Capítulo 17
E Diego vinha logo atrás, carregando seu sabre exageradamente chamativo pelas ruas da cidade sem se importar com praticamente todos olhando para si. Diego também era um pirata famoso, mas estar com Zein fazia as pessoas comentarem mais e mais sobre dois grandes piratas juntos ali.
— Saramago?... Não acha que está se esquecendo de algo?
— Hum? Está falando do que lhe pedi anos atrás? Não esqueci, mas a gente já andou por todos os lugares e ele não está em lugar nenhum. E pior, já está anoitecendo, não quero perder o jantar. — Cruza os braços e pensa por um momento. — Humm... Bom, vou voltar pro Sereia Azul. Dagger é forte, se alguém o confrontar ele só vai cortar e acabou.
Saramago deu meia volta e passou a caminhar na direção de onde seu navio estava.
Diego suspirou. Toda aquela coisa de procurar pelo Dagger foi só uma desculpa para que Zein pudesse ficar longe de seus reais problemas, e até o dinheiro do Diego acabou sendo envolvido já que Saramago ficou sem no meio do caminho.
Diego fez o mesmo, deu meia volta e caminhou ao lado do mais jovem novamente.
— Diego, não quer ir jantar com a gente? — Zein sorri olhando para ele.
— O que? Não, não dá. Meu bando também está me esperando para o jantar. — O tatuado conta.
— Pode chamar eles também, não tem problema! Podemos aproveitar e fazer uma festa! — Saramago rebate todo animado. — Além do mais, o pessoal vai querer te ver também.
Diego soltou um suspiro baixinho e concordou com a cabeça enquanto sorria.
— Certo. Não é má ideia.
— Beleza!! Vou contar ao pessoal! Faça o mesmo! — Ele correu para longe, deixando-o para trás.
Ah, ele realmente não mudou. Continua fugindo do seu destino e dos seus problemas.
Não que fosse algo ruim, longe disso. Às vezes, Diego se irritava com a personalidade sarcástica e inconsequente de Zein, porém, na maioria das situações, ele achava divertido todo aquele entusiasmo e disposição para tantas festas e envolvimento com belas mulheres.
Horas depois, tanto o bando dos Saramago quanto o bando dos piratas de Vega estavam reunidos na praia, iluminados por uma grande fogueira e sentados sobre alguns troncos de árvore jogados na areia branca enquanto eram servidos pelo cozinheiro Damian. Além de ter uma vista maravilhosa do mar com uma perfeita imagem da lua e das estrelas refletindo nele.
Naive era o responsável pela música, claro, deixando o som de seu violino cobrir o ar enquanto todos os presentes aproveitavam sua refeição.
Kellam e Reks comiam enquanto eram distribuídas as garrafas de rum por alguns dos piratas de Vega.
Bard e Dante aproveitavam sua refeição juntos enquanto Rough contava uma grande história (mentira) para eles, e Drunk e Charm conversavam com o restante dos piratas.
Zein, o mais animado de todos, comia enquanto dançava de acordo com a música, deixando tudo mais animado por ali. As diversas ciganas rodopiavam suas saias coloridas.
Já Diego, com seu prato e talher em mãos, observava a festa de longe, sorrindo com os mínimos detalhes.
Apesar do restante de seu bando amar festas e ser tão animado quanto os piratas de Saramago, Diego não tinha esse costume e passava a maior parte das festanças quieto e na dele.
— Ei Damian! Isso aqui está muito bom!! — Saramago berrou para o cozinheiro, mas não o encontrou. — Damian?
— Ué. Ele estava aqui agora a pouco. — Drunk comentou.
— Eu o vi sair por aquela direção. — Dante apontou para o lado esquerdo.
E falando nele, lá estava o cozinheiro, voltando da mesma direção que foi com o espadachim de cabelos loiros logo atrás.
— Damian, onde estava?
— Fui buscar o idiota do Dagger, esse merda. — Apontou para o negro, que revirou seus olhos azuis.
— Eu não ia conseguir comer em paz com esse idiota desaparecido.
Todos arquearam suas sobrancelhas e arregalaram os olhos por um segundo, surpresos pela frase solta pelo Damian, que quase nunca se preocupava com os demais.
Dagger, corado, logo sorriu sugestivo com intuito de irritar o cozinheiro.
— Ah, q-quer dizer... Eu só...
— Humm, bom saber, rapazes. — Naive lhe deu um tapa fraco na cabeça de Damian e passou reto por ele, atrás de algo para beber. — Hum? O bando do Diego?
— El Capitã encontrou o Diego na cidade e resolvemos fazer um banquete todos juntos. — Rough explicou rapidamente com um sorriso.
— Oh, saquei! Como vão pessoal? Faz tempo que não os vejo! — Cumprimentou com um sorriso.
— É bom ver você também, braço direito do Saramago. — Jean Bart sorri para o rapaz, que outrora havia sido inimigo de Zein.
Dagger logo vai atrás do conhecido cirurgião da morte que agora fazia parte do bando de Vega e o puxa, juntamente a Zein, para mais perto do pessoal. O negro também força Diego a beber com todos atrás de um idiota desafio entre os grupos de pirata, causando várias cenas engraçadas com o tatuado apenas querendo fugir dali enquanto Saramago tenta lhe enviar bebida pela goela abaixo.
— Então rei dos piratas cadê a sua encantadora prisioneira? Sabe que não se fala nisso, em quanto o jovem corsário Zein ficou encantado por uma mulher e...
— Chega!!! Não quero falar disso agora. Disse Saramago virando uma garrafa de rum.
Diego não ficava para trás, toda vez que via Saramago sozinho, corria para perto dele e iniciava algum assunto ou ato para não deixá-lo entediado. Na verdade a conversa ia e volta, e era sempre sobre a bela prisioneira de Saramago.
Nisso um estranho silêncio recaí sobre todos, até que Zein olha para trás e vê Alícia em um encantador vestido vermelho. Ficou extremamente irritado, mas ao olhar de lado percebeu Reina sorrindo cinicamente.
Até que Naive passa a tocar uma música mais animada e Zein guiado por uma força desconhecida puxa Alícia para dançar, apesar de nenhum dos dois saber fazer isso direito. Sem demora, Diego pula praticamente em cima de Reina para dançar junto e, antes que percebam, já estão todos se divertindo com passos nada elaborados no meio da areia.
Afinal, vieram para essa ilha com um único intuito: se divertir sem interrupções!
Vários minutos depois, podia-se dizer que Zein Saramago era a pessoa mais sóbria naquele meio, depois de Alícia que não era adepta do rum.
Damian e Dagger dormiam por cima um do outro literalmente e Damian mesmo apagado era mais falante ainda, Naive e Rough estavam jogados na areia com os grandes copos de madeira jogados por cima de inúmeras garrafas de rum. E todos os outros estavam na mesma situação, com exceção de Diego e Reina que eram os únicos capazes de ficar acordados depois de ingerirem tanta bebida alcoólica.
— Bela festa, não Vega?... — Reina, com o rosto todo vermelho por conta da bebida, tentou puxar a garrafa de rum da mão do pirata, falhando no processo. — Não bebe tudo, sua idiota!
— Hum, sai! Eu que peguei essa!
— Mas Vega... — Ela choraminga o fazendo cair na gargalhada.
Zein, sentado ao lado deles comendo uma coxa de carne, ri assistindo a cena, mas sem tirar os olhos de sua estimada prisioneira.
— Hm, mas cadê a Reina? — Diego questiona olhando para os lados. — Ela tem que beber também e depois nos dar novos presságios.
— Ela está ali, oras. — Saramago aponta para um canto. — Ah? Cadê aquela cigana?!
— Sei lá. Ela estava agorinha ali... — Diego diz com o tom fino e arrastado.
— Reina não gosta muito de festas. Provavelmente quer ficar sozinha. — Reks, que ainda estava minimamente acordado, conta e recebe um olhar mal-humorado de Saramago. — Me desculpe El Capitã... Deveria ter ficado de olho nela, mas...
— Hunf! Que mal-educada! Fica fugindo do nada! Eu vou falar com ela! — Diz Diego andando em passos exageradamente pesados na direção em que a Alícia apontou discretamente.
O restante do pessoal soltou uma risada e logo voltaram ao que estavam fazendo novamente. Beber como se não houve amanhã.
— Reina! Oee, Reina!! — O Diego grita no meio da praia à procura da cigana.
— Diego? — Reina o olha de longe e logo Diego a vê sentada novamente na areia, olhando para o nada.
— Reina! Que negócio é esse de fugir da festa?! Está perdendo toda a diversão, poxa!
A cigana riu e chamou Diego para sentar ao seu lado dando algumas batidas na areia.
Diego o obedeceu, mesmo sem entender.
— Hmm, por que quer tanto ficar sozinha, hein? Eu não te entendo, viu! — Diego bufou.
— Só estava pensando. — Ela olha de volta para a frente, encarando a lua brilhante no céu, a lua de sangue estava enorme e estava cantando os seus mistérios ao mar.
— Pensando?
— É. Aquele negócio que se faz com a mente, sabe?
— Besta. Eu sei o que é isso. — Diego ri. — Mas pensando sobre o que?
Reina expirou.
— Sobre o que você me disse hoje mais cedo. Sobre o destino de todos e de Saramago.
— Ah, sei.
Então você viu algo que queira fazer nos revelar? — Diego se apoiou nos braços encostados na areia.
— Não. Ainda não. É por isso que eu estava pensando. Mas provavelmente estou me preocupando atoa, mas... não consigo parar de pensar em nada que preste para o futuro de nosso Capítã.
— Reina, você pensa demais. Isso é chato.
— Claro. Você faz tudo sem pensar.
— Sim! Porque é mais divertido, oras! Por que não tenta?
— Hunf, não consigo. O Destino me escolheu para lhes trazer os alertas necessários.
— Consegue sim! É só fazer o que quiser. E não prestar atenção nesses más agouros.
— Você não vai gostar se eu lhe contar o que eu vejo.
Diego baixou uma sobrancelha.
— E daí? Não é preciso agradar todo mundo. Tipo, às vezes, meus companheiros tomam atitudes diferentes da minha, eu fico bravo, mas está tudo bem porque é o que eles e o Saramago... Diego foi interrompido quando Reina juntou seus lábios, puxando-o para mais perto pela nuca e aprofundando mais o beijo que foi devidamente retribuído. Diego foi no embalo e levantou uma de suas mãos, levando-a para o rosto da cigana.
— Todos nós não temos muito tempo, sabia?
— Detesto quanto isso acontece. Principalmente porque eu sei que você sempre está certa. O que você viu afinal?
— O mar tingido de sangue como aquela lua no horizonte. Avisou Reina com os olhos sem brilho.
— E o Saramago?
— Paixão e traição estão no caminho do capitã. Rochas negras, um mar revolto, o lar destruído, um herdeiro em suas mãos e uma espada transpassando tanto seu coração como sua alma.
— Como mudamos isso afinal?
— Impossível... Apenas em outra vida se pode fazer essa mudança. Mas não é através de nos que ela vai ocorrer.
Do outro lado Saramago ficou de pé e puxou Alícia de encontro a seu corpo.
Ficaram ali por alguns segundos até que o Zein percebeu o que estava fazendo e se afastou rapidamente, virando o rosto para o lado, envergonhado.
Alícia, sem entender direito o que aconteceu, riu baixinho e ajeitou seu chalé sobre seus ombros desnudos.
— Você disse que eu não ia gostar de estar ao seu lado. Mas eu gostei!
— Gostou nada. Você também está bêbada, não sabe o que está dizendo. — Saramago rebateu fazendo um pequeno bico com os lábios.
— Não. Eu sei.
Alícia arqueou as sobrancelhas.
— Acho que nunca estive tão certa de algo. — Ela sorriu, aquele sorriso gigante dela que ia de orelha a orelha e iluminava todo o ambiente.
Sem cerimônia, Saramago voltou a segurar o rosto dela, desta vez, com as duas mãos, e o puxou para mais um beijo.
Alícia retribuiu o ato e passou suas mãos sobre sua nuca e puxou seus cabelos escuros, e o melhor... não estava pensando em nada, apenas fazendo.
Essa foi a única vez em que ela concordou em agir como Saramago. Sendo seu único objetivo ali: começar a verdadeira festa com o rei dos piratas.
Adrian Acordou com o corpo febril, se levantou com dificuldade e jogou água fria com abundância em seu rosto ligeiramente pálido.
Os sonhos realmente revelam nossos segredos mais profundos?
Engana-se quem pensa que o que sonhamos, na maioria das vezes, não tem importância ou são apenas alegorias sem sentido que nossa imaginação cria.
Os sonhos revelam segredos guardados a sete chaves, pois representam lembranças da alma, o desejo do corpo e a vontade da mente.
2050 Palavras
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