Capítulo 21 - O Diário
ESPECIAL
Adrian entrou pensativo e com uma forte dor de cabeça subiu para descansar em seu quarto como de costume.
Deitou depois de tomar alguams gotas dos florais receitados pela curandeira cigana e fechou os olhos.
Medo e Confusão diante dos olhos...
Rosto coberto por areia, dores nas costas e cabeça doendo. Foi assim que o rei dos piratas despertou na manhã seguinte. Saramago ergueu as costas, ficando sentado sobre a areia branca, encarando o mar e o céu azul logo a sua frente.
Ele balançou a cabeça e passou a mão no próprio rosto para se livrar da sujeira e então seus olhos seguiram para o lado, onde apenas seu sabre e sua pistola estava.
Alícia levantou e colocou o seu lenço vermelho na cabeça, olhando para os lados à procura do capitão dos piratas Saramago.
"Hum, deve estar com o pessoal." Foi o que pensou enquanto caminhava de volta para onde o demais estavam.
— Cadê os demais! Onde vocês estavam afinal? — Avisou o pequeno grumete após avistar o capitão de longe.
— Don Zein! Onde você estava, idiota? — Reks gritou de dentro do navio. — Estávamos preocupados! Alguns companheiros avisaram que viram navios ingleses navegando a alguns quilômetros daqui.
Zein continuava procurando por Reina ou por qualquer pirata que pertencem ao Diego na praia, mas apenas Drunk e seus companheiros estavam lá.
— Onde está o Diego? — Pergunta ele, ignorando os questionamentos do seu principal conselheiro por completo.
— Me responda primeiro!
— Diego e seus companheiros saíram logo que o sol nasceu. — Bard respondeu caminhando até ele.
Zein formou palavras com os lábios e franziu a testa irritado.
— Humm, ele disse alguma coisa antes de ir?
— Ele disse "Dê ao Saramago por mim".
— Só isso?
— Sim.
O rei dos piratas baixou a cabeça, derrotado. Afinal, o que deu em Diego?
Acordá-lo para dar tchau ele mesmo não ia matar ninguém.
— O que foi, Don Zein? Parece triste. — Rough pergunta, mas Saramago não responde. — Se for te deixar melhor, Diego parecia feliz hoje cedo.
O Damian arqueou as sobrancelhas e olhou para o horizonte, com uma expressão muito melhor do que a de antes.
— Sério? Diego é muito estranho principalmente quando aparece junto da rainha dos ciganos.
Reina riu com a empolgação repentina de todos. E caminhou em direção ao navio com calma.
— Uhum. Então eu sou a causa dos atuais acontecimentos. Sabe de nada inocente!... Ele parecia satisfeito, acho que posso dizer assim. Talvez ele tenha gostado de revê-lo. Como sabe cada um tem o seu próprio destino.
— E qual a sua premonição para mim e para os meus! — Zein colocou a mão na nuca, envergonhado e com um sorriso idiota. — S-sério?
— Tem certeza mesmo que deseja saber disso?...
— Don Zein! — Snake o chamou enquanto descia do navio. — Recebemos notícias de casa e ele atualizou os mapas como foi a sua ordem. Foi mais rápido do que imaginei. Você quer ficar mais um tempo aqui ou podemos seguir viagem?
— Vamos seguir viagem!! — Berrou com os punhos erguidos.
— Ah... Eu tinha esperanças de ficar um pouquinho mais de tempo aqui... — Reina resmunga chateada. — Certo, vamos então.
— Por que ela vai conosco, Don Zein? Indagou Dante desconfiado.
— Com certeza não é pela comida!
— Certo, certo. Sem brigas agora, Reina vai conosco porque foi um pedido da prisioneira e...
O sorriso de seus companheiros fez Zein parar de falar quase que imediatamente.
— Não é o que vocês estão pensando.
— Não estamos pensando nada. Agora vamos voltar ao trabalho... Gritou Naive.
Duas horas depois...
Acordar se sentindo mal era algo quase natural na vida de Alícia a quase um mês, que raramente tinha uma boa noite de sono, às vezes nem conseguia dormir, outras era quando entrava em uma batalha e acabava passando a noite todo dolorida, tirando as vezes em que acordava assustada por algum pesadelo com certos acontecimentos de 10 anos atrás. Enfim, dormir não é nem de longe o passatempo preferido dela.
Depois de tanto tempo Zein ainda não confiava nela. Mesmo os dois estando vivendo a tanto tempo juntos. Ela já havia provado de várias formas que estava ao seu lado, mas...
As lembranças da noite passada pairavam na mente dos dois...
— Sabe o motivo de eu gostar de ser um corsário?
Ouvi a voz dele atrás de mim e me virei. Ele vinha caminhando pela praia enquanto tirava suas roupas, jogando-a de lado.
— É esse santo remédio que cura as minhas ressacas. Essa liberdade de ser e fazer o que eu quiser.
Dizendo isso Zein Saramago livrou-se das calças e pulou no mar. Depois de um tempo ele surgiu na superfície, ficando com a água na altura do peito, passando as mãos pelos cabelos para tirar o excesso.
— Anda... O mar não é uma das razões para você permanecer ao meu lado? — Disse, me olhando de dentro da água.
Com a dor de cabeça que eu estava, teria aceitado qualquer coisa nesse momento, se servisse para me curar. Alícia pulou na água, pela primeira vez desde que se afastado dos demais, deixando que o mar azulado lavasse as lembranças e a ressaca que estava sentindo por conta de Saramago.
Foi uma benção. Senti a água fria envolver o meu corpo, revigorante. Nadou ao lado de Zein, riam; até que sentiu mãos fortes a pegarem pela cintura, dentro da água. Alícia se virou, encontrando o rei dos piratas perto. Demais, eu diria. Ele não estava mais rindo e sentiram uma coisa que ambos nunca havia sentido antes: Amor e atração misturados.
Sem dar tempo para Alícia sequer pensar, Zein a puxou e ao mesmo tempo em que eu sentia seu membro duro encostar no seu ventre, sua boca se apossou da sua num beijo ardente, cheio de desejo de promessas futuras.
O capitão Saramago se levantou e foi até o banheiro de seu navio para lavar o rosto e escovar os dentes. No caminho até a cozinha, encontrou alguns de seus companheiros que, diferente dele, já estavam acordados fazia muito tempo para cumprir suas tarefas diárias.
— Oh, bom dia, capitão Saramago! — Pronunciou Reina ao ver Zein entrar na cozinha. — Dormiu bem?
Zein não a respondeu, e nem precisava, afinal, a ruiva já sabia a resposta.
Em seguida Alícia adentrou o local e Zein nem levantou seus olhos em sua direção.
— Você está bem Alícia? — Reina questionou, preocupada, já fazia algumas semanas que ela acordava neste mesmo estado e nunca dizia nada sobre o que estava ocorrendo.
— Uhum. — Alícia murmurou pegando o café e colocando um pouco em sua caneca.
Estava mentindo, claro, apesar de ser bem óbvio o seu desconforto, ela não se permitiria deixar ninguém da tripulação preocupada e muito menos o Zein.
— Ah, garota, seja sincera. — Reina insistiu e Zein lhe lançou um olhar mortífero. O pirata estava desconfortável quando os demais de sua tripulação tratava Alícia com respeito ou admiração. Ele ainda não havia perdoado completamente.
— E-ei, só estou preocupada Don Saramago. Querendo ou não Alícia se tornou a sua companheira.
— Eu estou bem!...
— Viu ela está muito bem. Agora vão fazer alguma coisa e não encham o saco. — Balançou a mão expulsando os dois dali, sendo obedecido quase que imediatamente.
E ambos finalmente puderam tomar seus cafés em paz.
Zein não gostava de ser tão grosso assim com seus companheiros, mas em certos momentos, ele não conseguia se encontrar. Zein olhou de lado e observou Alícia pelo canto de seus olhos. Recentemente, ela tem estado muito irritada com qualquer coisa. Até com qualquer mísera pergunta. E ao mesmo tempo ela estava mais insaciável!
Dagger era o responsável pelo leme naquela manhã, levando a tripulação pela rota mais segura com a ajuda de Naive e Bard. Os piratas de Saramago se destacavam quando o assunto era não chamar a atenção e evitar perigos desnecessários.
Não demorou muito para que Zein entrasse na sala de controle, a fim de saber se tudo estava indo bem.
— Pessoal. — Os chamou. — Como vão as coisas aqui?
— Estão bem, capitã Zein. — Dagger afirmou com um sorriso. — Só mais alguns dias de viagem vamos estar em terra firme para abastecer o Sereia Azul.
O tatuado afirmou com a cabeça e bocejou, voltando a sua cara entediada logo depois.
— E você, capitã? Parece meio cansado. Além disso, notamos que Alícia está do mesmo jeito ou melhor, bem pior. Não estão dormindo bem? — Dagger comenta e quando Zein o encara, ele abaixa a cabeça. — Desculpe El Capitã.
— Eu estou bem. Ela está bem, mas que inferno.
— Tem certeza disso? — Naive insiste.
— Maldição, por que vocês ficam me perguntando isso toda hora? — O capitão fechou o semblante mais uma vez e cruzou os braços, esperando uma explicação.
— É que ela não anda muito bem recentemente. — Naive comenta tentando ser o mais pacífico possível.
— Mas eu estou bem! Vocês me conhecem. Disse Alícia chegando e os pegando de surpresa.
— Mas é justamente por te conhecermos que estamos preocupados, Senõrita Saramago. — Rebate o homem com enormes tramças em seus cabelos e o capitão fica sem argumentos.
— Eu vou mijar. Esclareceu Alícia quase saindo correndo.
Zein a achou muito pálida e tentou segui-la, mas o capitão deu meia volta, não conseguiu chegar até o banheiro já que um baque enorme soou de fora do Sereia Azul. Dentro do navio, um grito de alarme começou juntamente a um som irritante de passos por todos os lados alertando todos os demais tripulantes.
— O-o que é isso? — Alícia gritou ao se segurar nas paredes de madeira, assustada. — Estamos sendo atacados?... — Ela perguntou preocupada.
— Acho que é a marinha inglesa! — Zein conta ao olhar para cima. — Não sei como conseguiram nos perceber!
— Desça até ao nosso camarote, eu vou dar um jeito neles! — O capitão ordenou e saiu correndo atrás de seu sabre.
Hesitante, Alícia obedeceu e passou a descer lentamente.
Logo que pôs os pés no convés do navio Zein, Naive, Bard, Dagger e Drunk observaram um grande navio a apenas alguns metros deles, ele tinha velas enormes e a principal esbanjava o nome "Marine Real" bem grande na frente.
Zein Saramago levantou seu braço direito com seu famoso sabre e apontando em direção ao navio inimigo, pronto para dar o sinal para os canhões e acabar logo com isso.
Porém, os marinheiros ingleses não queriam saber de pegar leve e continuavam atirando balas de canhão em direção ao navio pirata.
Destinados a não deixar que nada acontecesse com a Alícia e nem com Saramago, Reks, Kellam e Charm lutavam contra os soldados invasores que tentavam a todo custo entrar no navio. O resgate pela cabeça do casal valia pelo menos mil moedas de ouro, vivos ou mortos.
— Argh, eles tinham que aparecer logo agora! — Reina grita.
— Pensei que essa fosse a rota mais segura! — Naive comenta e logo dá mais um pulo e chuta para longe mais um dos soldados do rei inglês.
Com o impacto das balas o mar ficava ainda mais agitado e o navio balançava de um lado para o outro sem parar, dificultando o equilíbrio da tripulação. Entretanto, como bons piratas, eles não iam se deixar afetar com um pouquinho de água ou algumas balançadas. Afinal, eles passavam a maior parte de suas vidas naquele lugar e sabiam perfeitamente como se manter de pé diante aquela situação. Nem as piores tempestades marítimas haviam feito aqueles homens valentes recuarem.
Bom, esse não era o caso de Alícia nesse instante. A atual pirata e companheira de Saramago não estava bem.
Agarrada às barras de ferro amarelas do convés, ela arfava forte e o suor corria pelo seu belo rosto. O que era aquilo? Alícia estava assustada? Logo ela? Que durante todos esses anos aprendeu e foi treinada pelos melhores piratas da Espanha.
— Será que eles já descobriram? — Murmurou para si mesma e mordeu seu lábio inferior. Talvez não estivesse com medo da marinha, mas sim dos próprios pensamentos.
— Senõrita Saramago! O que aconteceu? Você está bem? Alguma bala a atingiu?! — Naive lança a pergunta para a companheira de seu capitão, que parece voltar ao mundo real após ser chamado por ele.
— E-estou bem! — A mulher finalmente se ergue com o olhar furioso. Sua mão se abriu novamente e apanhou uma das armas que estavam caídas na proa do navio. — Apenas mantenha-se calma! Mire no líder!! Esse foi um dos ensinamentos que aprendeu com os valentes piratas.
Em um piscar de olhos, o comandante do navio caia de cabeça para baixo no mar e os tiros cessaram. Vários marinheiros ingleses caíram enquanto o seu comandante desaparecia nas águas profundas do mar, e outros conseguiram se segurar, mas não por muito tempo, pois ainda tinha algo por vir uma chuva intensa de balas de canhão do navio pirata. O cheiro de sangue e fumaça acabou se misturando o cheiro característico do mar. Zein pulou de seu navio e sacou seu sabre jogando a bainha de lado. Balançou o braço em movimentos vigorosos contra os demais marinheiros, sem nem mesmo tocar no alvo, pois um homem muito bem vestido tentou fugir de sua lâmina afiada e o navio se partiu vários pedaços acompanhado de um estrondo poucos segundos depois.
Os destroços caíram na água e os homens sobreviventes da marinha gritaram por socorro à procura de qualquer lugar para boiar.
Zein pulou em direção ao Sereia Azul e caiu de volta em sua proa, sentou-se no convés, totalmente esgotado pela luta.
— VAMOS SAIR DAQUI!! — Naive berrou para que ouvissem mais acima onde se encontrava o timão, o navio mudou a sua rota e partiu o quanto antes.
— Alícia! — Saramago correu até a jovem e lhe deu um abraço forte, nem se importando com os olhares de seus companheiros piratas.
Literalmente preocupado...
— Como voc... Antes que o Zein terminasse, Alícia saiu correndo para o primeiro canto que viu e se inclinou ali, colocando tudo que estava em seu estômago para fora.
2314 Palavras
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