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Capítulo 25 - O Diário de Saramago


Um mês depois...

Decisão Egoísta

— PESSOAL, EU VOU SER PAI!

Zein anunciou dentro do salão da mansão Saramago recém construída pelos mesmo que construíram o palácio real na Espanha, mais um dos inúmeros presentes do príncipe Felipe II, o que acabou trazendo diversas especulações e boatos por toda a nobreza local logo que pôs os pés na ilha Saramago, mais e mais boatos surgiam... Mas Zein estava tão animado e contente com a notícia com um sorriso tão grande que demoraria a desaparecer de seu rosto. Que nem percebeu o perigo se aproximando novamente.

Logo que sentiu o bebê ali, Zein abraçou Alícia e a encheu de beijos e abraços, ele não podia estar mais feliz! Depois, correu ao seus novos súditos para contar a notícia e é óbvio que eles não teriam outra reação além de gritar "LONGA VIDA AO NOVO HERDEIRO SARAMAGO!!" com os braços para cima com as bocas arreganhadas e olhos saltados para fora.

— C-como assim, querida sobrinha? — Castilho foi o primeiro a questionar, curioso e ansioso.

— P-pai? Como? Por quê? Quem? — Valentina colocou as mãos no rosto, sentindo-o esquentar rapidamente. A prima que ansiava algum dia se casar com o famoso e testemido Don Zein Saramago. o que os demais parentes não podiam adivinhar era que Alícia de amante do temível pirata passasse para sua esposa e ainda por cima estava esperando o primeiro herdeiro da enorme fortuna Saramago.

— É sério, Alícia? — Castilho foi o único a não se importar com os porquês, ele só queria saber mais sobre tudo!

— D-de quem? Quem foi a bela donzela que você engravidou, Don idiota? — Blasco Saramago o tio avô rabugento de ambos levantou Alícia pelas duas mãos tentando ver a sua barriga sobre as várias camadas de roupas e a chacoalhou, irritado. — Além de tola é cega, casar e gerar um filho do homem que destruiu a sua família.

— Do que você está falando, Tio Blasco? — Zein perguntou cruza os braços.

Naive, Dante, Dagger e Reina assistiam a cena tão curiosos quanto os outros, mas pouparam palavras para que o Don Saramago pudesse falar.

— Alícia está grávida, oras! A gente vai se casar sim! E quem se opor terá apenas a minha inimizade ou algo bem pior! Afirmou dando alguns passos em direção aos seus parentes que recuaram amedrontados.

E de novo, eles tiveram aquelas reações exageradas e bem características de nobres afetados.

— S-SARAMAGO? — Blasco e sua mais nova esposa berraram juntos.

— Ah, certo. Foi apenas um pequeno aviso titio!... — Zein largou o tio que quase desmaiou de medo Dante de todos os presentes.

Alícia riu, ela estava surpresa, mas não podia deixar de ligar os pontos facilmente.

— Don, El Capitã! — Damian balançou as mãos em direção as comidas e bebidas que estavam sobre a mesa e os demais, esconderam seus rostos vermelhos debaixo dos chapéus, os nobres sofriam ao encarar os piratas misturados dentro daquela festa.

— Vem aqui! Pra gente conversar melhor!! Gritou outro pirata carregando um enorme tonel de rum.

Alícia, que estava um pouco transbordando por vergonha, assentiu e usou o seu próprio sabre para abrir o tonel a maneira pirata o que piorou os olhares de seus familiares sobre si. — que se encontrava logo ao lado direito do grandioso salão de festa.

— Alícia, Alícia! — Uma das crianças ciganas grudou na perna dela e olhou para cima com os olhinhos brilhantes e grandes. — É verdade que você vai ter um bebê?

— Sim...

— Owwwnnn!! — Belinha bateu palminhas e deu alguns pulinhos. — Que ótima notícia, Alícia!

— É uma SUPEER notícia! — Reina juntou suas duas mãos que carregavam seus leques, enfeitados formando uma estrela. — Nosso El Capitã vai ter um bebê, AU!! Iniciou a cigana uma dança em comemoração.

— Ahahahaha! Sorriu os demais ciganos começando a tocar os seus instrumentos musicais. — Tenho certeza que será tão animado quanto o pai, na verdade todos que carregam o título de Don Saramago daqui por diante terá o nosso sangue correndo em suas veias também. — Profetizou a rainha dos ciganos, Reina comentando com um sorriso misterioso em seus lábios vermelhos.

Zein riu para os seus amigos ciganos, ele estava muito animado mesmo. Dançando entre seu povo e escandalizando a hipocrita nobreza.

— Vivas ao novo herdeiro então!..., é realmente uma notícia maravilhosa! — Felipe II sorri e levantou o seu copo no primeiro brinde ao casal.

— Está com quantas semanas, minha jovem? — Um senhor com roupas nobres e formais se aproximou perguntando.

— Hoje completa exatamente 12 semanas. — Alícia coloca a mão na barriga, e sorri minimamente para o senhor e nem imagina que está diante do soberano de toda a Espanha.

— Oh, isso é... — Felipe I faz uma pausa e conta nos dedos. — Três mês!

— Aah! Você já está com três mês, Alícia? Que legal!! — Felipe II a abraça forte fazendo em seguida as apresentações.

— É sério, pai? Vai continuar assim? Fingindo ser um nobre qualquer! — Felipe II correu e abraçou o pai, tirando-o do chão.

— Garoto se comporte, isso não são modos de um príncipe agir perante os seus futuros súditos! A gente tem que fazer um banquete para comemorar em nossa residência na Espanha!!

— Ma- Majestade, sem banquete, por favor... Disse Alícia se curvando assustada.

Felipe largou seu pai no chão e abraçou Alícia e a rodopiou, logo em seguida a colocou no chão e assentiu, talvez fosse algo da gravidez não gostar de banquetes, então ele nem questionou.

— Alícia, três mês? Fico feliz por você, mas... — A atenção foi voltada para o rei Felipe I que pensava com o dedo indicador no queixo. — Por que não nos contou, Don Zein?

E os olhares se direcionaram novamente ao capitão dos piratas que quase se engasgou com seu vinho.

Alícia arregalou os olhos brevemente e os desviaram para o chão coberto por grama, procurando um jeito para explicar a verdade ao rei da Espanha.

Zein não tinha pensado nisso ainda, a pergunta foi surpresa para ele também. E, curioso com a resposta, ele encarou o amante e aguardou uma resposta.

Mas, para a felicidade de ambos, a tripulação ouvia a conversa toda de muito perto e não se seguraram para interromper a conversa e ajudar seu capitão.

— Saramago! — Bard gritou e pulou juntamente a Snake e Kellam para dentro da réplica do navio Sereia Azul, na frente de Alícia e tapando da visão de todos trazendo as belas dançarinas ciganas.

— Vocês todos estão muito animados com essa história de gravidez, mas eu espero que se responsabilizem por isso! E que essa união aconteça rapidamente!... — O rei ditou aproximando seu rosto bravo da face do filho de um dos seus mais fiéis súditos que, ao contrário dele, sorria largamente.

— Eu vou! Não se preocupe Majestade! Afirmou Zein.

Os três ficaram em silêncio por um tempo.

— Foi mais fácil do que pensei. — Naive comentou.

Reina suspirou e caminhou calmamente até Saramago, parando seu corpo esguio e abrindo seu leque na frente dele.

— Olha, Don Zein. — Começou em um tom sério e Saramago fez questão de prestar atenção e seu bando fez o mesmo. — Mas sempre lembre-se de tomar cuidado em quem você confia, não se abra com qualquer pessoa, não se deixe enganar pelas aparências esse mundo não e um mar de rosas como muitos pensam, existem sim grandes espinhos nessa estrada da vida, prontos para machucar muitas pessoas que neles passarem, porém com essa dor, e que vamos evoluindo e aprendendo em quem podemos confiar, e em que devemos considerar chama de nossos verdadeiros amigos. Aconselhou a cigana ficando séria. — Eu fico feliz que vocês estejam feliz em saber que nosso capitão está grávido, mas eu realmente quero que você leve isso a sério. Tanto o capitão como Alícia estão um pouco assustados e tentando processar essa nova informação ainda. Como já disse a ambos, estou feliz que você seja pai da criança e que ela seja o primeiro de muitos Saramago. Zein você é forte e vai conseguir proteger a Alícia e o bebê de qualquer coisa.

Alícia franziu o cenho e cortou a conversa já demonstrando irritação.

— Ei, ei. Como assim, Reina? Eu consigo me cuidar sozinha, não preciso dele! — Alícia olha para o restante de seus companheiros. — Vocês podem irem se divertir, sério. Estamos bem e conseguimos nós cuidar, minha tripulação também vai me ajudar se for possível, então eu prefiro que vocês continuem a merda da aventura de vocês.

Os piratas se sentiram incomodados, mas não se pronunciariam antes de seu capitão.

Porém, Zein Saramago não estava entendendo direito a situação. Alícia queria que os piratas fossem embora e esquecessem que eles e o seu filho na barriga.

— Alícia, cuidado com o que diz.

— Zein, desculpe ter mentido para você por todo esse tempo e por não ter dito nada. Eu sei o quão você é egoísta e provavelmente já tem algo em mente, mas desta vez, não dá. Não vou permitir que ninguém mais abandone a sua vida e sua paixão pelo mar para ficar nessa ilha bancando a minha babá particular.

Zein surpreendeu-se, mas ainda não entendia onde ela queria chegar e isso o deixou um pouco nervoso. Do que diabos Alícia estava falando?!

— Sereia!

E Alícia continuou, mais alto e com mais autoridade que lhe cabia e pertencia.

— Agora sem o rei dos piratas de vocês, e a marinha está doida atrás de todos vocês! Piratas também não sabem guardar segredo e eu não estou a fim de colocar meu filho em perigo por culpa de ninguém! Vocês podem me entender?

Não, eles não entendiam.

Já os ciganos entenderam um pouco os pensamentos de Alícia e começaram a conversarem entre si sendo observados discretamente por Reina.

— Verdade, a situação não era a das melhores. A marinha estava por todos os lados atrás deles, a fim de acabar com cada um deles. E vale ressaltar as ações da marinha quando descobriram que o antigo rei dos piratas engravidou alguém. Frisou Felipe II pensativo e mantendo a calma apesar dos últimos acontecimentos. — Mesmo que eu e meu pai os tenhamos colocado sobre a proteção de nosso reino, teremos problemas, além disso, com certeza há inimigos a espreita até mesmo entre os nossos mais fiéis súditos.

Alícia ficou sem dizer nada dessa vez, acumulando a raiva de não poder se pronunciar como queria. Pois uma afronta aos soberados da Espanha seria algo imperdoável!

— Então, é isso. Podem partir, somos fortes o suficiente, vamos conseguir nos proteger e tenho Zein para cuidar de mim. — Sorriu forçadamente para os demais piratas. — Mas não se preocupem, não vou proibi-los de vê-lo, tanto eu como Zein desejamos que todos possam ser muito felizes. Só faz alguns anos que vocês estão juntos no maldito Sereia Azul, e tudo muito recente. Então, eu só quero... — Expirou. — Só quero esperar um pouco até a poeira baix-

— SEREIA, CALA A BOCA!! — E, finalmente, Zein explodiu jogando sua taça de vinho contra a parede.

Alícia se assustou com o grito. Na verdade, todos ali se assustaram com o grito que ecoou por todo o salão de repente.

— Para de falar! Eu não aguento mais ouvir você falar sobre o quão perigoso isso é! Eu não ligo!! Nenhum de nós aqui ligamos para isso na verdade!!! — Ele gritou ao mesmo tempo em que se aproximava dela, com as sobrancelhas franzidas e dentes que rangiam de raiva por estar sendo contrariado.

Alícia também ficou mais irritada ainda.

— E eu estou mentindo, por acaso? Ou vai me dizer que não tem realmente ninguém atrás de nenhum de vocês pra cortar suas cabeças fora?

Naive pensou em correr até o casal, a fim de separar a briga, mas Reina o segurou e balançou a cabeça negativamente com o dedo indicador sobre os lábios. O novo capitão dos piratas entendeu, mas ainda estava inquieto.

Aquilo era uma discussão deles, apenas deles.

— Não, não nego! Eu sei que tem um monte de gente atrás de mim, e atrás de meus homens principalmente, Sereia, eu sei! Mas e daí? Eu sou muito forte e eles não tem chance contra mim! Ou se esqueceu disso? Quantas vezes enfrentamos o perigo nesses anos todos juntos, pois eu lhe digo: Diversas vezes! Tivemos muitas perdas não nego, mas também muitas vitórias. Por isso, solicitei ao rei Felipe I que permita que eu e meus homens nos tornemos seus principais comerciantes. Usaremos o Sereia Azul para fazer negócios por todo o mundo, seremos a porta de entrada e saída de produtos. — Ele pausou e tentou se acalmar.

Aos poucos, Zein ajeitou sua postura e abaixou a cabeça, agora Alícia só conseguia enxergar sua boca já que seus cabelos escuros cobriam metade de seu rosto.

— E bom, como você mesmo disse, Alícia. Eu já me decidi.

Todos ficaram ansiosos e olharam apenas para Alícia, esperando uma boa solução para aquilo tudo.

Alícia, ainda com a expressão raivosa e descontrolada, optou por esperar e deixar com que ele falasse. Pois ainda tinha esperanças de que algo bom sairia da mente dele.

— Vocês dois poderiam se acalmar um pouco. — Disse finalmente Naive dando passos firmes e decididos a frente. — Eu vou levar o Sereia Azul comigo até que o bebê nasça. Eu serei o novo capitão e somente eu, junto de minha tripulação vamos decidir o que será melhor para cada um de nós!

Zein abriu a boca para contrariá-lo, mas foi interrompido pelo Naive novamente, ele não estava nem aí se Alícia ia concordar ou não, pois, como ela mesmo disse, Saramago era um egoísta e só pensava nele.

— Você não fez ele sozinho, Alícia! E não pode decidir o que Zein Saramago vai fazer ou não. Além disso, todos nós aqui já sabemos o que desejamos e queremos para a nossa vida. Os dois são minha responsabilidade agora e eu vou proteger ambos, assim como a minha tripulação! Não vou deixar ninguém tocar um dedo sequer em vocês. Eu prometo!!

Alícia sentiu o coração falhar uma batida e logo voltou mais rápido do que nunca! Seu rosto corou bruscamente e ela sentiu vontade de chorar. Ela estava feliz? Com medo? Com raiva? Aliviada?

Nem Zein, nem Naive e muito menos Reina sabia.

Argh, por que Zein e seus homens era assim?! Como eles conseguia deixar Alícia tão confusa emocionalmente assim tão fácil? Foi isso que a fez desistir de fugir, para logo depois se tornar um deles.

Eram muitos pensamentos e sentimentos juntos de uma só vez!!

— O que vocês acham, pessoal? — Naive olha para os companheiros, sorrindo. — Estão de acordo?!

E, óbvio, ninguém era doido de ir contra o capitão dos piratas Naive.

— SIM, CAPITÃO!!

Alícia ficou sem reação ao ver todos os chapéus e lenços vermelhos concordar sem nenhum questionamento ou negação. Eles apenas concordaram. Zein sorriu e abraçou Naive.

Ela sentiu a mão gigante e protetora tocar em seu ombro, trazendo-a de volta à realidade.

— Sereia... — Don Zein sorriu, tentando confortá-la. — Desculpe...

— Zein... — E Alícia fez estranhas caretas, os hormônios dela estavam transbordando naquele momento, ele estava realmente com vontade de chorar.

— Você e nosso filho vão estar seguros com eles.

Alícia assentiu e abraçou Saramago com força, era uma das primeiras vezes em que ela iniciava um abraço entre eles.

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