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Capítulo 10 - A má escolha

Eles escolheram uma mesa perto da aconchegante lareira acesa. Mais adiante, no bar, um grupo de hóspedes jogava dardos, pilhar e outos jogos e Alba podia observá-los, enquanto seu anfitrião fazia o pedido. Eles haviam escolhido rosbife com legumes frescos, um almoço típico feito pela região por causa dos inúmeros turistas inglesses que estavam sempre na cidade e que combinava com o ambiente antigo da sala de jantar.

— Agora eu entendo por que você escolheu esse lugar. — Disse Alba.

Ele olhou para as mesas de carvalho, as paredes repletas de quadros antigos e duas pistolas penduradas em cima da lareira.

— Eu gosto de coisas que tenham valor histórico assim como Adrian. Não sou da era dos descartáveis... Abomino toda essa parafernália moderna, embora tenha que admitir que a ideia de ditar meus livros gravado audios me agrada muito. Aliás, não consigo trabalhar de outro jeito... Espero que você não se aborreça muito ouvindo os meus audios...

— Eu? Me aborrecer? Longe disso! Seu livro é fascinante!

— É, mesmo assim, não vai ficar em Saramago para terminá-lo. — Olhou bem dentro de seus olhos e sorriu. — Você não gostou da estádia na ilha, a Terra do Corsário Saramago, como é chamada?

— Sei que toda a ilha é um lugar mágico, mas... infelizmente, minha permanência em Saraamgo foi um tanto... desastrosa. Agora, se você pudesse mandar os audios para Londres e me deixasse trabalhar lá na editora, tudo estaria resolvido. Por favor, Diogo! Eu juro que tomo cuidado!

— Tenho certeza de que tomaria, mas não posso correr o risco de ter um dos audios fazados ou extraviadas. Sei que posso parecer egoísta, mas, se você fosse uma escritora como eu, entenderia como eu me sinto. Um livro, para o autor, é como um filho...

Alba o olhou com ar de censura e ele pareceu adivinhar seus pensamentos.

— Droga! Você não tem o direito de me julgar! Com certeza está pensando que uma criança de carne e osso é muito mais importante do que um romance onde só existem pessoas fictícias, não é? Pois vou lhe dizer uma coisa: não estou ao lado de Javier porque ele não é meu filho!

— Mas como pode ter tanta certeza?

— Certeza? — Ele deu um sorriso amargo. — Fique sabendo que foi minha própria esposa quem me deu a informação; é por isso que eu tenho certeza!

Alba encolheu-se, como se tivesse levado uma bofetada.

— Ah, não...

— Ah, sim! Ela foi-muito clara, aliás... Disse que ia embora e levaria Javier consigo. Quando eu falei que iria lutar pela custódia dele, ela me jogou na cara que eu não tinha direito algum ao bebê, porque o fato de ser seu marido não me fazia o pai da criança... Então, ela correu para o outro lado do iate, onde um amigo de Zandra estava fazendo uma declamação. Eu fiquei ali, perto dos outros convidados, ouvindo suas risadas, como se elas viessem do próprio inferno. Tentei me convencer de que Carmem estava mentindo a respeito de Javier, mas a verdade é que ela nunca mentiu a respeito de nada para mim durante todos os anos que estavamos juntos. Carmem tinha uma candura quase infantil, que chegava a ser embaraçante... Às vezes, sem a menor cerimônia, ela comentava na frente de amigos importantes da família que havia passado a infância em favelas nos subúrbios de lugares insalúbres pelo mundo a fora e costumava usar as roupas usadas da irmã mais velha. Contava também que, como calçava um número menor, tinha que forrar os sapatos com jornal, para fazer com que servissem... Sabe os pais dela não eram de permancer fixos num mesmo lugar, eram saltibancos, faziam pequenos shows pelo mundo, as filhas dançavam e faziam pequenas participações, na verdade ambos eram artistas de circo.

Diogo Saramago ficou em silêncio, o olhar perdido em algum ponto, como se estivesse vendo o fantasma de Carmem, a garota que entrara dançando em seu coração.

— Isso aconteceu na noite em que ela morreu! — Continuou ele, com voz baixa.

— Como aconteceu, por que aconteceu, ainda é um mistério. Talvez esteja pensando que eu tivesse razões para querer vê-la morta, mas acredite em mim: não tive nada a ver com a tragédia. Espero, sinceramente, que sua morte tenha sido acidental. Ela estava muito excitada, havia tomado duas garrafas de champagne e levou consigo o nome de seu amante... Ninguém jamais ficará sabendo quem era ele...

Era aí que Diogo se enganava. Tim Maldonado, o cigano com problemas mentais, sabia de tudo. Ele vira os dois amantes na praia, mas um impulso primitivo o fazia guardar o segredo para si mesmo. Seria possível, Deus do céu, que esse homem fosse Adrian?

Talvez Carmem, com sua estonteante beleza, o tivesse seduzido e feito com que abandonasse seu forte senso de moralidade... Seria esse o porquê de seus traços no pequeno Javier?

Ela ficou ali, pensativa, observando o garçom a servir o rosbife e os legumes. Parecia estar uma delícia, mas comeu tudo sem vontade, fazendo um grande esforço para que a comida passasse por sua garganta. E, durante o almoço inteiro, ouviu Diogo falar sobre os encantos da ilha Saramago, lugar que tanto amava.

— É a terra mais linda do mundo, acredite em mim. Quase como o reino mágico do Rei Corsário... Quando Adrian e eu éramos crianças, costumávamos participar da queima de fogos em comemoração a fundação da cidade por Zein Rodolfo Saramago. No momento em que as chamas da fogueira se apagavam, todas as crianças faziam uma roda e começavam a cantar para afugentar as bruxas e os demônios...

— Posso entender por que você usa a ilha Saramagol com tanta frequência em seus livros. O lugar é mesmo fascinante!

— É, ela toda tem história, uma atmosfera especial... Agora, me diga uma coisa: o que está achando do meu novo livro? Tem alguma crítica a fazer? Ao contrário do que as pessoas costumam pensar, os escritores vivem atrás de uma opinião, seja ela favorável ou negativa.

— Pois minha opinião a respeito de seu livro só pode ser a melhor possível. Os personagens são profundos, parecem ter vida própria... Você devia estar muito envolvido com eles!

— É, estava mesmo. Às vezes, eu passava dias e dias trancado no escritório, ditando o livro nas gravações. Era como se eu não conseguisse parar, você entende? E ficava ali dentro, trabalhando, sem nem saber o que estava se passando no resto da casa... Você acha que isso pode ter prejudicado meu casamento?

— Eu... eu não posso lhe responder... Não sei o que faz um casamento dar certo ou fracassar.

— É claro que não. Você é apenas uma mulher sem qualquer experiência e eu lhe fiz uma pergunta que nem um velho sábio pode responder. As águas do casamento não são fáceis de se navegar e eu acho que o meu afundou porque Carmem e eu não tínhamos temperamentos compatíveis. Eu a tirei do mundo cheio de luzes do show business e a levei para a ilha Saramago, que é onde eu preciso trabalhar. Foi como colher uma flor e plantá-la de novo num solo estranho, incompatível com sua natureza... Mas, por Deus, como ela era linda! E juro que era minha... totalmente minha, naquele primeiro ano de casamento...

— Então, pelo menos você tem alguma coisa boa para se lembrar, não é? E se sabia que ela estava sentindo falta das luzes do palco e do mundo colorido do show business, talvez possa perdoá-la por ela não ter sido um... verdadeiro anjo.

Seu rosto ficou sombrio de novo e ele afastou o prato.

— Não sou tolo para achar que alguma mulher nesse mundo é um anjo, mas, quando Javier nasceu, pensei mesmo que ele fosse meu filho e o amei loucamente... Ele era uma gracinha... Nasceu todo cabeludinho, gordinho, você tinha que ver que lindo! Vou lhe dizer uma coisa, senhorita Alba: não há nenhum sentimento nesse mundo, como o de um homem quando carrega nos braços seu primeiro filho. Eu idolatrei aquele menino e então, naquela noite horrível, Carmem me jogou na cara que ele não era meu. Foi como se uma mão tivesse entrado dentro do meu peito e rasgado meu coração. Não gosto nem de me lembrar.

— Eu... sinto muito. Acho que não tenho mesmo o mínimo direito de pedir para que volte a sua casa. Cada canto daquela casa deve fazê-lo lembrar de detalhes que prefere esquecer...

— É verdade. Bem, vamos mudar de assunto agora? O que vai querer de sobremesa? A musse de chocolate daqui é ótima. Temos também fatias de bolo de chocolate com morangos silvestres. Ou será que prefere salada de frutas com creme?

— Acho que não vou querer nada, obrigada. Estou sem muito apetite hoje e quero pegar o avião para Londres o mais rápido possível. Além disso, acho que já tomei demais seu tempo.

— Ora, não vai demorar nada! Tenho certeza de que você vai adorar os morangos. O creme daqui é divino. Todo o cardápio foi escolhido pelo Adrian, acredita nisso?

E, antes que ela pudesse protestar, ele chamou o garçom e fez o pedido.

A sala agora estava cheia de hóspedes, aquecendo o ambiente com suas risadas e conversas. Ainda chovia e os pingos grossos batiam com força contra a janela.

O rosto de Diogo Saramago estava agora um pouco menos sombrio.

— Você gosta de crianças, não é? Com certeza, espera fazer um bom casamento e ter muitos filhos...

— Eu... acho que nunca pensei nisso. Por enquanto, estou preocupada apenas com minha carreira... Sempre amei os livros e nada me faz mais feliz do que trabalhar neles. Sabe qual é o meu maior sonho? Tornar-me uma editora-chefe. E estou falando sério, embora você ache que eu esteja apenas tentando me enganar. — Ela sorriu e acrescentou. — Não estou pensando em viver nenhum grande amor, pode acreditar em mim!

— Ora, senhorita Perez, eu acho que é perfeitamente normal uma mulher da sua idade querer se apaixonar. Por que você seria uma exceção?

— Sabe de uma coisa? Para mim, o mundo dos livros é mais seguro do que o mundo aqui fora... Costumo me identificar mais com os personagens, do que com as pessoas de carne e osso.

— As pessoas do mundo real são muito malvadas e egoístas, não são? Mas viver na ficção não é muito saudável e apesar de tudo o que me aconteceu, ainda sim, prefiro viver isso tudo. Sabe senhorita, posso tocar, sentir com meus olhos, ouvidos e pele. E na ficção não acontece.

Ela balançou a cabeça e eles ficaram em silêncio, até o garçom trazer os morangos, grandes e suculentos, cobertos com um creme rico e espesso, que dava água na boca. Alba esqueceu sua falta de apetite e esvaziou seu prato em pouco tempo.

Estavam tomando café, quando Diogo disse.

— Gostaria mesmo que você continuasse a trabalhar no meu livro. Será que poderia reconsiderar a ideia de voltar a ilha? Em vista de seu amor pelos livros e de sua capacidade de se perder no mundo do faz-de-conta, será que você... faria o sacrifício de conviver mais um tempo com minha mãe perversa?

Alba ia balançar a cabeça, dizendo que jamais colocaria os pés na propriedade Saramago de novo, quando, de repente, uma ideia clareou-lhe a mente. Era uma ideia meio louca, absurda até, mas que poderia dar certo.

Enquanto ela ficava ali, sentada, pesando os prós e os contras daquela ideia maluca, Diogo estudava seu rosto com curiosidade.

— Você está indecisa, não é mesmo? — Disse ele. — Aposto que seu senso de dever a está deixando dividida.

— É, acho que tem razão. Mas, se eu estou dividida, você também está. Sei que, bem no fundo, uma parte de você quer vencer o orgulho e voltar para casa.

— Esse assunto de novo? Já falamos demais sobre ele, não acha? Agora, que tal me dizer o que tem em mente?

— E como você sabe que eu tenho algo em mente?

— Seus olhos estão me dizendo... A senhorita ainda é muito inexperiente e não sabe ocultar seus reais sentimentos.

Alba sentiu que deveria falar. Se ficasse quieta, o arrependimento seria seu companheiro de viagem na volta a Londres, e jamais ficaria sabendo qual teria sido a resposta dele. Tinha de tentar, pelo menos mais uma vez.

— Gostaria de fazer um acordo com você, Diogo. — Sua voz era trêmula e seu coração batia descompassadamente.

— Acordo? Mas que tipo de acordo quer fazer comigo?

— Eu volto a ilha e termino meu trabalho no livro se... — Ela fez uma pausa. Estava sem coragem de continuar.

— Se o quê, senhorita Perez? Vamos, fale!

— Se você vier comigo.

No silêncio que caiu sobre eles, os ruídos que vinham da sala pareceram mais fortes. Alguém deixou cair um garfo, que fez um barulho agudo ao cair no chão de carvalho, uma mulher deu risada e a outra gritou: "Que tempestade!"

— Os deuses devem estar furiosos com os nossos descendentes! — Murmurou Diogo. — Vai ver estão lutando espada lá em cima, como Adrian e eu pensávamos quando éramos pequenos. E, por falar nele, Adrian voltou a ilha? Ele está lá, agora?

— Está. 

— Incrível Adrian sempre preferiu se manter afastado da ilha.

Um raio pavoroso cortou o céu e, num impulso, Diogo Saramago segurou a mão de Alba.

— Você tem medo de tempestades? — Perguntou ele.

— Não, não tenho.

— E, pelo que vejo, você também não tem medo de se meter na vida dos outros...

Alba corou ligeiramente.

— Você seria um homem menos feliz, Diogo, se morasse na mesma casa que Javier? Ele é apenas um bebê, não fez nada de errado, e você o está punindo. Disse que o amava muito quando ele nasceu, não disse? Pois bem, o menino é o mesmo. E tem uma capacidade enorme de afeição. Talvez esse tenha sido o único defeito de Carmem. Necessidade de afeto. E pode ser que você, tão entretido em seu trabalho, a tenha deixado um pouco de lado. Talvez não tenha conseguido lhe mostrar o quanto precisava dela... E seria cruel fazer a mesma coisa a Javier, não seria?

— Afeição e crueldade são palavras perigosas, especialmente quando usadas em referência a um casamento.

— Sei disso. — Alba estava insegura, mas tinha de continuar. — Não tenho muita experiência de vida e não posso julgar as pessoas, mas percebi, através de seus livros, que você é um homem cheio de amor para dar. O que eu não entendo é por que insiste em negar esse amor a Javier...

— Você fala do amor, mas o que sabe sobre ele? Nada, com certeza! O amor não é essa coisa bonita, que você lê nos livros. — É uma batalha infernal entre duas pessoas, onde as feridas podem ser tão profundas quanto os prazeres...

— Eu compreendo que você tenha sido muito ferido, Diogo, mas tenho a impressão de que a dor já passou, e foi substituída pelo orgulho.

— Nós, os Saramago, somos mesmo orgulhosos. Deu para perceber?

— É claro que deu!

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