a falta dele. Tinha total consciência de que se Jimin acordasse e lhe pedisse qualquer coisa, ele lhe entregaria o mundo.
Sua mão pairou sobre a face do anjo, queria toca-lo, sentir seu calor sob os dedos, a maciez de sua pele. Queria lhe fazer um carinho, lhe dizer que sentia sua falta, lhe abraçar...lhe beijar. Ah como JK queria sentir outra vez o sabor dos lábios de seu anjo.
Ele se limitou a suspirar novamente. Se manteve ali, parado, apenas o observando. E ele já agradecia ao universo por ter pelo menos isso.
Ele sentou-se chão, sentiu algo molhado por baixo do traseiro, puxou, e ao notar que era uma bermuda, deixou ali ao lado de seus pés.
Por algumas horas ele permaneceu assim, Apenas observando-o dormir. Não era bem o que ele queria, mas ainda assim estava satisfeito.
— Sem treino hoje? — Suga chega interrompendo os pensamentos de JK.
— Não estou afim. — respondeu cabisbaixo.
— O que há com você? — quis saber.
— Nada. — ele se afasta do saco de areia, evitando contato visual com Suga.
— Se quer guardar pra si, tudo bem. — Suga o ignorou — Vá se trocar, vamos dar uma volta.
— Onde vamos? — JK ficou curioso.
— Eu tenho uma coisa pra resolver, e você vai comigo.
— Você só pode estar brincando né? — JK se vira pra ele, coloca as mãos nos quadris, e franze as sobrancelhas. — Sabe que a qualquer momento posso entrar em hut, e quer que eu saia de casa?
— Se você estiver aqui sozinho, e algum ômega se aproximar, isso seria péssimo, pelo menos na sua concepção. Mas se estiver comigo, ainda posso ter algum controle para que não faça o que não quer.
Jungkook ponderou suas palavras, e ele estava certo. Os feromônios dele poderia tirar-lo dessa espécie de transe que o hut lhe causa.
— Tudo bem. — suspirou alto e voltou para casa para trocar de roupa.
No mercado, Jimin caminhava pelo corredor ao lado de Hoseok. Mais atrás vinha Taehyung. Quando o amigo seguiu olhando pelas prateleiras, Jimin se manteve no lugar, esperando que Tae se aproximasse. E assim aconteceu.
— Taehyung... — ele chama a atenção do outro que observava a prateleira oposta.
— Oi!?
Jimin se aproxima mais, ficando de frente pra ele, a poucos centímetros.
— Será que podemos conversar? — Jimin pisca acanhado.
— Claro! Sobre o quê?
— Bom...— Jimin pigarreia — Você sabe sobre o quê!
Aquilo tomou a atenção do mais alto, que cruzou os braços e aguardou que Jimin começasse a falar.
— Eu queria me desculpar pelo que aconteceu ontem, eu devia ter evitado tudo aquilo, assim não estaríamos nessa situação.
— A de você estar pedindo, outra vez, desculpa por algo que não fez?
— Eu só não quero que...você se afaste.
Taehyung se aproxima mais dele, coloca uma mão em suas costas, e a outra em sua nuca. O puxa um pouco e deixa um beijo em sua testa.
— Eu prometi que não me afastaria de você. Nunca mais. E eu vou manter a minha promessa. — fala olhando em seus olhos. — Agora isso é um problema seu, pois terá que me suportar o resto da vida. — ele arranca um sorriso do menor.
— Você jura que não está chateado?
— Eu juro. — sorri carinhosamente pra Jimin. — Agora vamos lá, antes que meu irmão saia pegando um item de cada prateleira.
— Ah, Jimin, onde estava? — Jimin abre a boca pra responder, mas não deu tempo, pois JHope pega em sua mão, o arrastando para outro corredor. — Venha, quero te mostrar uma coisa!
O supermercado era um desses grandes, que tem de tudo um pouco, e JHope agora lutava para encontrar o corredor certo.
— Ah, encontrei!
Ele segue pelo corredor onde se estendia inúmeros tipos de brinquedos infantis. No final dele, JHope para com Jimin em frente a algumas pelúcias.
— Veja só como são fofos! — Hobi pega uma delas e mostra a Jimin.
— Realmente são adoráveis. — Jimin concorda.
— Eu queria poder levar uma de cada, assim minha prateleira ficaria bem colorida. — Hobi prossegue sorridente.
Jimin sente o celular vibrar no bolso, quando vai conferir, vê que a mensagem é do Namjoon.
— Vamos Hobi, precisamos ir.
— Ahhh....— reclama choroso. — Está bem. — ele devolve a pelúcia à prateleira.
Alguns corredores dali, Suga procura pelo seu setor preferido.
— Precisamos mesmo encarar toda aquela fila no caixa só para você poder encher a cara? — JK reclama.
— Para de querer cortar a minha onda! — Suga continua andando sem dar muita atenção a ele.
Ele para de repente, e JK tromba em suas costas.
— O que houve?
Suga se vira pra ele, e o encara com olhos semicerrados.
— Está sentindo isso?
— Isso o quê?
— Os feromônios...— ele inala com mais intensidade. — Ômega em heat!
Mas Jungkook não está sentindo, e apenas da de ombro, balançando negativamente a cabeça.
— Acho que vou te esperar no carro. — JK se apressa.
Suga inala mais uma vez, fechando os olhos para apreciar o cheiro.
— Ele tem feromônios muito bons.
Quando abre os olhos, um tom azulado está discretamente em suas íris.
— Acho que você gostou mesmo. — JK olha para os lados. — Seus olhos! — cochicha pra Suga.
— Merda!
— Tudo bem, eu vou...
— Vá. As coisas ficariam piores com você aqui.
JK se afasta, seguindo para a saída. Suga continua procurando o dono daquele cheiro que o provoca estranhamente.
No corredor de produtos de limpeza o cheiro parece sumir, mas Suga é um alfa extremamente dominante, seu faro é mais apurado e treinado, então prossegue pelos corredores.
Mais a frente, ele entra em um corredor de brinquedos infantis e o cheiro fica mais forte. Ele vai passando pelas prateleiras, até encontrar uma película que ainda continha o cheiro dos feromônios.
Ele a pega, leva até o nariz e a cheira sem nenhum pudor. Quem visse a cena poderia acusa-lo de pedofilia sem pestanejar. O cheiro estava ficando fraco, mas ele continuava ali.
Suga estava muito atraído pelos feromônios contidos ali e sem perceber, após muitos anos sem esse descuido, ele acaba liberando os seus.
Hoseok e Jimin já estavam na fila do caixa, mas claro, sempre acabavam esquecendo de alguma coisa, e Jimin foi abençoado com o trabalho de voltar e buscar, já que hobi provavelmente se distrairia entre as prateleiras, e Taehyung já estava do lado de fora, disse que precisava passar em uma farmácia.
Jimin procurava pelo corredor de produtos de higiene pessoal. Olhava atentamente cada um deles. Ao entrar no corredor correspondente, pegou o desodorante que JHope queria, e já voltava para a fila. Mas sentiu um aroma diferente no ar.
Ele ficou curioso e tentou saber de onde vinha. Dois corredores à frente, e ele parecia mais forte. Olhou de um lado para o outro e não viu ninguém. Chegou ao final deste, e em um corredor transversal, olhou ao longe.
Sua vista parecia embaçada, e ele esfregou os olhos, e ainda assim ele permanecia ali.
— Jungkook...?
Ele sumiu de seu campo de visão, e Jimin apressou o passo.
Não tem como ser ele. Não aqui. Por que aqui? Você nem se lembra direito dele, não tem ideia de como ele está agora. — a mente de Jimin virou um emaranhado de questões e suposições.
— É ele, eu sei que é! — afirmou para si mesmo.
O aroma estava cada vez mais forte, e Jimin sentia suas pernas fraquejarem. Em determinado ponto precisou se apoiar em uma das prateleiras, mas uma dor aguda atingiu seu abdômen. Ele estava zonzo, mas queria continuar, precisava continuar.
Ao chegar nos fundos do mercado, Jimin o avistou. Ele estava próximo a uma porta.
— Jungkook!
Foi automático, ele virou o rosto para a voz que o chamava, mas depois ignorou completamente. Passou pela porta e saiu nos fundos do supermercado.
Ele me viu, droga, o que faço agora?
JK havia pensando na conversa que teve com Namjoon durante a vigília do sono de Jimin, e havia decidido não falar com o menor agora. Ele partiria no dia seguinte, e imaginar aquele lindo rosto chorando outra vez por causa dele, o fez acovardar.
Ele andava rápido, tentava chegar ao carro de Suga, se esconder lá dentro.
Jimin mal conseguia enxergar alguma coisa a sua frente, mas continuou andando. Passou pela porta, e ao fixar seu olhar em alguns pontos do estacionamento de descarga do supermercado, ele o viu de novo.
Seu coração disparou, e enfim sua pernas cederam. Ele estava indo embora, o estava deixando só outra vez.
— Jungkook! — ele gritou. — Jungkook! — insistiu.
Mas a dor voltou a golpea-lo, e desse vez com mais intensidade. Ele foi ao chão.
JK havia aberto a porta do carro e uma lágrima sorrateira traçava seu rosto ao ouvi-lo gritar seu nome.
Um instante antes de entrar no carro, ele olhou para trás e o pânico o tomou por completo. Jimin estava no chão e pressionava a mão no abdômen.
Ele bateu a porta, e correu. Correu em direção a Jimin. Não importava nada que houvesse decido fazer da vida, ou a distância que ele achava ser a melhor opção para ambos, ele estava desesperado, precisava se certificar de que Jimin estivesse bem.
Ao chegar até Jimin, o menor estava desacordado no chão. Ele o pegou, colocando parte do corpo dele em seu colo.
— Jimin! Jimin! — ele o sacudia. — Jimin, fala comigo! — lágrimas involuntárias tomavam seu rosto. — Jimin! — praticamente berrou.
— Jungkook...— Jimin reagiu dizendo apenas isso.
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