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Capítulo 3

      Nunca fui de ler livros. Não tenho paciência pra ficar sentada folheando páginas e acompanhando histórias. Acho tão demodé. Os únicos livros que leio são publicações sobre balé, mas só para conhecer as histórias das personagens que eu interpreto nos palcos. 

      Muitas das histórias que conheci foram graças a Nicole e a Duda, que eram viciadas em ler publicações impressas e ebooks, e elas sempre me colocavam por dentro de uma saga nova, mesmo eu nunca fazendo questão de saber. 

      Uma vez Nicole me contou sobre um livro da Stephanie Meyer (não me lembro se era Eclipse ou Amanhecer), que falava sobre um fenômeno chamado imprinting e que acometia o Jacob e quase todos os lobos de La Push. Pelo que entendi, o lobo que sofria tal fenômeno passava a ver uma deterinada pessoa como a coisa mais importante do mundo, uma coisa única e especial.

      Lembro que ri na época. Como uma pessoa pode exercer esse fascínio na outra? 

      Os olhos penetrantes do motorista do carro prata, fixos nos meus desde que parou diante de mim, acabam de me dar pistas do que isso significa.

      Como que por encanto ou imprinting mesmo, todas as minhas indagações sobre homens capazes de fazer uma garota ficar com a boceta molhada de excitação encontram suas respostas nesse homem de presença intimidadora, sombria e feroz.

      Por alguns segundos, não consigo fazer outra coisa senão aceitar sobre meu corpo aquelas esferas incandescentes como fogo, me avaliando e irradiando raiva. 

      Ele é alto, não tanto quanto o homem pra quem dei a bunda há poucos minutos, mas igualmente musculoso. As mangas da camisa preta de botões dele estão dobradas até os cotovelos, deixando que eu veja seus antebraços grossos.

      Simplesmente perfeito e bruto, um corpo malhado e escultural que não bastasse estar mexendo com meus pensamentos tórridos, exala um delicioso perfume amadeirado.

      — Garota, perguntei se você está bem! — a voz dele se eleva em uma oitava e posso perceber com nitidez que não é muito paciente.

      Meu ânus dói por causa das penetrações vigorosas de Dmitri Aleksandrovitch. Fora o susto de quase ser atropelada, estou bem.

      — Tô bem, sim — respondo com rispidez, puxando um pouco para baixo meu microvestido e cobrindo minha vagina. — Obrigada por se preocupar comigo depois de me atropelar — devolvo num tom irônico enquanto me coloco em pé.

      — Você atravessou o sinal vermelho. A culpa foi sua.

      E assim se dissipa todo o fascínio que senti pelo cara. Triste.

      — É, a culpa foi minha. Eu sei.

      Me segurando pela mão, ele me leva para a calçada e pede para eu o espere estacionar o carro. O Volvo prata é um modelo de linhas bem agressivas, combinando com o aspecto hostil de seu proprietário. Com certeza também é caro.

      O homem rude, que tem cabelo cortado m estilo militar, volta rapidamente, me segurando pelo braço.

      — Venha, vou te levar para o hospital — franzo as sobrancelhas em choque por seu gesto intempestivo.

      — Solta! — me desvencilho da pegada. — Eu já disse que tô bem.

      — Quem vai dizer isso é um médico. Você vem comigo.

      — Qual é a tua, cara? Você é surdo? Qual parte do “eu tô bem” que você não entendeu?

      — Eu não vou ficar tranquilo se um médico não te examinar. Por isso, seja uma boa menina e venha comigo. E por favor, me passe o número do telefone dos seus pais.

      Dou uma risada sarcástica, achando a situação tão engraçada quanto ridícula. 

      — Eu não vou te dar telefone do meu pai coisa nenhuma, seu idiota. Fique sabendo que sou maior de idade.

      Desta vez ele é quem ri. Uma risada furiosa e ao mesmo tempo zombeteira, assustadora, igual a de um demônio. E o filho da puta tem um sorriso atraente.

      — Maior de idade? Com essa cara de adolescente? — os braços dele se cruzando, além do tom de deboche de sua resposta, fazem o sangue fervilhar em minhas veias..

      Pelo visto, para ele, adolescente deve ser o mais próximo de ninfeta.

      — Se não quer acreditar, problema seu. Eu não vou entrar no seu carro, ok?

      A testa do russo se franze numa carranca pavorosa, e num gesto brusco, ele segura meu punho mais uma vez.

      — Você não manda em mim, você não é meu pai — tento me libertar.

      — Ainda bem que não sou seu pai, do contrário, eu daria uma boa surra de cinto nessa sua bundinha branca por andar com um vestidinho tão curto que mostra tudo.

      Minha boca se abre em espanto com o atrevimento do idiota, mas a vergonha se sobrepõe a minha raiva. Parece que minhas bochechas estão queimando.

      — O que você tem a ver com isso? — explodo. — Eu me visto como quiser e não sou obrigada a aguentar desaforo de um babaca como você.

      — Senhor!

      — O quê?

      — Isso mesmo. Senhor! É assim que eu quero que você me chame. Eu não sou seu pai, mas tenho idade para ser. Então, me respeite, garota.

      — Cara, você é idiota?

      — E se não for uma boa menina, vou te algemar agora.

      Meu Deus, tem como não piorar?

      — Você é algum tipo de pervertido? Se for, eu vou gritar e chamar a polícia — desta vez consigo me soltar de sua mão enorme.

      — Eu sou da polícia. Chefe de polícia — ao fazer essa revelação, ele tira um distintivo do bolso da calça. Não consigo ler o nome por causa da pouca visibilidade daquele trecho da calçada, sem um poste de luz por perto, porém a estrela e o símbolo da polícia dissipam qualquer dúvida de que ele diz a verdade. — Você já está começando a dizer coisas que caracterizam quase um desacato à autoridade. Se não calar a boca, ao invés de te levar para um hospital, te levo para a delegacia. Ou para o juizado de menores.

      — O senhor não tá falando sério.

      O semblante dele não se altera.

      — Moço — junto as mãos num gesto de súplica. — Não precisa disso. Eu tô bem. Olha, nem mancando eu tô. Eu só quero ir pra casa. Tive um dia muito cheio hoje, tô cansada, quero tomar um banho e dormir. Não dá pra você fingir que nunca viu?

      Um relâmpago rasga o céu ao mesmo tempo que o som de um trovão faz parecer que o chão sob meus pés está tremendo. Ao olhar para o céu, vejo as primeiras gotas de chuva caindo.

      — Vem, entra no carro — o brutamontes com cara de psicopata agarra meu pulso pela terceira vez e me arrasta.

      — Eu não vou com você a lugar algum! Me solta! — protesto, tentando me soltar.

      A mão dele tem a força de uma prensa. Por mais que eu tente me libertar, desta vez meu esforço se mostra inútil.

      — Prefere se molhar na chuva?

      — Eu chamo um Uber, um táxi, sei lá. O metrô fica logo ali..

      — Então eu te levo lá. Como é o que deve ser feito — a mão livre dele abre a porta e a outra me joga dentro do veículo. Ele não sabe ser gentil. Assim que ponho minhas pernas para dentro, a porta é fechada com quase um estrondo.

      As atitudes desse homem não condizem com a conduta de um policial, embora eu saiba que a rudeza e falta de trato com as pessoas sejam características dos russos. Tenho vontade de abrir a porta e sair correndo, mas de repente começa a chover de verdade. 

      Meu próprio medo me segura aqui. Como eu posso correr usando um par de botas de cano alto e de salto?

       Danny, você se ferrou, digo a mim mesma.

       — Ponha o cinto. Agora — a voz autoritária dele ecoa pelo interior do veículo.

      Bufo irritada, passando o cinto de três pontos sobre o meu corpo, cruzando os braços como uma garota mimada. Me viro para a janela, encostando a cabeça no vidro. Fecho os olhos. O som dos pingos pesados caindo sobre o teto do veículo aos poucos me acalma.

      — Você é muito arrogante e prepotente — murmuro sem olhar pra ele.

      — Sou.

      O idiota ainda reconhece. Ótimo. É um idiota prepotente convicto.

      Insinuo um meio sorriso irônico, balançando a cabeça levemente. Não dá para ver nada do lado de fora, apenas borrões das luzes dos postes e do interior de alguns estabelecimentos ainda abertos. Parece que Novosibirsk sumiu sob as águas.

      Bosta! Eu ia me molhar toda antes de chegar à primeira estação de metrô, e como não parece que o policial quer me fazer mal, acho que devo me sentir agradecida.

      Toco o vidro ao meu lado com o indicador. Desenho uma clave de sol. 

      — Tem certeza que está bem mesmo? — de novo a voz dele me arranca dos meus devaneios.

      Solto entediada o ar por entre os lábios, fechando os olhos.

      — Por que você se preocupa tanto comigo? Já disse que tô bem. Qual é o teu problema, cara?

      — Você! Você é o meu problema, garota!

      — Eu sou seu problema? Sério? Então, é só você parar esse carro em frente a próxima estação de metrô pra eu descer, e pronto, fim do problema.

      — Não vou te deixar na estação.

      Me viro subitamente pra ele em completo estado de medo. Seu olhar duro está fixo na avenida, as mãos trocam as marchas no câmbio com habilidade.

      — Pra onde você está me levando? — pergunto quase gritando.

      — Para um lugar que você vai gostar.

      — Escuta aqui — dou socos no ombro dele —, eu não vou pra nenhum motel com você, ok? 

      O policial ri. Ele nem parece se incomodar com meus socos e isso me deixa emputecida.

      — Por que não? Já atingiu sua cota de programas por hoje?

      O sarcasmo dele me atinge em cheio como um tijolo e me constrange. Minha voz some por um segundo. Ao se virar pra mim, o barbudo desfolha um sorriso cheio de prepotência e afronta.

      — Eu sei que você é garota de programa — ele olha para minhas coxas, voltando sua atenção para a pista molhada. — Sua roupa e suas botas dizem tudo. Não precisa ter falso pudor, garota.

      — Tem algum problema com garotas de programa?

      — Nenhum — os ombros dele se elevam e abaixam em completo desdém. — Cada um se vira como pode, e depois, você está dando o que é seu — meus olhos parecem querer saltar das órbitas com a ousadia das palavras; quero mandá-lo tomar no cu, porém ele continua. — Prostituição não é crime. Só é quando envolve menores de idade, ou quando as mulheres são exploradas e obrigadas sob ameaça. O fato de você ser uma profissional do sexo não te faz uma pessoa menos respeitável.

      — Se acha que vou dar pra você…

      — Isso não vem ao caso agora, garota. Vou te levar para comer, depois te levo pra sua casa.

      Ele põe o indicador nos meus lábios assim que esboço um protesto.

      — Vou te levar para um restaurante — explica.

      — Não tô com fome.

      Mas minha barriga ronca e me lembra que passei o dia todo só com um sanduíche de atum e um copo de suco. Estou com fome sim, e de repente, lastrear o estômago até que seria legal.

      O que não deixa de ser vexatório depender da bondade de um estranho. Supondo que haja bondade nesse gesto.

      — Não seja orgulhosa. 

      — Isso é sequestro. Que tipo de policial obriga uma garota a entrar no carro e a leva pra jantar?

      — Ah! Eu não sou do tipo padrão.

      — Por que a gente não esquece isso e você me deixa pegar o metrô?

      — Por quê? — o policial me fuzila com seus olhos abrasadores. — Bom, você é muito gata e não está vestida decentemente. Se é que posso dizer que você está vestida. E muitos casos de assédio ocorrem nos subterrâneos das estações. Você, garota, é um alvo em potencial de abusadores vestida assim.

      — Idiota superprotetor! — deixo escapar.

      Noto a veia do pescoço do cara saltar e ouço uma espécie de rosnado se reprimir em sua garganta. Ele está irritado, se segurando para não explodir como um vulcão.

      Meus instintos mais primitivos de sobrevivência pedem pra que eu cale a boca. Se bem que começo a achar divertido analisar cada mudança mínima no semblante dele, oscilando entre a afronta, a ironia e a raiva.

      Será que ele é mesmo capaz de me prender se eu desacatalá-lo?

      Tenho fetiches por algemas. Uma vez fiz programa com um cara bem mais velho que eu, que topou pagar mais do que o combinado pra poder realizar comigo fantasias que a esposa careta e moralista não aceitava, e uma dessas fantasias era me amordaçar e me algemar. Enquanto eu estava ajoelhada no chão, nua, com as mãos algemadas nas costas e com uma mordaça de bolinha laranja, meu cliente fodia minha boceta por trás, dizendo palavras de baixo calão. 

      Mordo meus labio inferior, encostando de novo a cabeça no vidro, me divertindo com meus pensamentos perversos e com lembranças de alguns bons programas. Por um instante me esqueço da situação inusitada em que me encontro.

       Seria legal com ele.

      Olho a furto para o lado, específicamente para um ponto entre as pernas do desconhecido e solto um suspiro inevitável por ver o pau dele duro.

      Ele está excitado por minha causa. Mordo de novo meu lábio inferior mantendo o sorriso perverso encostando a cabeça no vidro.

      — Como você se chama? — o auto intitulado policial indaga.

      Me volto para ele, e nesse momento, por instinto, meus olhos vêem o cano de uma arma se projetando debaixo do assento do motorista. Seus olhos se mantém atentos no trânsito a nossa frente.

      — Danny Putinha — respondo tediosamente me virando para o lado.

      Outra risada sarcástica escapa de sua boca de linhas agressivas.

      — O nome — enfatiza. — Quero saber seu nome, não seu nome de guerra.

      — Não é da tua conta — brinco de ter cinco anos, mostro a língua.

      Ao invés de deixá-lo puto, minha malcriação parece diverti-lo, embora eu possa sentir a raiva se revolver em seu peito.

      — Eu me chamo Roman Nemov.

      A mão enorme se estendendo em minha direção e parando a quase quinze centímetros do meu braço faz meu corpo se mover instintivamente para o lado.

      Uma lembrança distante surge em minha mente, como num flash.

      Eu me chamo Mateus.

      A mão apresentada da mesma forma a uma menina careca, que se encolheu no assento de um caminhão. Uma viagem silenciosa e triste. Incertezas.

      Meus lábios se entreabrem, inclino a cabeça para o lado, repousando-a mais uma vez na janela e ignorando a aproximação dele, do mesmo jeito que ignorei a daquele homem há oito anos.

      — Não tô nem aí — respondo fechando os olhos.

      Os pingos de chuva agora parecem mais pesados. Uma breve espiada para o lado e vejo jatos d'água com spray sendo levantados e atirados em direção à calçada quando os carros passam. 

      Tenho vontade de sair nua e deixar que a água lave não só meu corpo, mas também minha alma, tirando toda a sujeira que eu sei que tenho dentro de mim, e que dói. A chuva nos faz ter lembranças, boas e ruins. E entre as minhas lembranças tristes, está a do dia em que mamãe faleceu.

      Françoise Shushunova me ensinou como ser uma vencedora, como ser forte mesmo quando meu coração se apertava de dor e a ter a cabeça erguida mesmo quando as pessoas queriam me ver no chão. Só não me ensinou a viver sem ela.

      Com certeza ela não está feliz por ver no que me tornei, apesar de pessoas maravilhosas terem cuidado de mim e terem me advertido de que o mundo é perigoso para garotas cheias de sonhos como eu era. O bebê cisne só se tornou mais uma entre tantas que se perderam.

Capítulo de 2,5k de palavras

     





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